João Salgueiro: Um percurso ligado à economia e à banca

  • Lusa e ECO
  • 18 Fevereiro 2023

João Salgueiro, que faleceu esta sexta-feira aos 88 anos, tem um percurso ligado à economia e à banca. Foi ministro das Finanças e presidente da Caixa. "Economista brilhante", considerou Presidente.

O economista e ex-ministro das Finanças João Salgueiro, que morreu na sexta-feira aos 88 anos, iniciou a sua vida profissional no Banco de Fomento Nacional e manteve sempre um percurso ligado à banca.

João Maurício Fernandes Salgueiro nasceu em Braga a 04 de setembro de 1934 e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa.

Presidiu à Juventude Católica Portuguesa e participou na fundação da Sedes em 1970, tendo sido presidente da Assembleia Geral desta associação cívica.

Em 1969 foi nomeado subsecretário de Estado do Planeamento no Governo liderado por Marcello Caetano e ocupou o cargo até 1971.

Após a revolução do 25 de Abril aderiu ao PSD e entre agosto de 1974 e março de 1975 foi vice-governador do Banco de Portugal.

No VIII Governo Constitucional (1981-1983), uma coligação que englobava o PSD, o CDS e o PPM, liderada por Pinto Balsemão, João Salgueiro ocupou o cargo de ministro de Estado e das Finanças. Depois exerceu ainda funções de deputado e foi presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia da República.

No XII congresso do PSD, realizado em maio de 1985 na Figueira da Foz, foi candidato à liderança do partido, mas viria a surgir um outro candidato que saiu vencedor, Aníbal Cavaco Silva.

João Salgueiro exerceu funções docentes ligadas à economia e à gestão bancária e ocupou diversos cargos na banca, tendo sido presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional Ultramarino e da Caixa Geral de Depósitos, de onde saiu em 2000, justificando que não estavam asseguradas “as orientações estratégicas” que o tinham levado a aceitar o cargo quatro anos antes.

Nesse ano, assumiu a presidência da Associação Portuguesa de Bancos, após alterações aos estatutos que permitiram que o líder não fosse um banqueiro, e foi ainda vice-presidente do Conselho Económico e Social.

Em 2021, foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Ilustre, brilhante e patriota

“Ilustre economista, gestor bancário, governante e cidadão civicamente empenhado, João Salgueiro deixa uma marca indelével na sociedade portuguesa, cujo desenvolvimento sempre norteou a sua ação”, adiantou a Associação Portuguesa de Bancos, da qual foi presidente entre 1994 e 2009, numa nota enviada às redações.

Já a Sedes considera que João Salgueiro era “humanista e democrata” e um “patriota sempre ao serviço, tinha um sentido de missão único e uma visão de futuro, por um país mais justo e equitativo”. “Perde o país e perdemos todos, com o falecimento um dos Portugueses mais brilhantes das últimas décadas, deixou-nos um português maior, uma referência e exemplo que procuraremos sempre honrar”, refere Álvaro Beleza, presidente da Sedes.

O Presidente da República sublinhou que “Portugal perdeu um dos seus mais brilhantes economistas da segunda metade do século XX”.

Governo e Banco de Portugal também manifestaram pesar pela morte de João Salgueiro. “É um dia triste para o país, porque foi um dos economistas mais brilhantes que o país já teve”, sublinhou o ministro da Economia, António Costa Silva.

(Notícia atualizada às 15h16 com mais reações)

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Inflação leva mais estudantes a recorrer a refeições sociais

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2023

Na "Cantina Velha" da Universidade de Lisboa, quando dantes se serviam cerca de 400 refeições diárias, agora rondam as 1.600. Inflação leva mais alunos a comerem nas cantinas das escolas.

O aumento dos preços está a levar os estudantes a recorrerem mais às cantinas, como a “Cantina Velha” da Universidade de Lisboa, que servia cerca de 400 refeições diárias e agora rondam as 1.600.

Nas cantinas da Universidade de Lisboa (UL), o preço de uma refeição custa 2,80 euros, ou seja, “é mais barato do que a refeição confecionada em casa”, contou à Lusa Helder Semedo, do Conselho Geral da UL.

Segundo Helder Semedo, nota-se um crescimento de refeições vendidas, com destaque para a Cantina Velha: Em 2019, antes da pandemia, aquele refeitório situado na cidade universitária “servia entre 400 a 500 refeições diárias e agora ronda as 1.600”, revelou.

A inflação também está a afetar a vida dos estudantes “que se queixam que antes pagavam cerca de 60 cêntimos por uma lata de atum e agora pagam 1,5 euros“, disse.

O atum é apenas um exemplo da recente subida de preços, já que o valor do cabaz alimentar aumentou 22% no último ano. Se em fevereiro do ano passado, um cabaz custava 184 euros, o mesmo cabaz ronda agora os 230 euros, segundo contas da DECO divulgadas esta semana.

Para muitos alunos, a solução passa pelas cantinas das escolas, onde uma refeição inclui sopa, prato e fruta. Helder Semedo revelou que até os micro-ondas, que antes tinham muita utilização, agora são pouco usados.

À Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL) já chegaram alguns pedidos de ajuda, segundo o presidente da AAUL, Afonso Garcia. “O custo de vida de um estudante em Lisboa é muito superior ao de outras cidades, mas a verdade é que também no Porto e em Coimbra a situação está mais difícil”, afirmou.

A Lusa contactou a Federação Académica do Porto (FAP) que representa 70 mil alunos e confirmou que a situação é semelhante. “Têm chegado alguns pedidos de ajuda”, disse a presidente da FAP, alertando para a probabilidade de existir uma “realidade escondida pelo estigma”: “Certamente que existem casos que não nos chegam pela vergonha de pedir ajuda“, disse Ana Gabriela Cabilhas.

“O aumento dos preços é sentido pelos alunos no supermercado, em alimentos como carne, laticínios, ovos, cereais, congelados ou enlatados”, contou.

Além de mais alunos à procura de refeições a preços sociais, no Porto aumentaram também as “filas para os micro-ondas” de alunos que, provavelmente, antes almoçavam fora.

Segundo a presidente, “nota-se um aumento das dificuldades para suportar os custos associados à frequência do ensino superior em relação ao ano passado, mas também em relação ao semestre letivo anterior”.

Ana Gabriela Cabilhas lembrou que o orçamento disponível das famílias “está a diminuir, ao passo que os custos de frequência estão a aumentar”.

“Aumentou o custo dos alimentos no supermercado, aumentaram as despesas de habitação, de eletricidade, mas também dos materiais de estudo, como é exemplo, os cursos de arquitetura e artes plásticas, que já obrigam os estudantes a ter que fazer escolhas sobre que materiais abdicar de comprar”, exemplificou.

Perante a pressão do aumento da inflação observa-se também no agregado familiar, que “tem que reduzir despesas para permitir que os filhos continuem a estudar. E isto, por sua vez, causa angústia nos estudantes”, sublinhou.

A situação poderá agravar-se, no próximo ano letivo, caso o Governo não altere a atual legislação, que define que o valor das refeições nas cantinas está indexado ao IAS (Indexante dos Apoios Sociais).

“O IAS aumentou e se o Governo não avançar com medidas legislativas, as refeições podem subir para o dobro em setembro”, alertou Helder Semedo.

Tanto a AAUL como a AFP realizaram em 2022 inquéritos junto dos alunos que revelaram haver uma percentagem elevada de jovens com dificuldades em pagar as contas e um número também elevado de estudantes que já tinham equacionado abandonar os estudos.

Em média, entre 10 a 12% dos alunos do 1.º ano desistem de estudar, segundo dados oficiais.

A estes somam-se os números do acesso ao ensino superior que revelou que este ano mais de 10% dos alunos que entraram na primeira fase do concurso não se matricularam, ou seja, mais de 5.000 alunos colocados não concretizaram a sua inscrição.

Não há estudos sobre os motivos para não terem aceitado a vaga, mas Afonso Garcia acredita que em muitos casos as questões financeiras foram decisivas.

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CP sem supressão de comboios durante a madrugada

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2023

De acordo com dados divulgados pela transportadora, não foram suprimidos quaisquer comboios no serviço regional, longo curso, e nem nos urbanos de Lisboa e Porto.

A CP não registou qualquer supressão de comboios, entre as 00h00 e as 08h00 deste sábado, quando ainda se mantém a greve iniciada no dia 08 de fevereiro e que se mantém até terça-feira.

De acordo com dados divulgados pela transportadora, não foram suprimidos quaisquer comboios no serviço regional, longo curso, e nem nos urbanos de Lisboa e Porto.

A CP tem no seu site um alerta aos passageiros para perturbações na circulação até dia 21 de fevereiro.

“Por motivo de greves, convocadas pelos Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), ocorrerão fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, no período entre as 00h00 do dia 08 de fevereiro de 2023 e as 24h00 do dia 21 de fevereiro de 2023“.

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Multinacionais controlam pódio da produção de sapatos em Portugal

Gabor, Ecco e Ara são as maiores fabricantes de calçado no país, suportando 2.000 empregos e vendas acima de 180 milhões. Veja o top 20, que inclui marcas nacionais de partida para a feira de Milão.

As três maiores empresas do cluster do calçado em Portugal são multinacionais de origem europeia, que estão implantadas no Norte do país desde as décadas de 70 e 80, e que em conjunto respondem por um volume de negócios superior a 180 milhões de euros e asseguram quase 2.000 postos de trabalho no país.

Segundo a listagem consultada pelo ECO, cujos dados mais recentes são relativos ao exercício de 2020, a alemã Gabor continua a deter o estatuto de maior fabricante de calçado em Portugal. O grupo sediado na cidade alemã de Rosenheim está instalado desde 1986 em Silveiros, no concelho de Barcelos, onde emprega mais de mil pessoas e faturou 67,5 milhões de euros, com 99% desse valor exportado para todo o mundo.

