BRANDS' ECO Criatividade e inovação de mãos dadas no NEXXT Leiria
O primeiro dia do NEXXT Leiria ficou marcado pela presença de vários empreendedores e caras conhecidas do grande público, que explicaram como a criatividade e a inovação podem disruptivas no mercado.
A segunda edição do NEXXT Leiria, que decorreu de 18 a 24 de novembro, arrancou com a presença de vários speakers que contaram um pouco das suas histórias de empreendedorismo e, muitas vezes, de coragem, que os levou a apostar no seu talento e criatividade para chegarem onde realmente desejavam.
O evento, que decorreu ao longo de sete dias, contou com conferências, conversas, workshops e inúmeras mesas redondas, mas foi também plataforma aberta de redes de contacto, com o objetivo de dar palco aos mais variados projetos económicos e criativos da região.
“Este evento não poderia acontecer noutra cidade. Em Leiria, queremos ser mais do que espectadores da mudança, queremos ser protagonistas da mudança. Queremos estar onde a inovação acontece, seja nas nossas escolas, nos palcos, nas ruas, nas nossas vidas. Ambicionamos que Leiria seja uma cidade propícia à inovação, seja na ciência, na tecnologia, nas artes, na economia criativa”, começou por dizer Gonçalo Lopes, presidente da Câmara Municipal de Leiria.
"O que controlar os dados vai controlar o mundo. Mas tudo aquilo que não puder ser automatizado vai explodir o valor. E o que é que não pode ser automatizado? A empatia e a criatividade. Então, qual é o grande desafio? Pensar nas pessoas.”
Ainda na abertura do evento, André Coelho, criador da marca NEXXT, explicou que ainda “existem muitas questões sobre o futuro” e que é precisamente por isso que iniciativas como esta são importantes: “É impossível prever o futuro porque existem vários futuros. A única certeza que temos é que aquilo que poderá ser automatizado vai ser automatizado. E o que controlar os dados vai controlar o mundo. Mas tudo aquilo que não puder ser automatizado vai explodir o valor. E o que é que não pode ser automatizado? A empatia e a criatividade. Então, qual é o grande desafio? Pensar nas pessoas. Pensar a partir delas e pensar com elas. E essa é a razão pela qual estamos todos aqui reunidos, para pensarmos no futuro juntos”.
Fazer arte com música e inovação
Durante a manhã, as várias sessões dedicaram-se, sobretudo, à exploração das emoções através da arte, bem como o seu impacto em contexto profissional. Nesse sentido, Paulo Lameiro, da Musicalmente, veio apresentar o projeto “Amplify”, que acontece no seguimento do “Concertos para Bebés”, nos quais os pequenos são os “verdadeiros solistas” e os músicos apenas seguem os sons que eles vão fazendo para criarem música ao vivo.
Assim, o “Amplify” vem aumentar a capacidade de criação dos bebés ao desenvolver sensores, que serão colocados nas crianças, para medir a sua frequência respiratória e cardíaca, “tudo o que ajuda a medir a emoção do ser humano”, a fim de, depois, traduzirem “o que o bebé está a sentir para uma partitura musical”.
Esta solução inovadora mostra a adaptação a um mundo cada vez mais digital e tecnológico, mas os exemplos não se ficam por aqui. Ainda dentro do mundo da música, houve espaço para uma mesa redonda, intitulada “Leiria Music City: Innovation, Creativity, Arts & Culture”, na qual os especialistas Hugo Ferreira, da OMNICHORD; John Gonçalves, dos The Gift; e Maria Miguel Ferreira, Consultora de Inovação, deixaram mais exemplos de parcerias que devem acontecer, seja com novas tecnologias, política e marcas, para potenciar o setor.
"Primeiro, é preciso criar as condições para os músicos e um ecossistema musical. Segundo, é necessário que estas condições também aconteçam para apresentações ao vivo, tanto para os nossos como para os de fora. E a terceira etapa é quando já aparecem indústrias ligadas ao setor da música.”
