E se a diferença entre adversidade e vantagem for um Board resiliente?

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  • 24 Maio 2024

Face aos imperativos desafios de mercado, o ambiente de risco é cada vez mais amplo, complexo e interligado. Os Boards das organizações assumem o papel crítico e precisam de uma estratégia resiliente.

É provável que o ambiente de risco, cada vez mais complexo, persista. Neste sentido, o estudo da EY Global Board Risk survey 2023, explora porque é que os Boards (Conselhos de Administração) devem melhorar a sua resiliência – capacidade de antecipar, preparar, responder e adaptar-se a um ambiente de mudança – para mitigar riscos e obter uma vantagem competitiva.

Apenas 23% das organizações participantes no estudo evidenciaram-se como altamente resilientes. Ao analisar estas organizações, denota-se que estas reconhecem que tal atitude está relacionada com adaptação, pelo que “não voltar ao normal” é uma premissa base. Adicionalmente, verifica-se que estão tendencialmente mais confiantes de ter capacidade de responder a incidentes inesperados de alto impacto (56% contra 34% dos Boards menos resilientes) e são mais propensas a serem altamente eficazes no alinhamento de risco e estratégia de negócio (64% vs. 29%).

Contudo, para as restantes 77% das organizações ainda parece existir alguma dificuldade em ser resiliente. Quais serão os fatores chave que poderão contribuir para aumentar a resiliência pretendida?

  1. Integrar a gestão de riscos com a estratégia e a gestão de desempenhoÀ medida que novos e acrescidos desafios surgem, as organizações têm dificuldade em identificar, acompanhar e gerir o novo cenário de risco. Para mitigar esses riscos, a resiliência deve ser uma prioridade para as organizações pois ajuda a angariar confiança e a criar valor sustentável a longo prazo.Dica: Proceder à avaliação das capacidades atuais de risco, controle e conformidade da organização, para tornar os processos mais eficientes e eficazes, com intuito de apoiar uma melhor gestão na resposta aos riscos e na capitalização das suas oportunidades.

    Beatriz Silva Marques, Manager EY, People Consulting
  2. Fortalecer a visão do Talento e da CulturaA escassez de talentos, a transformação contínua e as necessidades concorrentes de uma workforce multigeracional estão a colocar os riscos de talento na agenda das administrações. Apesar da consciência deste cenário em mudança, alguns destes riscos de pessoas são ainda um fator de enorme preocupação.Dica: Considerar a possibilidade de alargar o âmbito de discussão do Board, incluindo uma gama mais vasta de tópicos de talento, possíveis de monitorizar através de KPI mensuráveis, bem como assegurar o envolvimento com CHRO no desenvolvimento de uma cultura ágil e Human@Center.
  3. Assegurar a mudança para a sustentabilidade baseada em valorA sustentabilidade ambiental é crítica para construir resiliência e permitir o sucesso organizacional futuro. No entanto, é evidente que as administrações, por vezes, sofrem de diferentes pressões, de acordo com as interações entre os diferentes stakeholders. Assim, será necessário alinhá-los e focá-los no mesmo propósito.Dica: Melhorar os conhecimentos e as competências do Board nesta área emergente, o que permitirá aos mesmos desafiar e orientar a gestão sobre as ações críticas relacionadas com a sustentabilidade.
  4. Compreender as implicações de risco das tecnologias digitais e emergentesA evolução tecnológica está a avançar a um ritmo cada vez mais acelerado, desde os avanços na Gen AI, o advento do metaverso, os novos desenvolvimentos na regulamentação, e os crescentes riscos cibernéticos mudaram totalmente o paradigma, criando desafios para os Boards. Será fundamental assegurar uma rede de segurança para as organizações, que permita explorar as oportunidades das tecnologias disruptivas.Dica: Colaborar mais estreitamente com o CTO e a equipe de gestão mais ampla para melhorar as medidas de mitigação ao risco e assegurar o reskill e upskill nas competências digitais.

Assim, à medida que os desafios do mercado se intensificam, torna-se categórico para os Boards adotarem uma postura que vá além da mera reação a crises. A capacidade de prosperar no meio da turbulência depende de uma gestão que não só antecipe os riscos, mas também os transforme em oportunidades estratégicas para o crescimento e inovação sustentáveis.

Beatriz Silva Marques, Manager EY, People Consulting

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Dívida do Estado cai 3,1% este ano para 287 mil milhões de euros

O custo da dívida direta do Estado emitida este ano até abril era de 3,2%, cerca de 0,3 pontos percentuais abaixo do custo das emissões em 2023.

Desde o início do ano que a dívida pública regista uma contração de 3,1%, segundo dados divulgados no boletim mensal de maio do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.

Os números do IGCP mostram que a dívida direta do Estado passou de 295,96 mil milhões de euros no final do ano passado para os atuais 286,78 mil milhões de euros. Em relação a março, o stock de dívida registou uma ligeira correção (-0,15%), muito por conta da amortização de mais de 6 mil milhões de euros de Certificados de Aforro.

Além disso, o boletim do IGCP mostra também que o custo do stock da dívida no final de 2023 foi de 2% e este ano o custo da dívida emitida até abril era de 3,2%, 0,3 pontos percentuais abaixo dos custos das emissões de 2023.

Os dados do IGCP revelam também que a maturidade média da dívida de médio e longo prazo baixou ligeiramente face aos números de abril do ano passado, situando-se em abril deste ano nos 13,3 anos, enquanto a maturidade média residual da dívida direta do Estado excluindo os empréstimos do PAEF se mantém nos 7,4 anos.