A menos de quatro milhões de euros de distância nas vendas e com um efetivo igualmente acima do milhar de trabalhadores, a unidade da dinamarquesa Ecco em São João de Ver, no concelho de Santa Maria da Feira, foi o primeiro investimento industrial fora do país de origem desta que é uma das maiores empresas do setor a nível mundial, com mais de 2.250 lojas em todo o mundo.

Fundada na Dinamarca em 1963, esta empresa de base familiar estreou-se em Portugal em 1984, na década de 1990 chegou mesmo a liderar este ranking com uma produção de quatro milhões de pares de sapatos e perto de 1.700 trabalhadores. Com a crise financeira internacional no final da primeira década deste século, a multinacional nórdica até encerrou a produção no país, acabando por regressar pouco tempo depois, sendo a operação dirigida atualmente por Gustavo Kremer.

A fechar o pódio está outra empresa de origem alemã, a Ara, que reclama ter sido das primeiras multinacionais do setor a investir diretamente em Portugal e com unidades de produção próprias – instalou-se oficialmente no dia 6 de dezembro de 1974, sete meses depois da “Revolução dos Cravos” e num período em que a situação política era ainda bastante instável. Sediada em Langenfeld e especializada em calçado de conforto, está presente em 70 países, mas só chegou às sapatarias portuguesas em 2003.

A Ara começou por ter uma fábrica em Avintes (1975-2005), depois acrescentou outra em Pedroso (1987-2009), igualmente no concelho de Vila Nova de Gaia, e atualmente está em atividade apenas em Seia, através de uma unidade que abriu em 1991 e que no final de 2021 empregava 709 pessoas. As receitas da Ara Shoes Portuguesa ascenderam a 50,1 milhões de euros nesse ano, das quais 48,8 milhões foram provenientes dos mercados internacionais.

“São três empresas de capital estrangeiro, que anteciparam a entrada de Portugal na União Europeia, altamente exportadoras e responsáveis por muitos postos de trabalho. Trouxeram muito conhecimento para o setor, aprendemos muito com elas”, realça Paulo Gonçalves, porta-voz da associação do setor (APICCAPS). E sendo conhecidas, reputadas e tendo presença comercial em dezenas de países, levam também o made in Portugal aos quatro cantos do mundo, nota o responsável.

São três empresas altamente exportadoras e responsáveis por muitos postos de trabalho. Trouxeram muito conhecimento para o setor, aprendemos muito com elas.

Paulo Gonçalves

Porta-voz da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado (APICCAPS)

O top 5 das maiores produtoras é encerrado por duas empresas de capitais portugueses, a Jefar e a Rodiro. São ambas de Felgueiras, quase 100% exportadoras, e geram, cada uma delas, um volume de negócios superior a 44 milhões de euros anuais e centenas de postos de trabalho. Aliás, na lista das 20 maiores empresas, fora do pódio, não estão representadas outras empresas estrangeiras.

Comitiva com 70 empresas viaja até Milão

Levando na mala as marcas Pratik e Imagini Shores, a Jefar, que detém o título de maior empresa portuguesa a título individual – o grupo Kyaia, detido por Fortunato Frederico, é outra referência, mas está dividido em várias empresas, surgindo a maior delas apenas no 16.º lugar deste ranking – é uma das 33 empresas que integram a comitiva nacional na Micam, considerada a principal feira profissional do setor, que arranca este domingo em Milão, Itália.

O cluster português de calçado e artigos de pele, que exporta para 172 países, já integrou uma dezena de iniciativas promocionais no exterior desde o início do ano. Neste regresso a Milão, no espaço de uma semana, vai ter um total de 70 empresas em três certames de referência dedicados ao setor. Na MIPEL vai ter um expositor e na Lineapelle, entre empresas de componentes para calçado de curtumes, a delegação nacional será assegurada por 33 empresas. Em dias distintos, os secretários de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, e da Economia, Pedro Cilínio, visitam os stands portugueses em Itália.

Em declarações ao ECO, Paulo Gonçalves reconhece que, “do ponto de vista da atividade promocional, o setor ainda não arrancou em definitivo, depois da pandemia”. No entanto, adverte, “o setor precisa da promoção internacional porque quem exporta mais de 95% da produção para os cinco continentes tem de ter uma atividade promocional constante”.

O plano de promoção externa no valor de dez milhões de euros, que apresentou no ano passado, mas que ainda aguarda “luz verde” por parte do Ministério da Economia, prevê mais de 40 ações durante este ano, sendo 55% do orçamento para feiras, 31% para promoção e prospeção, e o restante para imagem e comunicação.

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Morreu o economista João Salgueiro (1934-2023)

  • ECO
  • 18 Fevereiro 2023

João Salgueiro, economista de formação, foi ministro das Finanças, candidato a líder do PSD e presidente da CGD. Marcelo destaca a contributo cívico do economista.

João Salgueiro morreu esta sexta-feira, aos 88 anos. “Portugal perdeu hoje um dos seus mais brilhantes economistas da segunda metade do século XX”, lê-se num comunicado oficial da Presidência da República.

