Trégua na Faixa de Gaza prolongada por mais dois dias
O Hamas avançou com "um acordo com os irmãos qataris e egípcios para um prolongamento da trégua humanitária temporária, que será por mais dois dias, com as mesmas condições da trégua precedente".
Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas chegaram a um acordo para prolongar por dois dias a trégua na Faixa de Gaza, anunciaram hoje as autoridades do Qatar, país mediador das negociações.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed al-Ansari, indicou, como parte das negociações em curso, que “foi alcançado um acordo para estender a trégua humanitária por mais dois dias” em Gaza, de acordo com uma mensagem publicada na rede social X.
O movimento islamita palestiniano Hamas confirmou esta segunda-feira que a trégua com Israel na Faixa de Gaza, que terminava na terça-feira de manhã, será prolongada até às 07:00 de quinta-feira (05:00 de Lisboa). Num comunicado, o Hamas anunciou “um acordo com os irmãos qataris e egípcios para um prolongamento da trégua humanitária temporária, que será por mais dois dias, com as mesmas condições da trégua precedente”.
Um dirigente do movimento palestiniano, Ussama Hamdane, tinha anunciado pouco antes que o Hamas estava a preparar “uma nova lista” de reféns a libertar “para prolongar a trégua”, enquanto decorriam as conversações para estender o cessar-fogo.
Nos termos desse acordo, desde sexta-feira, todos os dias o Hamas libertou 13 reféns israelitas, só mulheres e crianças, enquanto Israel libertou 39 prisioneiros, também mulheres e jovens com menos de 19 anos. O Hamas já tinha declarado estar disposto a prolongar a trégua, ao passo que Israel exigia “receber mais 50 reféns depois desta noite”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu esta segunda que o diálogo continue entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas para alcançar um “cessar-fogo humanitário definitivo” na Faixa de Gaza e pôr fim ao conflito na região.
Guterres elogiou o papel desempenhado pelo Egito, Qatar e Estados Unidos na obtenção de uma trégua temporária de quatro dias, que permitiu a entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano e a libertação de mais de 50 reféns (israelitas e cidadãos estrangeiros) raptados pelo grupo armado palestiniano durante a sua ofensiva de 7 de outubro contra o território israelita, que deixou 1.200 mortos.
O ex-primeiro-ministro português sublinhou a importância de alcançar um cessar-fogo “que beneficie a população de Gaza”, segundo um comunicado do seu porta-voz, Stéphane Dujarric, no qual também aplaudiu o papel desempenhado pela Cruz Vermelha na atual conjuntura.
“Apelo a todas as partes para que usem a sua influência para pôr fim a este trágico conflito e apoiar medidas que conduzam ao único futuro sustentável para a região: uma solução de dois Estados com Israel e a Palestina a viver lado a lado”, afirmou.
“Sete semanas de hostilidades em Gaza e em Israel causaram um número de mortos que chocou o mundo. Nos últimos quatro dias não se ouviu nenhum som de armas. Vimos a libertação de reféns e de prisioneiros palestinianos das prisões israelitas”, disse Guterres, antes de sublinhar que as Nações Unidas “continuarão a apoiar” este tipo de tréguas.
Por outro lado, e apesar da entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano também ao abrigo do acordo de trégua, o secretário-geral da ONU lamentou que 1,7 milhões de deslocados continuem a apresentar “grandes necessidades” e descreveu a situação humanitária em Gaza como catastrófica.
Em resposta ao ataque do Hamas, Israel declarou guerra ao movimento islamita palestiniano e bombardeou intensivamente a Faixa de Gaza até as partes terem chegado a acordo para uma trégua de quatro dias, que começou na passada sexta-feira. Até ao início da trégua, os ataques do exército israelita em Gaza tinham matado mais de 14 mil pessoas, segundo o Hamas, que controla o enclave desde 2007.
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