Oito milhões de investimento, 2.000 alunos e 230 empregos. Duas ‘international schools’ abrem em Portugal
No arranque do próximo ano letivo de 2023-2024 deverá haver, pelo menos, duas novas international schools no país: a The Lisboan International School e a Almada International School.
A ser a escolha de cada vez mais estrangeiros, Portugal está a ver nascer novas escolas privadas internacionais. No arranque do próximo ano letivo de 2023-2024 deverá haver, pelo menos, duas novas international schools no país. Em conjunto, a The Lisboan International School e a Almada International School vão ter capacidade para receber cerca de 2.050 alunos e criar mais de 230 postos de trabalho. Só uma delas representa um investimento de oito milhões de euros, sabe o ECO Pessoas.
“Lisboa está a atrair um crescente número de famílias estrangeiras, que vêm viver e trabalhar na cidade e nos arredores. Depois de um exaustivo estudo, a Artemis conclui que havia espaço no mercado para uma nova escola internacional, dos três aos 18 anos, que garantisse educação de elevada qualidade, tanto para o mercado estrangeiro como para o mercado local”, começa por explicar o diretor da The Lisboan International School, Martin Harris.
O desbloqueador da decisão final foi a localização. “Precisávamos de um local adequado e suficientemente grande para albergar uma escola deste tipo”, conta. “O espaço da Fábrica Napolitana, em Alcântara, oferece a estrutura perfeita e o ambiente seguro para acolher uma escola moderna e virada para o futuro. Está muito bem situado, tanto para o acesso das famílias como para que a escola utilize Lisboa e as áreas circundantes como uma ‘sala de aula’ alargada.”
A escola privada a nascer em Alcântara — a primeira em Portugal do Grupo Artemis Education, que já conta com uma escola de ensino internacional no Qatar — terá capacidade para receber 1.200 alunos, desde o pré-escolar até ao 12.º ano, oferecendo aos seus estudantes, cujas idades estão compreendidas entre os três e os 18 anos, um currículo completo que integra a educação britânica baseada nos programas British, Cambridge International Education e International Baccalaureate (IB), ministrado em inglês.
Sem revelar o valor de investimento implicado na abertura do colégio, Martin Harris diz apenas que o montante é “significativo”. E acrescenta ainda: “Estamos aqui a longo prazo e a nossa empresa mãe, Artemis Education, tem um horizonte de investimento que reflete isso mesmo.”
Já a Almada International School (AIS), o primeiro projeto da escola internacional que tem como investidores um grupo sul americano, terá, numa primeira fase, capacidade para acolher 400 alunos: 60 de creche, 140 de jardim de infância e 200 de 1.º ciclo. No entanto, os planos são de expansão. Em 2026/2027 arranca a segunda fase da AIS, com a extensão dos ciclos de ensino, segundo e terceiro, bem como secundário. Nessa altura, com a sua expansão total, a capacidade será de 850 alunos, permitindo a realização de um percurso académico da criança, desde o seu primeiro ano de idade até ao ensino secundário.
“A AIS é o primeiro projeto de escola internacional que estamos a implementar, mas está integrado num plano a dez anos que tem uma clara intenção de expansão orgânica. Este é o nosso primeiro investimento que marca o início de uma caminhada que terá o seu foco e implementação na margem sul do Tejo”, avança a direção do colégio.
Temos a ambição, no plano do projeto global a dez anos, de ter a oferta de boarding school. Não temos ainda como certa a sua localização também em Almada.
Durante a primeira fase, a AIS prevê um investimento de seis milhões de euros, enquanto a expansão implicará um investimento total de oito milhões de euros, incluindo a abertura dos novos ciclos de ensino, bem como a criação de outras infraestruturas, como um estacionamento coberto e um pavilhão polidesportivo.
Além disso, construir uma boarding school faz partes dos planos a dez anos. “Temos a ambição, no plano do projeto global a dez anos, de ter a oferta de boarding school. Não temos ainda como certa a sua localização também em Almada”, adianta a direção.
Novos colégios de Lisboa e Almada criam mais de 230 empregos
No primeiro ano de funcionamento, a The Lisboan International School prevê empregar cerca de 50 pessoas, um número que deverá subir para mais de 200 quando a escola atingir a sua capacidade total. O número de postos de trabalho inclui professores, coordenadores, diretores, pessoal administrativo, de limpeza e manutenção, entre outros.
Embora admita que é difícil apontar datas, Martin Harris acredita que a capacidade total da escola possa ser atingida perto de 2030.
Atualmente em “fase final de construção”, a escola será inaugurada em setembro de 2023 nas instalações da antiga Fábrica Napolitana, na zona de Alcântara. “Este edifício foi recuperado de forma sustentável para firmar o valor do seu património histórico, criando assim um ambiente de aprendizagem muito inspirador para todos os alunos. O projeto de renovação é da responsabilidade do arquiteto português, Frederico Valsassina”, afirma o diretor do colégio.
