“É necessário um reforço muito substancial de investimento nas redes [de distribuição]”, alerta E-Redes
Um estudo da Eurelectric estima que as necessidades de investimento médio anual para a União Europeia e Reino Unido se situem entre os 34 e 39 mil milhões.
A E-Redes prevê que seja necessário um investimento “substancialmente” maior nas redes de distribuição ao longo dos próximos anos, de forma a permitir a transição energética para um mundo mais descarbonizado. Existem, contudo, algumas soluções paralelas, como a criação de um mercado mais flexível, no qual os consumidores têm um papel mais ativo, e a empresa também está a apostar nestas soluções. Está a ser preparado um leilão no verão para permitir um avanço neste tipo de solução.
“É necessário um reforço muito substancial de investimento nas redes [de distribuição] se quisermos garantir que estas não vão condicionar o ritmo da transição energética”, sublinhou, em representação da E-Redes, Rui Gonçalves, numa conferência organizada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), sob o tema “Descentralização e Flexibilidade — A Emergência dos Mercados Locais de Energia”.
O plano de investimentos para 2026-2030 ainda não está concluído, pelo que o cenário para Portugal não é para já conhecido. No entanto, Rui Gonçalves apontou para um estudo da Eurelectric, associação do setor elétrico, que estima que as necessidades de investimento médio anual para a União Europeia e Reino Unido se situem entre os 34 e 39 mil milhões, no horizonte de 2022 a 2030, um número que compara com média de 23 mil milhões registada nos últimos cinco anos. Ou seja, as necessidades de investimento vão ser cerca de 1,6 vezes maiores.
Perante necessidades aumentadas de investimento, surgem geralmente preocupações com o impacto tarifário, reconhece, mas coloca a questão prontamente em perspetiva: “Se analisarmos o peso da infraestrutura de redes na energia, vemos que o preço do custo de capital representa menos de 10% do que é o preço médio pago pelos clientes finais de energia”, o que resulta em “impactos tarifários muito moderados”. “Não me parece que seja por isso que devemos condicionar o ritmo da transição energética”, conclui.
Uma realidade que vê como potencialmente disruptiva, e que poderá pressionar a rede elétrica de forma algo imprevisível, é a do aumento da adesão à mobilidade elétrica. A decisão a nível europeu de aprovar a proibição da venda de carros a combustão até 2035 vem dar força a este fenómeno, acredita. Outra dificuldade que os operadores enfrentam é conseguirem mão-de-obra qualificada para responder rapidamente às novas necessidades.
Leilão à porta para redes mais flexíveis
Tendo em conta a dificuldade da rede, nos termos atuais, em dar resposta às necessidades energéticas que se anteveem – já que descarbonização é em muitos casos sinónimo de eletrificação – a E-Redes está a dinamizar um piloto que pretende dar uma maior flexibilidade às redes. Esta flexibilidade é conseguida por exemplo através da disponibilidade de alguns consumidores em reduzir o respetivo consumo quando a rede se encontra sobrecarregada. Neste âmbito, a empresa espera lançar um leilão ainda este verão.
“Identificámos oito oportunidades concretas para contratação destes serviços [de flexibilidade]. Situações reais que se inserem em diferentes casos de uso”, indicou Rui Gonçalves. A E-Redes espera que os interessados em prestar estes serviços de flexibilidade se inscrevam numa plataforma. Agora, a empresa de distribuição está a trabalhar no regulamento do leilão e nas minutas de contratos para diferentes tipos de produtos.
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