Itália suaviza taxa extraordinária sobre a banca para “salvaguardar estabilidade financeira”
Depois da reação da banca e dos mercados, o governo de Meloni recuou parcialmente no imposto de 40% sobre os lucros extraordinários da banca. Não poderá exceder 0,1% dos ativos totais de cada banco.
O governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, recuou parcialmente na decisão de introduzir uma taxa de 40% sobre os chamados lucros excessivos (windfall tax) no setor da banca, esclarecendo que as receitas com este novo imposto não podem ascender a mais de 0,1% do total dos ativos dos bancos.
A decisão acontece depois da reação negativa dos mercados, que fecharam a sessão de terça-feira em forte queda, numa reação ao anúncio surpresa vindo de Roma de um imposto de 40% sobre os lucros inesperados dos bancos, justificado com os ganhos extraordinários com a subida das taxas de juro. Ainda assim, a decisão não é inédita na Europa, uma vez que em Espanha e Hungria já vigoram taxas semelhantes.
No entanto, a reação do setor financeiro e dos investidores terá sido motivo suficiente para dissuadir o Ministério das Finanças italiano de avançar com a proposta inicial. Na noite de quarta-feira, o Executivo esclareceu que a taxa não poderá exceder 0,1% dos ativos totais de cada banco, “a fim de salvaguardar a estabilidade financeira dos credores”.
As estimativas atualizadas do Deutsche Bank preveem que este novo limite reduzirá o montante global do imposto em mais de 40%, embora continue a retirar mais de 10% dos lucros de 2023. Já uma uma fonte bancária em Milão disse ao Financial Times que o limite torna o imposto “muito mais gerível”: permitirá arrecadar cerca de 1,8 mil milhões de euros, em contraste com as estimativas iniciais de mais de 4,5 mil milhões de euros feitas pelos analistas da Jefferies e da Equita.
O recuo do Executivo permitiu que as ações dos bancos italianos estejam a recuperar algum terreno na manhã desta quarta-feira. O Intesa Sanpaolo e o UniCredit, os dois maiores bancos do país, estão a valorizar mais de 2% e 3%, respetivamente, depois de derraparam acima de 6% na sessão de terça-feira. Já a bolsa em Milão, o FTSE MIB, está a subir 1,78%, para 28.421,00 pontos.
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