Do outro lado do rio, a AIS viu Almada como uma “escolha natural”. Afigura-se como um ponto estratégico do ponto de vista da oportunidade de implementação de um projeto educativo de caráter internacional. Este é o oitavo município mais populoso a nível nacional, de acordo com os census de 2021. É um município com visão de futuro, que está apostado em oferecer condições favoráveis ao estabelecimento de investimento estrangeiro, como o comprova a iniciativa ‘Innovation District’, dentro do qual o nosso colégio estará sediado. É, ainda, uma cidade muito próxima da capital, que oferece condições singulares para viver e crescer”, defende a direção.
Com previsão de inauguração também em setembro de 2023, o colégio pretende um total de 30 postos de trabalho, entre colaboradores diretos e indiretos, durante o primeiro ano letivo de funcionamento. Um número que também deverá aumentar nos anos letivos seguintes.
Educação dentro e fora da sala de aula
Para já, apenas na The Lisboan International School as inscrições já se encontram abertas para o próximo ano letivo. “O número muda todos os dias, mas estamos a caminho de ter 250 alunos matriculados na escola em setembro”, avança. Alguns ciclos de ensino estão a ter maior procura do que outros. É o caso do que abarca as crianças dos três aos quatro, bem como dos 13 aos 14 anos, destaca o responsável.
No que toca às principais nacionalidades, Martin Harris diz que, “até agora, temos mais de 30 nacionalidades representadas”. “Os britânicos, americanos e portugueses representam a maior fatia, mas temos também famílias de ainda mais longe: Canadá, Malásia e Arménia.”
Na Northview International School, em Doha (Qatar), onde o Grupo Artemis Education possui também uma escola internacional, contam-se 150 estudantes, que representam 34 nacionalidades. “O pessoal escolar compreende três líderes académicos, dez administrativos, 14 professores, 12 professores assistentes, cinco seguranças, seis trabalhadores de limpeza, um de manutenção e uma enfermeira. Os números, naturalmente, aumentarão à medida que a escola cresce.”
Veja aqui o projeto da The Lisboan International School em imagens:
Apesar do método de ensino da The Lisboan International School basear-se no curriculum britânico, a escola fez algumas adições que incluem novas disciplinas. “É o caso das competências para a vida, onde ensinamos às crianças uma enorme variedade de competências, desde compreender finanças, coser um botão ou executar primeiros socorros; resolução de problemas; e tecnologias”, explica Martin Harris.
“Para além das diferentes disciplinas, existem valores fundamentais em todas as disciplinas. Queremos que os nossos alunos explorem e investiguem, em vez de se limitarem a ouvir ou a observar os outros. Queremos que os nossos alunos sejam corajosos e resilientes, bem como emocionalmente inteligentes em tudo o que fazem na escola.”
Quando construímos o curriculum, fizemos duas questões ao senior staff: de que precisarão as crianças quando passarem para a univesidade, e para a vida adulta? Como é que isso pode ser implementado numa escola? Em vez de simplesmente replicar o que foi ensinado durante anos, alargámos o currículo e complementámo-lo com uma vasta gama de opções extracurriculares.
A construção do currículo escolar envolveu os docentes. “Quando construímos o curriculum, fizemos duas questões ao senior staff: de que precisarão as crianças quando passarem para a universidade, e para a vida adulta? Como é que isso pode ser implementado numa escola? Assim, em vez de simplesmente replicar o que foi ensinado durante anos, alargámos o currículo e complementámo-lo com uma vasta gama de opções extracurriculares, que melhoram e expandem a mente dos nossos alunos. O nosso objetivo não é simplesmente ser diferente, mas ajudar a equipar as crianças com uma ampla combinação de skills para os próximos anos.”
Na Almada International School, embora as inscrições não estejam ainda sequer abertas, os pedidos de esclarecimento já se fazem chegar. “Já recebemos, até agora, um número significativo de pedidos de informação (na ordem dos 400), através dos formulários de intenção que disponibilizamos online. Contamos poder começar a receber inscrições por parte das famílias a partir do mês de março”, esclarece a direção.
Neste primeira fase, a escola acredita que existirá uma maior predominância de famílias portuguesas. “Mas, à medida que o projeto for ganhando solidez e implementação efetiva na margem sul do Tejo, prevemos que possamos vir a ter um equilíbrio de 50% entre as famílias portuguesas e expatriadas”, acreditam os responsáveis.
Veja aqui os renders da Almada International School:
A AIS tem como missão o desenvolvimento integral dos alunos através da formação académica e humana, redescobrindo continuamente o gosto e a curiosidade pela aprendizagem. “Asseguramos um ambiente bilingue que responde a um universo multicultural, onde os valores da bondade, da vivência em comunidade e do respeito são a nossa escolha diária. O aluno é o protagonista do processo de aprendizagem e procura, de forma autónoma e responsável, descobrir e responder a interesses ou necessidades, segundo as suas características individuais.”
Natureza, desporto, criação artística e domínio das competências digital são premissas fundamentais no colégio. “Um currículo construído a pensar na felicidade das nossas crianças”, conclui a direção.
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