“Há três etapas que fomos aprendendo na criação de music city. Primeiro, é preciso criar as condições para os músicos e um ecossistema musical. Segundo, é necessário que estas condições também aconteçam para apresentações ao vivo, tanto para os nossos como para os de fora. E a terceira etapa é quando já aparecem indústrias ligadas ao setor da música. Se olharmos para Leiria como paradigma deste caminho, podemos ver algo em que a música ajudou a transformar uma cidade”, começou por explicar Hugo Ferreira.
Nesse seguimento, Maria Miguel Ferreira fez um paralelo entre a indústria musical e a tecnológica: “Tal como na área da tecnologia, as incubadoras 1.0 começaram por ser espaços que alugavam infraestruturas. Depois evoluíram e, hoje, o paradigma 4.0 das incubadoras já prevê que exista uma estrutura de suporte de serviços partilhados, uma estratégia de parcerias com empresas prestadoras destes serviços, que ajudem na profissionalização e em parcerias com os investidores de capital de risco. No entanto, no caso da indústria cultural e criativa, há diferenças. O capital de risco não se interessa minimamente por projetos na área da cultura, a não ser que tenha uma base tecnológica subjacente. Por isso, é importante trazer para as incubadoras quem conheça e consiga apoiar o acesso a fundos de financiamento na área cultura, bem como programas de aceleração”.
"Os apoios do privado só existem quando há público.”
Por sua vez, John Gonçalves, acrescentou, ainda, a parceria com marcas como fundamental para o crescimento do setor e, para isso, deu o exemplo dos The Gift. “Nós, nos The Gift, temos sabido cativar alguns sponsors que nos permitem fazer os projetos. Temos conseguido falar a linguagem do mercado e tivemos a capacidade e o talento de juntar o produto artístico com os sponsors“.
O músico deu, ainda, alguns exemplos de parcerias que fizeram com várias marcas conhecidas do grande público, mas também mencionou algumas marcas da região, que os apoiaram no início de carreira e continuam a prestar esse patrocínio agora. Em ambos os casos, salientou que “os apoios do privado só existem quando há público”.
As marcas enquanto alavancas da arte
A importância das marcas como parceiras das artes continuou a ser destacada por Carlos Coelho, da Ivity Brand Corp, que na sua apresentação começou por dizer que “as marcas e as artes têm poderes que devem ser valorizados”: “É uma coisa esquisita separar as marcas da cultura. Como se a cultura fosse algo que pudéssemos prescindir ou se tivéssemos alguma outra forma de nos relacionarmos com o mundo que não fosse através da nossa capacidade cultural”.
Carlos Coelho explicou, por isso, que as marcas, para terem sucesso, devem responder a três corpos, nomeadamente, o corpo físico, o corpo emocional e o corpo espiritual. “Precisamos de unir os três corpos para unificar. Inicialmente, as marcas surgiram para responder às necessidades do corpo físico, mas depois tiveram de acrescentar a emoção ao que vendiam para torná-lo mais interessante e atrativo e, agora, eu acredito que caminhamos para uma terceira geração, onde as marcas têm de ver para além do visível e conectar com aquilo que não é o óbvio, com estreita ligação com a natureza”, revelou.
A mesma opinião foi partilhada por Lourenço de Lucena, da Blug Group, que acrescentou que a tecnologia pode ajudar nesse caminho, mas se usada com equilíbrio. “A tecnologia trouxe enorme conveniência. Faz parte da dinâmica dos nossos tempos e está cá para nós facilitar a vida, mas tornou-nos preguiçosos, apáticos sensoriais, mais distantes. Então como podemos ser mais físicos e mais humanos num tempo em que somos empurrados para a tecnologia? De que forma as nossas marcas podem capitalizar a fisicalidade? De que forma podemos dar corpo sensorial para que as experiências sejam mais humanas?”, questionou.
