Frotas: “Se não houver apoio, a tendência será sempre a subida dos custos”
Gustavo Duarte, dos Transportes Paulo Duarte, alertou para a possibilidade de uma subida de preços para os consumidores se a falta de apoio às transportadoras continuar.
“Se não houver apoio, a tendência será sempre a subida dos custos”. É desta forma que Gustavo Duarte, CEO dos Transportes Paulo Duarte encara a consequência da falta de ajuda pública e o aumento de encargos das transportadoras. O comentário, deixado durante a conferência Outlook Auto, que decorreu nos dias 24 e 25 de setembro, no estúdio ECO, foi reforçado pela comparação com Espanha, da qual destacou os preços competitivos, enquanto os transportadores portugueses enfrentam dificuldades que afetam a competitividade e, por conseguinte, a economia nacional.
O CEO da Transportes Paulo Duarte recordou a medida do gasóleo profissional: “Nós, em 2021, com o governo anterior, passámos a estar abrangidos pelo gasóleo profissional, que neutralizou parcialmente o efeito dos impostos”. No entanto, reconheceu que, apesar de ter trazido benefícios fiscais para os transportadores, ainda assim revelou-se insuficiente diante do aumento constante dos preços dos combustíveis.
Da conversa, moderada por André Veríssimo, subdiretor do ECO, faziam também parte João Paulo Leão Pereira, Gestor Grandes Contas Sekurit Service & Glassdrive, e Mário de Morais, Country Manager da Bolt, que apresentaram os seus pontos de vista quanto ao futuro das frotas em Portugal.
Mário de Morais, da Bolt, trouxe à discussão a realidade diversificada dos TVDE em Portugal, que vai desde operadores com um único veículo até grandes empresas com centenas de carros: “Temos uma realidade de uma frota unipessoal – de um carro, dois carros – e temos a realidade de frotas mais profissionalizadas – de 500, 600 carros. Toda esta realidade existe em Portugal”.
Neste ponto, destacou a crescente adoção de carros elétricos, “que se tornam mais viáveis em áreas urbanas”, mas reconheceu também que ainda não são a norma. E acrescentou que se os preços continuam a subir como consequência da inflação, “as pessoas não têm como adquirir” este tipo de serviços. “E quem sofre é um setor [transportes] que cresceu e que neste momento tem muita gente a depender dele”, disse.
"Se os preços nos mercados estrangeiros aumentarem de repente, as pessoas não têm como adquirir tudo isto. E quem sofre é um setor que cresceu e que neste momento há muita gente a depender dele.”
Por sua vez, João Paulo Leão Pereira, da Glassdrive, apontou para a resiliência da sua empresa, que tem de se adaptar constantemente às mudanças do mercado. O especialista observou que, enquanto o número de veículos nas ruas aumenta, a empresa vai ganhando com isso. “Eu creio que se deixou de ter aqueles polos de trânsito das horas de ponta da manhã e da tarde, passamos a ter muita circulação na rua e na autoestrada. E as autoestradas são sempre propensas a projeção pedra. Por isso nós, nesse capítulo, não sentimos tanto o impacto no negócio“, admitiu.
No entanto, há outro ponto onde considera que a Glassdrive poderá sair mais afetada, que está relacionado com os investimentos em tecnologia e inovação: “Estamos a investir em novos modelos e tecnologias, mas se as marcas não conseguirem vender, esses investimentos ficam parados”.
"Estamos a investir em novos modelos e tecnologias, mas se as marcas não conseguirem vender, esses investimentos ficam parados.”
Ainda dentro das inovações, Gustavo Duarte também mencionou o potencial do hidrogénio como fonte de energia e a necessidade de adaptar as infraestruturas a novas realidades, como a utilização de camiões de maior capacidade para reduzir a pegada de carbono. O responsável dos Transportes Paulo Duarte destacou, por isso, a importância de uma visão estratégica para o setor: “Se deixarmos o transporte ao seu próprio norte, é evidente que o preço será o único fator a considerar”.
A atratividade das profissões ligadas ao transporte foi outro dos pontos debatidos pelo painel, que teve a opinião unânime de que é algo que está “em mudança”. A penosidade das funções e as condições de trabalho foram discutidas como fatores que influenciam a escassez de motoristas qualificados. A necessidade de transformar a perceção da profissão e torná-la mais sustentável foi, por isso, um consenso entre os oradores.
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