A maioria da dívida do Estado está alocada em obrigações do Tesouro (55%), em empréstimos oficiais (19%) e em Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro (16%).

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Salário mínimo seria menos 175 euros se só respondesse à inflação, diz Banco de Portugal

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

Em janeiro de 2024, "o salário mínimo (820 euros) excedeu o que resultaria da indexação em 175 euros".

O salário mínimo supera esta sexta-feira em 175 euros o valor que teria se tivesse sido sempre atualizado em linha com a inflação, mas este ganho real apenas começou a partir de 2017, segundo uma análise do Banco de Portugal.

Esta análise do BdP, divulgada esta sexta-feira, insere-se no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, com o regulador a lembrar que a instituição do salário mínimo nacional (SMN) foi uma das primeiras medidas tomadas após a revolução, antes mesmo da lei que veio consagrar o direito à greve.

Criado em 27 de maio de 1974, o SMN ‘arrancou’ com o valor de 3,3 mil escudos, ou o equivalente a 16,46 euros – pouco abaixo do salário médio no setor empresarial que, em 1973, tinha sido de montante equivalente a 17,30 euros. Durante vários anos, a evolução do SMN foi inferior à inflação, atravessando as décadas de 80 e 90 do século passado e mais de década e meia já neste século a registar perdas reais.

De acordo com os cálculos do BdP, se o salário mínimo nacional tivesse sempre acompanhado a inflação, em 2006 o seu valor seria 101,88 euros superior ao observado naquele ano (385,9 euros). Esta situação só seria invertida a partir de 2017. Como refere o BdP, “foi preciso esperar até 2017, mais de quatro décadas desde a sua instituição, para que o valor real do salário mínimo superasse o inicial”. Assim, em janeiro de 2024, “o salário mínimo (820 euros) excedeu o que resultaria da indexação em 175 euros”.

As diferenças entre o ano da criação do SMN e a atualidade são também visíveis ao nível do número de trabalhadores abrangidos: em 1974, o salário mínimo terá beneficiado um milhão de trabalhadores. Em 2023 (últimos dados disponíveis) abrangia 760 mil. Uma comparação com Espanha indica que o SMN português começou num patamar mais elevado, mas foi rapidamente ultrapassado e de 1976 em diante que o valor nominal do salário mínimo espanhol (também pago 14 vezes por ano como em Portugal) está à frente.

Criado em 1963, o salário mínimo espanhol tinha em 1974 um valor correspondente a 48% do montante fixado em Portugal (tendo em conta a taxa de câmbio da altura). “Porém, de 1976 em diante, o valor nominal do salário mínimo espanhol foi sempre superior ao português, diferença que se alargou até aos anos 90, refletindo em grande medida a depreciação cambial do escudo em relação à peseta”, refere a análise, precisando que, de então para cá, “tem tido um valor nominal entre 40% e 50% superior ao português”, tendo sido fixado em 1.134 euros em 2024.

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Após acordo, professores no topo da carreira mais do que duplicam com salários acima de 2.700 euros

Descongelamento total do tempo de serviço vai permitir que 91.275 docentes alcancem os últimos escalões, um aumento de 120%, com ordenados que podem chegar aos 3.613 euros brutos.

O acordo alcançado entre o Ministério da Educação e sete sindicatos para a contagem integral do tempo de serviço congelado desde a troika dos professores vai permitir que 91.275 docentes alcancem o topo da carreira, em julho de 2027, ou seja, mais do dobro (120%) dos 41.505 que atualmente estão nos últimos quatro escalões. Nestes patamares, o salário bruto mensal oscila entre 2.658 e 3.613 euros, segundo dados enviados pela tutela.

Isto significa que, depois da contabilização dos seis anos, seis meses e 23 dias, que será feita em dois anos e 10 meses, entre setembro deste ano e julho de 2027, 90% dos mais de 100 mil professores de carreira que sofreram os dois períodos de descongelamento estarão nos últimos quatro escalões (entre o 7.º e o 10.º).

Ministério da Educação, Ciência e Inovação

Para o 10.º e último escalão, vão poder transitar, em julho de 2027, mais 20.834 professores e educadores de infância, perfazendo um total de 34.145, o que corresponde a um aumento de 155% face aos 13.469 que, em abril deste ano, se encontravam no patamar mais elevado da carreira.

Ministério da Educação, Ciência e Inovação

O acordo, que não foi subscrito por Fenprof, STOP, Pró-Ordem, ASPL e SPLEU, prevê o descongelamento faseado da carreira em quatros tranches de 25%: em setembro de 2024, julho de 2025, julho de 2026 e julho de 2027. O custo estimado com a recuperação integral do tempo de serviço deverá rondar os 300 milhões de euros. “O valor vai progressivamente reduzindo com a aposentação de professores”, indica o Ministério, liderado por Fernando Alexandre. A primeira reposição, já em setembro, deverá ter um impacto orçamental de 40 milhões de euros.

Em setembro, 32.995 professores deverão já saltar de escalão fruto da recuperação de 25% do tempo de serviço e também da anunciada suspensão das vagas que condicionam o acesso ao 5º e 7º escalões enquanto o processo decorrer. Esta foi, aliás, outra das aproximações feitas pelo Ministério às reivindicações dos sindicatos. No primeiro ano de descongelamento, entre setembro deste ano e julho de 2025, serão 67.154 docentes que vão poder subir na carreira.