João Salgueiro nasceu a 4 de setembro de 1934, no concelho de Braga, licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (Universidade Técnica de Lisboa), hoje ISEG. De acordo com a informação biográfica que consta da página oficial da CGD, o banco público de que foi presidente executivo, Salgueiro iniciou a sua carreira profissional como economista do Banco de Fomento Nacional no período de 1959 a 1963. Foi assistente e regente das cadeiras de teoria económica na faculdade em que se licenciou, e em agosto de 1974, “tornou-se vice-governador do Banco de Portugal, deixando esse lugar em março de 1975”. Foi, depois, presidente do Instituto de Investimento Estrangeiro em 1981 e presidente do Banco de Fomento Exterior entre 1983 e 1992.

João Salgueiro foi governante a partir de 1969, e chegou mesmo a ministro de Estado e das Finanças e do Plano no VIII Governo Constitucional, entre 1981 e 1983. Mais tarde, em janeiro de 1996, foi nomeado administrador-geral da CGD, “tendo exercido o cargo até 22 de fevereiro de 2000”. Salgueiro foi também vice-presidente do Conselho Económico e Social e presidente da Associação Portuguesa de Bancos, bem como membro fundador e presidente da Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, lê-se na página oficial da GDD.

Figura relevante na transição política para a Democracia, João Salgueiro chegou a tentar liderar o PSD. Em maio de 1985, foi o candidato derrotado por Cavaco Silva no congresso social-democrata na Figueira da Foz. Apareceu nesse congresso como virtual vencedor, mas acabou por perder essa corrida interna no PSD.

Numa das últimas entrevistas de fundo, ao jornal Público, em 2017, Salgueiro afirmava que a nacionalização do Novobanco seria a solução mais lógica. “O problema é que a experiência que temos com bancos nacionalizados não tem sido boa e não sei se desta vez teríamos capacidade para fazer uma boa gestão”.

Na mensagem oficial, divulgada esta sexta-feira, o Presidente da República elogia o contributo cívico de João Salgueiro, “assinalado com a Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe atribuiu em 2021”.

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Dois terços dos residentes no Algarve têm rendimentos provenientes do turismo

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2023

Mais de 90% dos inquiridos salientam que o setor o turismo aumenta as oportunidades de emprego e contribui para o desenvolvimento da economia local.

Cerca de dois terços dos cidadãos portugueses residentes no Algarve assumem que uma parte ou a totalidade dos seus rendimentos familiares provêm do setor turístico, de acordo com um estudo divulgado esta sexta-feira.

Dos mais de quatro mil respondentes validados pelo projeto RESTUR (Atitudes e Comportamentos dos Residentes: Contributos para o Desenvolvimento de uma Estratégia de Turismo Sustentável no Algarve), 67% auferem rendimentos que provêm do turismo, 57% desempenham profissões ligadas ao setor e 47% têm familiares diretos a trabalhar nesta atividade económica.

“Notámos, tal como estávamos à espera, que há uma percentagem muito elevada de pessoas que têm a sua atividade profissional relacionada com o turismo, ou de alguma forma o seu agregado familiar beneficia por estar envolvido profissionalmente na atividade turística”, apontou Patrícia Pinto, docente da Universidade do Algarve e responsável pelo estudo, de cariz inédito por abarcar, pela primeira vez, as opiniões de residentes em todos os 16 municípios do distrito de Faro.

A coordenadora do CinTurs – Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-estar da Universidade do Algarve, que falava aos jornalistas à margem da apresentação do estudo, destacou que os residentes algarvios “percebem que o turismo tem impactos positivos importantes na região”.

No âmbito do projeto RESTUR – cujos dados podem ser consultados em www.restur.pt –, foram recolhidos e validados 4.026 questionários durante as épocas alta e baixa da atividade turística no Algarve, nos período antes e depois da pandemia de covid-19, mas apenas entre cidadãos portugueses. Os residentes estrangeiros ficaram de fora deste universo.

Mais de 90% dos inquiridos salientam que o setor aumenta as oportunidades de emprego e contribui para o desenvolvimento da economia local, enquanto oito em cada dez algarvios referem que o turismo cria mais negócios para a população residente. Os residentes têm também “uma opinião favorável da sua interação com os turistas” e “agrada-lhes” o facto de o Algarve ser um destino turístico consolidado, sustentou Patrícia Pinto.

“Estão disponíveis a adotar algumas práticas que possam ajudar a região a continuar a ser um bom destino turístico, a proteger os recursos naturais, a envolver-se na promoção do destino”, acrescentou. Quanto aos “impactos negativos importantes” a nível económico, 91,5% indicam que a atividade turística faz aumentar o preço das casas e dos terrenos, 86,4% afirmam que o turismo aumenta o custo de vida e 75,5% realçam que os bens e serviços são mais caros.

Questionados sobre se estão disponíveis para pagar mais taxas que possam beneficiar a atividade turística, apenas 14% responderam afirmativamente, enquanto os impactos ambientais são considerados mais negativos do que positivos: 68% especificam os problemas de trânsito, estacionamento e acidentes e 66,2% frisam que o turismo aumenta a poluição, o lixo e o barulho.

O presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, disse que o estudo demonstra que, entre os residentes, “não há uma atitude de resistência, ou antiturismo, o que é muito positivo para um destino já maduro e que já trilha a aposta neste setor desde os anos 60 [do século passado]”. Na mesma sessão, foi apresentado o estudo TurExperience (www.turexperience.pt), com um total de 2.729 turistas respondentes, que avaliaram os impactos das experiências turísticas, ao longo de todo o ano, na imagem do destino.

O perfil sociodemográfico médio do turista no Algarve corresponde a uma mulher (58,6%), casado ou em união de facto (50,7%), entre os 25 e 64 anos (69,1%), que vem de férias (80,5%), acompanhado de familiares (40,7%) e fica alojado entre um e sete dias (50,8%), registando-se um equilíbrio na tipologia de alojamento entre hotel de quatro ou cinco estrelas (22,6%) casa de férias (21,9%) e alojamento local (18,3%).

Manuela Guerreiro, investigadora do CinTurs e coordenadora do inquérito, salientou que o Algarve não é percecionado, por quem o visita, como um destino ‘eco-friendly’ [amigo do ambiente], o que indica que “há um trabalho a fazer” nesse âmbito.

“Aspetos relacionados com práticas de reciclagem ou tratamento de resíduos não estão devidamente percecionados, quando sabemos que, hoje em dia, nós, enquanto consumidores, tendemos a ser sensíveis a esses argumentos e que entre dois produtos idênticos, um mais amigo do ambiente e outro menos amigo do ambiente, tentamos tomar a opção que nos deixa de consciência mais tranquila”, realçou. Os dois projetos foram desenvolvidos ao longo de três anos pela Universidade do Algarve, com financiamento comunitário proveniente do Programa Operacional do Algarve CRESC Algarve 2020.

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BPF reforça apoio ao financiamento das empresas com 400 milhões

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2023

Fundo de Capitalização e Resiliência tem dois novos programas de financiamento das empresas: Programa de Coinvestimento Deal-by-Deal e Programa de Venture Capital, cada um com dotação de 200 milhões.

O Banco Português de Fomento (BPF) lançou dois novos programas de investimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com uma dotação global de 400 milhões de euros. Cada programa está dotado com 200 milhões de euros e junta-se a outros dois anteriormente lançados, totalizando já os 1.300 milhões, segundo anunciou o BPF esta sexta-feira.

Em relação ao Programa de Coinvestimento Deal-by-Deal, visa permitir o investimento/financiamento direto em empresas, em coinvestimento com investidores privados, que desenvolvam atividade em território nacional. O investimento ao abrigo deste programa pode ser feito através de duas formas: instrumento de capital ou instrumentos de não capital.

O montante do investimento do FdCR em cada empresa não deverá exceder, a título de condição preferencial, os 10 milhões de euros, podendo excecionalmente ser superior desde que até ao limite de 50 milhões.

Quanto ao Programa de Venture Capital, tem como objetivo apoiar o investimento em empresas através da subscrição de fundos de capital de risco geridos por intermediários financeiros, nomeadamente sociedades de capital de risco ou sociedades gestoras.

Além disso, o programa visa fomentar a constituição ou capitalização empresarial, prioritariamente nas fases de arranque (pré-seed, seed, start-up, empresas em fase de arranque, later stage venture – séries A, B e C, ou scale-up) e ainda promover a entrada em mercado e o crescimento e expansão de empresas viáveis através do desenvolvimento de novos produtos, serviços e mercados, ou do reforço e profissionalização do quadro de pessoal, incluindo a equipa de gestão, dos beneficiários finais.

Há três formas de concretização do investimento ao abrigo deste programa: um fundo de capital de risco a constituir, um fundo de capital de risco já existente, mas que não tenha efetuado qualquer investimento ou um subfundo de um fundo de capital de risco, desde que esse subfundo não tenha ainda efetuado qualquer investimento.

O BPF detalha que o montante mínimo do investimento do FdCR por cada fundo de capital de risco é 10 milhões de euros, não podendo exceder os 35 milhões de euros, e uma comparticipação máxima pelo FdCR de 70% da dotação total de cada fundo de capital de risco. A dimensão mínima de cada fundo de capital de risco é de 20 milhões de euros.

Quanto ao financiamento por empresa, está limitado a um mínimo de 250 mil euros, e um máximo de cinco milhões de euros e 20% do capital subscrito do fundo de capital de risco, podendo ser potenciado por possíveis operações de coinvestimento com outros investidores.

O FdCR já tinha dois programas: o Programa de Recapitalização Estratégica lançado com uma dotação de até 400 milhões de euros e o Programa Consolidar com uma dotação de até 500 milhões de euros.

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Portugal quer ser elemento de ligação entre África e Europa

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2023

O ministro dos Negócios Estrangeiros português acredita que em África olham para Portugal "como um país intermédio que não é bem um país africano, mas que é um país muito próximo".

