Excluir zonas de elevado risco levará seguradoras a perder “razão de existir”, diz presidente da EIOPA
Segundo a supervisora europeia dos seguros, Petra Hielkema, os Estados começam a perceber que apenas através da despesa pública para cobrir os danos "pode não ser o melhor caminho a seguir".
A presidente da Autoridade de Supervisão dos Seguros Pensões Complementares de Reforma (EIOPA), Petra Hielkema, alerta que o aumento de perdas provocadas por desastres naturais, que ocorrem com maior frequência e gravidade, exige medidas urgentes feitas pelas empresas, Estados-membros e a sociedade, uma vez que estes prejuízos económicos levam a aumentos dos prémios e suscitam preocupações quanto à possibilidade que algumas zonas deixem de ser cobertas, avançou o Finantial Times (acesso pago).
Em declarações ao jornal americano, Petra Hielkema propôs algumas soluções, como o reforço de regras na construção, a criação de regimes nacionais e europeus de partilha de risco e um maior recurso ao mercado de resseguros. “Em última análise, pode até haver áreas em que já não se deva construir”, disse Hielkema.
A responsável advertiu o setor que a “solução fácil” de excluir a cobertura de zonas de alto risco, resultará na quebra de confiança e perderão a “razão de ser da vossa existência”.
A União Europeia registou perdas económicas decorrentes de catástrofes naturais de 50 mil milhões de euros quer em 2021, quer em 2022 – três vezes mais do que a média anual na década anterior. Desses, apenas um quarto está coberto. Como resultado, “o que se vê agora é que os governos estão a começar a perceber que (responder às catástrofes) apenas através da despesa pública pode não ser o melhor caminho a seguir. Estão cada vez mais abertos a discussões e vemos também o desenvolvimento de mais parcerias público-privadas (PPP)”, afirmou Hielkema. Nestas PPP, os governos partilham as perdas com o setor segurador ou criam estruturas para mutualizar os riscos.
Segundo Petra Hielkema, recentes inundações em países europeus expuseram apólices que limitavam a cobertura do risco de inundações “consoante a origem da água”, levando o supervisor a querer que as seguradoras simplifiquem as suas apólices.
O regulador quer incentivar os investidores a investir mais em títulos ligados a seguros da União europeia, como as obrigações catastróficas, que pagam em caso de acontecimentos climáticos extremos.
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