Ministérios da Educação, Ciência e Inovação
Ministérios da Educação, Ciência e Inovação

Apesar de ter sido rejeitado por cinco dos 12 sindicatos do setor da Educação, o acordo para a recuperação do tempo de serviço dos professores “aplica-se a todos os docentes” afetados, garante fonte oficial do Ministério da Educação, Ciência e Inovação.

“O acordo aplica-se a todos os docentes, independentemente de os sindicatos que o assinarem e de os docentes serem ou não sindicalizados”, assegura a tutela liderada por Fernando Alexandre, em resposta ao ECO.

Na terça-feira passada, o Ministério da Educação chegou a acordo com “sete organizações que representam os professores” – FNE, SIPE, FEPECI, SPLIU, SNPL, FENEI e SIPPEB –, sobre a recuperação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço dos professores congelado desde a troika. De fora ficaram a Fenprof, o SPL, o SEPLEU, a Pró-Ordem e Stop, que preferiram, para já, não assinar o acordo. Algumas organizações sindicais vão avançar com um pedido de reunião suplementar, mas não é expectável que a proposta venha a ser alterada.

O acordo, apelidado de “histórico” e uma “vitória para a escola pública” pelos sete sindicatos que o firmaram, prevê que os professores recuperem 50% do tempo de serviço congelado no espaço de um ano (uma tranche em setembro de 2024 e uma segunda em julho de 2025) e as restantes duas tranches até julho de 2027 (uma a 1 de julho de 2026 e outra a 1 de julho de 2027).

Segundo o Executivo, este acordo “reconhece aos docentes o tempo de serviço contabilizado” através do decreto-lei n.º 74/2023, — implementado pelo anterior Executivo e que impôs mecanismos de aceleração na progressão da carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário, — “salvaguardando que não se verificam situações de duplicação de benefícios na recuperação do tempo de serviço”.

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Miranda Sarmento reuniu-se com presidente do BEI para debater investimentos

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

O ministro das Finanças e a líder da instituição encontraram-se “para aprofundar relações e refletir sobre como o grupo BEI pode reforçar o apoio ao país, através de investimentos estratégicos”.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, reuniu-se esta sexta-feira com a presidente do Banco Europeu de Investimento, Nadia Calviño, tendo debatido formas de reforçar o apoio ao país, com investimentos estratégicos, segundo um comunicado. Assim, o governante e a líder da instituição encontraram-se “para aprofundar relações e refletir sobre como o grupo BEI pode reforçar o apoio ao país, através de investimentos estratégicos”.

Segundo a nota, “esta reflexão centrou-se nas prioridades estratégicas do BEI e nas oportunidades de financiamento para fazer avançar a transição ambiental e digital em Portugal”, bem como “promover a coesão, reforçar a competitividade das PME portuguesas e apoiar o desenvolvimento de infraestruturas fundamentais para o país”. O Governo aponta, neste caso, “a habitação a preços acessíveis, as infraestruturas de ensino ou os transportes sustentáveis”.

Para Joaquim Miranda Sarmento, “o Banco Europeu de Investimento tem sido e é um parceiro determinante para o desenvolvimento e promoção do investimento” no país. “O encontro que tive com a presidente Nadia Calviño foi precisamente no sentido de aprofundar esta relação e parceria estratégica, para que possamos potenciar o investimento em Portugal e acelerar a implementação dos fundos europeus, em particular o PT 2030 e o PRR”, disse, citado na mesma nota das Finanças.

Por sua vez, a presidente do BEI referiu que a instituição é “um parceiro muito próximo de Portugal, apoiando investimentos estratégicos em infraestruturas essenciais, nas áreas da saúde, educação e habitação, bem como no âmbito do seu promissor ecossistema empresarial”. A presidente do BEI, que visita Portugal pela primeira vez, reuniu-se ainda com o ministro da Economia, Pedro Reis, esta quinta-feira.

Tivemos a oportunidade de apresentar em detalhe os eixos do programa de crescimento económico sustentável da economia portuguesa para os próximos anos e de refletir sobre potenciais oportunidades comuns com o BEI, nomeadamente através da parceria com o BPF [Banco Português do Fomento], para acelerar o financiamento e a capitalização de projetos de investimento em vários setores, tanto públicos como privados, com uma forte componente de inovação, mobilidade, transição digital e energética”, referiu o Ministro da Economia, Pedro Reis, citado num outro comunicado, do BEI.

Nadia Calviño reuniu-se ainda com os presidentes das Câmaras do Porto e de Lisboa e com o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes. Os investimentos da instituição em Portugal vão desde o apoio às PME “em domínios tão diversos como as startups tecnológicas, a educação, a hotelaria ou os cuidados de saúde” até aos grandes projetos de infraestruturas críticas para o país, “como o sistema de prevenção de inundações de Lisboa, o novo Hospital Oriental de Lisboa, a melhoria do acesso marítimo ao Porto de Leixões ou a habitação a preços acessíveis em Loures”, disse o BEI.

O BEI lembrou ainda que apoiou “a transição para um modelo energético mais sustentável e seguro, através de projetos de energia eólica como o WindFloat Atlantic, de centrais fotovoltaicas ou da modernização da rede elétrica do país”. No ano passado, o grupo BEI “concedeu 2,1 mil milhões de euros em financiamento a projetos em Portugal”, lembrou o Governo, por sua vez, “o que representa um aumento de mais de 25% em relação ao ano anterior”, sendo que “cerca de metade deste financiamento destinou-se a PME”.

