Prestação da casa aumenta até 300 euros em março

Contratos de empréstimos à habitação que forem revistos no próximo mês vão registar aumentos até 300 euros perante a escalada das Euribor para máximos de 14 anos.

Tem crédito da casa? Março não traz boas notícias. A prestação da casa vai dar novo salto nos contratos que forem revistos no próximo mês, perspetivando-se aumentos entre 65 euros e 300 euros, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO.

A subida das taxas de juro usadas no cálculo da prestação da casa continua sem dar tréguas, com as Euribor a escalarem para máximos de 14 anos, em resultado da política restritiva do Banco Central Europeu (BCE), que voltou a aumentar os juros de referência no início deste mês e prepara-se para repetir a dose agora em meados de março.

Para quem está a pagar o empréstimo da casa, e o contrato tem taxa variável, o aperto do BCE está a traduzir-se num forte aperto do seu orçamento – isto quando as famílias já têm de lidar com um drástico aumento do custo de vida por conta da inflação. Em Portugal, mais de 90% dos 1,3 milhões de contratos têm taxa variável, que são quem estão expostos às variações das Euribor. Por conta da ação do BCE, a média mensal da Euribor a 12 meses era negativa há um ano e está agora acima dos 3,5%. A Euribor a seis meses, a mais usada em Portugal, superou os 3%.

Face ao disparo da prestação da casa, o Governo avançou no ano passado com medidas que visam facilitar a renegociação dos créditos entre famílias e bancos em sede do Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI). As principais instituições financeiras dão conta de cerca de 8.000 pedidos para reestruturar os contratos, mas avisam que o número vai aumentar à medida que mais famílias começam a sentir, de forma mais intensa, o impacto da aceleração das taxas Euribor que teve lugar sobretudo na segunda metade do ano passado.

Em relação ao aumento que se vai registar nos contratos cujas condições forem atualizadas em março, tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%. As simulações mostram que as prestações vão aumentar no próximo mês entre 65 euros e quase 300 euros, consoante o indexante utilizado:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 685 euros, mais de 66,50 euros (+10,7%) em relação à prestação que pagava desde dezembro;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá chegar aos 727 euros, um aumento de cerca de 185 euros (+34%) em relação à prestação que pagava desde setembro;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para cerca de 762 euros, quase mais 302 euros (65,8%) em relação à prestação que pagou no último ano.

Em janeiro, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação avançou para 2,217%, o valor mais elevado da década. Fevereiro terá registado nova subida, tendo em conta o agravamento das taxas interbancárias. Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida era de 62.357 euros. Isto significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor vai ser menor do que mostra o cenário base das simulações do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

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As Euribor são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa. Têm estado em forte aceleração nos últimos meses, com o mercado a ir a reboque das expectativas de um forte aperto do BCE para controlar a espiral de subida dos preços.

Desde o verão, o BCE já aumentou as taxas em 300 pontos base, com a taxa principal a subir dos -0,5% para os 2,5% no espaço de sete meses. O mercado antecipa nova subida na reunião agendada para 16 de março, apontando para um aumento de 50 pontos base.

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