Furacão Milton provocou perdas seguradas até 60 mil milhões de euros nos EUA
Prémios de seguro devem aumentar. Custo das indemnizações está dependente da mão de obra e material disponível. Seguradoras dedicadas a um único risco podem registar perdas significativas.
A Fitch Ratings estima que as perdas seguradoras provocadas pelo furacão Milton nos Estados Unidos da América variem entre os 30 e 50 mil milhões de dólares (entre 27 e 46 mil milhões de euros).
Já a DBRS Morningstar aponta num comunicado para perdas totais (seguradas e não seguradas) de 100 mil milhões de euros e seguradas entre os 30 e 60 mil milhões. Os valores da Morningstar contam com 10 mil milhões devido a inundações que serão pagos por um programa federal de seguros dedicado a esse fim.
Segundo um relatório da agência de notação de risco, Milton elevará as perdas seguradas totais nos EUA para mais de 100 mil milhões de dólares (91 mil milhões de euros) em 2024, “marcando o quinto ano consecutivo em que as perdas ultrapassam este limite.”. Esta deverá ser a maior perda segurada desde o furacão Ian que devastou área semelhante na Florida em 2022 e causou perdas de 60 mil milhões de dólares (55 milhões de euros).
O custo total está dependente da mão de obra e material disponível para regularizar sinistros. Parte dos fatores de produção para a regularização de sinistros, incluindo do setor da construção, está a ser utilizado na recuperação após os estragos provocados pelo furacão Helene que devastou duas semanas antes o sudoeste dos Estados Unidos. Assim, a maior procura e oferta limita destes recursos “podem aumentar as perdas seguradas em 20% ou mais”.
É improvável que o furacão afete a classificação de riscos das seguradoras e resseguradoras de seguros de habitação e responsabilidade civil com grande reserva de capital, lê-se no relatório da Fitch. A MorningStar chegou à mesma conclusão e aponta para o aumento dos rácios combinados, mas que os efeitos do furacão não deveram impactar níveis de solvência.
Prémios de seguros devem aumentar, mas menos que em 2023
A agência aponta para um possível aumento de prémios de seguros (preço pagos pelo consumidor por seguros), mas ainda dependente das perdas totais provocadas por catástrofes naturais até ao final do ano.
Não obstante, considera “improvável” a repetição de grandes aumentos verificados em 2023 “dado que o ambiente atual de preços é mais adequado”. Vários fatores conduziram à subida do preço dos seguros. Entre eles três furacões que assolaram a Florida entre 2022 e 2023, a subida da água do mar (em consequência das alterações climáticas) que afeta as comunidades desse estado, o aumento dos preços da construção, entre outros.
Ao mesmo tempo, o elevado nível de perdas por catástrofes naturais deverá limitar possibilidades de reduções nos prémios nas renovações de seguros de catástrofes nos próximos anos, “à medida que as seguradoras e resseguradoras mantêm disciplina na subscrição”.
Exposição das seguradoras ao furacão Milton
A cobertura das resseguradoras pode ser o colete salva-vidas das seguradoras especistas em seguro habitação. O negócio já precário do ramo estimula as preocupações das empresas quanto à capacidade de cobrir os danos quando têm baixos níveis de capital absoluto, limitada diversificação da carteira de clientes e dúvidas quanto à sua capacidade de obter capital na sequência de grandes perdas.
A agência não conta que as perdas provocadas por Milton “esgotem a proteção de resseguro” contra catástrofes para a maioria das seguradoras. Já para a DBRS os preços de resseguro devem aumentar. “Invertendo os sinais de estabilização dos preços observados durante a época de renovação a meio do ano de 2024”.
Mas as empresas com concentrações num único risco ou com erros de modelação podem registar perdas bastante superiores às previstas.
A DBRS indica que a seguradora pública da Florida, utilizada em último recurso, Citizens Property Insurance Corporation, e a maior seguradora para habitações deverá manter “força” financeira.
“As seguradoras continuam expostas caso uma ou mais tempestades atinjam a Florida nesta temporada de furacões., assinala.
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