Gestores de risco alertam que seguros cibernéticos podem tornar-se inviáveis
A Federação das Associações Europeias de Gestão de Riscos (FAGR), que representa 22 associações comerciais, afirmou que o mercado de seguros cibernéticos está a "evoluir de forma isolada".
O organismo que representa os gestores de risco europeus alerta que os seguros cibernéticos podem tornar-se “produto inviável” para as empresas, à medida que aumentam as preocupações relacionadas com a decisão de seguradoras não cobrirem grandes ataques apoiados pelo Estado.
A Federação das Associações Europeias de Gestão de Riscos (Ferma), organismo que representa 22 associações comerciais, afirmou que o mercado dos seguros cibernéticos está a “evoluir de forma isolada das indústrias que serve”.
O relatório destacou uma iniciativa do Lloyd’s de Londres, mercado de seguros especializado e centro de seguros cibernéticos, que exige que as apólices cibernéticas padrão tenham uma isenção para grandes ataques apoiados pelo Estado.
“Sem uma abordagem mais colaborativa em relação ao ciberespaço, que equilibre a apetência pelo risco do mercado segurador com os requisitos de cobertura das empresas, corre-se o risco de o seguro cibernético se tornar um produto inviável para muitas organizações”, afirmou a Ferma num comunicado partilhado com o Financial Times.
A intervenção é a mais forte até à data, por parte do lobby empresarial relativamente à polémica isenção e às preocupações mais gerais sobre os seguros cibernéticos.
No mês passado, o Financial Times (FT) revelou que o Bank of America estava entre os grupos de alto nível que expressaram preocupações diretamente ao Lloyd’s sobre o novo requisito.
A Ferma afirmou que a medida do Lloyd’s “realça as preocupações crescentes sobre o valor global e a sustentabilidade do produto de seguro cibernético do ponto de vista empresarial“, particularmente para as grandes empresas.
A Ferma apelou ainda a um “diálogo construtivo” entre todas as partes envolvidas no mercado dos seguros – incluindo seguradoras, corretores, compradores empresariais e reguladores – e à realização de um evento anual do tipo ‘COP’ sobre ciber-resiliência.
“Porquê pagar prémios que alguns consideram caros por uma cobertura cada vez mais limitada, quando um maior investimento na cibersegurança é visto como uma forma mais eficaz de gerir o risco?“, afirmou Philippe Cotelle, vice-presidente da Ferma e diretor de gestão de seguros da divisão de defesa e espaço do fabricante de jatos Airbus.
Defendendo a sua exigência a nível de todo o mercado, o Lloyd’s afirmou que “não tomou esta decisão de ânimo leve e está empenhado nela”. E acrescentou: “a nossa resposta garante a manutenção de um mercado adequadamente capitalizado para eventos geríveis, ao mesmo tempo que proporciona clareza aos clientes sobre os riscos políticos emergentes”. Sublinhou ainda que a nova regra permitia a apresentação de apólices adicionais separadas para cobrir grandes ataques apoiados pelo Estado e que algumas estavam a ser desenvolvidas.
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