Maioria das empresas não está confiante quanto ao reporte ESG

Apenas 41% das empresas portuguesas estão confiantes na sua capacidade de reportar a informação no âmbito das novas diretivas europeias de sustentabilidade.

A maioria das empresas portuguesas não estão confiantes de que tenham a capacidade de reportar informação tal como lhes é exigido no âmbito da Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativo (CSRD, na sigla em inglês), indica um estudo da consultora PwC. Ainda assim, encaram a nova diretiva como benéfica para o negócio.

Apenas 41% das empresas portuguesas estão confiantes na sua capacidade de reportar a informação no âmbito da CSRD, quando a nível global a fasquia sobe para 63%. Estas são conclusões vertidas na primeira edição do Global CSRD Survey 2024, publicado pela PwC. Para a elaboração deste estudo foram inquiridos mais de 500 executivos e líderes em 38 países, incluindo 32 empresas em Portugal.

Um dos principais obstáculos apontados é a complexidade da cadeia de valor, que é assinalada por 66% dos respondentes em Portugal, em comparação com os 57% a nível global. Também os prazos são considerados apertados por 50% dos inquiridos em Portugal, e é ainda apontada a falta de infraestruturas tecnológicas (50%) e de informação de qualidade (47%) como justificação para as dificuldades. Em quinto lugar, surge a falta de recursos humanos (31%).

No entanto, há diferenças nos receios, destaca o estudo. A confiança varia não só entre as empresas como entre os tópicos a reportar que estão em causa. Existe uma “confiança elevada” em tópicos que geralmente já estão incluídos nas divulgações existentes (por exemplo, força de trabalho, conduta de negócio e alterações climáticas), mas a confiança é mais frágil quanto a tópicos menos habituais, como a água e recursos marinhos, biodiversidade, circularidade, poluição e consumidores finais.​

Neste contexto, as empresas “precisam de mais informação e meios para cumprir todas as exigências regulatórias“, afirma Cláudia Coelho, Sócia da área de Sustentabilidade e Alterações Climáticas na PwC Portugal, citada no estudo.

A jusante, para garantir a qualidade da informação, 60% dos inquiridos afirmam que já contrataram um auditor externo, seja o seu auditor financeiro (41%), outra firma de auditoria (16%) ou outro prestador deste tipo de serviços (3%). ​

A confiança vai surgindo ao longo do percurso, deteta ainda o estudo: entre as empresas mais confiantes, mais de um terço já terminou de confirmar as opções e exceções de relato e completou as avaliações de dupla materialidade.

O envolvimento nas matérias de sustentabilidade tem sido transversal a “todas as áreas de uma empresa”, indica ainda o mesmo documento. Os comités executivos ou o departamento financeiro estão atualmente envolvidos na implementação da CSRD em mais de 80% das empresas portuguesas. No entanto, têm sido os diretores de sustentabilidade a liderar o planeamento e execução de relatórios ao momento.

Melhor mitigação dos riscos e governança em destaque

A diretiva parece já estar a surtir algum efeito em termos da aplicação de práticas de sustentabilidade nas empresas: cerca de três quartos das inquiridas que se preparam para reportar de acordo com a diretiva, incluindo aquelas com sede fora da União Europeia, consideram que estão a considerar a sustentabilidade de forma mais intensa na sua tomada de decisões.

No caso português, 41% das empresas inquiridas consideram prestar atenção adicional à sustentabilidade no seu modelo de negócio na sequência da aplicação da diretiva. ​

E são vários os benefícios identificados pelos inquiridos. Tanto em Portugal (69%) como a nível mundial (48%), a “mitigação dos riscos” é considerada a maior vantagem da implementação da CSRD para o negócio. Segue-se a “maior eficácia na governação corporativa” (63% em Portugal e 40% no mundo) e a “melhoria do envolvimento com os stakeholders internos e externos” (63% e 49%, respetivamente).

Lá fora, há três benefícios que são mais relevantes do que por cá: a melhoria no desempenho ambiental, que é referido por 51% das empresas no globo mas apenas por 47% em território nacional; a redução dos custos, apontada por 26% das empresas fora de Portugal face à fatia lusa de 25%; e, finalmente, o crescimento das receitas, onde se vê o maior hiato: só 15% negócios nacionais assinalam esta vantagem face a 29% das que atuam no globo.

Em oposição, o “impacto negativo na reputação/marca” é a consequência negativa da não implementação da diretiva que é mais apontada pelas empresas (76%). Segue-se na lista das consequências negativas as questões legais, como o incumprimento de disposições e pagamento de coimas, destacadas por 69% das empresas. Apenas em terceiro lugar (63%) são referidos os impactos financeiros, como o acesso a capital.

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