"Um grande incentivo que as artes trazem muito para a indústria é esta ideia de autonomia e de emancipação. O grande desafio que tem de ser lançado é que o tempo da liberdade não é um tempo de passar tempo.”
O responsável apresentou alguns exemplos de como a tecnologia e a arte podem ajudar nisso, como a criação de uma música associada a uma marca, algo que ele faz com o objetivo de despertar o lado sensorial dos clientes que, quando escutam determinados sons, vão sentir emoções positivas que, por consequência, acabam relacionadas à marca. Além do lado auditivo, Lourenço de Lucena vai mais longe e fala, também, de se associarem cheiros a marcas, algo que ele também faz, criando fragrâncias que, de igual forma, despertam sensações positivas em quem as cheira e que, por exemplo, ao entrar numa loja que tenha um difusor com esse ambientador vai associar isso àquele lugar.
“Um grande incentivo que as artes trazem muito para a indústria é esta ideia de autonomia e de emancipação. O grande desafio que tem de ser lançado é que o tempo da liberdade não é um tempo de passar tempo”, disse, por sua vez, José Teixeira, da DST GROUP, mais focado em perceber o lado dos trabalhadores neste benefício da arte no âmbito profissional. “Como ouvimos os trabalhadores para lá dos muros presentes? Só com a liberdade das artes é que consegue fazer isto”, garantiu.
José Teixeira afirmou mesmo que “pela nossa natureza, nós somos artistas”, mas essa liberdade de ser vai sendo perdida à medida que as pressões da vida e das profissões são impostas. “A experiência do trabalho hoje é algo que tem de mudar completamente, isto porque vivemos no trabalho com uma ausência cinestésica”, disse, mas alertou que isso é uma “clara oportunidade” para as empresas começarem a fazer diferente.
Infelicidade como facilitador da mudança
As sessões da manhã terminaram duas histórias de sucesso, nas quais a infelicidade serviu como motor para uma mudança de vida e de inspiração para muitas outras pessoas. Trata-se da história de Madalena Carey, fundadora da Hapiness Business School, e de Catarina e Filipe, mais conhecidos por All Aboard Family.
“A Happiness Business School é uma academia para a felicidade corporativa, que visa alavancar estruturas de trabalho mais sustentáveis”, começou por dizer Madalena Carey, que partilhou que esta iniciativa surgiu fruto da sua própria infelicidade, uma vez que foi diagnosticada com depressão aos 10 anos e, depois de terminar uma licenciatura, decidiu ir para a Austrália, onde começou a estudar sobre psicologia positiva e a perceber de que forma poderia ajudar outras pessoas a não passarem pelo mesmo.
Depois de perceber que a maior parte das pessoas com quem falava se sentia infeliz por questões laborais, a decisão de criar esta academia consolidou-se. “Como melhoramos? Olhando para as equipas e organizações como seres humanos e não como máquinas. A felicidade no trabalho assenta em dois pilares: resultados e relações”, disse.
"Como melhoramos? Olhando para as equipas e organizações como seres humanos e não como máquinas. A felicidade no trabalho assenta em dois pilares: resultados e relações.”
O mesmo ponto de partida (infelicidade) também foi o que motivou o casal Catarina e Filipe a vender todos os seus bens materiais, inclusivamente a casa onde viviam, para partirem à aventura, viajando o mundo, na altura apenas com um filho, mas agora com três. Assim nasceu o projeto All Aboard Family, no qual tinham como objetivo partilhar duas coisas: como uma doença não pode paralisar uma vida e como viajar com filhos é possível e enriquecer para as crianças.