O BEI já assegurou mais de 56 mil milhões de euros para financiamento de projetos desde o início da sua atividade em Portugal. Portugal é um dos principais beneficiários do BEI em termos de Produto Interno Bruto (PIB), tendo o financiamento no ano passado representado cerca de 1% do PIB português, recordou a instituição.

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Tribunal de Haia ordena a Israel suspensão imediata de ofensiva

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

A Comissão Europeia disse que as decisões do Tribunal Internacional de Justiça sobre a suspensão da incursão militar israelita em Rafah "são vinculativas" e "todas as partes têm de obedecer".

O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ordenou esta sexta-feira a Israel que suspenda de imediato as operações militares em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Israel deve “suspender imediatamente a ofensiva militar, bem como qualquer outra ação” em Rafah “que possa infligir ao grupo palestiniano em Gaza condições de vida suscetíveis de provocar a sua destruição física total ou parcial”, segundo o TIJ.

O tribunal com sede em Haia citou as obrigações que incumbem a Israel “por força da Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, e tendo em conta o agravamento das condições de vida dos civis” em Rafah. O TIJ declarou também que Israel deve manter a passagem de Rafah aberta para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza “sem restrições”.

Israel também deve “tomar medidas eficazes para garantir o acesso sem entraves à Faixa de Gaza de qualquer comissão de inquérito, missão de apuramento dos factos ou outro órgão de investigação” mandatado pela ONU “para investigar alegações de genocídio”. O Estado de Israel tem ainda de apresentar um relatório, no prazo de 90 dias, sobre as medidas decididas pelo TIJ.

A decisão foi aprovada por 13 votos a favor e dois contra, anunciou o presidente do TIJ, o libanês Nawaf Salam. A decisão decorre de uma petição da África do Sul apresentada ao TIJ em dezembro, dois meses depois do início da guerra entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas.

Em janeiro, o TIJ, tinha ordenado a Israel que fizesse tudo o que estivesse ao seu alcance para impedir qualquer ato de genocídio e que permitisse a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Face ao agravamento da situação em Rafah, a África do Sul requereu novas medidas ao TIJ, que foram divulgadas hoje na sede do tribunal, nos Países Baixos.

Israel, em reação à decisão do TIJ, disse que a ofensiva em Rafah, não coloca qualquer risco existencial para a “população civil palestiniana”. “Israel não conduziu nem conduzirá operações militares na zona de Rafah que criem condições de vida suscetíveis de implicar a destruição da população civil palestiniana, no total ou em parte”, indica um comunicado comum do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Conselho de Segurança Nacional.

A Comissão Europeia disse, entretanto, que as decisões do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) sobre a suspensão da incursão militar israelita em Rafah “são vinculativas” e “todas as partes têm de obedecer”. “Tomo nota da decisão do TIJ de ordenar a suspensão das operações militares em Rafah e a abertura de um corredor para acesso a apoio humanitário e serviços básicos”, escreveu o comissário para a Gestão de Crises, Janez Lenarčič, na rede social X (antigo Twitter).

“As decisões do TIJ são vinculativas e todas as partes têm de obedecer. Espero uma implementação total e imediata”, completou.

Também o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, sublinhou que as decisões do TPI “são vinculativas”, após a principal instância judicial da ONU ordenar a Israel que cesse a ofensiva no sul de Gaza. “O secretário-geral recorda que, nos termos da Carta e do Estatuto do Tribunal, as decisões do Tribunal são vinculativas e confia que as partes cumprirão devidamente a ordem do Tribunal”, indicou o gabinete do porta-voz de Guterres em comunicado.

Ao contrário do Tribunal Penal Internacional (TPI), também com sede em Haia, que julga indivíduos por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, o TIJ tenta solucionar disputas legais submetidas por Estados. O TIJ é o principal órgão judiciário das Nações Unidas e começou a funcionar em 1946, sendo composto por 15 juízes.

As decisões do TIJ são juridicamente vinculativas, mas o tribunal não tem meios para as fazer cumprir. Israel declarou ao TIJ que um cessar-fogo imposto permitiria aos combatentes do Hamas reagruparem-se e impossibilitaria a libertação dos reféns ainda nas mãos do movimento islamista palestiniano.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que iria convocar uma reunião dos ministros do seu governo para discutir a decisão do TIJ, segundo a agência francesa AFP.

(notícia atualizada às 17h44 com a reação da Comissão)

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Xelerate.tech vai contratar mais de 60 engenheiros até ao final do ano

Luso-alemã Xelerate.tech prevê contratar mais de 60 engenheiros de software até ao final deste ano. Planeia ainda investir em novos setores de tecnologia e mudar de instalações.

Xelerate.tech
Equipa da Xelerate.tech no Porto.24 maio, 2024

Depois de anunciar o investimento de 40 milhões de euros na contratação de equipas de desenvolvimento de software, nos próximos cinco anos, no Porto, a aceleradora de empresas luso-alemã Xelerate.tech prepara-se para contratar mais de 60 engenheiros de software este ano para trabalharem com tecnológicas estrangeiras. Também planeia investir em novos setores de tecnologia e mudar de instalações para dar resposta ao crescente número de companhias estrangeiras que ajuda a instalar na região, avança Martin Zierheim, CEO da Xelerate.tech, ao ECO/Local Online.

“Esperamos contratar mais de 60 engenheiros em 2024 para as nossas mais recentes joint ventures: a Xelerate Markant Portugal (focada no desenvolvimento de plataformas digitais B2B na cloud) e a Advanced Xelerate Tech (especializada no desenvolvimento de produtos SAP)”, adianta o CEO da Xelerate.tech em declarações ao ECO/Local Online.

