Salários até 130 mil euros. Estas são as 10 profissões mais bem pagas em Portugal
Cargo de diretor geral nos setores da indústria e serviços é o mais bem remunerado em Portugal, segundo o "ranking" que o Manpower Group avançou em primeira mão ao ECO. Salário chega a 130 mil euros.
O cargo de diretor-geral dos setores da indústria e serviços é, neste momento, o mais bem remunerado em Portugal, de acordo com um levantamento feito pelo Manpower Group, que foi avançado em primeira mão ao ECO. Entre as dez profissões com salários mais atrativos, há também vários cargos ligados à tecnologia, numa altura em que a cibersegurança e a inteligência artificial têm conquistado cada vez mais atenção. Já entre as profissões técnicas, os salários dos motoristas de pesados internacionais destacam-se.
Todos os anos, a empresa de recursos humanos Manpower Group prepara um ranking das dez profissões com os ordenados mais robustos em Portugal.
No último ano, por exemplo, com um salário até 120 mil euros, foi o cargo de diretor-geral da área de engenharia e indústria a conquistar o topo dessa tabela. Já este ano, a “medalha de ouro” vai para o cargo de diretor-geral dos setores da indústria e serviços, cujo salário varia entre 110 mil euros e 130 mil euros por ano.
Ao ECO, Pedro Amorim, corporate sales director do Manpower Group, explica que essa subida do salário da profissão mais valorizada é explicada pela inflação, mas também pela escassez de profissionais altamente qualificados, o que tem levado os ordenados a subir.
No caso do cargo de diretor-geral da indústria e serviços, em causa está, adianta o responsável, o “principal executivo” das empresas nessas áreas de atividade, sendo responsável por “liderar e supervisionar todas as operações e aspetos estratégicos“.
Espera-se de um diretor-geral da indústria e serviços que demonstre uma combinação de capacidade de liderança, visão estratégica, tomada de decisões assertivas e competências de comunicação eficazes.
“É responsável por tomar decisões estratégicas que afetam diretamente o desempenho e a orientação da empresa. Lidera a equipa executiva, define metas organizacionais e assegura a execução eficaz das iniciativas. Espera-se que demonstre uma combinação de capacidade de liderança, visão estratégica, tomada de decisões assertivas e competências de comunicação eficazes“, descreve o especialista em recursos humanos.
Pedro Amorim assinala ainda que outra das características “essenciais para o sucesso” neste cargo é a capacidade de adaptar a empresa a um “ambiente em mudança constante” e de estar continuamente à procura de inovação.
“Sendo uma posição de alta senioridade, exige-se experiência nos setores em que atua, bem como uma formação comercial e financeira sólida. Dada a instabilidade económica atual, esta função é uma das mais bem remuneradas para o ano de 2024“, sublinha a mesma fonte.
Em detalhe, num contexto de maior “turbulência”, os profissionais com capacidade de tomarem “decisões de forma ágil e assertiva” tendem a ser mais valorizados, em termos salariais e de benefícios, acrescenta Pedro Amorim. A “complexidade crescente das operações” e os “desafios económicos em evolução permanente” também contribuem para a valorização destes profissionais, aponta ainda.
O segundo lugar do pódio é ocupado por outro cargo na indústria: com um salário entre 90 mil euros e 130 mil euros, a posição de diretor industrial é a segunda mais valorizado, em termos salariais, em Portugal, analisa o Manpower Group.
Importa explicar que o diretor industrial é, nas palavras de Pedro Amorim, “crucial na gestão de uma central de produção“, uma vez que supervisiona todas as operações, de forma a assegurar a qualidade e eficiência.
“As suas responsabilidades vão desde a gestão da equipa até à manutenção da fábrica, exigindo, assim, competências que ultrapassam o conhecimento técnico operacional. Entre estas, destacam-se a gestão de pessoas e de equipas, a liderança, a estratégia e, ainda, a disciplina e organização“, salienta o corporate sales director.
Para este cargo, a formação em Engenharia é essencial, mas não basta. Antes, face à evolução tecnológica do setor industrial, espera-se que estes profissionais “procurem adquirir novos conhecimentos ao longo da carreira“.
