Sem poder local, não há cultura que resista

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  • 7 Junho 2024

Empresários, produtores e agentes culturais lamentam falta de apoios do Estado central, enquanto autarcas garantem que é possível fazer mais.

Resiliência é a palavra que melhor caracteriza o espírito de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, são agentes da cultura em Portugal. Esta foi, de resto, a principal conclusão da conferência Cultura e os Desafios do Poder Local, organizada na quarta-feira pela Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa, e que juntou empresários, decisores e autarcas. “O investimento público na cultura não é um gasto, é um investimento”, sublinhou Vasco Morgado, líder da freguesia e ele próprio um filho de atores de teatro.

O evento, que contou com a participação de Carlos Moedas, procurou refletir sobre os principais desafios do setor e, sobretudo, encontrar caminhos para a sua resolução. Entre eles, o financiamento, que continua a ser o maior calcanhar de Aquiles e o obstáculo mais difícil de ultrapassar. Não fosse a intervenção das autarquias locais e a saúde cultural seria ainda mais deficitária, asseguram os empresários. “No nosso dia a dia, o poder local tem um papel fundamental. Faz com que muitas coisas possam acontecer”, apontou Ana Rangel, produtora da Plano6.

“Os municípios têm um papel fundamental”, reconheceu Isaltino Morais que, enquanto presidente da Câmara Municipal de Oeiras, diz ser preciso maior cooperação entre autarquias para dar força à área da cultura. “Não temos ainda uma cultura de cooperação entre todos. Portugal seria muito mais rico se pudéssemos compartilhar aquilo que cada um de nós faz”, concretizou.

Em Lisboa, afirmou Vasco Morgado, só nos últimos 15 anos “fecharam nove salas de espetáculos” e há quase três décadas que “o Parque Mayer não tinha três salas a funcionar ao mesmo tempo”. “A seguir à indústria farmacêutica, a indústria cultural é a que faz gerar mais dinheiro no mundo. É preciso não ter medo de investir na cultura”, insiste o responsável da Junta de Freguesia de Santo António. A política de Carlos Moedas para instalar um teatro em cada bairro já permitiu, adiantou o próprio durante a conferência, “fazer seis teatros” espalhados pela cidade – e mais se seguirão, garantiu.

Mas se parece consensual que faltam apoios do Estado central à cultura e que é o poder local que procura colmatar essa falha, os participantes acreditam ainda ser necessário rever a lei do mecenato. “A lei do mecenato está absolutamente obsoleta e devia ser revista”, critica Ana Rangel. Paulo Dias, fundador da produtora UAU que adquiriu o Teatro Tivoli, concorda e disse mesmo que “as empresas portuguesas não estão vocacionadas para apoiar projetos privados”.

Menos burocracia, mais incentivo

Para lá da dimensão financeira, há outros desafios que impedem o livre desenvolvimento da atividade cultural em Portugal. Um dos maiores é o nível de burocracia a que, muitas vezes, os projetos estão obrigados. “Há muita gente a desistir por causa do quão complexo é conseguir obter um licenciamento para um evento. Vou fazer eventos lá fora e não tenho de fazer 30 licenciamentos”, lamentou Paulo Silva, CEO da produtora New Sheet.

É preciso ser muito determinado para ser empresário da cultura em Portugal”, confessou Luís Montez, o fundador da Everything Is New e responsável por muitos dos principais festivais de música em território nacional. Para o empresário, é preciso não apenas apostar na divulgação da cultura portuguesa nos palcos internacionais, mas também rentabilizar a ligação entre turismo e cultura. “Tem de haver um esforço para exportar a nossa cultura. Tem de haver um esforço de divulgação”, acrescentou.

Nas Festas de Lisboa, que arrancaram no início deste mês, uma grande parte do público já é composto por turistas que visitam a cidade, confirmam o presidente da Lisboa Cultura (antiga EGEAC), Pedro Moreira, e o coordenador da Marcha da Bica, Pedro Duarte. O líder da empresa municipal da cultura reconheceu, porém, ser necessário conseguir um “equilíbrio” entre o crescimento turístico – que é desejável – e a preservação das características locais que atraem visitantes ao território. “O nosso papel é criar mecanismos para trabalhar com os vários promotores culturais para a criação e desenvolvimento destes projetos”, disse Pedro Moreira.

“Centralização da cultura é erro crasso”

Carlos Abreu Amorim, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, marcou presença na sessão de encerramento da conferência para reforçar o compromisso do atual executivo para com a cultura. “Na cultura, compete ao Estado elaborar o desenho geral e criar as condições logísticas, financeiras e humanas para que os diversos agentes do setor possam executar as premissas básicas pretendidas”, disse. O responsável político concretizou, defendendo que a “centralização da cultura é um erro crasso” e que é importante assegurar as ferramentas necessárias para que, a nível local, se possa apoiar a produção.

“Na verdade, o Governo reconhece o muito que têm feito os nossos autarcas para conseguir proporcionar e disponibilizar às suas populações a eventos culturais e a uma verdadeira política de cultura”, assinalou.

Carlos Abreu Amorim garantiu que “o Governo está empenhado” em combater “o centralismo cultural”, mas adiantou também que é necessário resolver problemas antigos, em particular no que respeita à vida dos agentes culturais. “É fundamental corrigir o estatuto dos profissionais da cultura com vista à melhoria e à sua dignificação”, rematou.

