Maioria dos portugueses aceita pagar mais impostos para ajudar pobres nos custos com transição energética

Portugueses estão pouco confiantes numa transição climática justa e pedem medidas de combate às desigualdades. 63% aceitaria pagar mais impostos sobre os rendimentos para ajudar mais pobres.

Maioria dos portugueses (63%) aceitaria um aumento do imposto sobre os rendimentos para ajudar as pessoas com rendimentos mais baixos a suportar os custos da adaptação climática e transição energética. Segundo a sexta edição do Inquérito sobre o Clima conduzido pelo Banco de Investimento Europeu (BEI), 51% dos inquiridos aceitariam pagar um acréscimo de até 2% de impostos sobre o seu rendimento, enquanto 12% aceitariam um aumento de até 10%.

Ademais, o estudo indica que 82% dos portugueses (14 pontos percentuais acima da média da União Europeia) afirmam que a transição para uma economia baixa em carbono só pode acontecer se, simultaneamente, forem adotadas medidas de combate às desigualdades sociais e económicas. Apenas 31% dos inquiridos dizem estar confiantes na capacidade do país para realizar essa transição climática de forma justa e equitativa.

A vontade dos portugueses de apoiar os mais vulneráveis na adaptação climática atravessa fronteiras. Sobre a questão de apoiar os países em desenvolvimento a enfrentar o impacto das alterações climáticas – que se espera vir a ser um tema central na Cimeira do Clima das Nações Unidas no Dubai (COP 28) – os inquiridos portugueses mostram-se mais favoráveis do que a média da UE a alargar estes auxílios. Neste tema, o BEI revela que 66% dos inquiridos — mais seis pontos percentuais do que a média europeia — concordam que o país deve atribuir uma compensação financeira às nações afetadas para as ajudar a combater as alterações climáticas.

Inquérito sobre o Clima, 2023 – Banco Europeu de Investimento (BEI).

 

Os resultados ainda indicam que existe igualmente um forte consenso a favor de outros tipos de políticas relacionadas com o clima. Por exemplo, 87% afirmam ser favoráveis a uma reforma fiscal para abolição de subsídios e benefícios fiscais no setor da aviação e em outras indústrias que dependem fortemente dos combustíveis fósseis.

A recolha destes resultados acontece num ano marcado não apenas pelo aumento da inflação das taxas de juro, mas também por vagas de calor e secas sem precedentes. “Os resultados do Inquérito do BEI sobre o Clima revelam que os inquiridos portugueses estão agora muito mais cientes do impacto profundo das alterações climáticas e da necessidade de uma ação imediata em Portugal e em todo o mundo”, indica o comunicado enviado às redações esta quarta-feira.

O aumento do custo de vida é considerado pelos inquiridos como o desafio mais sério — 81% classificam‑no entre as três preocupações mais prementes no seu país, 13 pontos percentuais acima da média da União Europeia –, seguido das disparidades de rendimento, do acesso aos cuidados de saúde e do impacto das alterações climáticas e da degradação ambiental.

Realizado desde 2018, o Inquérito sobre o Clima do BEI oferece uma perspetiva sobre as opiniões dos cidadãos das principais economias em matéria de alterações climáticas, abrangendo mais de 30 mil inquiridos na União Europeia, Estados Unidos da América, China, Índia, Japão, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Canadá e Coreia do Sul.

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