“O cargo de diretor industrial é reconhecido como uma das funções mais bem pagas em 2024, essencialmente devido à sua relevância estratégica num contexto de retenção de talento desafiante. A complexidade das operações industriais requer líderes capazes de gerir eficientemente a produção, garantir a qualidade, manter a infraestrutura da fábrica e liderar equipas com competência“, realça Pedro Amorim.
Na visão do corporate sales director, estes são profissionais “musculados e com experiência comprovada, que impactam diretamente o desempenho e compromisso das equipas“.
Já a completar o pódio das profissões mais bem pagas aparece o diretor de compras, com um salário que vai de 80 mil euros por ano a 120 mil euros por ano.
O diretor de compras é o responsável pelo planeamento e controlo das aquisições de maquinaria, equipamentos e materiais da organização, alinhando-as com as políticas e necessidades das empresas.
Em causa estão os profissionais responsáveis pelo planeamento e controlo das aquisições de maquinaria, equipamentos e materiais da organização, “alinhando-as com as políticas e necessidades das empresas”.
“As suas responsabilidades incluem também a gestão de processos, como a contratação de novos fornecedores, e a implementação de estratégias de negociação para obter as melhores condições, abrangendo prazos de entrega e termos de pagamento, entre outros fatores”, explicita o já mencionado especialista em recursos humanos.
Esta é uma posição de senioridade elevada, que é especialmente valorizada num contexto de escassez de profissionais capazes de a desempenhar, destaca o Manpower Group.
Cargos tecnológicos entre os mais bem pagos do país
O lugar imediatamente a seguir ao pódio é ocupado por uma profissão que tem beneficiado, em termos salariais, do contexto de instabilidade económica: os diretores financeiros, cujo salário varia entre 90 mil euros e 100 mil euros por ano.
“O diretor financeiro é o executivo sénior responsável por supervisionar e gerir as operações financeiras de uma organização. Este profissional desempenha um papel estratégico na tomada de decisões financeiras, participando ativamente do planeamento e implementação de estratégias que visam o crescimento sustentável da empresa. É também responsável por gerir orçamentos, analisar investimentos, coordenar a elaboração de relatórios financeiros e assegurar o cumprimento de regulamentações“, enumera Pedro Amorim.
A formação em Finanças ou Contabilidade é fundamental, mas estes profissionais têm também de demonstrar competências analíticas, visão estratégica e profundo conhecimento do ecossistema económico e de mercado.
“A capacidade de comunicar informações financeiras de maneira clara e eficaz é crucial, assim como a aptidão para liderar equipas e colaborar com outros setores da empresa“, sublinha o Manpower Group.
Também em destaque neste ranking estão os diretores comerciais, com um salário que vai de 75 mil euros a 100 mil euros por ano. Por ser muito relevante na “concretização de novas oportunidades e abertura a novos mercados”, este cargo está a ser especialmente valorizado em 2024.
“O diretor comercial é responsável por impulsionar o crescimento das receitas e maximizar os resultados comerciais de uma empresa. Supervisiona as equipas de comerciais, define metas de vendas e implementa estratégias para alcançar esses objetivos”, relata Pedro Amorim.
Já as demais posições desta tabela são ocupadas por cargos ligados à tecnologia (ver tabela abaixo).
Assim, em sexto lugar, está o cargo de engenheiro de DevOps, com um salário entre 60 mil euros e 100 mil euros por ano. “Uma vez que esta função permite acelerar o processo de entrega de software, melhorar a qualidade do produto, aumentar a eficiência e, consequentemente, a satisfação do cliente, um profissional de DevOps revela-se um dos mais procurados pelas empresas, sendo também o sexto cargo mais bem remunerado em 2024″, frisa o Manpower Group.
Em sétimo, está o consultor SAP, com um vencimento entre 45 mil euros e 90 mil euros por ano, “devido à complexidade e variedade de ferramentas oferecidas por este sistema”.
Em oitavo, aparecem os especialistas em cibersegurança, com um salário que varia entre 40 mil euros e 90 mil euros por ano. “Devido ao aumento constante do número de ciberataques a organizações e empresas, que podem sofrer danos irreparáveis nos seus negócios, esta profissão tem vindo a ser cada vez mais procurada pelos empregadores e é, por isso, uma das mais bem remuneradas em 2024”, salienta Pedro Amorim.