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Notários disponibilizam cartórios para ajudar nos processos de migrantes

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

Ordem dos Notários enviou proposta à ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice em que disponibiliza a rede de cartórios para “colaborar no Plano de Ação para as Migrações”.

A Ordem dos Notários propôs ao Ministério da Justiça disponibilizar a sua rede de cartórios para descongestionar os serviços públicos relativamente aos cerca de 400 mil processos de regularização de migrantes pendentes.

“A resolução de pendências e situações irregulares, que se quantifica em mais de 400 mil processos, exige uma resposta rápida que nunca poderá ser alcançada com os recursos atuais do Estado, por insuficiência dos mesmos, ou com a contratação de novos recursos, pois o seu tempo de formação importará uma morosidade previsível”, lê-se na proposta da Ordem dos Notários enviada à ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, que disponibiliza a rede de cartórios para “colaborar no Plano de Ação para as Migrações”.

A Ordem sublinha a dimensão e capacidade da rede, com “aproximadamente 500 balcões de atendimento público, com horário de atendimento definido por lei, com um arquivo público e todas as obrigações inerentes à função de oficiais públicos”, assim como os 563 notários e cerca de 1.500 trabalhadores “com especial formação académica e prática para a análise de documentos e sua apreciação legal”.

A Ordem dos Notários argumenta que os cartórios têm plataformas digitais ligadas às plataformas do Estado e que a rede de balcões nacional “ajudaria em muitos casos a criar uma resposta mais humanizada e a retirar a enorme pressão aos demais balcões do Estado que já estão, em muitos casos, em situação de rutura, mesmo sem este acréscimo de trabalho”.
“Logo, vimos propor ao Governo, através do Ministério da Justiça, que avalie a presente proposta pois a mesma permitiria implementar uma resposta rápida, tecnicamente e tecnologicamente segura e sem dúvidas no que respeita à avaliação imparcial dos processos”, conclui a proposta assinada pelo bastonário Jorge Batista da Silva.

No Plano de Ação para as Migrações, aprovado na segunda-feira em Conselho de Ministros, o Governo pôs fim ao regime excecional que permitia a um estrangeiro entrar em Portugal e só depois pedir autorização de residência e anunciou a criação de uma estrutura de missão para regularizar processos pendentes, estimados em 400 mil.

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Operação Babel: Supremo nega pedido de libertação imediata do empresário Paulo Malafaia

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de libertação imediata do empresário do ramo imobiliário Paulo Malafaia, um dos arguidos da Operação Babel.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de libertação imediata do empresário do ramo imobiliário Paulo Malafaia, um dos arguidos da Operação Babel, que investiga um alegado esquema de corrupção em processos de licenciamento urbanístico em Gaia. O STJ indeferiu o pedido de ‘habeas corpus’, por falta de fundamento, julgando-se a petição “manifestamente infundada”.

A defesa de Paulo Malafaia tinha requerido a “libertação imediata” do arguido, alegando que até ao dia 24 de maio, não tinha sido foi notificada da acusação “dita deduzida no dia 16 de maio”, o que viria a acontecer após a apresentação da petição.

No entanto, os juízes conselheiros entenderam que a prisão “não se mantém atualmente para além dos prazos fixados por lei”, considerando que o que releva para efeitos de determinação do termo do prazo de prisão preventiva é a data em que a acusação é deduzida, e não a data em que é notificada ao arguido.

“Proferido o despacho de acusação, a data a considerar para determinação do tempo de duração máxima da prisão preventiva passou a ser a da decisão instrutória, se for requerida a instrução, ou a da condenação em 1.ª instância, as quais devem ocorrer dentro de um ano e quatro meses ou de dois anos e seis meses, respetivamente, consoante o caso”, refere o acórdão do STJ.

A Operação Babel resultou na detenção de sete pessoas em 16 de maio de 2023, incluindo o então vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, o empresário Paulo Malafaia e o fundador do grupo Fortera, Elad Dror.

Entre os arguidos estão também o advogado João Lopes, Luísa Aparício, que à data dos factos dirigia a Direção Municipal de Urbanismo e Ambiente da Câmara de Gaia, um economista espanhol e 10 sociedades, a maioria pertencente ao Grupo Fortera, com capitais israelitas e ligado aos negócios e à promoção imobiliária.

O processo está relacionado com a suposta viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário.

A investigação sustenta que Elad Dror e Paulo Malafaia, promotor imobiliário, “combinaram entre si desenvolverem projetos imobiliários na cidade de Vila Nova de Gaia, designadamente os denominados Skyline/Centro Cultural e de Congressos, Riverside e Hotel Azul”, contando com o alegado favorecimento por parte do antigo vice de Gaia, que receberia em troca dinheiro e bens materiais, como relógios.

O antigo autarca de Gaia, que se encontra em prisão preventiva, está acusado de cinco crimes de corrupção passiva, de quatro crimes de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de tráfico de influência, um de abuso de poderes, um de branqueamento e de quatro crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.

O empresário ligado ao ramo imobiliário Paulo Malafaia, que também está sujeito à medida de coação mais gravosa, está acusado de três crimes de corrupção ativa, de três crimes de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de branqueamento, um de tráfico de influência, um de abuso de poderes e de quatro crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.

O MP acusou ainda Elad Dror de cinco crimes de corrupção ativa, de quatro de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de branqueamento, um de tráfico de influência e de quatro crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.

