Trabalhadores próximos da reforma preocupam um terço dos CEO portugueses

Trabalhadores próximos da idade da reforma e falta de empregados qualificados para os substituir preocupam gestores portugueses, de acordo com novo estudo da KPMG.

Numa altura em que escasseiam trabalhadores em diversos setores, os CEO portugueses estão preocupados com o elevado número de empregadores que estão próximos da idade da reforma e com a falta de trabalhadores qualificados para os substituir, revela um novo estudo da consultora KPMG.

“A crise demográfica parece já estar na mente dos gestores portugueses, com um terço dos inquiridos a revelarem preocupação com o número elevado de colaboradores em idade da reforma, nomeadamente na capacidade que terão de substituir essas competências e experiência“, explica a consultora, na edição deste ano do “CEO Outlook”, estudo que tem por base as respostas de 1.325 CEO globais, dos quais 50 portugueses.

Numa entrevista ao ECO, o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Gonçalo Saraiva Matias, já tinha alertado para o impacto do envelhecimento demográfico português no mercado de trabalho, considerando esse défice o mais difícil de ultrapassar. “O problema demográfico é muito sério em Portugal, e não estou certo de que esteja a merecer a devida atenção“, disse o responsável, que já foi também diretor do Observatório das Migrações.

Ora, de acordo com a nova análise da KPMG, os diretores executivos nacionais estão não só atentos à crise demográfica, como reconhecem que as questões relacionadas com o talento podem mesmo “afetar o crescimento e a competitividade futuros”, sendo que mais de quatro em cada dez concordam que as organizações que lideram devem investir no desenvolvimento de competências e na aprendizagem ao longo da vida para “ajudar a salvaguardar o acesso a futuros talentos”.

“Com este compromisso, 92% dos líderes espera que isto ajude a aumentar o número total de efetivos da sua força de trabalho nos próximos três anos”, lê-se no “CEO Outlook”.

Por outro lado, quase 56% dos CEO em Portugal acreditam que, para já, a inteligência artificial “não terá um impacto negativo no número de postos de trabalho nas suas organizações, mas reconhecem que será necessário investir em novas competências para que as suas equipas estejam preparadas para o futuro“.

Há mais CEO a apontar para fim do teletrabalho

Ainda que o regime híbrido entre o teletrabalho e o trabalho presencial esteja a ganhar terreno em Portugal, a discussão continua bem acesa. Lá fora, várias empresas (como a Amazon) anunciaram o regresso total ao escritório. E em Portugal há mais CEO a apontar para o retorno a um modelo 100% presencial nos próximos três anos, de acordo com o referido estudo da KPMG.

“Os líderes entrevistados demonstram que o debate sobre o regresso ao escritório continua a gerar discussão. Os resultados deste ano revelam que os CEO estão a fortalecer a sua posição sobre o regresso às formas de trabalho pré-pandémicas, com 83% (80% em Portugal) a esperar um regresso total ao escritório dentro dos próximo três anos”, lê-se na análise divulgada pela consultora.

Na edição do último ano do “CEO Outlook”, 64% dos gestores globais tinham apontado para o regresso total ao escritório no prazo de três anos, o que significa que houve agora um aumento de quase 20 pontos percentuais, como mostra o gráfico acima. Já em Portugal, a subida foi ainda mais acentuada: 24 pontos percentuais, entre 56% dos CEO em 2023 e os tais 80% dos CEO em 2024.

De notar que a idade dos gestores tem grande influência na sua posição face ao teletrabalho. Entre os CEO com 40 a 49 anos, 75% estão a contar com um regresso ao trabalho presencial até 2027. Já entre os CEO acima dos 50 anos, essa fatia ultrapassa os 80% (83% entre 50 e 59 anos e 87% para os que têm entre 60 e 69 anos).

“Curiosamente, existe também uma divisão de género a emergir neste debate: enquanto 84% dos homens CEO preveem um regresso total ao escritório dentro de três anos, apenas 78% das mulheres CEO preveem o mesmo regresso“, observa a KPMG.

Ainda assim, quase nove em cada dez dos CEO inquiridos afirmam que é provável que recompensem os colaboradores que se esforçam por regressar ao escritório, não detalhando de que modo.

O Governo sinalizou que irá revisitar a lei laboral e as regras do teletrabalho deverão ser um dos assuntos em cima da mesa, de acordo com a ministra do Trabalho. Maria do Rosário Palma Ramalho não revelou o que poderá ser alterado, mas os advogados têm alertado que persistem dúvidas na forma como os empregadores devem calcular e pagar aos seus trabalhadores as despesas relacionadas com o teletrabalho.

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