BRANDS' CAPITAL VERDE Agenda da sustentabilidade “está a tornar-se imensamente politizada”, avisa John Elkington

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 9 Julho 2024

Reconhecido como pioneiro na integração da sustentabilidade no mundo dos negócios, o especialista esteve na Conferência BCSD Portugal 2024 para lembrar que há muito a fazer nesta matéria.

“É incrível como a linguagem da sustentabilidade penetrou toda a economia global. Todos declaram ser sustentáveis. A esmagadora maioria não é nada sustentável ainda, mas pelo menos tem esse compromisso”, começou por dizer John Elkington, considerado pioneiro na abordagem deste tema no mundo corporativo. O especialista, que se dedica há décadas ao pensamento sobre sustentabilidade, foi um dos oradores principais da Conferência BCSD Portugal 2024, que decorreu a 3 de julho, em Lisboa, e que contou com o ECO como media partner.

Embora o caminho rumo à neutralidade carbónica e a uma sociedade mais justa apresente desafios que importa ultrapassar, Elkington vê como positivo que as pessoas “estejam a acordar para o facto de que o capitalismo e os mercados, como existem hoje, simplesmente não encaixam neste propósito”.

John Elkington
John Elkington, Chairman Executivo da Volans © Fotografia: Filipa Lima Gomes

Há, contudo, bons exemplos que devem inspirar empresários de todo o mundo, nomeadamente a gigante do têxtil Pantagonia ou a Novo Nordisk, que integraram o conceito de ‘triple bottom line’ cunhado por Elkington e que mais não é do que o tripé da sustentabilidade – pessoas, planeta e lucro. Assegurar a saúde financeira de um negócio, tendo como eixo central da sua atuação um impacto positivo na sociedade e no ambiente. “Há ainda muito a fazer”, considera. No entanto, o ‘pai da sustentabilidade’ acredita que a humanidade atravessa “um período da nossa história coletiva que não acontece com muita frequência”: uma transformação profunda da forma como operamos. “A minha sensação é que, em termos geopolíticos e macroeconómicos, o sistema com que todos crescemos, que temos por garantido está agora a acabar. Vai acabar amanhã? Vai acabar na próxima terça-feira? Sem dúvida que não, vai provavelmente demorar pelo menos 12 a 15 anos”, perspetiva.

A adaptação não será fácil, avisa John Elkington, e a mudança de dinâmicas económicas vai gerar resistência em vários setores da sociedade, mas “isso pode ser produtivo e construtivo”. “Vai forçar a consolidação, a convergência e a inovação neste espaço, mas teremos de ser corajosos para que isso aconteça”, insiste, apelando a que também os líderes empresariais sejam atores da transição para um futuro mais sustentável.

É preciso dar um passo em frente e ir além das declarações sobre sustentabilidade, abraçando o que Elkington considera ser uma evolução para o conceito de regeneração.
“Assistimos recentemente a uma espécie de frenesim em que todo o tipo de empresas – Walmart, Nestlé, Unilever, PepsiCo, Danone e por aí fora – estão a comprometer-se com agricultura regenerativa. É muito emocionante porque acho que a regeneração será muito mais difícil para as empresas alcançarem do que a sustentabilidade”, afiança.
Embora o futuro reserve grandes desafios para a humanidade, John Elkington não tem dúvidas de que os próximos anos serão marcados por profundas transformações e será preciso escolher “de que lado da história queremos estar”.

Assista aqui à intervenção completa de John Elkington na ConferênciaBCSD Portugal 2024:

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