Filipe Almeida tem insuficiência renal e, desde que começou a fazer hemodiálise, sentiu que estava a ganhar vida, mas que não a estava a aproveitar. Já Catarina Almeida era team líder numa multinacional, mas questionava o que saberia fazer além daquilo e, com a doença do marido, ganhou o mesmo ímpeto de avançar: “Há um dia em que eu, muito zangada no meu trabalho, digo ao Filipe ´vamos dar a volta ao mundo´. Disse-lhe que íamos criar a nossa página para podermos partilhar a nossa história, com as nossas missões. Vendemos tudo e com esse valor fomos descobrir o mundo com o Guilherme, com dois anos”.
Educar através da arte
A segunda parte do evento, durante a tarde, começou com uma mesa redonda, intitulada “O poder das Emoções; A educação ligada à natureza, à música e ensino”, da qual fizeram parte Luís Brito e Faro, da Brave Generation Academy; Vanessa Aires, da KETI KETA, CreativeYou, TORKECC; e Ricardo Cardoso, fundador da escola das emoções.
“Eu tenho uma convicção muito forte de que nós somos pouco mais do que emoções. Podemos acrescentar a questão da mente e do pensamento, mas nada existe sem o nosso poder emocional. E isso sente-se nas empresas quando os trabalhadores não conseguem comunicar que não estão motivados. Tudo isso é o poder das emoções”, começou por dizer Ricardo Cardoso.
Esta convicção foi corroborada por Vanessa Aires, que acrescentou: “Há muitos profissionais que não estão conectados com as suas emoções. E isso acontece muito porque não aprendemos a fazer essa navegação pelas emoções. A verdade é que emoções todos temos, são inatas, mas é preciso saber navegar nelas. O desafio é chegar a essas pessoas, principalmente as que lidam com crianças, e ensiná-las a navegarem essas emoções”.
"Há muitos profissionais que não estão conectados com as suas emoções. E isso acontece muito porque não aprendemos a fazer essa navegação pelas emoções. A verdade é que emoções todos temos, são inatas, mas é preciso saber navegar nelas.”
A importância de explorar as emoções desde criança e de ter orientadores, como progenitores, professores e educadores, a ajudar nesse caminho é fundamental. E foi com esse objetivo em mente, de permitir uma navegação mais livre nas emoções, que nasceu a Brave Generation Academy. A escola tem, de acordo com Luís Brito e Faro, “um modelo de aprendizagem auto dirigida, na qual o aluno percebe onde está, para onde quer ir, e escolhe o plano que tem de fazer para lá chegar. Percebe, ainda, quais são as suas paixões e explora isso”.
Ainda dentro de projetos dedicados à educação, Rui Amado e Gil Jerónimo apresentaram o Projeto Mus-e, que tem como objetivo promover a inclusão em contexto escolar através do desenvolvimento das áreas de expressão artística nas escolas. Atualmente, o projeto marca presença em 12 países e 265 cidades, e conta com 1022 artistas.
Em Leiria, estão presentes na EB1 Marrazes e Gil Jerónimo garante que têm conseguido, com o uso da expressão artística, fazer com que “os alunos conheçam melhor a cidade e promovam a tal inclusão na sua própria cidade”. Rui Amado acrescentou também que “o artista Mus-e é, principalmente, alguém que olha para a sociedade e para o mundo e que, com a sua arte, consegue falar sobre isso”.
Inclusão na expressão do talento
A inclusão também foi a inspiração para a criação do projeto social “Mundu Nôbu”, que empodera e inspira jovens de comunidades menos representadas a atingirem todo o seu potencial individual e coletivo através da educação, da participação cívica e da celebração cultural. Dino Santiago, criador do projeto, revelou: “Acima de tudo, o principal objetivo é fazer com que eles sintam com que a “Mundo Nôbu” é uma família, que mesmo passados aqueles três anos, vai continuar a ser uma família”.
Atualmente, o projeto, totalmente gratuito, é exclusivo para residentes dos bairros sociais do município de Lisboa, com idades entre os 14 e os 18 anos. “Esta faixa etária é importante porque é quando alguns comportamentos e decisões começam a afetar de forma importante a vida adulta. A primeira pergunta que lhes fazemos é como imaginam o seu futuro. A maioria das respostas carregam muita dor e solidão e temos de criar espaço para estes jovens saírem do modo de sobrevivência”, esclareceu Liliana Valpaços, também responsável pelo projeto.