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Carlos Moedas: “A cultura tem de estar no centro de qualquer projeto”

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  • 7 Junho 2024

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas foi um dos convidados da conferência “A Cultura e os Desafios do Poder Local”, organizada, esta quarta-feira, pela Junta de Freguesia de Santo António.

Se a cidade é um organismo vivo, a cultura é o seu sistema sanguíneo. A metáfora foi usada pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa durante o discurso de abertura da conferência “A Cultura e os Desafios do Poder Local”, que decorreu esta quarta-feira no Parque Mayer, com organização da Junta de Freguesia de Santo António. “Tenho grande orgulho em estar aqui no Parque Mayer que, desde os anos 90, não tinha três teatros a funcionar ao mesmo tempo, e nós conseguimos”, sublinhou Carlos Moedas.

Os ganhos são da população, que tem agora mais oferta cultural naquele espaço, mas os louros são partilhados com Vasco Morgado, presidente da freguesia, também ele com raízes ligadas ao teatro. “Como sabem, a cultura é um tema que me diz muita coisa. Estamos bem no coração da cidade e estamos naquele que foi considerado, durante muitos anos, o coração da cultura do país”, afirmou Vasco Morgado. A tarefa, porém, não foi fácil. “Foi uma grande luta. Houve muitas pessoas que queriam fazer projetos enormes, megalómanos, e o Vasco é um homem pragmático. A cultura precisa desse pragmatismo”, reforçou Moedas.

Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Esta é, assegurou, a visão que tem para a cidade e que se traduz no programa municipal Um Teatro em Cada Bairro – uma rede de equipamentos culturais pensados para levar cultura a todos os cantos da cidade, assente num modelo de gestão de parceria com entidades culturais coletivas. “A cultura tem de estar no centro de qualquer projeto”, apontou, lembrando que, ao longo de dois anos de mandato, foi possível “fazer seis teatros”.

Carlos Moedas insistiu ser necessário apostar na tríade “inovação, cultura e cuidar das pessoas”, uma equação que só funciona em conjunto e essencial para alimentar o emprego, a economia e até o enriquecimento das características culturais de Lisboa. “Uma das ideias que tive desde o início era termos um passe de cultura para os mais novos e para os mais velhos. Hoje, mais de 20 mil pessoas utilizaram esse passe e não pagaram entrada nos nossos muitos equipamentos”, destaca. Este é um projeto em parceria com a Lisboa Cultura – a nova designação da empresa municipal EGEAC – que mostra o que o autarca quer para a capital. “É esse o caminho que queremos para Lisboa”, rematou.

A conferência “A Cultura e os Desafios do Poder Local”, organizada pela Junta de Freguesia de Santo António, com apoio do ECO enquanto media partner, dedicou a programação à reflexão sobre o papel dos autarcas no apoio, na dinamização e incentivo às atividades culturais, mas também sobre as oportunidades que o setor tem pela frente.

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Municípios exigem ao Governo revisão da Taxa de Gestão de Resíduos

Municípios exigem ao Governo a revisão da Taxa de Gestão de Resíduos. Receiam que os cidadãos sejam penalizados e vejam agravada a fatura da tarifa a pagar.

A presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) receia que os cidadãos sejam penalizados e vejam agravada a fatura da tarifa de resíduos a pagar em virtude do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU) 2030. E vai pedir ao Governo a revisão da Taxa de Gestão de Resíduos (TRG) que os municípios pagam, alertando também para um possível “colapso” dos aterros no país. Luísa Salgueiro vai transmitir, a 24 deste mês, estas preocupações à ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, segundo avançou ao ECO/Local Online.

“Temos agendada uma reunião com a senhora ministra do Ambiente para o próximo dia 24, exatamente para levarmos as nossas preocupações. Portugal tem metas a atingir no âmbito do PERSU. As câmaras estão a aprovar os seus planos de ação para cumprir essas metas; o que significa mais encargos, que vamos ter custos superiores“, aponta Luísa Salgueiro.

Portugal tem metas a atingir no âmbito do PERSU. As câmaras estão a aprovar os seus planos de ação para cumprir essas metas; o que significa mais encargos, que vamos ter custos superiores.

Luísa Salgueiro

Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses

O PERSU 20230 define a política de gestão de resíduos urbanos para o país, até 2030, para aumentar a preparação para reutilização para a reciclagem, reduzindo consumo de matérias-primas primárias e evitando o envio de resíduos para aterros. A presidente da ANMP receia que esta medida se reflita depois na tarifa dos resíduos que as autarquias cobram aos cidadãos. “Temos a preocupação de não impactar este preço nas comunidades, não repercutir na população“, sobretudo numa altura que as famílias vivem um difícil contexto económico, afirmou.

Num documento a que o ECO/Local Online teve acesso – aprovado a 16 de abril deste ano em conselho diretivo da ANMP e depois apresentado ao Governo a 30 de abril –, a associação reivindica, por isso, a revisão da Taxa de TRG que os municípios pagam. As autarquias querem evitar que o aumento previsto se reflita nas tarifas a pagar pelos cidadãos. E acabam por ver em risco as finanças municipais para que os munícipes não tenham de ver a fatura das tarifas dos resíduos aumentada.

“Cruzando com a TGR, enquanto taxa de deposição de resíduos em aterros, a verdade é que o país não planeou ou investiu o suficiente em alternativas a aterros que legitime um agravamento de 218% em quatro anos. É incomportável para os municípios e onera os orçamentos familiares. Deve ser revista”, lê-se no mesmo documento.

