Inapa avisou Parpública sobre “insolvência súbita, mas absolutamente evitável”

A administração da Inapa garante que apresentou à Parpública, desde 2020, diversas alternativas de capitalização, envolvendo sempre outros acionistas de referência.

Desde 2020 que a administração da Inapa vinha a apresentar à Parpública, o seu maior acionista, diversas alternativas de capitalização, envolvendo sempre outros acionistas de referência, não tendo encontrado disponibilidade da Parpública para participar num plano de recapitalização. Já este ano avisou para situação de “insolvência súbita, mas absolutamente evitável” e o seu impacto, na ausência de uma injeção de 12 milhões de euros para acorrer a necessidades de liquidez na Alemanha.

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os membros do Conselho de Administração da Inapa IPG – que renunciaram aos seus cargos no passado dia 21 de julho, depois da notícia de falência na Alemanha e em Portugal – começam por justificar que “esta decisão surge após repetidas tentativas infrutíferas por parte da Inapa de obter o apoio do seu principal acionista, a Parpública, para diversas soluções alternativas de reforço de capital, apesar do apoio de outros stakeholders.”

“De facto, desde início de 2020 que a administração da Inapa apresentou à Parpública, enquanto maior acionista, diversas alternativas de capitalização, envolvendo sempre outros acionistas de referência”, explica o mesmo comunicado, adiantando que “após três anos de apresentação de diversas propostas alternativas devidamente fundamentadas, não foi possível avançar com qualquer solução por indisponibilidade da Parpública, comunicada à Inapa em janeiro de 2023.”

Segundo o conselho de administração da empresa, os contactos com a Parpública, que tem cerca de 45% do capital da empresa, foram retomados este ano, “no sentido de apoiar uma restruturação da empresa, com base num empréstimo de médio e longo prazo de 15 milhões de euros. Para esta restruturação, os principais bancos da Inapa contribuiriam com uma significativa redução da dívida (haircut).”

A Inapa, diz o comunicado, alertou, ao longo deste período, “a Parpública, enquanto maior acionista, para a necessidade premente de uma solução de capitalização que permitisse à Inapa apoiar as suas operações.”

A situação, como já se sabe, viria a precipitar-se devido a uma quebra de liquidez de curto prazo na Alemanha, levando a companhia a pedir, este mês, a injeção de 12 milhões de euros, a qual foi rejeitada pelo Estado, por considerar que faltava “estratégia de recuperação” e garantia de “ressarcimento do Estado”.

“Na ausência de uma solução estrutural, e face às estritas regras sobre prazos de pagamento vigentes na Alemanha, a Inapa viu-se forçada em julho a solicitar aos seus acionistas de referência, Parpública (44,89%), Nova Expressão (10,85%) e Novobanco (6,55%), um empréstimo de muito curto prazo a ser integralmente reembolsado até outubro de 2024″, refere a administração, confirmando que “o montante global solicitado aos acionistas ascendeu a 12 milhões de euros, e seria proporcionalmente financiado pelos três principais acionistas, cabendo à Parpública 8,4 milhões de euros”, uma injeção que “era crucial para resolver a carência de tesouraria sazonal da Inapa Deutschland e assim evitar a sua insolvência.”

Apesar da confirmação agora feita por parte da administração da empresa em relação às comunicações feitas à Parpública, o ministério tutelado por Joaquim Miranda Sarmento confirmou que apenas “tomou conhecimento da situação crítica em que se encontrava a Inapa” na sequência da decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de suspender as ações da empresa, a 11 de julho.

“Após a divulgação dessas notícias, e por sua iniciativa, o Governo convocou a Parpública, responsável pela gestão da posição acionista do Estado na Inapa, para uma reunião, onde lhe foi transmitido que a Inapa havia solicitado uma injeção de 12 milhões de euros no imediato, para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, quando estaria já em análise um outro pedido de 15 milhões de euros para reestruturar a empresa”, esclarece o Ministério das Finanças.

(Notícia atualizada às 18h58)

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