Economistas antecipavam crescimento de 0,2% no quarto trimestre

Para o conjunto do ano, a maior parte dos economistas apontavam para um crescimento de 6,7%, ligeiramente abaixo dos 6,8% avançados por Fernando Medina em dezembro.

A economia portuguesa deverá ter desacelerado para 0,2% no quarto trimestre de 2022, de acordo com os economistas ouvidos pelo ECO, que apontam para um crescimento anual de 6,7%, ligeiramente abaixo dos 6,8% estimados pelo Governo.

“A nossa previsão para PIB no quarto trimestre de 2022 é de um crescimento trimestral de 0,2% devido, sobretudo, ao contributo da procura interna, designadamente o consumo privado (apesar de se antecipar que esta componente do PIB também desacelere face ao comportamento passado, pois tem aumentado, em média, acima de 1% trimestral desde meados de 21, acima da tendência)”, avançou ao ECO, Paula Carvalho, economista do BPI Research, em antecipação do valor que será divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística esta terça-feira.

“De acordo com a nossa previsão, a estimativa do PIB português para o quarto trimestre de 2022, deverá apresentar uma taxa de variação em cadeia de 0,2%, o que representa uma ligeira desaceleração face ao crescimento de 0,4% observado no trimestre anterior. Em termos homólogos, espera-se um crescimento de 3,1%”, defende por seu turno Márcia Rodrigues, economista do Millenniumbcp.

O Fórum para a Competitividade recorda que a “atividade do quatro trimestre está sob dois efeitos contraditórios: por um lado, a desaceleração generalizada, com fontes externas (abrandamento da economia europeia e mundial) quer internas (subida das taxas de juro, inflação); por outro, houve pacotes de ajuda às famílias e às empresas, que terão contrariado aquelas tendências”. Por isso, Pedro Braz Teixeira estima que “a economia terá tido uma variação em cadeia entre 0% e 0,2%, a que corresponde uma variação homóloga entre 2,9% e 3,1%”.

Em contrapartida, o Forecasting Lab da Católica tem uma estimativa mais pessimista. “A melhor estimativa é que a economia portuguesa tenha contraído cerca de 0,5% face ao quarto trimestre”, “o que corresponde a um crescimento de 2,4% em termos homólogos”, pode ler-se na nota de Folha Trimestral de Conjuntura. O economista João Borges Assunção admite, ao ECO, que os dados do PIB de Espanha sugerem que será melhor que o publicado”, mas “os da Alemanha que será pior”. As estimativas iniciais apontam para que, “no quarto trimestre de 2022, a economia portuguesa poderá ter operado em torno de 101,9% do nível pré-pandemia, relativo ao quarto trimestre de 2019”.

Para o BCP, o abrandamento da economia “deverá refletir um menor dinamismo do consumo privado, penalizado pela subida acentuada do nível geral de preços e das taxas de juro”. Mas, há que ter em conta os pacotes de ajuda às famílias e às empresas, recorda Pedro Braz Teixeira.

“A perda de vigor do consumo poderá, no entanto, ter sido parcialmente atenuada pela recuperação do investimento, após dois trimestres consecutivos de queda, beneficiando do alívio das restrições nas cadeias de fornecimento globais. De igual modo, é expectável que as exportações líquidas tenham tido um desempenho favorável, suportadas pela atividade turística”, avança Márcia Rodrigues.

Paula Carvalho tem uma avaliação diferente. “É possível que o investimento mantenha uma má performance dado que em regra todos os setores de atividade evidenciaram quebra da confiança pelo menos até novembro, apesar de alguma recuperação posterior. Acresce que o contributo da procura externa líquida poderá ser negativo, dada aceleração das vendas de automóveis no período”, embora “as exportações de bens, excluindo combustíveis, têm registado boa performance”.

Para o conjunto do ano, todos apontam para um crescimento em torno dos 6,7%, uma aceleração face aos 5,5% registados em 2021, o que “coloca o PIB 2,6% acima do nível pré-pandemia”, como recorda a economia do BCP.

O ministro das Finanças anunciou que afinal Portugal vai crescer 6,8% este ano e não 6,5% tal como está inscrito no Orçamento do Estado para 2023, igualando as previsões do Banco de Portugal, no Boletim de dezembro.

João Borges Assunção sublinha que para que esta meta se cumprisse no último trimestre do ano, a economia teria de crescer 0,4%, um valor muito acima das previsões dos economistas. O economista da Católica aponta para uma variação de 6,5%, no conjunto do ano de 2022.

Pedro Braz Teixeira, aponta por seu turno para um crescimento entre 6,6% e 6,7%, mas insiste que “este aparente bom resultado decorre do facto de o país estar mais atrasado na recuperação da pandemia, pelo que deve ser considerada uma boa notícia por maus motivos”.

“De acordo com a Comissão Europeia (previsões de novembro), Portugal cresceria 6,6% em 2022, muito acima dos 3,3% da UE. Na verdade, Portugal ficará apenas 3,1% acima do PIB de 2019, apenas muito ligeiramente acima dos 2,7% equivalentes para a UE. Ou seja, nos últimos três anos o nosso país terá crescido anualmente apenas uma décima acima da UE, o que, de maneira nenhuma pode ser confundido com convergência, porque a este ritmo iríamos demorar muito mais de cem anos a “convergir”, para além de descermos para um dos últimos lugares da UE. Ser ultrapassado por todos ou quase todos os países da UE é convergir?”, questiona.

Nota: título atualizado após a divulgação pelo INE dos dados do PIB, que confirmam a progressão em cadeia de 0,2% e 6,7% no conjunto do ano.

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