"Não existe tradução para a palavra futuro nas línguas que se falam em Moçambique. E isso já diz muito. Mas todos os dias aprendia algo novo com aquelas crianças.”
O tema da inclusão foi também mote de uma mesa redonda, dedicada a perceber o projeto “Futuros Presidentes”, da qual fizeram parte Jorge Trindade, Big Fish; Luís Mileu, Fotógrafo/Designer; e Ricardo Henriques, Copywriter. “Este projeto nasce da necessidade de darmos visibilidade ao trabalho de 10 anos da ONG Helpo, que trabalha com crianças em idade escolar para garantir que elas conseguem estar na escola, em Portugal e Moçambique”, começou por dizer Jorge Trindade.
“Numa primeira fase, estivemos nas comunidades e divulgamos esse trabalho em cada comunidade. Depois, houve uma segunda fase, na qual demoramos 2/3 meses, para amadurecer as entrevistas e retratos que fomos fazendo”, explicou Luís Mileu. Estas entrevistas e retratos culminaram numa exposição, onde, de acordo com Ricardo Henriques, que entrevistou muitas crianças, se podia aprender muito com os seus relatos: “Não existe tradução para a palavra futuro nas línguas que se falam em Moçambique. E isso já diz muito. Mas todos os dias aprendia algo novo com aquelas crianças”.
Mas o que é o talento?
Apesar de o talento poder ser o ponto de partida para a inclusão, ele também pode ser a força motriz do propósito de cada pessoa. A questão é: sabe-se mesmo o que é um talento? Para Tiago Forjaz, da The Epic Talent Society, “a maior parte das pessoas não sabe distinguir uma skill de um talento”. “Um talento é algo que eu faço e eu gosto, mas eu posso escolher aplicá-lo de maneiras diferentes e essa aplicação é uma skill“.
A mesma pergunta também foi respondida por Raquel Machado, da BLIP – a Flutter Company, que não hesitou em dizer que a maior parte das pessoas desconhece os seus talentos e, por causa disso, “vão aceitando desafios profissionais que nem sempre ressoam com o que gostam”. “Sabiam que as empresas que investem na identificação e desenvolvimento do talento individual têm um resultado de 29% superior de lucro do que as que não fazem nada? Isto não é acaso nem coincidência. Mas sim uma estratégia usada pelas melhores empresas da Forbes 500”, revelou.
Para Rita Sambado, da The School of Being, encontrar o nosso talento parte de sair da zona de conforto e de outros dois aspetos, nomeadamente “ter uma visão extraordinária e começar grande”, sem medos, e “ter o coração lá”, reforçando que o mais importante é a pessoa sentir que aquilo lhe faz sentido. “Não interessa se quem está ao lado gosta ou entende. O que interessa é que é nosso. Só assim vamos ter o entusiasmo suficiente para continuarmos. Vamos, cada um de nós, tornar a nossa visão tão irresistível que não tem como não se tornar inevitável”, garantiu.
"Talentos podem ser identificáveis. E quando são identificáveis, eles começam a ser mais objetivos porque nos permitem construir planos de ação muito mais concretos.”
O talento também foi o ponto de partida para a mesa redonda “Talento 4.0 – Capital Humano na Era Digital”, na qual Raquel Machado, BLIP – a Flutter Company, afirmou: “Talentos podem ser identificáveis. E quando são identificáveis, eles começam a ser mais objetivos porque nos permitem construir planos de ação muito mais concretos”.