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, afirmou esta sexta-feira em Adis Abeba que Portugal quer funcionar como elemento de ligação entre África e a Europa, por ser visto pelas nações africanas como um “país intermédio”.

Fazendo um balanço da mais de uma dezena de reuniões bilaterais que teve hoje na capital da Etiópia, à margem da 36.ª Cimeira da União Africana, João Gomes Cravinho explicou à Lusa que Portugal é visto como um parceiro, que “faz a ponte com a Europa”.

“Eles sabem, eles não olham para nós como se fôssemos verdadeiramente de fora, olham para nós como um país intermédio que não é bem um país africano, mas que é um país muito próximo” e mesmo nos casos em que há relações “menos intensas”, há “essa recetividade”, afirmou João Gomes Cravinho, que fez um “balanço muito positivo” dos encontros realizados.

O primeiro-ministro português, António Costa, vai estar presente na cimeira, sábado e domingo, e vai participar em vários encontros, um sinal de um reconhecimento por parte dos parceiros africanos, já que será o único chefe de Governo não africano presente. “Ganharmos um conhecimento muito detalhado da situação, por exemplo, no Sahel ajuda-nos muito a explicar em Bruxelas porquê e de que maneira é que o apoio europeu pode fazer a diferença” em África, ilustrou o ministro.

“Eu não tenho dúvidas nenhumas que a Europa precisa de África da mesma maneira que a África precisa da Europa e a paz na região do Sahel vai precisar de um forte apoio europeu“, mas, “para isso, é preciso que do lado europeu haja algum conforto através do conhecimento daquilo que se passa”. Portugal “pode desempenhar esse papel, tem vindo a desempenhá-lo. Felizmente não somos os únicos, mas somos, diria, especiais neste relacionamento”, acrescentou o governante.

João Gomes Cravinho elogiou também o maior empenho diplomático de Angola em questões do continente africano, contrariando o passado recente. “Angola, aqui há uns anos, tinha alguma relutância em envolver-se em situações, conflitos em outras partes do continente. Hoje Angola tem uma presença forte e tem credibilidade que lhe permite ter um papel chave”, afirmou, em entrevista à Lusa, à margem da 36.ª Cimeira da União Africana.

E deu o exemplo do esforço de pacificação da região dos Grandes Lagos, numa referência ao conflito no leste da República Democrática do Congo, mas também na República Centro-Africana, onde “Angola também desempenha um papel muito importante”. “Para nós, é uma grande satisfação ver Angola jogar esse papel, acreditamos que é um papel muito positivo para todo o continente, porque Angola é um país com peso e fazia falta, de alguma maneira, essa influência”, acrescentou o ministro português.

“Vejo o meu colega angolano muito ativo”, referindo-se ao ministro das Relações Exteriores, Téte António, e o “Presidente João Lourenço a falar com os presidentes de outros países”, o que “é extremamente positivo, diria, para a CPLP” (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), atualmente presidida por Luanda.

O ministro dos Negócios Estrangeiros desloca-se a Brasília na próxima quinta-feira para uma visita oficial que servirá principalmente para organizar os preparativos da cimeira luso-brasileira, disse à Lusa fonte diplomática. De acordo com uma nota da diplomacia brasileira, João Gomes Cravinho encontrar-se-á com o seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira, no Palácio Itamaraty, em Brasília.

A visita servirá para preparar a viagem do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a Portugal, de 22 a 25 de abril, para encontros com o primeiro-ministro português, António costa, e com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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Montenegro acusa Costa de revelar “faceta de sobrevivente e de comunista”

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2023

Montenegro disse temer que o programa do "seja mais um projeto que não saia muito do papel e que não resolva nenhum problema daqueles que afeta os portugueses na matéria da habitação".

O presidente do PSD afirmou esta sexta-feira sentir “uma grande frustração” com as medidas do Governo para responder à crise da habitação, que considerou revelarem “um primeiro-ministro na sua faceta de sobrevivente e de comunista”.

Falando aos jornalistas no distrito da Guarda, Luís Montenegro admitiu ter pouca expectativa relativamente às medidas porque o pacote “foi apresentado depois de sete anos de completa inação do Governo e do doutor António Costa no campo da habitação, apesar de muitos papéis, de muitos projetos de intenções”.

O líder social-democrata falava em Pinhel, onde participou na inauguração da 28.ª Feira das Tradições e Atividades Económicas, promovida pela câmara municipal para atrair visitantes e promover os produtos locais no fim de semana do Carnaval.

Em primeiro lugar, Montenegro disse temer que o programa do “seja mais um projeto que não saia muito do papel e que não resolva nenhum problema daqueles que afeta os portugueses na matéria da habitação”, alegando que “revela um António Costa e um primeiro-ministro na sua faceta de sobrevivente e de comunista”.

Sobrevivente, porque sempre que tem algum problema, tenta inventar, assim de um momento para o outro, soluções pouco ponderadas, pouco adormecidas e pouco realistas. Comunista, porque esta é a versão António Costa próxima daquilo que, infelizmente, foi a marca em algumas políticas públicas nos últimos anos“, argumentou.