A luso-alemã Xelerate.tech já ajudou a instalarem-se no Porto a germânica AVL Software and Function – referência mundial no desenvolvimento, simulação e testes na indústria automóvel –, a alemã Advanced Apllication, que desenvolve produtos de software para diversas indústrias, a dinamarquesa ISS World Services e a suíça Markant Services International, com a qual estabeleceu um novo tech hub na cidade, no âmbito de uma joint-venture.

As quatro empresas tiveram um investimento total de cerca de três milhões de euros em 2023. Para 2024 e anos seguintes o objetivo é sucessivamente dobrar o valor do ano anterior”, calcula Martin Zierheim.

Face ao crescimento que tem tido no mercado ao atrair e ajudar cada vez mais companhias estrangeiras a instalarem centros tecnológicos no Porto, a aceleradora de empresas luso-alemã vai em breve mudar de instalações. “O nosso escritório «Xelerate Launch Base» está localizado na zona industrial, e estamos atualmente à procura de um novo espaço de trabalho para acomodar os nossos planos de crescimento“. Enquanto não muda de instalações, empresa está a implementar “um modelo de trabalho híbrido que garante o equilíbrio certo entre flexibilidade individual e a interação entre as equipas das várias áreas”, explica Martin Zierheim.

Esperamos contratar mais de 60 engenheiros em 2024 para as nossas mais recentes joint ventures: a Xelerate Markant Portugal (focada no desenvolvimento de plataformas digitais B2B na cloud) e a Advanced Xelerate Tech (especializada no desenvolvimento de produtos SAP).

Martin Zierheim

CEO da Xelerate.tech

Especializada no set up e gestão de hubs tecnológicos, a Xelerate.tech está em constante crescimento e tem vindo a estabelecer “parcerias sólidas” no Porto. “Criámos joint-ventures com líderes da indústria em vários setores que estão a investir estrategicamente em tecnologia e a aumentar a suas equipas internas de engenharia de software na Europa“, salienta o CEO.

A colaboração que mantinha com a empresa dinamarquesa ISS World Services no estabelecimento de um centro de tecnologia no Porto terminou recentemente. “Em menos de dois anos, passámos da ideia para um centro de tecnologia em funcionamento com 65 talentosos engenheiros”.

Outro exemplo do trabalho da aceleradora de empresas no Porto é a parceria com a germânciaAVL Software andFunctions, a XelerateDigitalcar, onde “as equipas da Xelerate.tech estão a assumir cada vez mais responsabilidade em tecnologias do ramo automóvel de última geração, como engenharia de sistemas, e-charging e cibersegurança automóvel”, descreve Martin Zierheim.

Para o CEO, “atrair os engenheiros mais talentosos é uma luta constante para muitas empresas”. Na hora destas empresas estrangeiras decidirem instalar-se no Porto pesa a existência de universidades de reconhecimento e o facto de ser um centro tecnológico internacional, ter talento na área tecnológica.

Portugal, em geral, tem uma posição de valor excecional para a indústria da tecnologia. A qualidade e a entrega do software desenvolvido é significativamente superior em comparação com outras regiões do mundo, para o mesmo custo e serviço/produto.

Martin Zierheim

CEO da Xelerate.tech

“O Porto desenvolveu um centro tecnológico global de excelência. A cidade fornece uma capacidade de trabalho talentosa e altamente qualificada, juntamente com um sistema educacional e universitário de classe mundial, com a segunda maior taxa de graduados em tecnologia na Europa”, assinala o CEO.

O responsável considera, aliás, que “Portugal, em geral, tem uma posição de valor excecional para a indústria da tecnologia. A qualidade e a entrega do software desenvolvido é significativamente superior em comparação com outras regiões do mundo, para o mesmo custo e serviço/produto”.

Mesmo assim, nota, “o mercado de engenharia de softwareestá sobrelotado, e precisamos de boas estratégias de recrutamento com conhecimento tecnológico para atrair o talento certo”.

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Ministro das Finanças garante que IRS Jovem não “deixa nenhum jovem de fora”

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

Miranda Sarmento disse que a “isenção do PS dava maior desconto no primeiro ano”, enquanto o regime do Governo “pode vigorar para um jovem 10, 15, 20 anos, porque vai desde os 16 até aos 35".

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, garantiu que o IRS Jovem, aprovado esta quinta-feira, “não deixa nenhum jovem de fora” e assegurou que o regime aprovado pelo Governo é melhor do que o do PS.

Em declarações aos jornalistas, à entrada da comemoração dos 70 anos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, o governante disse esta sexta-feira que a medida vai “beneficiar todos os jovens até aos 35 anos com rendimentos de trabalho, dependente e independente”.

“Não deixa de fora nenhum jovem entre os 16 e os 35 anos que tenha rendimentos de trabalho dependente e independente”, assegurou. O governante disse que a medida representa poupanças para todos os rendimentos, incluindo para quem recebe menos de mil euros, lembrando que “o imposto é progressivo”.

Questionado sobre as críticas do PS, que já ameaçou votar contra o regime, Miranda Sarmento disse que a “isenção do PS dava maior desconto no primeiro ano”, enquanto o regime aprovado pelo Governo “pode vigorar para um jovem 10, 15, 20 anos, porque vai desde os 16 até aos 35”. “A esquerda acha que, primeiro, não se deve baixar impostos e, segundo, a partir dos mil euros as pessoas já são ricas”, ironizou.