Ainda assim, o PERSU2030 prevê também a devolução da TGR aos municípios, “para reinvestimento em projetos que promovam a recolha seletiva e o tratamento na origem de biorresíduos”.

O Governo quer aliviar o peso da gestão dos resíduos nos cofres municipais com o futuro sistema de compensação e reembolso que entra em funcionamento até ao final deste ano, avançou, na última terça-feira, o secretário de Estado do Ambiente ao ECO/Local Online. Uma parte da verba do novo sistema deverá reverter a favor das câmaras municipais. Emídio Sousa receia que “qualquer dia as finanças municipais colapsem” face aos custos elevados que têm de suportar com todo este processo.

“Atualmente os únicos que pagam os resíduos são os municípios, desde a recolha, transporte, separação até à deposição em aterro, e já começaram a perceber que os custos estão a ficar de tal forma elevados que qualquer dia as finanças municipais colapsam”, afirmou o governante, num evento no Porto.

Cruzando com a TGR, enquanto taxa de deposição de resíduos em aterros, a verdade é que o país não planeou ou investiu o suficiente em alternativas a aterros que legitime um agravamento de 218% em quatro anos. É incomportável para os municípios e onera os orçamentos familiares.

Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANM)

E o rol de reivindicações não ficam por aqui: “Temos dificuldades neste momento porque os aterros estão esgotados. É preciso uma nova estratégia para o destino dos resíduos”, sublinha Luísa Salgueiro, e alerta para o facto de “alguns sistemas estarem a entrar em colapso“.

Por isso, lê-se no mesmo documento, “é urgente e incontornável” encontrar respostas para os aterros que têm a capacidade no limite “sob pena de colapso e retrocesso“. A ANMP avisa mesmo que “as metas de deposição em aterro de cerca de 10% do total dos resíduos urbanos se encontrarem muito longe de ser cumpridas (57% de acordo com os últimos dados), e a capacidade dos aterros existentes em Portugal estão em vias de esgotamento da sua capacidade”.

A ANMP também reclama o facto de “as tarifas em alta estarem também insustentáveis, em particular para os municípios do universo EGF”. Diz mesmo que “sofreram aumentos insuportáveis” principalmente depois da pandemia da Covid-19 e do disparar dos “custos devido à elevada inflação e aos aumentos da TGR”.

Liderada pela autarca de Matosinhos, a associação chama a atenção para o facto de “desde 2020 até ao presente, em muitos sistemas as tarifas muito mais que duplicaram“. Aponta mesmo como exemplo os “aumentos de 176% no caso do Algarve (ALGAR), de 160% no caso do Centro (ERSUC) e de 137% no Norte (RESINORTE)”. Por tudo isto, “urge refletir sobre um novo modelo que permita a sustentabilidade das entidades gestoras e a prática de tarifas economicamente ajustadas à capacidade de as suportar“.

Adiamento dos valores de contrapartida causa prejuízos de 40 milhões

Outra exigência é a entrada em vigor “o mais rápido possível” dos novos valores de contrapartida (VC) a pagar pelas entidades gestoras do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (a Sociedade Ponto Verde, Novo Verde e Eletrão) aos municípios/sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU) que foram prorrogados para junho deste ano. Durante 2023, estes valores tinham sido consensualizados, com todo o setor que passariam “a melhor compensar os municípios/ sistemas pelos custos da recolha seletiva e da triagem, no âmbito da responsabilidade alargada do produtor”.

Este adiamento “acarreta prejuízos económicos graves, calculados na ordem dos 40 milhões de euros”, assegura a ANMP.

Por fim, a associação diz que “são imprescindíveis mais investimentos/ financiamentos na recolha seletiva de separação de biorresíduos, pois nem mesmo as melhores práticas nacionais conseguem aproximar-se dos objetivos e metas fixadas”.

Câmaras devem intervir no licenciamento de captações de água

Já no que concerne ao setor da água, a ANMP defende “a intervenção dos municípios no processo de licenciamento de captações de água, hoje exclusivamente da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”.

Defende ainda a aplicação de abordagens integradas e ajustadas a cada território. “O princípio da recuperação de custos dos serviços de águas e de águas residuais deve ser repensado e adequado à realidade económica e social de cada território, numa lógica de serviço público e não numa lógica puramente económico-financeira”.

A eficiência dos sistemas com redução das perdas de água e otimização da capacidade instalada é outra das reivindicações “o que exige que se acabe com a imposição de modelos de escala/agregação de sistemas no acesso a fundos europeus, limitação prevista no PENSAARP 2030, não respeitando a diversidade de problemas e dinâmicas que o desafio da gestão do recurso água apresenta nas distintas zonas do território”.

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Azeite e bacalhau entre os alimentos mais falsificados e apreendidos pela ASAE

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

ASAE fiscalizou em 2023 mais de 20 mil empresas com atividade na área alimentar e concluiu que o azeite e o bacalhau são dos produtos mais falsificados, mas não só. Desconfie do preço.

Azeite, pescado, bacalhau, carnes, queijo e produtos lácteos são dos produtos alimentares mais falsificados e apreendidos pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que fiscalizou em 2023 mais de 20 mil empresas com atividade na área alimentar.

