Católica avança com curso inovação e transformação em Seguros

Paulo Bracons será o diretor do novo curso que a Universidade vai lançar para colocar todo o ecossistema dos seguros atualizado em inovação e transformação no setor.

Paulo Bracons: “É um curso que vai falar de tecnologia, mas que é virado para o negócio, por isso chamamos ao curso Inovação e Transformação em Seguros e não inovação e transformação digital”.Hugo Amaral/ECO

 

A Católica Lisbon vai arrancar com um novo curso dirigido aos profissionais de seguros, inaugurando uma formação avançada destinada a atualizar conhecimentos sobre Inovação e Transformação na indústria. Está a interessar a todas as áreas dos seguradores, corretores, setores como banca, consultores, fundos de investimento, saúde, automóvel e também empresas que gerem volumosos contratos de seguros. Paulo Bracons, economista e Consultor de Seguros e Fundos de Pensões, com experiência executiva de mais de 30 anos no setor segurador em Portugal e Angola, é o diretor do curso e explicou a oportunidade para lançar Inovação e Transformação em Seguros a realizar entre 5 de novembro e 19 de dezembro deste ano.

Falta criatividade nos seguros em Portugal para inovar e transformar?

Não, mas a que existe precisa de ser aproveitada e potenciada. Há claramente que levar a Universidade e os centros de excelência da investigação a olharem mais para o setor segurador.

É essa lacuna que o curso que dirige pretende reduzir?

Foi esse o desafio que eu propus para a Católica Lisbon, que foi bem acolhido. Fazer um curso que é um programa dedicado à inovação e transformação em seguros, porque é uma área que está a mexer muito. Quando se fala em inovação e transformação, nós tendemos a falar apenas de transformação digital e tecnologia. Este é um curso que vai falar de tecnologia, mas que é virado para o negócio. Ao longo do curso, vamos mostrar como a tecnologia que pode servir para ajudar o negócio vai desde questões ligadas à eficiência das próprias companhias, a questões ligadas às vendas ou a questões ligadas ao serviço ao cliente. Vamos trazer a perspetiva de negócio que é alavancada naturalmente com a tecnologia, mas também por outras vertentes. Por isso chamamos ao curso Inovação e Transformação em Seguros e não inovação e transformação digital.

O curso vai além da teoria incluindo uma componente prática?

Nós estruturamos o curso em quatro blocos. O primeiro é uma abordagem ao setor segurador em inovação e transformação muito ligada a professores e a docentes da Universidade Católica que vão explicar como é que a inovação funciona conceptualmente. Uma segunda parte em que falamos dos tech enablers, em que vamos falar das tecnologias todas, vamos mostrar casos práticos, casos concretos nas diferentes áreas da cadeia de valor dos seguros, desde a subscrição às operações a sinistros, indo do serviço ao cliente. Depois tem um terceiro bloco que é, digamos, aí, entrar na cadeia de valor per si e na cadeia de valor falar novamente, trazer novamente os exemplos. E depois tem uma parte final com outros impactos, mais do ponto de vista contabilístico e financeiro.

Onde vai entrar o design sprint?

Os participantes vão ser desafiados, utilizando tecnologias de design sprint, a conceptualizar uma inovação e a trazer uma inovação para cima da mesa e depois a apresentar naturalmente. Essa inovação pode ser produto ou pode ser um serviço pode ser o que for, achado que for oportuno.

É preciso alguma base académica para compreender o curso?

Não, não é preciso. O que se exige são as regras que a Católica tem muito bem para os programas executivos, que é ter já alguma componente prática numa seguradora ou numa atividade económica, porque o curso não é dedicado exclusivamente a seguradoras. Há um seminário final que é também com o título Inovação e Transformação, que fará como que a síntese do programa.

Em relação à inovação e transformação como estão as mentalidades?

É importante dizer que a inovação, seja no setor segurador, seja em qualquer outro setor, só funciona se tiver envolvimento também do topo da organização. Ainda se nota uma certa resistência de topo no setor financeiro e outras organizações. Todos precisamos de trabalhar essa vertente.

A Inteligência Artificial é a palavra mágica para a transformação?

A grande ferramenta de transformação que todos estamos a falar é a inteligência artificial generativa, mas ainda não tem verdadeiramente o impacto que pode vir a ter. Para ter impacto é preciso todos nós percebermos que a tecnologia não é uma ameaça, é um instrumento para nos ajudar a desenvolver e criar.

Não teme que o Homem seja secundarizado pela máquina?

Tenho uma perspetiva muito positiva das coisas. Há 230 ou 240 anos, quando começou a Revolução Industrial, também se dizia que o mundo ia acabar, que iria ficar tudo desempregado. Não ficou, já estamos na quarta ou na quinta revolução industrial e o mundo progrediu tanto. Eu sou claramente otimista. A diferença dos tempos de hoje para os tempos passados é a velocidade da mudança. Há 100 ou 200 anos, mudava-se muito lentamente, hoje é quase como o estalar de dedos. Por isso que nós temos que ir em todas as áreas de atividade e no setor financeiro em particular, que agarrar a mudança e a velocidade da mudança.

A apresentação do curso pode ser vista aqui.

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