Empregos “verdes” dão salário 20% acima, mas escassez de talento trava progresso
Desde o início da pandemia, as ofertas de emprego na OCDE publicadas online para funções nesta indústria aumentaram mais 30 pontos percentuais, comparativamente às vagas para outro tipo de trabalho.
A procura pelas chamadas green skills, competências na área da sustentabilidade, está a aumentar à medida que trabalhamos no sentido de um futuro com zero emissões de carbono. No entanto, a escassez de perfis com este tipo de competências está a travar o progresso, alerta a OCDE no mais recente relatório “Bridging the Great Green Divide”. Salários nesta área são 20% acima da média de outros profissionais e, em Portugal, as mulheres já representarem cerca de 32% dos profissionais nas áreas da sustentabilidade.
Desde o início da pandemia, as ofertas de emprego na OCDE publicadas online para funções nesta indústria aumentaram 30 pontos percentuais a mais do que as vagas que dizem respeito a qualquer outro tipo de trabalho, noutra área. No entanto, continua a faltar talento para concretizar as estratégias ‘verdes’.
Segundo um inquérito do ManpowerGroup de dezembro do ano passado, mais de oito em cada dez organizações portuguesas revelam já estar a desenvolver ou planeiam desenvolver estratégias ESG. No entanto deparam-se com um problema: escassez de pessoas. Cerca de 90% das empresas carecem do talento necessário para implementar os seus objetivos. Dificuldades transversais ao nível geográfico, já que, a nível global, 94% das empresas confirmaram estar a enfrentar dificuldades em encontrar talento para trabalhar as áreas de sustentabilidade.
Isto apesar de enveredar por uma carreira na área da sustentabilidade trazer algumas recompensas. Segundo a OCDE, estes trabalhadores são mais instruídos e gozam de um salário 20% superior comparativamente aos restantes profissionais.
Já no que toca à questão de género, as áreas da sustentabilidade estão ainda sub-representadas, com as mulheres a ocuparem apenas 28% do total dos empregos ‘verdes’ na OCDE.
“Para criar um futuro mais equitativo e sustentável, precisamos de abordar esta lacuna e capacitar as mulheres para entrar em campos ‘verdes'”, alerta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
Neste campo, Portugal, ainda que longe da igualdade, está, contudo, ligeiramente acima da média, com as mulheres a representarem cerca de 32% dos profissionais nas áreas da sustentabilidade.
A Lituânia (42%) é o país da OCDE que está mais perto de um cenário equitativo, seguida da Letónia (40%) e Estónia (39%).
Na ponta oposta, Itália (20%), República Checa (22%) e Hungria (23%) são os países, por esta mesma ordem, com as maiores desigualdades de género.
Desigualdade entre regiões
“A geografia da transição verde é desigual em toda a OCDE. Há uma convergência crescente entre países, mas uma divergência crescente dentro dos países na criação de oportunidades de emprego verde”, alerta o secretário-geral adjunto Yoshiki Takeuchi, em comunicado.
Capitais como Paris, Estocolmo e Madrid têm, normalmente, uma maior concentração de trabalhadores altamente qualificados, com os empregos nas áreas da sustentabilidade a rondarem os 30%, mas a percentagem pode cair até aos 5% quando olhamos para regiões mais remotas. “Esta diferença corre o risco de exacerbar uma fratura social”, aponta.
Em Portugal, a Região Autónoma dos Açores, com o menor número de empregos nestas áreas, contrasta com o norte de Portugal, que apresenta o maior número de empregos ‘verdes’. A diferença é de cerca de dez pontos percentuais. Significativa, mas inferior, por exemplo, à registada nos Estados Unidos, onde mais e 15 pontos percentuais separam o South Dakota do District of Columbia.
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