Apesar de o setor agroalimentar beneficiar de um sistema de grau e nível de sofisticação tecnológica muito avançado, segundo disse à Lusa a subinspetora-geral Filipa Melo Vasconcelos, o combate neste domínio tem sido feito eficazmente pela ASAE.

Nos últimos dois anos, os inspetores da ASAE fiscalizaram mais de 38.500 operadores económicos e efetuaram 560 suspensões, a maioria por falta de requisitos de higiene, e abriram 383 processos-crime e 3.450 processos de contraordenação relativos à segurança alimentar.

O balanço, feito pela ASAE a propósito do Dia Mundial da Segurança Alimentar, que se assinala esta sexta-feira, destaca como principais ilícitos criminais no setor alimentar a fraude sobre mercadorias e os géneros alimentícios falsificados ou “avariados”, como define a lei, e impróprios para consumo.

Azeite é misturado com óleos. Desconfie do preço, aconselha a ASAE

Só em maio, a ASAE apreendeu cerca de 450 litros de azeite falsificado perto da cidade de Lisboa, comercializado através das redes sociais, 10.700 litros de azeite, vinho e mel num armazém ilegal no distrito de Viseu e cinco toneladas de produtos de pesca congelados em Ílhavo, no distrito de Aveiro.

No caso do azeite, com a subida de preço e a escassez no mercado, regista-se um aumento de falsificações cuja motivação económica leva a efetuar misturas de outros óleos vegetais, fazendo-o passar por azeite, praticando uma fraude.

Atentos ao fenómeno, e ao facto de as fraudes aumentarem em anos de maior crise, por fenómenos pandémicos, guerras ou migrações, a ASAE tem apostado na deteção destes casos, beneficiando, segundo a subinspetora-geral, de cada vez mais know-how e um corpo inspetivo mais bem preparado, contando ainda com o braço cientifico laboratorial que lhe permite detetar as fraudes.

Aos consumidores, Filipa Melo Vasconcelos recomendou a leitura dos rótulos dos alimentos, a compra em locais de confiança e alertou que é impossível, quando o azeite é pago a seis ou sete euros por litro ao produtor, aparecer no mercado por quatro ou cinco euros o litro, sendo motivo para desconfiar de fraude.

Mas estes casos não são a maioria e a subinspetora-geral lembrou que a Europa é considerada “o espaço mais seguro do mundo em termos de segurança alimentar”, devido a um sistema normativo que garante que o sistema global de alimentação na Europa funciona em toda a cadeia alimentar e é fiscalizado.

“Hoje é mais eficaz e consegue-se retirar do mercado mais produto sujeito a manipulações e a práticas fraudulentas”, concluiu.

Também para reforçar a segurança alimentar, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) lançou em 18 países da União Europeia, incluindo Portugal, a campanha #Safe2Eat 2024, para capacitar os consumidores europeus quanto a escolhas alimentares seguras.

O objetivo da campanha é, além de promover um estilo de vida saudável, alertar para a importância da segurança dos alimentos e da necessidade de comprovar cientificamente as alegações de saúde e para a manipulação correta dos alimentos, visando a higiene e o manuseamento correto.

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Associações comerciais defendem que numerário está sob ataque e é o único meio de pagamento sem custos para o comércio local

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  • 7 Junho 2024

O numerário deve ser defendido enquanto meio de pagamento universal afirmam associações em debate promovido pela Denária Portugal.

A Denária Portugal deu início ao seu programa anual de debates sobre a importância do numerário em Portugal com um evento subordinado ao tema “A importância do numerário para o comércio local e de proximidade” que contou com a participação de Carla Salsinha, Presidente da União de Associações do Comércio e Serviços de Lisboa, Vasco de Mello, Vice-Presidente Executivo da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e Mário Frota, Mandatário da Denária Portugal.

As associações representadas no debate, defenderam que o numerário é o único meio sem custos para o comércio local e deve ser defendido enquanto meio de pagamento universal. Durante o debate, foi ainda destacado o agravamento de custos para o pequeno comércio decorrentes de uma eventual obrigatoriedade de pagamentos eletrónicos, bem como a urgência da definição de um quadro sancionatório para quem recusa pagamentos em numerário, entre outras conclusões. Também foi salientado que, ao contrário do que foi apresentado num estudo recente do Banco de Portugal sobre pagamentos em Portugal, o numerário é o único meio de pagamento sem qualquer custo para o comércio local.

Hoje é uma dificuldade para muitos comerciantes obterem trocos. Não obtêm. Os bancos (…) por um lado não querem ter trocos e por outro lado também não querem receber trocos. E portanto estamos aqui num problema que afeta o comércio de proximidade

Vasco de Mello

Vice-Presidente Confederação de Comércio e Serviços de Portugal

O Vice-Presidente Confederação de Comércio e Serviços de Portugal, Vasco de Mello, salientou que o numerário está sob ataque alertando para as “crescentes dificuldades criada às empresas – nomeadamente as micro e pequenas empresas – relativamente à circulação de numerário, empurrando quer as empresas, quer os consumidores, para os pagamentos eletrónicos.” Essas dificuldades e barreiras à utilização do numerário como meio de pagamento estão refletidas no “aumento de custos impostos pelos bancos, de dificuldade no depósito, custos nas moedas e custo na obtenção, por exemplo, de trocos. Hoje é uma dificuldade para muitos comerciantes obterem trocos. Não obtêm. Ou seja, por um lado, não sabem o que hão-de fazer ao depósito de moedas, por exemplo, recebem muitos moedas e não sabem o que fazer. Os bancos já não processam isso. Porque por um lado não querem ter trocos e por outro lado também não querem receber trocos. E portanto estamos aqui num problema que afeta o comércio de proximidade.”

