Banco de Portugal entrega 371 milhões ao Estado em dividendos e impostos

O Banco de Portugal entregou um total de 371 milhões de euros ao Estado em 2022, ano em que a instituição registou 297 milhões de euros de lucros, uma queda de 42% face a 2021.

O Banco de Portugal obteve lucros de 297 milhões de euros no ano passado e entregou ao Estado um total de 371 milhões de euros em dividendos e impostos, revelou esta quarta-feira no Relatório do Conselho de Administração relativo a 2022, numa diminuição de 268 milhões de euros face ao montante total que deu em 2021.

Os resultados obtidos em 2022 possibilitaram a “distribuição de dividendos ao Estado no valor de 238 milhões de euros”, revela o banco liderado por Mário Centeno, explicando que, tendo em consideração os impostos, “foram entregues ao Estado 371 milhões de euros”.

Resultados desde 2007

Fonte: Banco de Portugal

O lucro do Banco de Portugal registou uma queda de 41,5% face ao ano anterior. Também o valor entregue ao Estado sobre os lucros de 2022 fica aquém dos 639 milhões de euros (406 milhões em dividendos mais 233 milhões impostos) que foram entregues sobre os lucros de 2021.

O supervisor revela que reforçou as provisões para riscos gerais em 235 milhões de euros, com a almofada financeira a ascender agora a 3,9 mil milhões.

Em conferência de imprensa, o governador Mário Centeno avisou que o Banco de Portugal “vai entrar numa fase de resultados negativos por conta da subida dos juros do Banco Central Europeu (BCE) e que conta usar estas provisões para absorver as perdas e levar os resultados da instituição a zero. Isto significa que o ministro das Finanças vai deixar de contar com os dividendos do banco central durante alguns anos, depois de ter recebido perto de cinco mil milhões desde 2007 (incluindo já o de 2022).

Balanço cai pela primeira vez em sete anos

Por causa do disparo das taxas de juro, os bancos centrais em todo o mundo estão pagar juros mais elevados pelos depósitos de curto prazo dos bancos comerciais, enquanto continuam a receber juros baixos dos títulos de dívida (de longo prazo) que adquiriram nos últimos anos ao abrigo das políticas expansionistas para apoiar as economias, incluindo durante o período da pandemia.

O Banco de Portugal vai continuar a sofrer com a disparidade das taxas de juro: enquanto os ativos renderão apenas cerca de 1%, o seu passivo vai-lhe custar mais de 3%, situação que gerará prejuízos nos próximos anos.

No final de 2022, o balanço do Banco de Portugal totalizava 198 mil milhões de euros, menos 21 mil milhões do que no final de 2021, “interrompendo o ciclo de crescimento verificado nos últimos sete anos.

Esta redução deveu-se, principalmente, a diminuição do financiamento aos bancos por via das operações TLTRO, depois de o BCE ter alterado as condições destes empréstimos no final do ano passado, para evitar uma espécie de “subsidiação” à banca.

(Notícia atualizada às 13h12 com mais informação)

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