Já em nono lugar, estão os cloud architects, com um ordenado que varia entre 60 mil euros e 85 mil euros, uma vez que são “cada vez mais as organizações que utilizam tecnologia na cloud para garantir o bom funcionamento dos seus negócios”.
E em décimo lugar, a fechar a tabela, aparece o cargo de engenheiro de software, cujo salário varia entre 42 mil euros e 75 mil euros por ano, segundo o Manpower Group.
A procura de software engineers especializados continua a crescer e a alargar-se a quase todos os setores, à medida que as empresas têm necessidades de software mais complexas.
“A procura de software engineers especializados continua a crescer e a alargar-se a quase todos os setores, à medida que as empresas têm necessidades de software mais complexas. Esta elevada procura, a par da falta de profissionais disponíveis no mercado, faz desta uma das funções mais procuradas em 2024 e também uma das mais bem pagas“, adianta Pedro Amorim.
Ao ECO, esse responsável realça que há alguma estabilidade neste ranking das profissões mais bem pagas, mantendo as funções tecnológicas “uma representação significativa” e as de direção em destaque, particularmente num contexto, como o atual, de incerteza.
Por outro lado, apesar de o ranking sofrer poucas alterações, há um desalinhamento entre os profissionais que as universidades estão a formar e as posições que são efetivamente valorizadas, no mercado de trabalho português, avisa Pedro Amorim. “A nossa perceção é de que, embora haja exceções, esse ecossistema ainda está algo desalinhado, nos currículos académicos propostos, face aquilo que são hoje as reais necessidades das organizações“, denuncia, apelando a uma maior aproximação entre empresas e academia.
Motoristas de pesados internacionais e chefs em destaque
Entre as profissões técnicas, os salários, mesmo os mais expressivos, são menos atrativos do que os associados às dez profissões referidas acima. Neste caso, o topo do pódio é ocupado pelos motoristas de pesados internacionais, cujo salário varia entre 32.200 euros e 41.300 euros por ano.
Esta é, salienta o corporate sales director do Manpower Group, uma “profissão exigente devido às longas horas de condução, à necessidade de conhecimento de várias regulamentações nacionais e internacionais e ao stress relacionado com prazos apertados“, sendo o isolamento social e os riscos associados a acidentes desafios significativos.
Já no segundo lugar deste pódio, estão os chefs de cozinha, cujo salário varia entre 23.800 euros e 35 mil euros.
“É obrigatório ser especialista numa determinada cozinha (italiana, japonesa, portuguesa, entre outras) e em determinados ambientes podem ser especialistas em mais do que uma cozinha, o que aumenta a complexidade do perfil. São necessárias competências e experiência em liderança de equipas, conhecimentos de idiomas e flexibilidade de horário“, relata Pedro Amorim.
E a fechar o pódio aparecem os gestores de conteúdos, com um ordenado que varia entre 22.400 euros e 25.200 euros por ano. Esta profissão tem sido valorizada, numa altura em que a procura por conteúdo digital de qualidade “está em ascensão”.
Do levantamento feito pelo Manpower Group, constam ainda os supervisores de logística (salários até 44.800 euros), os instaladores de painéis solares (até 28 mil euros), os técnicos de injeção (até 33.600 euros), os perfis multilingues (até 22.400 euros), os técnicos de gases fluorados (até 22.400 euros), os gestores de tráfegos (até 25.200 euros) e os técnicos de manutenção (23 mil euros).
A valorização dos salários, de forma global, em Portugal tem sido uma das reivindicações de vários partidos (incluindo o PS), já que os ordenados portugueses saem mal na fotografia europeia. “A realidade portuguesa apresenta, para as mesmas funções, salários inferiores aos da média da União Europeia”, confirma Pedro Amorim, que frisa que tal traz dificuldades ao nível da atração e retenção de talento.
As empresas têm avisado, contudo, que é preciso melhorar a produtividade e competitividade para que tal aconteça de forma sustentável.
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