Lula e a invasão da Ucrânia: “A minha guerra é contra a fome no Brasil”

Presidente do Brasil acredita que as trocas comerciais com Portugal podem duplicar. Para isso, "o papel de um presidente é abrir a porta mas quem faz o negócio são os empresários".

O Brasil condena a invasão da Rússia ao território ucraniano mas recusa participar na guerra. O presidente Lula da Silva reforçou que o país quer trabalhar para a paz e explicou porque recusou vender material militar à União Europeia para que depois ajudasse a Ucrânia. No campo económico, o chefe de Estado acredita que os dois países podem duplicar o valor das trocas comerciais nos próximos anos.

Para explicar a posição do Brasil, Lula da Silva recordou o que passou em 2002, numa visita aos Estados Unidos, com o então Presidente George W. Bush. “Em 2002, Bush convidou o Brasil para participar na guerra no Iraque. Disse ao Bush que a minha guerra era contra a fome no Brasil”, recordou. Duas décadas depois, o Brasil tem 33 milhões de pessoas com fome. “A minha guerra é contra a fome no Brasil. Temos de encontrar forma de construir a paz na Ucrânia“, respondeu Lula da Silva durante a conferência de imprensa conjunta com Marcelo Rebelo de Sousa.

Durante a intervenção, Lula da Silva voltou a pedir mudanças no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Enquanto falava na necessidade de entrarem mais países e continentes, o líder brasileiros deixou o recado: “não podemos continuar com os membros do conselho de segurança a fazerem a guerra. Foram os Estados Unidos contra o Iraque, a Rússia contra a Ucrânia. Eles mesmo desrespeitam as regras”.

A minha guerra é contra a fome no Brasil. Temos de encontrar forma de construir a paz na Ucrânia

Lula da Silva

Presidente do Brasil

O papel do Brasil no conflito é outro, diz Lula: “defendemos uma solução negociada e um conjunto de países sentados à mesa para tratar da paz“. Lula da Silva reforçou várias vezes a mensagem pacifista e recorreu ao seu próprio percurso de vida: “Não tenho experiência na guerra mas tenho experiência nos movimentos sociais”.

Lula da Silva explicou ainda porque recusou vender mísseis à União Europeia, após conversa com o Chanceler alemão, Olaf Scholz: “se vendêssemos os mísseis e morria alguém da Rússia, o Brasil estaria na guerra. O Brasil não quer participar na guerra. Quer construir a paz”.

Presidentes abrem porta para empresários fazerem negócios

A vertente económica também não ficou de fora do discurso. Lula da Silva sublinhou que “Portugal e o Brasil têm um potencial extraordinário para duplicar o movimento de comércio exterior”. Para isso, os dois países “precisam de ser mais ousados” e que “empresários e ministros conversem mais.

A dois dias do fórum económico entre os dois países, o Presidente do Brasil notou que “o papel de um presidente é abrir a porta mas quem faz o negócio são os empresários. Temos de nos sentar em todas as reuniões para gerar emprego, crescimento e melhorar a vida do nosso povo”.

Com o Brasil a ser o país com mais cidadãos estrangeiros em Portugal, Lula da Silva lembrou ainda que “não são só os brasileiros pobres” a mudarem-se para o país. “temos muita gente, muita classe média alta, muitos profissionais liberais que têm casa e trabalho em Portugal”.

Lula celebra 25 de Abril “em qualquer horário”

A conferência de imprensa serviu ainda para falar sobre a sessão no Parlamento na terça-feira, antes da sessão solene do 49.ª aniversário do 25 de Abril. A coincidência das datas “foi uma forma inteligente e feliz de a Assembleia da República acolher o Presidente do Brasil”, no entender de Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente português lembrou é a oportunidade de destacar a independência do Brasil face a Portugal e “celebrar, no mesmo dia, a segunda vaga, tardia, de independências”.

Lula da Silva manifestou “muita alegria” por participar, “em qualquer horário”, na celebração do 25 de Abril. O chefe de Estado brasileiro garante que não houve alterações de agenda de última hora e que “sempre soube que ia ao Parlamento”. A sessão com Lula da Silva na Assembleia da República tem sido criticada pelos partidos Chega e Iniciativa Liberal.

(Notícia atualizada às 14h13 com mais informação)

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