Regime híbrido entre trabalho presencial e remoto ganha terreno em Portugal

Em cada dez trabalhadores que exercem as suas funções a partir de casa, quatro fazem-no em regime híbrido. Modelo de alguns dias em casa todas as semanas é o mais popular, neste momento.

A pandemia passou, mas o trabalho remoto veio mesmo para ficar. E o regime híbrido é o mais praticado, neste momento, em Portugal. Em cada dez trabalhadores que exercem as suas funções em casa, quatro já o fazem mediante esse modelo. Aliás, entre o segundo e o terceiro trimestre, aumentou o peso do regime que concilia o trabalho presencial com o remoto no total de portugueses que trabalham em casa. O modelo que prevê alguns dias em casa todas as semanas é atualmente o mais popular no mercado de trabalho português.

Entre julho e setembro, 877,3 mil trabalharam a partir de casa, de acordo com os dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). É o equivalente a 17,5% da população empregada.

Mas nem todos trabalham de casa nos mesmos moldes. Cerca de três em casa dez (26,9%) fazem-no todos os dias da semana de trabalho, enquanto quatro em casa dez (37,4%) fazem-no regularmente mediante um modelo que concilia o trabalho presencial e em casa. Já cerca de dois em cada dez (16,1%) trabalham em casa apenas pontualmente.

Ora, de acordo com as contas do ECO com base nos dados do INE, o regime híbrido foi mesmo aquele cujo peso mais aumentou entre o segundo e o terceiro trimestres de 2023.

Vamos a contas. Enquanto a fatia de trabalhadores que trabalham sempre em casa subiu de 25,9% para 26,9%, aquela que se refere a quem recorre ao regime híbrido aumentou de 34,4% para 37,4%, um acréscimo de três pontos percentuais (p.p.). Já a fatia de trabalhadores que trabalham em casa pontualmente subiu 1,3 p.p. para os tais 16,1%.

Os dados do INE permitem perceber, além disso, que modelo de regime híbrido tem ganhado terreno: enquanto a fatia de trabalhadores que trabalha em casa todos os dias, em semanas rotativas caiu 0,6 p.p. entre o segundo e o terceiro trimestre, e aquela que diz respeito a quem trabalha alguns dias por semana em semanas rotativas recuou 1,2 p.p., a fatia de trabalhadores que exercem as suas funções em casa alguns dias por semana todas as semanas aumentou 1,5 p.p., entre a primavera e o verão, para 70,8% dos que trabalham em regime híbrido.

Sistema que prevê alguns dias por semana em casa todas as semanas é o mais popular

Fonte: INE

Assim, entre o segundo e o terceiro trimestre, mais 3,6 mil pessoas passaram a trabalhar mediante esse último modelo, segundo as contas do ECO. De acordo com o INE, em média, os trabalhadores que trabalham em casa fazem-no durante três dias por semana.

Importa notar que nem todos os trabalhadores que trabalham em casa são considerados teletrabalhadores. Dos tal total de 877 mil portugueses que trabalharam em casa no terceiro trimestre, 833 mil estiveram em teletrabalho, isto é, trabalham a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação. Mas o INE não detalha em que regime.

O gosto pelo regime híbrido já vinha sendo sinalizado em vários estudos recentes. Por exemplo, no “Gen Z and Millennial Survey 2023″ da Deloitte, mais de metade dos inquiridos da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2004) e dos millennials (nascidos entre 1982 e 1994) consideravam que o modelo híbrido é positivo para a sua saúde mental, porque permite mais tempo com os amigos e família, mas também para tratar de responsabilidades fora do trabalho e para ter hobbies, além de permitir reduzir os custos dos transportes.

Já um estudo feito por 33 escolas de negócios (incluindo a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, a Nova SBE) veio indicar que mais de seis em cada dez recém-graduados que estão agora a entrar no mercado de trabalho valorizam o regime híbrido entre o trabalho presencial e o trabalho remoto, acreditando que este terá um impacto positivo na sua carreira.

Até à pandemia, o teletrabalho tinha uma expressão residual em Portugal, mas a Covid-19 provocou um boom do trabalho remoto, até porque este regime chegou a ser de adoção obrigatória em certos períodos.

As restrições pandémicas já foram levantadas há muito, mas o gosto pelo trabalho a partir de casa ficou. Tanto que o Código do Trabalho tem sido densificado de modo a garantir que as relações de teletrabalho estão devidamente previstas e reguladas. A alteração mais recente teve que ver com o pagamento das despesas associadas a esse regime, tendo ficado prevista a possibilidade de os empregadores e os trabalhadores fixarem entre si um valor de compensação, sem recurso a faturas.

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