O presidente do PSD concretizou depois a crítica às políticas do atual executivo: “Demasiado Estado, tudo centralizado no Estado e não em regime de complementaridade com a sociedade, com a iniciativa privada, com as cooperativas, no caso da habitação. É uma visão estatizante que fica muito aquém daqueles que foram os princípios e as ideias que o PSD apresentou dois dias antes do Governo”.

Montenegro disse que o PSD, mais uma vez, não só se antecipou ao Governo como “tem um projeto muito mais ambicioso e muito mais estratégico de revolução no mercado habitacional português”. “Aquilo que o Governo faz são medidas pouco ambiciosas, descoordenadas e desconexas, muitas das vezes”, e com efeitos que “são muito perniciosos”, acrescentou. Como exemplo referiu que acabar com os vistos gold em todo o território nacional “é frustrar muita da capacidade de investimento” em zonas de baixa densidade e nas Regiões Autónomas.

O líder do PSD disse esperar que haja uma inversão por parte do Governo, pois se tal não acontecer, teme que os efeitos das medidas “sejam negativos”. Para Luís Montenegro, o Governo “deve olhar” para o projeto do PSD, uma vez que aquele que apresentou “é uma proposta de um primeiro-ministro que quer sobreviver” e que “só pensa no dia seguinte”.

Por outro lado, em relação ao arrendamento coercivo, considerou que o Estado “muitas vezes não sabe o que fazer” aos imóveis que tem devolutos. “O senhor primeiro-ministro devia dizer ao país o que é que vai fazer aos milhares de imóveis devolutos que podia aproveitar em coordenação com as câmaras municipais, por exemplo, e mesmo com investidores privados. Não o faz. Quer obrigar os investidores privados a terem uma finalidade dos seus investimentos, intrometendo-se no funcionamento do mercado livre e, no meu ponto de vista, indo longe de mais”, assumiu.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro apresentou um pacote de medidas, estimado em 900 milhões de euros, para responder à crise da habitação em Portugal com cinco eixos: aumentar a oferta de imóveis utilizados para fins de habitação, simplificar os processos de licenciamento, aumentar o número de casas no mercado de arrendamento, combater a especulação e proteger as famílias.

O programa Mais Habitação foi aprovado em Conselho de Ministros e ficará em discussão pública durante um mês. As propostas voltarão a Conselho de Ministros para aprovação final, em 16 de março, e depois algumas medidas ainda terão de passar pela Assembleia da República.

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Sem recuperação de tempo de serviço “evidentemente não há acordo”, diz Fenprof

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2023

A Fenprof avança que sem garantias na "segunda matéria", que inclui a recuperação do tempo de serviço dos professores, não haverá acordo com o Governo.

A Fenprof afirmou esta sexta-feira que sem negociações, para a recuperação de todo o tempo de serviço dos professores, “evidentemente não há nenhum acordo” com o Governo, que também tem que retirar os conselhos locais de diretores da sua proposta.

Os sindicatos da Educação reuniram-se com a equipa do Ministério da Educação, liderada pelo ministro João Costa, para a quinta reunião negocial de um processo que se tem centrado sobretudo nas questões relativas aos concursos e colocação de professores, a “primeira parte da matéria”, segundo José Feliciano Costa, adjunto da Federação Nacional dos Professores (Fenprof). Para o dirigente sindical, sem garantias sobre a “segunda parte da matéria” não há acordo.

O representante lembrou que essa “segunda parte da matéria” consta de um protocolo negocial entregue pela Fenprof em agosto que inclui temas como aposentação, horários de trabalho, quotas, mas sobretudo a recuperação do tempo de serviço dos professores. “E enquanto isso não estiver em cima da mesa evidentemente não há nenhum acordo, até porque nós já dissemos ali dentro, e dissemos várias vezes aos professores, o acordo terá de ser um acordo global com isto tudo. Não há acordos parcelares. Da nossa parte vamos esperar pelo dia 23 de fevereiro”, garantiu José Feliciano Costa à saída da reunião.

Sobre as declarações do primeiro-ministro em entrevista na quinta-feira à TVI, na qual voltou a excluir qualquer possibilidade de recuperação do tempo de serviço, e a abertura demonstrada hoje pelo ministro para abrir um processo negocial sobre a valorização da carreira docente, o dirigente da Fenprof disse acreditar que o Governo “não está a falar a duas vozes”.

“[O ministro da Educação] não fechou a porta à recuperação do tempo de serviço, assim dessa forma perentória, mas precisamos que seja calendarizado um processo. […] Esperamos que no dia 23 venha alguma surpresa para cima da mesa e a surpresa só pode ser uma, datas para iniciar a negociação desse conjunto de matérias que está no protocolo”, disse.

Recordou ainda números avançados em 2019, no processo negocial para a recuperação do tempo de serviço, pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que apontava custos de cerca de 500 milhões de euros para o Estado, “um terço”, sublinhou o dirigente da Fenprof, dos 1.300 milhões de euros apontados na quinta-feira pelo primeiro-ministro António Costa, “sendo que muito desse valor ficaria nos cofres do Estado, da Segurança Social, da Caixa Geral de Aposentações”.

