Powell diz que “início forte” da normalização dos juros mostra confiança da Fed

Questionado sobre se a decisão terá sido tardia, Powell disse: "Não pensamos que estamos atrasados, pensamos que é oportuno e que se pode entender isto como um sinal do nosso empenho".

A Reserva Federal (Fed) foi “paciente” no processo de decidir o timing do corte das taxas de juros, uma atitude que ajudou o banco central americano a ganhar confiança na descida da inflação em direção à meta de 2% e tomar uma “ação forte” esta quarta-feira, afirmou o presidente da instituição, Jerome Powell.

A Fed esta quarta-feira cortou as taxas de juro para um intervalo de 4,75%-5% e sinalizou que deverá decidir mais uma descida semelhante até ao final do ano.

Fizemos um começo bom e forte, o que é, francamente, um sinal da nossa confiança”, explicou, em conferência de imprensa. “Confiança na inflação está a descer para 2% numa base sustentável, isso dá-nos a capacidade de começar bem”.

Powell mostrou satisfação com a decisão e sublinhou que “do ponto de vista económico e da gestão do risco era clara”. A par da inflação, o mercado de trabalho e a economia em geral contribuíram também para a confiança.

“O mercado de trabalho está em condições sólidas e a intenção com a nossa política hoje adotada é mantê-lo assim”, vincou Powell. “Pode dizer-se o mesmo de toda a economia. A economia dos EUA está em boa forma, está a crescer a um ritmo sólido, a inflação está a baixar”.

Os decisores da Fed preveem agora uma descida da taxa de referência de mais meio ponto percentual até ao final deste ano, de mais um ponto percentual em 2025 e de mais meio ponto percentual em 2026, para terminar num intervalo de 2,75%-3,00%.

Nós esperámos, outros bancos centrais cortaram, alguns mais do que uma vez, mas nós esperámos e penso que essa paciência tem dado dividendos sob a forma da nossa confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2% e é isso que nos permite dar este forte passo hoje

Jerome Powell

Presidente da Reserva Federal dos EUA

O presidente da Fed foi questionado várias sobre o ritmo dos próximos cortes e aliou, em quase todas as respostas, confiança com cautela. “Penso que vamos analisar cuidadosamente reunião a reunião e tomar as nossas decisões à medida que avançamos“, disse,

Questionado também sobre se a decisão da Fed terá sido tardia, Powell foi claro: “Não pensamos que estamos atrasados, pensamos que é oportuno, mas penso que se pode entender isto como um sinal do nosso empenho em não ficar para trás”.

Adiantou que os decisores da Fed foram “muito pacientes” na redução da taxa diretora. “Nós esperámos, outros bancos centrais cortaram, alguns mais do que uma vez, mas nós esperámos e penso que essa paciência tem dado dividendos sob a forma da nossa confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2% e é isso que nos permite dar este forte passo hoje”.

Explicou que, no entanto, ninguém deve “olhar para este facto e dizer que este é o novo ritmo, é preciso pensar nisso em termos de cenário de base, o que acontecer, acontecerá”, disse, ecoando o “que sera, sera” proferido na semana passada por Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu.

Powell recordou que no cenário base das novas projeções da Fed há descidas. “O sentido disto é que estamos a recalibrar a política ao longo do tempo para um nível mais neutro e estamos a avançar ao ritmo que consideramos adequado, tendo em conta a evolução da economia e o cenário de base”.

Segundo as novas projeções económicas divulgadas esta quarta-feira, o banco central vê a inflação a descer para 2,3% este ano, o que compara com uma previsão de 2,3% em junho. A inflação mediana deverá descer para 2,1% em 2025, chegando à meta de 2% no ano seguinte.

A maior economia do mundo deverá registar uma taxa mediana de crescimento de 2% este ano e nos três seguintes, adiantou a Fed. A taxa de desemprego deverá fixar-se em 4,4% este ano e no próximo, para depois descer para 4,3% e 4,2% nos dois seguintes.

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