90% dos associados da União de Associações do Comércio e Serviços são micro e pequenas empresas. Quando falamos de micro falamos de, por vezes, apenas duas ou três pessoas a trabalhar e, como tal, os custam com pagamentos eletrónicos/digitais são o que mais pesa no final do dia, porque falamos de empresas com pouca capacidade negocial com a banca

Carla Salsinha

Presidente da União de Associações do Comércio e Serviços de Lisboa

Sobre a eventual obrigatoriedade dos pagamentos eletrónicos no pequeno comércio, a Presidente da União de Associações do Comércio e Serviços de Lisboa, Carla Salsinha, alertou para a realidade das empresas portuguesas: “90% dos associados da União de Associações do Comércio e Serviços são micro e pequenas empresas. Quando falamos de micro falamos de, por vezes, apenas duas ou três pessoas a trabalhar e, como tal, os custam com pagamentos eletrónicos/digitais são o que mais pesa no final do dia, porque falamos de empresas com pouca capacidade negocial com a banca.” Afirmou ainda que “O numerário não tem custos para estes comerciantes, já os métodos de pagamento eletrónicos implicam a aquisição do Terminal de Pagamento Automático (TPA) junto do banco, depois o pagamento de uma percentagem por cada transação ao final do dia, e se um valor pré-estabelecido de transações com TPA não for atingido será ainda necessário pagar um valor à UNICRE.”

Quando o consumidor não pode pagar uma dada importância através do numerário, que é o meio de pagamento com curso legal, está-lhe a ser vedado um dos caminhos da cidadania

Mário Frota

Mandatário da Denária Portugal

O Mandatário da Denária Portugal, Mário Frota, reforçou, por seu lado, o compromisso da Denária na defesa de um direito fundamental dos consumidores: “Quando o consumidor não pode pagar uma dada importância através do numerário, que é o meio de pagamento com curso legal, está-lhe a ser vedado um dos caminhos da cidadania”. Sublinhou ainda que o Banco de Portugal pode ter um papel mais ativo na garantia do cumprimento da lei: “Infelizmente em Portugal não temos uma sanção direta, mas importa apontar que, caso o Banco de Portugal assim queira, através de uma forma indireta garantir o acesso a este direito, perante qualquer denúncia feito no livro de reclamações, tem de, em obediência às normas em vigor na zona euro, notificar as empresas a que cumpram a lei e, se não o fizerem, cometem um crime de desobediência e terão de ser autuadas por isso diretamente.”

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Comunicação da justiça: liberdade de imprensa vs segredo de justiça

Carlos Farinha, diretor nacional adjunto da PJ, Luís Rosa, redator principal do Observador, Paulo Saragoça da Matta, advogado penalista, e Paulo Lona, presidente do SMMP, debateram o tema.

Na 7ª edição da Advocatus Summit esteve em debate o tema “Comunicação da justiça. Liberdade de imprensa vs segredo de justiça”. O painel contou com Carlos Farinha, diretor nacional adjunto da PJ, Luís Rosa, redator principal do Observador e comentador da CNN, Paulo Saragoça da Matta, advogado penalista e sócio da DLA Piper, e Paulo Lona, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. A moderação ficou a cargo de Filipa Ambrósio de Sousa, diretora executiva da Advocatus

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O que defendem os candidatos às europeias para os recursos próprios?

A poucos dias das eleições europeias, os oito candidatos às europeias respondem ao ECO sobre cinco temas que vão marcar a próxima legislatura. O que pensam os candidatos sobre os recursos próprios?

Ao longo desta semana, o ECO vai publicar “O que defendem os candidatos às europeias?”, série na qual publicamos as respostas dos cabeças de lista às eleições europeias, de 9 de junho, a cinco temas que vão marcar a próxima legislatura: imigração, defesa, alargamento, regras orçamentais e recursos próprios.

O que defendem os candidatos às europeias para os recursos próprios?

“Defendemos um reforço do orçamento da União Europeia com o recurso a novas receitas próprias, como o mecanismo de ajustamento de carbono nas fronteiras, receitas provenientes do mercado de licenças de emissão de CO2 e as taxas sobre os plásticos de utilização única e sem a criação de novos impostos europeus. Estes recursos próprios são cruciais para dar resposta às necessidades orçamentais do alargamento da UE e do aumento das capacidades de defesa, sem cortes nas políticas de coesão e tendo como pilar essencial a justiça fiscal e intergeracional.”

“O regular funcionamento da União depende, naturalmente, de fontes de financiamento próprias adequadas. O futuro alargamento e os desafios comuns, como sejam as transições climática e digital, pressionam os orçamentos comunitários. Desse modo, comprometemo-nos a defender os interesses nacionais, designadamente na Política Agrícola Comum e de Coesão. A solução passa por garantir recursos próprios da União, promovendo soluções de justiça fiscal que não onerem os rendimentos dos cidadãos, como sejam através de medidas que impactam grandes multinacionais e plataformas digitais.”