O regime aprovado na quinta-feira pelo Governo dirige-se aos rendimentos de trabalho (categorias A e B) dos jovens até aos 35 anos que não ultrapassem os 81.199 euros coletáveis anuais, e distingue-se do anterior por, em vez de conceder uma isenção, reduzir as taxas de IRS aplicáveis para um terço do valor das que atualmente são aplicadas aos oito primeiros escalões do imposto.

Assim, e como explicou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, no briefing do Conselho de Ministros, os jovens até aos 35 anos vão passar a pagar uma taxa de IRS entre 4,4% e 15% – sendo esta a taxa máxima aplicável a quem tem rendimentos ao nível do referido 8.º escalão. Para tal, haverá uma tabela com as novas taxas que representam um terço das taxas gerais que estão atualmente no artigo 68.º do código do IRS.

Este modelo distingue-se do anterior em que há um benefício fiscal para os jovens que acabaram de concluir o seu ciclo de estudos e que se traduz num desconto do IRS, prevendo-se uma isenção de 100% do rendimento, até um montante máximo de 40 vezes o indexante de apoios sociais (IAS), no primeiro ano da medida.

No segundo ano, a isenção abrange 75% do rendimento, no terceiro e quarto anos é de 50%, sendo de 25% no quinto e último do benefício – com a redução da isenção a ser acompanhada por uma descida do limite máximo anual de rendimento. O secretário-geral da JS afirmou esta sexta-feira que o PS vai opor-se ao IRS Jovem anunciado pelo Governo caso a proposta não seja alterada e acusou o executivo de pretender enganar a juventude em vésperas de eleições europeias

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Presidente da TotalEnergies diz ser “necessário” pôr em exploração novos campos petrolíferos

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

“A questão não é tanto saber quando é que a procura de petróleo vai começar a baixar, mas quando é que vai baixar mais de 4% ao ano”, afirmou o presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné.

O presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, reiterou esta sexta-feira na assembleia-geral de acionistas da petrolífera, na sede localizada em La Défense, Paris, que é “necessário” pôr em exploração “novos campos petrolíferos”, contrariando assim a pressão dos ativistas. “A questão não é tanto saber quando é que a procura de petróleo vai começar a baixar, mas quando é que vai baixar mais de 4% ao ano”, afirmou o gestor, advertindo que, “nesta fase, a procura de petróleo continua a crescer, bem como a população mundial”.

O presidente da TotalEnergies alertou também aqueles que têm uma posição contrária, que levaria a que os preços do petróleo subissem para “níveis excessivamente elevados que se tornariam rapidamente insuportáveis para as populações dos países emergentes, mas também para a população dos países desenvolvidos”.

Recentemente, Patrick Pouyanné, que também é o presidente executivo da TotalEnergies, criticou “a nova bíblia” em relação às recomendações da Agência Internacional de Energia (AIE), que proíbe todos os novos projetos de petróleo e gás. Antes do início da assembleia-geral, ativistas da Greenpeace desenrolaram uma enorme faixa com a imagem de Patrick Pouyanné na qual se lia “procura-se”.

A faixa foi pendurada num edifício a algumas centenas de metros da sede do grupo, no bairro de La Defense, em Paris, procurando mostrar a ligação entre as políticas estratégicas da petrolífera e as alterações climáticas. A polícia está em força no bairro empresarial e financeiro de La Défense, onde a quarta maior empresa petrolífera do mundo e a maior de França em termos de lucros, que celebra este ano o seu centenário, realiza a sua assembleia-geral anual.

Patrick Pouyanné deverá ser eleito nesta assembleia-geral para mais um mandato à frente da ‘gigante’ TotalEnergies. A petrolífera, que tem atividade em Moçambique, informou que escolheu o seu edifício, uma torre de 48 andares, em vez de um outro local em Paris, para evitar “paralisar um bairro de Paris” – como aconteceu durante a tumultuosa assembleia-geral de 2023, que foi marcada por confrontos entre manifestantes e a polícia.

Um ano depois, a pressão não diminuiu. Nas ruas e nos tribunais, o grupo petrolífero continua debaixo de fogo, com os ativistas a acusarem-no de agravar o aquecimento global e prejudicar a biodiversidade e os Direitos Humanos através das suas atividades petrolíferas e na área do gás.

“Denunciamos a estratégia de expansão da TotalEnergies, que continua a ser orientada para o desenvolvimento de combustíveis fósseis, apesar da sua retórica ecológica”, disse à AFP Edina Ifticene, responsável pela luta contra a energia fóssil da Greenpeace. Este argumento foi partilhado por mais de 300 cientistas, incluindo peritos nomeados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que assinaram um artigo de opinião no Le Monde descrevendo a estratégia da TotalEnergies como “climaticamente destrutiva”.

Na ordem de trabalhos da assembleia-geral, consta a votação da estratégia climática da TotalEnergies, sendo que alguns investidores pedem uma transição energética mais ambiciosa.

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Green is the new black

  • Conteúdo Patrocinado
  • 24 Maio 2024

O “sustentável” é muito mais que moda e incómodo regulatório; é sobretudo uma oportunidade de negócio para as próximas décadas.

Apesar de por vezes “o sustentável” e “o ESG” serem vistos como uma moda e um incómodo regulamentar, a ciência mostra que este é um paradigma que tem de permanecer connosco se queremos assegurar o nosso futuro (mais ou menos) como o conhecemos.

