Centeno diz a Marcelo que “não toma decisões pelos bancos”

Presidente da República disse estar “esperançado” que banca e Banco de Portugal estejam “acordados para o problema” do crédito à habitação. Centeno diz que não toma decisões pelos bancos.

O governador do Banco de Portugal diz que “não toma decisões pelos bancos”, isto depois de o Presidente da República ter chamado a atenção de todo o setor, bancos e supervisor, para o problema de muitas famílias com o crédito à habitação.

Marcelo Rebelo de Sousa disse esta terça-feira estar “esperançado” que a banca esteja acordada para o problema” do crédito à habitação e o “Banco de Portugal também”.

“O supervisor não toma decisões pelos bancos”, respondeu Mário Centeno quando questionado sobre as palavras do Presidente da República e sobre o que os bancos poderiam fazer mais para apoiar as famílias em maiores dificuldades, após a apresentação das contas do Banco de Portugal do ano passado.

O governador concordou com a ideia de que os bancos “devem acompanhar aqueles que possam estar em dificuldades e encontrar uma resposta dentro do âmbito da sua atuação”, mas também lembrou que as famílias e empresas estão hoje numa melhor posição do que na anterior crise e que, apesar do momento difícil que o país atravessa, as taxas de juro já estiveram mais altas no passado e o contexto económico e financeiro é hoje mais favorável.

“Como país, sistema financeiro e económico, nunca estivemos tão bem preparados como estamos hoje”, reiterou Mário Centeno.

“Pela primeira vez numa crise, as famílias e empresas fizeram aquilo que é esperado, aumentaram a poupança, reduziram o endividamento e olharam em frente e não para o lado, à espera de alguém que apareça para ajudar”, acrescentou.

Por outro lado, “hoje estamos perante taxas de juro que são altas, mas não historicamente elevadas”, prosseguiu Mário Centeno, referindo mesmo que 55% dos contratos de empréstimo da casa já tiveram taxas de juro mais altas que têm hoje. Ou seja, “mais de metade já teve taxa de juro mais elevada do que existe hoje”.

O governador disse não ser adepto de medidas generalizadas de apoio às famílias e que os bancos devem focar-se em soluções específicas para aquelas que têm maior dificuldade.

Segundo explicou, medidas generalizadas – como o congelamento da prestação, que era o que estava a ser questionado ao governador — “geram comportamentos de mimetismo e leva muitos a aderirem às medidas mesmo que não tenham necessidade delas e criando problemas para o futuro”.

Mário Centeno lembrou ainda a questão dos depósitos e que os bancos devem continuar a esforçar-se para não desbaratar a confiança dos seus clientes. “Os bancos beneficiam de algo importante: fidelidade dos seus depositantes. É um ativo que não deve ser desbaratado. Os bancos devem atuar nessa dimensão”, disse, apontando no sentido de melhorarem as remunerações das poupanças.

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