A UE tem um potencial enorme, muito dele ainda por explorar, e há muito que fazer para poder competir de igual para igual com os EUA, a China e a Índia. Para isso, há que olhar para os seus recursos próprios disponíveis. O total de recursos próprios, neste momento, está limitado a um máximo de 1,4 % do rendimento nacional bruto da UE. Apesar do ‘espartilho’ e das limitações da atual conjuntura, o Chega é contra o aumento de impostos diretos e indiretos da UE como forma aumentar a receita disponível. O próximo Parlamento Europeu terá uma composição bastante diferente e este tema será alvo de ampla discussão, pela necessidade de encontrar novas fontes de financiamento e de receita da UE que não signifiquem mais carga fiscal sobre famílias e empresas.

Portugal deve deixar de ser dependente de fundos europeus. Com o alargamento, Portugal passa a ser contribuinte líquido e não está preparado para o ser. Até lá devemos utilizar os fundos europeus com muito maior eficácia, o que implica a nível nacional e europeu uma muito melhor avaliação dos resultados dos projetos financiados. A Iniciativa Liberal defende uma maior participação dos parlamentos nacionais e dos órgãos locais como autarquia, para que haja uma descentralização do planeamento e da execução de fundos que leve a uma melhor gestão. A Iniciativa Liberal defende o reforço da Procuradoria Europeia para o
combate à corrupção e fraude de fundos europeus.

O Bloco apoia as propostas de recursos próprios, nomeadamente as que visam responder a problemas graves de justiça fiscal, como o imposto sobre transações financeiras e o imposto mínimo sobre multinacionais. Opusemo-nos à decisão de suspender ou revogar os impostos digitais, à espera da conclusão do processo de negociação na OCDE do imposto mínimo sobre multinacionais, que está a ser bloqueado pelos EUA, como era previsível. Pensamos que a UE deve retomar o Imposto digital o mais depressa possível.

A CDU defende o reforço do Orçamento da UE, necessário para responder às desigualdades provocadas pelo mercado único e outras políticas da UE, na base da comparticipação dos Estados Membros a partir do Rendimento Nacional Bruto de cada país. A CDU contesta a criação de impostos europeus que se traduzem na cedência de mais uma parcela de soberania (fiscal), o que não significa que não exista uma efectiva articulação entre os Estados de modo a garantir a efectiva taxação das multinacionais que têm beneficiado de políticas cada vez mais favoráveis aos seus lucros.

“O LIVRE apoia o alargamento dos recursos próprios da UE através de fontes de financiamento que não dependam, exclusivamente, das contribuições dos Estados-Membros. Portugal, como país da coesão, beneficia desta aposta nos recursos próprios. Para uma transição verde e digital mais justa, o LIVRE apoia iniciativas tributárias a nível europeu – como impostos sobre grandes transações financeiras, grandes fortunas ou sobre o carbono às importações de países extra-UE que não cumpram os mesmos padrões ambientais.”

“Para o PAN, um dos caminhos para aumentar os recursos da UE poderia passar por criar um imposto europeu para os danos colaterais ambientais do setor da aviação internacional. Seria também importante criar uma fronteira fiscal comum, que impedisse empresas de transferirem os seus lucros de países da UE com impostos altos para países com impostos mais baixos – e daí para paraísos fiscais fora da UE. Harmonizar a tributação e criar um imposto na fronteira do mercado interno – que, à saída, tributasse o lucro subtributado – poderia abrir a porta a novos recursos próprios.”

 

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Hoje nas notícias: Gémeas brasileiras, Novobanco e imigrantes

  • ECO
  • 7 Junho 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Supremo Tribunal de Justiça não vai investigar Marcelo Rebelo de Sousa no caso das gémeas brasileiras. O Fundo de Resolução avalia o Novobanco em cinco mil milhões de euros. A ANA já avançou com o processo arbitral para tentar obter do Estado uma compensação de 200 milhões de euros pelas perdas da pandemia. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Supremo Tribunal de Justiça recusou investigar Marcelo no caso das gémeas

O pedido para as buscas judiciais que decorreram esta quinta-feira no caso das gémeas luso-brasileiras foi feito há mais de um mês pela procuradora Helena Almeida, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Esta demora deve-se ao facto de existirem diferentes entendimentos sobre o que fazer em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, avança o Expresso. Apesar do Ministério Público (MP) não referir o Presidente diretamente na promoção que fez chegar ao Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, nem lhe apontar suspeitas, a juíza de instrução considerou que Marcelo Rebelo de Sousa poderia ser implicado. Enviou, por isso, o processo para o Supremo Tribunal de Justiça, o órgão que tem competência para investigar uma figura como o Presidente da República. O conselheiro Celso Manata recusou a instrução do caso, alegando que se o MP não considerava Marcelo Rebelo de Sousa suspeito, não havia nada que o Supremo Tribunal de Justiça pudesse fazer.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Novobanco avaliado em cinco mil milhões de euros pelo Fundo de Resolução

O Fundo de Resolução decidiu exercer o direito potestativo de aquisição dos direitos de conversão atribuídos ao Estado no Novobanco, pagando 128,7 milhões de euros para ficar com 4,14% do capital, passando a controlar 13,54%, com base numa avaliação da PwC que avalia o Novobanco em cinco mil milhões de euros, noticia o Jornal Económico. A PwC chegou a este valor após realizar uma due diligence ao Novobanco com base nas contas de 2023, durante o primeiro trimestre deste ano.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