Nesse sentido, a mobilização de Bancos Centrais e instituições supragovernamentais ao longo das últimas décadas tem-se traduzido no acelerar da regulamentação, em particular, climática. Os custos regulatórios são baixos quando comparados com os impactos físicos das alterações climáticas e com o materializar de riscos de transição, cada vez mais inevitáveis e potencialmente mais abruptos à medida que vamos esgotando o nosso orçamento carbónico. Mas estes ainda são desafios considerados longínquos – para já, o foco ainda está nos custos de adaptação regulatória.

Mariana Coelho, Manager EY, Consulting Financial Services

Os bancos têm também sido colocados no papel central em termos de financiamento da transição verde. Este é um caminho que têm percorrido, com hesitação, em particular pelo potencial sacrifício de rentabilidade de curto prazo, pela natureza não vinculativa das expectativas que têm sido emitidas para o setor e pela incerteza na gestão dos riscos climáticos. Além das orientações específicas do setor bancário, também a CSRD levanta inúmeros desafios ao nível da recolha de dados, da avaliação da cadeia de valor ou da análise da dupla materialidade.

Mas… e se escolhermos ver as oportunidades?

Diversos estudos defendem que os millennials (geração nascida entre 1980 e 1996) e os Gen Z (geração nascida desde 1997) são mais sensíveis às alterações climáticas e à componente social dos negócios; estes são os atuais e futuros investidores, empresários e clientes de private banking e de crédito habitação. E são as gerações que ditam a perda da “licença social para operar”.

Interessa, e muito, capturar as oportunidades de negócio que as suas preferências representam para ganhar o negócio para o futuro e garantir a reputação – até porque estas preferências, felizmente, colocam os bancos no bom caminho para capturar as macrotendências e para corresponder ao atual e futuro quadro regulatório (passando por stress tests, Green Asset Ratios, eventuais Green Supporting Factors, entre outros).

A nível mundial, o investimento sustentável teve um crescimento de 20% entre 2020 e 20221. Há mercado para comercializar e emitir ativos sustentáveis, e a procura tem-se mantido considerável, mesmo num contexto de contração do investimento. À medida que os millennials e Gen Z obtêm património, aumentam as oportunidades.

O financiamento da transição e adaptação, um investimento anual mundial que a ONU estima de 1 bilião de dólares2, representa oportunidades inigualáveis de negócio. Um estudo da UE identifica que apenas 35% das PMEs europeias que investiram em projetos de sustentabilidade foram financiadas por bancos3. Também os apoios públicos ao financiamento da transição energética representam oportunidades; por exemplo, a Diretiva Desempenho Energético dos Edifícios, em discussão ao nível do Conselho e do Parlamento Europeu, prevê a necessidade de investimento na eficiência energética de praticamente todos os edifícios, e será previsivelmente acompanhada de apoios europeus.

Há um mundo de oportunidades. Não estamos (só) na moda – green is the new black.

Resumo
Apesar de por vezes o “sustentável” ser visto como pouco mais que uma moda e um incómodo regulamentar, a ciência demonstra que é o novo paradigma que tem de permanecer connosco. As empresas e os bancos têm incerteza sobre como navegar nesta nova realidade. Mas, olhando para além da regulamentação climática, social e de governo, há um mundo de oportunidades de negócio ESG para ganhar as próximas décadas – e os clientes do futuro valorizam a sustentabilidade e vão selecionar as empresas e bancos que correspondem às suas expectativas.

Mariana Coelho, Manager EY, Consulting Financial Services

1 Excluindo USA. GSIA-Report-2022.pdf (gsi-alliance.org)
2 The trillion dollar climate finance challenge (and opportunity) | UN News
3 Platform on Sustainable Finance report on a compendium of market practices (europa.eu)

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Responsáveis de agências noticiosas europeias falam em “transformação” para resistir a mudança

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

"Estamos a fugir um pouco dos clientes de media tradicionais", afirmou o presidente da Lusa, assinalando que tem havido interesse em vender conteúdos a grandes plataformas.

Vários responsáveis de agências noticiosas europeias apontaram sexta-feira, em Lisboa, que está a haver uma transformação na forma de operar destas agências para resistir a mudanças tecnológicas e de recursos humanos.

As agências de notícias estão realmente orientadas para o futuro neste momento. Estão a diversificar, estão a prestar agora muito mais atenção à tecnologia“, disse à Lusa o secretário-geral da Aliança Europeia das Agências de Notícias (EANA), Alexandru Ion Giboi, à margem da conferência europeia da organização.

No segundo e último dia da conferência, que decorreu na sede da Lusa, em Lisboa, Ion Giboi apontou que há diferenças no desenvolvimento entre as várias agências noticiosas, mas “não há uma diferença assim tão grande” nas metas para o futuro.

Entre os principais desafios para o futuro das agências de notícias, o secretário-geral da EANA apontou que o ritmo das mudanças no panorama noticioso tem sido elevado, pelo que estas se têm de adaptar.

“Creio que um sentimento de flexibilidade e orientação para o futuro nas políticas das agências noticiosas deve ser a base para a evolução destas”, defendeu, à margem do debate “O papel das agências noticiosas no panorama mediático contemporâneo”.

A iniciativa contou também com o presidente da EANA e da agência France-Presse (AFP), Fabrice Fries, com o presidente da Lusa, Joaquim Carreira, e com a diretora-geral da agência noticiosa croata HINA, Branka-Gabriela Vojvodic.

No entender de Fabrice Fries, as agências noticiosas “já não estão num ambiente fechado em que apenas dependem de si”.

“A nossa estratégia e estar em locais onde a comunicação social já não vai e investir, especialmente nesses países. Acreditamos que é muito difícil para um órgão de comunicação social cobrir, por exemplo, África, sem subscrever o serviço da AFP. A nossa estratégia não é muito tecnológica, é jornalismo no local”, afirmou o presidente da EANA e da AFP.

