Maioria dos projetos de investimentos estrangeiro que Portugal atraiu são no digital e tecnologia

Pela primeira vez, a Alemanha ultrapassou os Estados Unidos em número de projetos de IDE dirigidos a Portugal. País captou 248 projetos em 2022 e subiu duas posições no ranking europeu. Está em 6.º.

Portugal captou 248 projetos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) no ano passado e cerca de 40% inserem-se na área digital e de tecnologia. De acordo com o EY Attractiveness Survey Portugal, apresentado esta terça-feira, as áreas que atraíram mais investimento foram os serviços de software e TI, serviços às empresas e vendas & marketing. A Alemanha ultrapassou os Estados Unidos, pela primeira vez como principal investidor.

“Na totalidade dos investimentos em Portugal, 40% foram na área digital e de tecnologia. Temos tido muitos bons recursos nessas áreas. Mas precisamos de mais”, diz ao ECO Miguel Farinha, strategy and transactions leader da EY Portugal e corresponsável pela realização do estudo. “Precisamos continuar a propor a nossa excelente mão-de-obra muito mais vocacionada para essas áreas para conseguir trazer esses serviços acrescentados”, frisa, recordando que quem está a trabalhar “na área tecnológica digital está a trabalhar para o mundo inteiro”.

Dos 99 projetos atraídos no setor do software e dos serviços de TI, 76 representam empresas que estabeleceram as suas operações em Portugal pela primeira vez. O EY Attractiveness Survey já tinha revelado que Portugal subiu duas posições no ranking europeu como destino de IDE para a sexta posição, com o terceiro maior crescimento da UE (6,7% medido em termos de PIB).

“Fazemos este estudo há mais de dez anos e nos últimos seis temos visto uma tendência crescente de Portugal no estudo. Há seis anos estávamos no 16.º lugar entre os países europeus, num conjunto de cerca de 35”, sublinha Miguel Farinha. “Fomos progressivamente subindo. Há dois anos ficámos em décimo, o ano passado em oitavo e este ano em sexto. É uma melhoria cada vez mais significativa sobre a forma como os investidores olham para o nosso país como uma opção interessante de investimento na Europa”, acrescenta.

E o que torna Portugal interessante aos olhos dos investidores? “Portugal tem várias características muito interessantes para o investidor. Por um lado, um clima social muito estável, um nível de qualidade de vida, um fator diferenciador claramente para quem vem de fora, por norma temos uma estabilidade governativa, social, política, que é bastante interessante para quem está a investir num país e depois, nos últimos anos, tivemos também alguns programas de atração, de investimento, de concessão de benefícios a quem investe em Portugal, que também trouxeram muitos, muitos investidores. E, claro a rede de infraestruturas”, elenca o responsável.

E, “em cima de todos estes pontos há ainda a qualidade dos recursos humanos: Portugal é visto como um país que produz muito bons recursos, muito bons profissionais, com boas universidades e que consegue trazer valor acrescentado nas várias áreas onde estamos a atuar”. O EY Attractiveness Survey Portugal revela que cerca de 29% dos investidores consideram que Portugal está acima da média europeia em termos de disponibilidade e qualidade do talento no mercado de trabalho.

Estes fatores fazem com que a importância de Portugal no total dos projetos de IDE europeus tenha vindo a aumentar: entre 2018 e 2022, o peso relativo do país no total de projetos de IDE na Europa subiu de 1,2% para 4,2%, revela o estudo. Além disso, os postos de trabalho criados em Portugal representaram 6,4% do total de emprego criado na Europa, o que significa que o mercado nacional tem vindo a atrair projetos de maior dimensão (quando medido através do número de trabalhadores).

Mas se os cinco países que mais investem em Portugal continuam a ser os mesmos, a ordem não. Pela primeira vez, a Alemanha ultrapassou os Estados Unidos em número de projetos de IDE dirigidos a Portugal com 36 projetos. Os investimentos da Alemanha, dos Estados Unidos e França foram maioritariamente direcionados para Software & Serviços TI (39 projetos), com estes três países a representarem 39,4% do total de projetos do setor, avança o estudo.

Por outro lado, no Top10 entraram novos países: os Países Baixos e a Dinamarca que passaram de quatro e dois projetos para 14 e oito projetos, respetivamente.

Em linha com os anos anteriores, 59% dos investidores prevê que a atratividade de Portugal melhore nos próximos três anos. O estudo aponta ainda que 73% dos investidores inquiridos desejam investir em Portugal, em comparação com 67% da média europeia. Investimentos que serão “muito à volta do software e das tecnologias digitais”, diz Miguel Farinha sublinhando que o encurtamento das cadeias de distribuição, na sequência da Guerra da Ucrânia, explica muitos dos investimentos que Portugal tem atraído e representa uma oportunidade para o país.

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