ANA já avançou para tribunal arbitral e exige 200 milhões por perdas da Covid

A ANA – Aeroportos de Portugal já avançou para tribunal arbitral na tentativa de obter do Estado uma compensação de cerca de 200 milhões de euros por causa das perdas registadas durante a pandemia. A intenção da gestora dos aeroportos nacionais de recorrer à arbitragem já tinha sido conhecida em 2022, mas o processo só deu entrada no passado mês de março, segundo o relatório de gestão e contas da empresa relativo ao exercício de 2023. Contactada pelo Negócios, fonte oficial do Ministério das Infraestruturas confirmou o arranque “do processo arbitral iniciado pela ANA”. Em causa está o direito à reposição do equilíbrio financeiro (REF) pedido no terceiro trimestre de 2021 pela ANA devido ao efeito das restrições da pandemia nas suas contas. Apesar de o pedido de reposição de 214 milhões de euros ter estado contabilizado na proposta de Orçamento para 2023, o valor nunca foi pago.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Leitão Amaro: “Estamos a governar com muita intensidade? Esperem que vem aí mais”

“Não deixa de ser curioso ouvir pessoas de outros partidos preocupadas por estarmos a governar demais. Não há governar demais, no sentido que há muitos problemas para resolver“, adiantou o ministro da Presidência e dirigente do PSD, António Leitão Amaro, em entrevista ao Expresso. O governante recusa eleitoralismo nas medidas do Governo que marcaram a campanha e promete mais anúncios para a próxima semana. Leitão Amaro garante que o executivo continua comprometido com uma política de contas certas e garante que o Governo está empenhado em “cumprir a promessa eleitoral, baixar muito o IRS para os jovens e baixá-lo significativamente para a classe média. Aparentemente, o Chega e o PS não querem baixar o IRS para a classe média”, acusou.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Mão-de-obra imigrante duplica na agricultura e no turismo

O peso da mão-de-obra estrangeira duplicou nos grandes setores da economia, nos últimos quatro anos. Segundo os dados do Banco de Portugal, antes da pandemia, em 2019, havia 6% de trabalhadores estrangeiros no país e no final de 2023 eram 13%. Na agricultura e nas pescas, 41% dos trabalhadores são imigrantes; nos hotéis e restaurantes são quase um terço (31%); e na construção cerca de um quarto (23%). Face a esta dependência da mão-de-obra estrangeira, o plano para a migração do Governo deixa algumas preocupações nomeadamente quanto ao recrutamento de curto prazo, para fazer face a necessidades sazonais, como acontece na agricultura e no turismo.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

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Supremo recusou investigar Marcelo no caso das gémeas

  • ECO
  • 7 Junho 2024

Pedido de buscas dirigido pelo Ministério Público ao "Ticão" foi parar ao Supremo Tribunal de Justiça, que recusou investigar o Presidente da República.

No pedido feito pelo Ministério Público (MP) ao Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa para a buscas realizadas esta quinta-feira, relacionadas com o caso das gémeas luso-brasileiras tratadas com um medicamento milionário em Portugal, a procuradora responsável, Helena Almeida, não fez nenhuma referência direta nem apontou qualquer suspeita a Marcelo Rebelo de Sousa.

Todavia, avança o semanário Expresso, a juíza de instrução, Gabriela Feteira, vendo os indícios apresentados, considerou que as suspeitas que recaem sobre o filho Nuno Rebelo de Sousa, que se encontra a viver no Brasil, poderiam, em tese, estender-se ao próprio Presidente da República. Por esse motivo, de acordo com o jornal, o processo foi remetido para o Supremo Tribunal de Justiça, devido ao foro especial de que goza Marcelo.

O conselheiro Celso Manata recebeu o caso mas entendeu que não havia nada que o Supremo pudesse fazer, porque o MP não considerava Marcelo Rebelo de Sousa suspeito de ter influenciado o tratamento das gémeas. O jornal explica que a consequência poderá ser a nulidade de qualquer prova que surja nas buscas e que envolva o Chefe de Estado, ainda que tal não impeça que o Presidente seja investigado se o MP considerar que há indícios de crime.

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Leitão Amaro: “Para quem acha que estamos a governar com muita intensidade, esperem que vem aí mais”

  • ECO
  • 7 Junho 2024

Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, refuta críticas de eleitoralismo e antecipa que o Governo vai apresentar mais medidas "nas próximas semanas".

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, considera que “ficou muito por fazer” nos oito anos de governação de António Costa, sendo isso que explica a quantidade de planos e medidas que têm sido apresentados pelo atual Governo social-democrata nas últimas semanas, defendeu-se numa entrevista ao Expresso.

“Apresentámos todas estas medidas porque os problemas com que éramos confrontados eram problemas sérios. E fomos respondendo e vamos respondendo. Para quem acha, porque é verdade, que o Governo está a governar com muita intensidade, com muito espírito reformista, esperem que vem aí mais”, atirou Leitão Amaro na entrevista, recusando dar mais detalhes, sublinhando apenas que “nas próximas semanas” se “verá”.

O atual governante e dirigente do PSD refutou críticas de que o Governo está a ser eleitoralista em vésperas de eleições europeias e assegurou que se mantém “integralmente o compromisso do equilíbrio das contas públicas”. Mas, numa altura em que o Parlamento já aprovou várias medidas à revelia do Executivo, por via de coligações negativas, Leitão Amaro acrescenta: “Espero que os outros o respeitem também.”

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