Banco de Portugal lança base de dados sobre pagamentos

Chama-se Projeto PAY e deverá começar a dar frutos em 2025. Entre as várias valências destaca-se a monitorização quase em tempo real da evolução da economia portuguesa e do turismo.

O Banco de Portugal está a construir uma base de dados com informação granular e com maior frequência sobre o sistema de pagamentos em Portugal que, entre outras possibilidades, vai permitir auscultar quase em tempo real o bater do coração da economia.

O Projeto PAY começa a sua implementação já no próximo mês, num processo que será faseado até meados de 2024, e cujos primeiros resultados deverão ser conhecidos em 2025.

“Não queremos ser um operador que garante que no final do dia as transações são liquidadas e são feitos os movimentos em conta do banco central. Queremos ser um ator na estratégia de pagamentos em Portugal”, foi assim que o administrador do Banco de Portugal, Hélder Rosalino, revelou a iniciativa na conferência “New Money”, organizada pelo ECO, no mês passado.

Rosalino adiantou então que o banco central se encontrava a desenvolver uma base de dados com informação mais granular e analítica sobre o sistema de pagamentos em Portugal. “Vamos passar a ter informação de pagamento a pagamento”, explicou.

O projeto, acrescenta agora o Banco de Portugal ao ECO, “permitirá dar resposta às crescentes exigências de informação quer para análises e estudos necessários ao cumprimento de várias atribuições” da entidade liderada por Mário Centeno.

Entre essas funções está, por exemplo, a definição de políticas no âmbito da utilização dos instrumentos de pagamento, a superintendência dos sistemas e instrumentos de pagamentos, análises das preferências dos utilizadores, a identificação de assimetrias regionais no acesso a instrumentos de pagamentos ou a monitorização quase em tempo real da evolução da economia portuguesa e do turismo, elenca o supervisor.

Atualmente, o banco central publica anualmente o Relatório sobre os Sistemas de Pagamentos com dados sobre o número de transações e montantes por meio de pagamento, seja cartão, numerário, transferência a crédito ou imediata, entre outros. No ano passado, o mercado de pagamentos em Portugal registou 3.730 milhões de operações envolvendo 655,5 mil milhões de euros.

Dados desta granularidade e frequência foram vitais para perceber o impacto do confinamento na economia durante a pandemia, em que as lojas estiveram fechadas, as pessoas não podiam sair à rua e as fronteiras estiveram encerradas.

Porém, na altura, foi através dos reportes da SIBS, dona do MB Way – a mais popular plataforma de pagamentos em Portugal –, que foi possível avaliar com regularidade os efeitos do coronavírus na atividade económica do país – em vez de se esperar pelos dados trimestrais do PIB divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O Banco de Portugal diz que o retorno do projeto não se esgota no valor que traz para si. “Possibilitará às entidades que disponibilizam os dados uma maior eficiência e redução de custos de reporte de informação ao Banco de Portugal, a médio-prazo, bem como o acesso a informação mais abrangente e tempestiva, designadamente sobre o seu posicionamento no mercado”, explica.

Também a sociedade em geral terá benefícios com o projeto ao poder aceder a informação mais detalhada e tempestiva na área dos pagamentos através do portal de estatísticas do Banco de Portugal, o BPstat.

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