“É justo que assim seja, e os professores já o disseram, a recuperação do tempo de serviço não abdicam dela. É o que neste momento mais indigna os professores, estão na rua por causa disso, portanto nós não vamos abdicar disso. Essa é a segunda parte da matéria e isso ainda não está ainda em cima da mesa”, afirmou José Feliciano Costa.

Sobre o que foi discutido, os sindicatos traçam como “linha vermelha” para um acordo os conselhos locais de diretores, mantendo-se as funções de seleção de professores para necessidades transitórias de colocação de professores. “Está no documento e essa é uma das linhas vermelhas que nunca nos permitirá assinar este documento sobre concursos”, disse.

As negociações sobre o regime de recrutamento e mobilidade de pessoal docente, iniciadas em setembro, deverão ser concluídas na próxima semana, dia 23, sendo que as organizações sindicais poderão ainda pedir a negociação suplementar.

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Ministro diz que há uma “janela escancarada” para discutir com professores

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2023

“Temos, dentro do conjunto dos professores, um segmento que, em termos da sua remuneração e expectativa de progressão, ficou muito mais prejudicado do que outros", admitiu João Costa.

O ministro da Educação afirmou esta sexta-feira que existe uma “janela escancarada” para o Governo e organizações sindicais continuarem a discutir a valorização da carreira docente, sem especificar se essa discussão inclui a recuperação do tempo de serviço.

“Há uma janela escancarada para continuarmos a trabalhar questões gerais que têm a ver com a valorização das carreiras”, disse João Costa em declarações aos jornalistas no final da reunião que encerrou a 5.ª ronda negocial sobre os concursos e colocação de professores.

Horas antes, enquanto o ministro se sentava à mesa com as 12 organizações sindicais, o Presidente da República afirmou que o primeiro-ministro abriu “uma janelinha” e deu “um passo muito importante” ao esclarecer que a situação dos professores “é diferente de outras carreiras na função pública” quanto à recuperação do tempo de serviço que esteve congelado.

Questionado sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência de uma entrevista em que António Costa disse que essa reivindicação dos docentes era impossível, o ministro da Educação corrigiu que há antes uma “janela escancarada”, mas não foi explícito quanto aos temas que poderão ser incluídos nas futuras negociações, resumindo-os à valorização dos professores.

Perante a insistência dos jornalistas, João Costa sublinhou que o tempo de serviço não diz apenas respeito à carreira docente, mas a toda a administração pública e, por isso, quando se fala no tempo de serviço dos professores, a discussão deve ser alargada às restantes carreiras. Quanto à situação concreta dos professores, o ministro da Educação recordou que o impacto do congelamento do tempo de serviço não foi o mesmo para todos os profissionais.

“Temos, dentro do conjunto dos professores, um segmento que, em termos da sua remuneração e expectativa de progressão, ficou muito mais prejudicado do que outros. É para isso que estamos a olhar. Não tratar de forma igual o que é diferente, mas olhar para especificidades que existem”, afirmou João Costa.

“Neste momento, o que existe da nossa parte é a total disponibilidade para, assim que fecharmos este assunto do recrutamento, continuarmos sentados à mesa com as organizações sindicais para trabalharmos questões gerais da valorização da carreira e questões muito concretas como o combate à burocracia”, acrescentou.

As negociações sobre o regime de recrutamento e mobilidade de pessoal docente, iniciadas em setembro, deverão ser concluídas na próxima semana, sendo que as organizações sindicais poderão ainda pedir a negociação suplementar.

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CGTP marca manifestação nacional em Lisboa para 18 de março

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2023

A Intersindical aprovou a intensificação da luta "pelas respostas imediatas ao agravamento da situação por via do brutal aumento do custo de vida".

A CGTP anunciou esta sexta-feira uma manifestação nacional em Lisboa, a realizar no dia 18 de março, para reivindicar o aumento geral dos salários e das pensões e em protesto contra a subida do custo de vida.

A decisão foi tomada na reunião do Conselho Nacional da intersindical, onde os sindicalistas aprovaram a intensificação da luta “pelas respostas imediatas ao agravamento da situação por via do brutal aumento do custo de vida”, segundo um comunicado da CGTP.

A intersindical exige o aumento dos salários e pensões “no imediato” de pelo menos 10% ou de 100 euros no mínimo para todos os trabalhadores, bem como a fixação de limites máximos nos preços dos bens e serviços essenciais e a taxação extraordinária “sobre os lucros colossais das grandes empresas”.

A manifestação nacional de 18 de março terá como base o conjunto de reivindicações da CGTP, com o lema “Todos a Lisboa! Aumento geral dos salários e pensões – emergência nacional!”.

Entre as principais reivindicações estão ainda a valorização das carreiras e profissões, a fixação de 850 euros para o Salário Mínimo Nacional, com referência a janeiro de 2023, horário semanal de 35 horas para todos os trabalhadores e a revogação “das normas gravosas da legislação laboral”.

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