Esses planos de ação concretos podem passar, muitas vezes, por implementar novas medidas dentro das empresas, que deixem os seus colaboradores mais livres, fator que todos concordam ser muito valorizado hoje em dia. João Mota, da Void Software, explicou que, na empresa, têm “a possibilidade de teletrabalho implementada” há muitos anos, mas, com “o fenómeno da COVID, agora passou a ser standard”, e isso fez com que houvesse “uma perda de cultura da empresa”, algo que considera abrir oportunidade para novas medidas com vista a atração de talento.
Estas remodelações acabam por ser necessárias e Paulo Pinto, da La Redoute, explicou isso muito bem, usando o exemplo de renovação na equipa de recursos humanos da sua empresa. “Criamos um programa de recursos humanos muito forte, que era o VOCÊ. Esse programa consistiu numa nova equipa de RH, sem vícios, e que tivesse vocacionada para criar valor nas pessoas, com vista a enfatizar a componente humana”, disse.
Nesse sentido, João Bogalho, da Leadzai, reforçou que as pessoas devem procurar as pessoas certas para as suas organizações serem bem sucedidas: “As pessoas certas têm de ter os valores da organização. São pessoas que entendam o que queremos resolver e que contribuem”. Para isso, Paulo Martins, da Incentea, considera importante colocar tudo o que é talento, ou seja, o que se gosta de fazer, no CV. “Há tantas coisas que não pomos no nosso CV e que nos trazem valor para o que queremos construir. Todos vivemos com um propósito e temos de ter uma visão clara do que queremos. Primeiro, é importante para o colaborador sentir a empresa como uma família, na qual quer construir algo e da qual receberá o retorno financeiro”, disse.
O papel dos líderes
Esta valorização, captação e fomento de talento partem, muitas vezes, do tipo de líderes que estão à frente das organizações. “O que nós mais gostamos é de líderes que nos inspiram, que nos fazem fazer”, referiu João Arozo, da Leadzai. No entanto, nem todas as pessoas que podem ser líderes, a começar pelas suas próprias vidas, decidem sê-lo, mas a mudança começa por aí. Quem o disse foi Sofia Castro Fernandes, criadora do blog “Às 9”.
“Há muita gente que tem a oportunidade de mudar e, ainda assim, continua em cima do prego. E as pessoas que estão a vida toda sentadas em cima de um prego encontram sempre desculpas para não fazerem nada. O importante aqui é perceber qual é o difícil que vou escolher. Vou ficar a trabalhar com este cliente difícil ou vou à procura de outros clientes? Ambas as escolhas são difíceis, então qual é o difícil que eu vou escolher?”, exemplificou.
"É muito importante nós, líderes, sentirmos e ouvirmos as preocupações da nossa equipa. E, com isso, adaptar a nossa liderança de forma a sermos mais transparentes na nossa comunicação e encontrarmos maneiras de recompensar as nossas equipas.”
Nesse sentido, várias líderes presentes na última mesa redonda do evento dedicada ao tema, explicaram o que era uma boa liderança para elas. Sónia Calado, do Grupo DRT, ressalvou a importância de liderar com sensibilidade: “É muito importante nós, líderes, sentirmos e ouvirmos as preocupações da nossa equipa. E, com isso, adaptar a nossa liderança de forma a sermos mais transparentes na nossa comunicação e encontrarmos maneiras de recompensar as nossas equipas”.
Para Tânia Galeão, do Instituto Educativo do Juncal, trata-se de “trabalhar com o coração”. Para isso, a responsável garante que se coloca muito no lugar dos outros e que isso a ajuda: “Eu acho que é o facto de me envolver como se fosse um aluno, como se um professor, uma não docente. Tento não perder o foco nem o que se quer para a escola, mas envolvo-me muito”.
“Nós temos de servir e a nossa missão é servir no sentido de ter a capacidade de aferir as expectativas das pessoas. Acima de tudo, queremos manter o bem-estar das pessoas, as respostas adequadas às suas necessidades, e, para isso, temos de estar permanentemente a ouvir”, concluiu Catarina Louro, da Câmara Municipal de Leiria.
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