IRS Jovem é “uma fantasia”, diz Filipe de Botton
O dono da Logoplaste defende que as medidas apresentadas pelo Governo para os jovens não resolvem os problemas de retenção de talento. Inverter saída de jovens vai exigir uma mudança e levar tempo.
As medidas anunciadas pelo Governo para os jovens, que incluem o IRS jovem, são “uma fantasia”, que não vão conseguir resolver a saída de talento, defende o chairman da Logoplaste. Para Filipe de Botton, a única forma de resolver este problema passa por uma mudança transversal, que “vai demorar tempo”.
“O IRS Jovem é uma fantasia. É atirar poeira para os olhos das pessoas.” As palavras são de Filipe de Botton, a participar num painel da conferência Empresas Familiares, organizada pelo ECO. O dono da Logoplaste defende que é necessário “mudar de forma transversal [a economia] e vai demorar tempo” a resolver a retenção de talento.
Também Manuel Tarré, presidente da Gelpeixe, concorda que o IRS Jovem “é capaz de trazer alguns jovens”, mas não é a solução para este problema. No caso concreto da sua empresa, Tarré promove uma estratégia de retenção de talento focada em “dar formação e pagar o vencimento que merecem. Se pensamos que vamos captar um talento a pagar 1.000 euros estamos enganados“, afirma.
“Há pessoas estratégicas e têm de auferir à altura”, reforça, acrescentando que “não poderemos pensar que somos uma ilha e vamos ter pessoas com rendimentos reduzidos e motivados”. “Não é possível pensar que as empresas podem ser geridas com pessoas de baixos salários“.
Também Filipe de Botton, cujo grupo familiar controla 70 fábricas em 16 países, diz que os funcionários têm de “sentir que a empresa é deles”. “Um CFO em Cascais recebe o mesmo se o fosse contratar em Londres ou Chicago”.
Quanto ao tema da dimensão das empresas portuguesas, o empresário refere que “o Governo não sabe estimular/regular civilizadamente a concentração empresarial”, permitindo às empresas ganhar dimensão. “Não é comprar empresas ditas estratégicas que depois vamos pagar”, atira.
Mas para Botton, os empresários portugueses também têm responsabilidade: “Nós empresários é que temos de ganhar dimensão e crescer”. “A nossa geração é uma geração fraca/medíocre. Não soubemos criar condições para as nossas empresas crescerem”, assume.
Segundo o empresário, a geração de empresários há 30 anos era “pouco cosmopolita e pouco internacionalizada”, ao passo que “hoje os nossos jovens têm uma visão completa do mundo e que as visões não são reduzidas à paróquia”.
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