#32 As férias de João Amaral. Recarregar baterias com baterias

O CEO da Voltalia em Portugal aproveita as férias para refletir, dar azo à criatividade e alargar conhecimentos, consumindo conteúdos que vão do desenvolvimento pessoal à inteligência artificial.

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

O CEO da Voltalia em Portugal, João Amaral, espera encontrar no período de férias a acalmia necessária para pôr as leituras, podcasts e séries em dia, com temas tão diversos como a inteligência artificial, química de baterias ou autoconhecimento. É também no período de descanso que desbloqueia a criatividade que lhe permite procurar “novas abordagens” e encontrar “novas perspetivas, essenciais para a definição dos próximos passos”.

Que livros, séries e podcasts vai levar na bagagem e porquê?

Esta é uma das perguntas mais complicadas de responder. Ao longo do ano, vou adicionando vários conteúdos às minhas listas de TbR (To be Read [a ler]) ou ‘a ver’ nas plataformas de streaming, mas a verdade é que, muitas vezes, por falta de tempo, essas listas vão ficando cada vez mais extensas. As férias são um ótimo momento para relaxar e tornar estas listas mais pequenas, ao mesmo tempo que vou atualizando conhecimentos.

Atualmente, estou a focar-me em materiais sobre IA inteligência artificial] generativa e novas químicas de baterias, pois acredito que estamos numa era de enorme oferta de conteúdos e a utilização de IA para triagem e preparação de informações é algo que recomendo vivamente. Para além disso, a IA, quando bem utilizada, é uma excelente ferramenta de trabalho e vem simplificar muitos processos de monitorização e manutenção, principalmente no setor das energias renováveis.

No que toca a leituras, para além dos conteúdos técnicos, tenho explorado os livros autoconhecimento que me parecem especialmente úteis e relevantes para pôr em prática numa organização multinacional, onde existem centenas de pessoas diferentes e muita multiculturalidade. Uma das recomendações que recebi, por exemplo, foi a “A Lei do Espelho”, de Yoshinori Noguchi, um reconhecido especialista japonês em coaching, que aborda como o nosso relacionamento com os outros reflete a nossa própria realidade e sentimentos interiores. Acredito que este tipo de leitura pode proporcionar uma compreensão mais profunda das dinâmicas interpessoais e culturais também no mundo empresarial, algo essencial na gestão de equipas diversificadas e internacionais.

Em termos de séries e podcasts, gosto de diversificar. Vou levar algumas séries de ficção científica e documentários sobre inovação e sustentabilidade para as horas livres. Quanto a podcasts, costumo ouvir episódios sobre energia, liderança, gestão e desenvolvimento pessoal, pois são temas que considero fundamentais para o meu crescimento profissional e pessoal. Posso deixar a recomendação do Redefining Energy, do qual ainda tenho vários episódios por ouvir.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Desligar totalmente só mesmo quando estou em sítios sem rede. De outra forma, acabo sempre por ter o meu telemóvel disponível para qualquer urgência, garantindo assim que a minha equipa tem o apoio necessário para lidar com qualquer imprevisto, o que contribui para a tranquilidade de todos.

É claro que priorizo o meu tempo de descanso, que é fundamental, mas mantenho algum contacto com as equipas, não só para assegurar que tudo corre bem, mas também para permitir que o restante da estrutura possa descansar plenamente.

Para além disso, no setor das energias renováveis, surgem, frequentemente, novas regulamentações e planos nacionais durante os meses de verão, e é importante darmos os nossos contributos e comentários a tempo. Isso, inevitavelmente, complica a gestão das férias, mas tudo se vai fazendo.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira?

As férias são, sem dúvida, um momento para reflexão, tanto sobre decisões estratégicas como sobre a carreira e até a nível mais pessoal. Acredito que estar em ambientes novos e conhecer pessoas diferentes pode ser muito inspirador e proporcionar novas perspetivas, essenciais para a definição dos nossos próximos passos. Aproveito também este tempo para colocar a leitura e a escrita em dia, o que me ajuda a amadurecer ideias e a explorar um lado mais criativo que me ajuda a na procura por novas abordagens.

No que toca à gestão da carreira, os momentos de abstração e desconexão são fundamentais. Este tempo fora do escritório permite-nos que as ideias assentem e proporcionam uma clareza emocional que é difícil de alcançar na rotina do dia-a-dia que é sempre mais agitado. Durante as férias, a parte mais analítica do trabalho pode descansar um pouco, enquanto a criatividade e a introspeção ganham terreno. Este equilíbrio é essencial para tomar decisões mais conscientes e regressar ao trabalho com mais motivação e novos objetivos.

Que temas vão marcar o seu setor na rentrée?

O setor das energias renováveis vai ser marcado pela discussão de muitos temas cruciais para o futuro da transição energética e objetivos de desenvolvimento sustentável. Em primeiro lugar, os leilões de hidrogénio e de armazenamento de energia serão fundamentais. Estes leilões representam uma oportunidade significativa para acelerar a transição energética, promovendo a adoção de tecnologias mais limpas e eficientes. A forma como estes leilões serão conduzidos e os resultados que obteremos vão influenciar profundamente o futuro do setor.

Outro tema relevante será a análise e os comentários ao Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC). Este plano é um documento estratégico que define as metas e as políticas para a energia e o clima até 2030. Contribuir para o seu desenvolvimento é crucial para assegurar que as políticas nacionais estão alinhadas com os objetivos de sustentabilidade e inovação do setor.

Para além disso, o tema dos preços para o Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL) nos próximos meses vai ter um impacto direto na competitividade e na viabilidade dos projetos de energia renovável. Compreender e prever estas dinâmicas é essencial para uma gestão eficaz e para a tomada de decisões estratégicas.

Por fim, mas não menos importante, o Orçamento de Estado será um momento decisivo, não só para este setor, mas para todo o país. A votação do OE é um assunto que nos preocupa a todos, não só ao nível pessoal como também empresarial, e que aguardamos com expectativa. As políticas fiscais e os investimentos públicos previstos no orçamento influenciam significativamente o ambiente de negócios e a capacidade de financiamento dos projetos de energia renovável. Será crucial analisar o impacto das medidas orçamentais para planear o próximo ano.

Ou seja, não faltarão temas e momentos decisivos que vão exigir uma atenção constante e uma capacidade de adaptação rápida para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que se vão proporcionar. Vai ser uma rentrée desafiante, com muito trabalho, mas também com a promessa de contribuir significativamente para um futuro mais sustentável para todos.

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