“Não me sinto responsável” pela demissão do primeiro-ministro. Procuradora-Geral da República quebra o silêncio
Lucília Gago falou sobre a investigação da 'Operação Influencer' avisando que o MP fez apenas o seu trabalho. E justifica o parágrafo que envolvia Costa por uma "questão de transparência".
“Não me sinto responsável por coisa nenhuma”, salientou esta quinta-feira a titular da investigação criminal, Lucília Gago, em relação à decisão de demissão do primeiro-ministro, António Costa. A atuação do Ministério Público e o silêncio da PGR têm sido criticados no que toca à investigação da ‘Operação Influencer’.
“Vamos continuar a investigar sem dramatizações. O parágrafo do comunicado diz com transparência aquilo que está em causa na investigação. A necessidade de escrever o parágrafo é de transparência. Esse parágrafo teria de ser colocado, sob pena de, se não constasse, se pudesse afirmar que estava indevidamente a ocultar-se um segmento de enorme relevância”, disse a PGR.
Em declarações aos jornalistas, Lucília Gago confirmou ainda que foi ao Palácio de Belém “a solicitação do senhor Presidente da República”, sem esclarecer, no entanto, se tinha sido o primeiro-ministro a pedir ao chefe do Estado que o fizesse. “É o senhor Presidente da República que me nomeia, portanto, é absolutamente norma que queira comigo conversar sobre temas relevantes”, acrescentou.
Esse parágrafo [sobre o primeiro-ministro] teria de ser colocado, sob pena de, se não constasse, se pudesse afirmar que estava indevidamente a ocultar-se um segmento de enorme relevância.
A operação do dia 7 de novembro do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; dois administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves; e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
Estas são as primeiras declarações públicas da procuradora-geral da República (PGR), sobre a operação que ditou a demissão de António Costa. Nessa manhã, Lucília Gago foi ao Palácio de Belém a pedido de Marcelo Rebelo de Sousa.
No total, há nove arguidos no processo, entre eles o antigo ministro das Infraestruturas, João Galamba; o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira; e a empresa Start Campus.
O primeiro-ministro demitiu-se depois de se saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do MP a negócios do lítio, hidrogénio e do centro de dados em Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.
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