Investimento do BEI em Portugal já atingiu 1.500 milhões de euros. Pode superar 2022

Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do BEI, mostra-se confiante de que os projetos que estão a financiar vão continuar mesmo com a crise política.

O investimento do Banco Europeu de Investimento (BEI) em Portugal já atingiu os 1.500 milhões de euros este ano, pelo que pode acabar por superar os valores de 2022, adiantou o vice-presidente do banco, Ricardo Mourinho Félix, ao ECO. Ex-governante sinaliza que a crise política não vai afetar os investimentos no país.

No ano passado “o financiamento foi de 1.700 milhões de euros, este ano já assinámos 1.500 milhões e, portanto, vamos seguramente fechar o ano com um valor que pode até ser ligeiramente superior”, salientou, em entrevista durante a Web Summit, onde o BEI aproveitou para assinar um projeto, apoiado pelo InvestEU, com uma empresa que está a desenvolver a tecnologia para um avião solar que seja auto-pilotado.

Mourinho Félix, que já foi secretário de Estado das Finanças no Governo de António Costa, mostra-se confiante de que a crise política que atualmente se vive não irá afetar os investimentos do banco no país. “Portugal é uma democracia madura, tem quase 50 anos, tem instituições robustas e diversos países da União Europeia, por diversas vicissitudes da vida comum têm, a certa altura, processos eleitorais, mudanças de governo e, portanto, isso é perfeitamente normal”, reiterou.

O responsável acrescentou ainda que o que se espera “é que haja também aqui a continuação dos projetos que estamos a financiar e a isso temos assistido e continuaremos a assistir”.

Por outro lado, admite que as tensões geopolíticas, nomeadamente com a invasão da Ucrânia pela Rússia e agora o conflito entre Israel e o Hamas em Gaza, “não beneficiam seguramente o investimento. Há incerteza e o pior que existe para um investidor, que vai aplicar os seus recursos num projeto que tem retorno a médio prazo, é que haja incerteza e que não saiba exatamente que retorno é que vai ter”.

Ainda assim, destacou que o papel do BEI nesta situação é “contra cíclico: o que fazemos é em períodos de maior incerteza, utilizar de uma forma mais expressiva os nossos instrumentos precisamente para partilhar o risco e para tomar uma parte desse risco, de forma a que os investidores ainda assim tenham interesse em investir”.

O BEI tinha também sinalizado disponibilidade para financiar projetos do Plano de Recuperação e Resiliência para os quais não existe financiamento a 100% devido à escalada da inflação, no entanto ainda não existem movimentações significativas neste sentido. É uma hipótese que continua a existir, assegurou, mas “tudo depende sempre de os promotores dos projetos entenderem que há um gap do financiamento decorrente do aumento dos preços e de contactarem [o banco] no sentido de olharmos para o projeto”.

“Não tenho ideia de que isso tenha sido algo muito relevante ou mesmo que existam muitos projetos que temos, quer financiados para este ano, quer para o ano que vem”, indicou.

Já no que diz respeito ao Banco Português de Fomento, que é um dos bancos promocionais nacionais com quem o BEI trabalha, Mourinho Félix não quis comentar as mudanças na gestão, mas destacou que desenvolvem “um conjunto de projetos, nomeadamente Portugal Growth e o Portugal Tech”.

“São projetos que estão a ter ainda uma grande importância em Portugal e o Portugal Tech financiou três dos sete unicórnios portugueses e, portanto, isso diz bem da qualidade dos gestores de fundos que foram escolhidos e daquilo que foi o sucesso que esse programa está a ter”, acrescentou.

“Continuamos a trabalhar com o Banco Português de Fomento e a olhar para as oportunidades, no futuro, de colaborações”, assegurou.

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