Estabilidade fiscal é a principal exigência dos investidores

“Algum do investimento que tem vindo para Portugal” – em 2022 foram 248 projetos de IDE, mais 24% face a 2021 – “tem muito a ver com o encurtamento das cadeias de distribuição”, diz Miguel Farinha.

Estabilidade fiscal é a principal exigência dos investidores. Mesmo que não exista um pacto de regime entre PS e PSD nesta matéria, é necessário haver a consciência de que há certas políticas que não podem ser alteradas todos os anos, defende Miguel Farinha, strategy and transactions leader da EY Portugal.

Em entrevista ao ECO, o corresponsável pela realização do estudo EY Attractiveness Survey Portugal, considera que Portugal “tem a vantagem” de ser reconhecido pelos investidores como um “país estável social e politicamente”. “Mesmo que não haja um pacto de regime entre PS e PSD, escrito, há uma consciência de que não podemos mudar a política fiscal consoante as ondas”, acrescenta.

E a estabilidade fiscal é mais importante do que um choque fiscal no Orçamento de Estado para 2024, como sugerido pela CCP, à semelhança do que foi feito em 2014 com a promessa de uma redução do IRC? “Não sei se é mais importante, mas que é muito importante haver essa estabilidade é”, diz Miguel Farinha. “Uma promessa de redução de IRC obviamente irá atrair mais investimento estrangeiro”, admite. “Mas, mais importante do que isso é não fazermos uma redução agora, um aumento daqui a dois anos e uma redução a seguir. É mantermos uma clara estabilidade de política fiscal”, completa.

Mas não é só a política fiscal que não deve mudar todos os anos. As políticas ambientais devem gozar da mesma estabilidade. E, segundo o responsável, isso explica o sucesso de Portugal na atração de investimentos nesta área: solar, biomassa e hidrogénio, nomeadamente em comparação com a vizinha Espanha que optou por “implementar consecutivamente alterações legislativas”.

Portugal tem muito para melhorar, apesar de 73% dos investidores inquiridos no EY Attractiveness Survey Portugal, desejarem investir em Portugal, em comparação com 67% da média europeia. E o esforço de redução das cadeias de abastecimento pode ser “claramente” uma oportunidade para Portugal. “Algum do investimento que tem vindo para Portugal” – em 2022 foram 248 projetos de IDE, mais 24% face a 2021 – “tem muito a ver com o encurtamento das cadeias de distribuição”, diz Miguel Farinha. “A instabilidade mundial que existe neste momento permitiu que deixássemos de estar tão focados em desenvolver a indústria em alguns pontos do mundo. Por isso, há muitas empresas a abrir fábricas em Portugal, em áreas como têxtil, produção de peças automóveis, etc.”.

E Portugal tem condições para voltar a atrair um grande investimento como o da Volkswagen Autoeuropa? “Uma Autoeuropa depende de uma série de condições para acontecer e muito apoio governamental. Hoje, o foco tem estado noutro tipo de investimentos, muito mais repartidos — não estarmos tão dependentes de um só investimento tão grande. Mas temos muitos”, considera ainda.

E se qualquer investidor está preocupado com a guerra, as taxas de juro, a inflação – “fatores macro que não afetam só Portugal” – o país “tem uma vantagem face ao resto da Europa: é o menos vulnerável ao tema da guerra”, conta Miguel Farinha. Todos os investidores que integram o estudo disseram que “Portugal é visto como o país que tem menos impacto pelo facto de haver uma guerra neste momento na Europa”, concluiu.

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