Exportações ajudam economia a crescer 1,6% no primeiro trimestre. INE confirma estimativa
Procura interna registou contributo nulo para a variação homóloga do PIB no primeiro trimestre, após um contributo de 2,3 pontos percentuais no trimestre anterior. Exportações alavancam crescimento.
A economia nacional cresceu 1,6% nos três primeiros meses do ano face aos três meses anteriores, tal como o Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha avançado na estimativa rápida publicada no final de abril. O bom desempenho das exportações explica a progressão de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em termos homólogos e só o investimento penalizou.
“A procura interna registou um contributo nulo para a variação homóloga do PIB no primeiro trimestre, após um contributo de 2,3 pontos percentuais (p.p.) no trimestre anterior”, explicou o INE, na publicação feita esta quarta-feira. Esta é uma evolução face à estimativa rápida, já que no final de abril, o INE apontava para um “contributo positivo”, ainda que inferior. No quarto trimestre trimestre tinha sido positivo em 0,6 pontos percentuais.
Este contributo negativo resulta da desaceleração do consumo privado e da diminuição do investimento, reflexo “principalmente o contributo negativo da variação de existências, em grande medida associado à dinâmica dos fluxos do comércio internacional”. O INE, frisa que, no primeiro trimestre, se assistiu “a uma aceleração das exportações de bens e serviços em volume, enquanto as importações de bens e serviços abrandaram, traduzindo-se num aumento do contributo da procura externa líquida para 2.6 p.p. (0,9 p.p. no quarto trimestre)”.
As exportações cresceram 10,9%, em termos homólogos, depois de um crescimento de 7,7% no último trimestre de 2022. Mas as importações cresceram apenas 4,9%, depois de um crescimento de 5,4% nos três meses anteriores. Comparando com o trimestre anterior, a procura externa líquida passou de um contributo negativo de 0,2 p.p. para um positivo de 2,5 pontos percentuais no primeiro.
“Estes dados revelam um 2023 mais forte e sólido do que há uns meses”, disse o ministro das Finanças, numa reação aos dados. Fernando Medina fez questão de sublinhar o nível das exportações de serviços, em especial do turismo, mas também das exportações de bens com “a indústria a mostrar capacidade de se afirmar e projetar a capacidade exportadora muito forte do país”, disse numa reação transmitida pelas televisões. De acordo com o INE, as exportações de bens cresceram 6,3% em termos homólogos no primeiro trimestre, mais 2,1 p.p. que no trimestre anterior e as exportações de serviços passaram de uma variação de 15,1% no quarto trimestre para 20,4%, “destacando-se o contributo significativo da componente do turismo para a referida aceleração”.
Já o consumo das famílias apresentou uma variação homóloga de 1,7% em volume no primeiro trimestre, uma taxa inferior em 1,1 p.p. à registada no trimestre anterior. Mas se as despesas de consumo final das famílias desaceleraram ao nível dos bens não duradouros e serviços — passaram de uma variação homóloga de 2,3% no quarto trimestre, para 0,9% no primeiro — aceleraram ao nível dos bens duradouros para 10,6%, “em resultado do crescimento mais intenso das despesas com a aquisição de veículos automóveis”. Um crescimento que já se antecipava tendo em conta os dados do crédito ao consumo que já indiciavam o apetite dos portugueses pela aquisição de carros novos.
Menos positivo é o desempenho do investimento: sofreu uma contração de 6,1% em termos homólogos, após um aumento de 1% no quarto trimestre. No primeiro trimestre de 2022, o investimento tinha crescido 6,8%, embora já fosse uma desaceleração face aos 8,1% do trimestre anterior. “A evolução do Investimento no primeiro trimestre foi, em grande medida, determinada pelo comportamento da variação de existências, que registou um contributo para a variação homóloga do PIB de -1,2 p.p. (-0,2 p.p. no quarto trimestre), num contexto em que se verificou uma aceleração das exportações de bens e serviços e um abrandamento das importações de bens e serviços”, explica o INE. Por sua vez, “a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registou uma ligeira redução de 0,1% (crescimento homólogo de 2,1% no quarto trimestre)”, acrescenta.
Os dados revelam ainda que a construção é o setor onde o volume de investimento mais caiu (-6,5%), o que contrasta com o crescimento de 22,2% ao nível dos equipamentos de transporte.
Este desempenho da economia foi superior às estimativas mais positivas dos economistas e até do ministro das Finanças que tinha antecipado uma progressão em cadeia de 0,6% e os economistas apontavam para desempenhos entre 1,2% e 0,2%. Nos dados preliminares, Portugal era o segundo país com o crescimento mais elevado, mas será necessário esperar pelos dados do Eurostat para fazer nova comparação, mas os indicadores conhecidos esta quarta mantém Portugal na liderança. Em cadeia, Itália cresceu 0,6%; França e Finlândia progrediram 0,2% e só a Polónia bateu Portugal com um desempenho de 3,8%.
(Notícia atualizada com mais informação)
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