Sonae “veste” fábrica da Salsa com investimento de sete milhões de euros

A marca de vestuário detida pela Sonae, que emprega 1.200 pessoas e fatura 200 milhões de euros, vai modernizar a fábrica de Famalicão onde produz atualmente perto de um milhão de calças por ano.

Detida a 100% pelo grupo Sonae, que em 2016 começou por comprar metade da participação à família Vila Nova e há precisamente três anos adquiriu a restante à outra acionista (Wonder Investments), a Salsa Jeans prepara-se para investir sete milhões de euros na fábrica de Ribeirão, no concelho de Vila Nova de Famalicão, onde a empresa de vestuário nasceu em 1987.

Além da substituição de todas as máquinas num período de dois anos e da reformulação da área da investigação e desenvolvimento (I&D), o projeto de investimento da marca liderada por Hugo Martins prevê a instalação de soluções para aumentar a eficiência energética – como painéis fotovoltaicos na unidade industrial – e o aumento da capacidade produtiva, que ronda atualmente um milhão de calças por ano.

Especializado em denim, este negócio controlado pelo grupo de Cláudia Azevedo emprega atualmente 1.200 pessoas e registou no ano passado um volume de vendas de cerca de 200 milhões de euros – perto de 70% foram feitas nos mercados internacionais, num total de 44 países –, quase igualando desta forma a performance registada antes da pandemia de Covid-19. Sete em cada dez pares de calças da Salsa Jeans são vestidos por mulheres.

Diretor executivo da Salsa, Hugo Martins.DR

Entre Portugal (59), Espanha (26) e França (12), explora quase uma centena de lojas próprias. Além do reforço da presença no país vizinho, onde tem presença em 68 armazéns do El Corte Inglés e se prepara para inaugurar um formato de flagship store (no Passeig de Gràcia, em Barcelona) semelhante ao que funciona na Rua Augusta (Lisboa) e no Arrábida Shopping (Gaia), prevê abrir este ano mais duas ou três em território francês, e as primeiras quatro lojas próprias na Irlanda. Países Baixos, Itália e Bélgica estão também no radar.

Incorporada na Zeitreel, a unidade de negócio da Sonae para a moda que integra também com a Mo, Zippy e Losan, a Salsa tem ainda cerca de 30 lojas em regime de franchising em Malta, Eslovénia, Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Kuwait, Bahrain e Angola. Em junho de 2022, Hugo Martins disse ao ECO que “o próximo objetivo é que França venha a ser o maior mercado”, algo que “gostaria que acontecesse em dois ou três anos”. Neste país, em que já vende quase tanto como na Península Ibérica, está presente em 600 pontos de venda multimarca e tem um site “com vendas semelhantes às de Portugal e de Espanha”.

Os planos de expansão comercial e o processo industrial da empresa têxtil, que começa no desenvolvimento do produto e das coleções, e se estende até à lavagem e acabamentos, vão ser detalhados esta quinta-feira durante uma visita do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Mário Passos, à unidade de Ribeirão, no âmbito do roteiro Famalicão Created IN.

Calças para o “infinito”

Com o setor da moda cada vez mais preocupado em reduzir a pegada ambiental, a Salsa arrancou em meados do ano passado com um serviço de reparação para prolongar a vida dos produtos. Qualquer consumidor pode deslocar-se às lojas próprias da marca para perceber se pode dar uma nova vida ao par de calças de ganga, casacos e vestidos da marca do grupo Sonae. Os serviços custam entre cinco e 20 euros e a avaliação é feita pela marca depois do aconselhamento dos funcionários da loja.

Reparação de calças de ganga no atelier da Salsa, em Vila Nova de Famalicão.DR

Se forem para arranjo, as calças são enviadas para o atelier da marca, em Vila Nova de Famalicão. Se o cliente não quiser fazer nada, a empresa “assume a responsabilidade pelo fim do produto e dá-lhe o melhor fim possível: tentar repará-lo e ver quem pode ficar com ele; tentar pegar nele e colaborar com alguém para dar-lhe uma nova vida; ou se nada mais puder ser feito, [trata] da sua reciclagem”, como detalhou Hugo Martins.

O projeto Infinity “não é uma oportunidade de negócio, mas sim para mudar as mentalidades sobre o que significa ter uma peça que ainda pode ser aproveitada”. É por isso, para “evitar o fomento do consumo”, como explicou o gestor, que não será dado um voucher de desconto numa segunda peça para quem entregar as peças antigas, “porque isso derrotaria o princípio do programa”.

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