Porto SAD levanta 55 milhões de euros junto de 3.758 pequenos investidores

Operação pública de subscrição das obrigações FC Porto SAD 2023-2026 terminou com a procura a exceder em 1,37 vezes a oferta. Fernando Gomes assegura que taxa de juro de 6,25% é "sustentável".

A FC Porto SAD colocou a totalidade da oferta de obrigações de 55 milhões de euros junto de 3.758 pequenos investidores. De acordo com informação avançada esta segunda-feira pela Euronext Lisboa, a operação contou com uma procura 1,37 vezes acima da oferta, com as ordens a chegarem a quase 75,5 milhões de euros.

Esta operação de financiamento através de obrigações dirigidas para o retalho, oferecendo uma remuneração anual bruta de 6,25% ao longo de três anos, foi composta por duas ofertas: uma componente de subscrição, que ascendeu a 37,1 milhões de euros; e outra de troca de obrigações que emitiu há dois anos e que superou os 17,9 milhões de euros.

O objetivo inicial da SAD portista passava por garantir o financiamento necessário para reembolsar o empréstimo obrigacionista “FC Porto SAD 2021-2023”, atualmente com um montante em dívida de 39,8 milhões de euros, e que vencerá a 26 de novembro deste ano. Mas a 31 de maio, a dois dias do fim da operação, aumentou a oferta para 55 milhões, o que já indiciava uma boa adesão por parte parte dos pequenos aforradores.

Para os novos credores, a SAD azul-e-branca assumiu o compromisso de pagar uma taxa de cupão anual de 6,25%, pago semestralmente, até 7 de dezembro de 2026, através da subscrição das obrigações FC Porto SAD 2023-2026. Trata-se assim de uma emissão a três anos e seis meses.

Para os antigos credores, existia a possibilidade de os investidores trocarem as obrigações FC Porto SAD 2021-2023, que carregam uma taxa de cupão de 4,75%, pelas novas obrigações FC Porto SAD 2023-2026, acrescido de um prémio monetário de 0,05 euros, o equivalente a 1% do valor nominal das antigas obrigações.

A FC Porto SAD atingiu ao quarto dia, a 25 de maio, a meta dos 55 milhões de euros, segundo a informação divulgada esta tarde. O montante mínimo de subscrição foi de 2.500 euros, sendo que a maioria dos investidores (1.717) que participaram na oferta de subscrição investiu entre 2.505 e 5.000 euros. No caso da oferta de troca, a maior participação (377 investidores) em termos de valor subscrito foi no intervalo entre os 10.005 euros e os 50.000 euros.

Na sessão desta tarde, realizada nas instalações do Porto, onde a Euronext tem duas operações (a Interbolsa e um centro tecnológico inaugurado em 2017 e onde trabalham quase 300 pessoas), coube ao presidente da SAD, Jorge Nuno Pinto da Costa, o tradicional “toque do sino”, desta vez na cidade Invicta.

O diretor financeiro, Fernando Gomes, assinalou o “sucesso” desta operação, salientando a “longa experiência” em operações deste género, elogiou a “camaradagem e resposta pronta” do Haitong Bank, que assegurou a coordenação global, e aproveitou para agradecer aos “pequenos investidores [que] responderam novamente ao apelo” da SAD portista.

Taxa fica “um bocadinho” acima da média de financiamento anual

Durante a conferência de imprensa, questionado pelo ECO sobre se esta taxa de 6,25% é sustentável para as finanças da SAD, Fernando Gomes garantiu que sim, notando que “a comparação terá de ser com os meios alternativos de financiamento”, uma vez que os empréstimos obrigacionistas são “verdadeiramente insuficientes para as necessidades financeiras ao longo do ano”.

“Contrariamente ao que hoje domina a comunicação social, que é uma opinião pública insatisfeita com a banca pela frágil remuneração dos depósitos, a verdade é que, quando se trata de financiar, a banca leva taxas bem elevadas. Estamos a pagar um bocadinho mais do que aquilo que é a nossa média de financiamento anual, portanto é sustentável”, indicou o administrador.

Por via do financiamento direto não se consegue taxas muito mais baixas. Mesmo com garantias muito fortes, como são, por exemplo, os recursos da Liga dos Campeões. Mesmo nessas circunstâncias, as taxas de financiamento que conseguimos não são tão atrativas assim para considerarmos que esta taxa é muito elevada.

Fernando Gomes

CFO da SAD do FC Porto

Fernando Gomes calculou que “por via do financiamento direto não se consegue taxas muito mais baixas” do que a praticada na mais recente oferta de obrigações. “Mesmo com garantias muito fortes, como são, por exemplo, os recursos da Liga dos Campeões. Mesmo nessas circunstâncias, as taxas de financiamento que conseguimos não são tão atrativas assim para considerarmos que esta taxa é muito elevada”, acrescentou.

Já sobre o patamar mínimo de mais-valias que os dragões têm de gerar nas próximas semanas, o porta-voz respondeu que, tal como acontece com Benfica e Sporting, “não há alternativa” à venda de “alguns dos principais ativos para realizar mais-valias e equilibrar as contas”. E este ano não será exceção, com Fernando Gomes a escusar-se a adiantar nesta fase qual o encaixe que será necessário, mas a notar que será menor devido aos mais de 40 milhões de receitas da UEFA que estão garantidos pelo apuramento para a próxima edição da Liga dos Campeões.

Há uma pressão acrescida para realizar essas vendas de jogadores até ao final deste mês? “Isso é iniludível. É assim mesmo. Tem de ser até 30 de junho porque só os resultados que forem conseguidos até à meia-noite de 30 de junho é que contam para o fecho das contas deste ano. A acontecer alguma coisa para equilibrarmos as contas – e tem de acontecer – é até 30 de junho”, concluiu responsável financeiro e vice-presidente da SAD.

(Notícia atualizada às 17h25 com declarações de Fernando Gomes)

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