Branka-Gabriela Vojvodic assinalou que uma das dificuldades para a agência noticiosa que lidera está relacionada com os recursos humanos. “A nossa média de idades é 54 anos e estamos com algumas dificuldades com jornalistas mais novos. É quase impossível – não encontrar, isso é fácil, porque o jornalismo é ‘sexy’ –, mantê-los”, começou por dizer a diretora-geral da HINA.

A responsável da agência noticiosa croata apontou que além da questão salário, há carreiras no setor da comunicação, como marketing ou relações públicas, com incentivos superiores ao do jornalismo. “Estamos a tentar adaptar-nos”, acrescentou.

Joaquim Carreira apontou que tem havido uma alteração do modelo de clientes. “Estamos a fugir um pouco dos clientes de media tradicionais”, afirmou, assinalando que tem havido interesse em vender conteúdos a grandes plataformas.

Os órgãos locais são pequenos e muito fragmentados. Temos cerca de 4% das empresas que reúnem 90% da faturação e 88% dos lucros. Há empresas muito grandes e muitas, muitas muito pequenas”, referiu, dizendo que há um processo que Portugal tem de fazer para que as empresas mais pequenas também cresçam.

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PS vai pedir documentos à CP e AMT sobre indemnização a atual secretária de Estado

  • Lusa
  • 24 Maio 2024

Em causa está a saída da CP da então administradora e atual secretária de Estado, Cristina Dias, com uma indemnização de cerca de 80.000 euros, para assumir funções como administradora da AMT.

O PS vai pedir à CP – Comboios de Portugal e à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) que envie ao parlamento documentos sobre a saída com indemnização de 80.000 euros da secretária de Estado Cristina Dias.

No documento enviado à Lusa e que vai dar entrada esta sexta no parlamento, o grupo parlamentar socialista pede que seja fornecida aos deputados a cópia do acordo de cessação do contrato de trabalho por acordo mútuo celebrado entre Cristina Dias e a CP, em julho de 2015, bem como a “cópia do excerto da ata do Conselho de Administração da CP onde consta a deliberação da referida cessação de contrato” e onde “consta a deliberação sobre os critérios para elegibilidade de cessação de funções com direito a indemnização”.

Em causa está a saída da CP da então administradora e atual secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Dias, com uma indemnização de cerca de 80.000 euros, para assumir funções como administradora da AMT, por convite do governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.

Na quarta-feira, o ex-diretor da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) Francisco Fortunato, que denunciou o caso em 2015, disse no parlamento que “nenhuma norma foi cumprida” naquele processo e que a indemnização paga pela CP foi um “ato de má gestão, lesivo do interesse público e feito à total revelia dos normativos existentes e da política de austeridade então aplicada pelo Governo à generalidade dos trabalhadores”.

Francisco Fortunato garantiu ainda aos deputados que o tema ficará esclarecido quando receberem a ata da reunião em que foi decidido o pagamento da indemnização. “Os senhores vão ficar surpreendidos”, assegurou.

No pedido de documentação que vai dar entrada no parlamento, o PS pede ainda o parecer dos órgãos internos da CP que foram responsáveis pela apresentação da proposta que foi endereçada ao Conselho de Administração relativa ao pedido de Cristina Dias para a cessação do contrato de trabalho por acordo mútuo, a lista com o número de trabalhadores que rescindiram por mútuo acordo com direito a indemnização, entre 2013 e 2015, bem como o motivo de saída e a indicação do número de pedidos efetuados que não foram aceites pela empresa, por categoria profissional, e o motivo de recusa.

O grupo parlamentar socialista quer ainda conhecer o normativo interno para rescisão por mútuo acordo em vigor naquele ano, documentação onde conste todo o processo de pedido de rescisão por mútuo acordo da secretária de Estado da Mobilidade, a lista com os trabalhadores que saíram da CP sem indemnização entre 2010 e 2015, a lista com os efetivos em excesso na estrutura e a lista com o motivo de rescisão de todos os trabalhadores que saíram com menos de 55 anos, entre 2010 e 2015.

Cristina Pinto Dias

 

Na audição de quarta-feira, Francisco Fortunato lembrou que na altura da saída de Cristina Dias da CP, no âmbito das políticas de austeridade, as rescisões por mútuo acordo nas empresas públicas eram possíveis apenas em casos muito especiais, para pessoas com idade mínima de 55 anos, ou com incapacidade física definitiva para o exercício da atividade profissional, ou nos casos de extinção do posto de trabalho sem possibilidade de reconversão noutras funções.

O PS pede também o envio de detalhes sobre o processo de nomeação de Cristina Dias para o Conselho de Administração da AMT, “incluindo qualquer documentação relevante que justifique esta escolha frente às normas de incompatibilidade vigentes”. “É necessário esclarecer se a Sra. Cristina Dias foi beneficiada em relação a outros funcionários em situações semelhantes, tanto em termos da rapidez do processo quanto do montante da indemnização”, justifica o PS no documento, sublinhando que “este esclarecimento é vital para garantir que não houve tratamento preferencial, salvaguardando a equidade e a justiça administrativa”.

Em 19 de abril, o Correio da Manhã noticiou o caso, após Cristina Dias ter sido anunciada como secretária de Estado da Mobilidade e, no mesmo dia, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, defendeu que a governante recebeu a sua indemnização com base em 18 anos de trabalho na CP e que até se lhe aplicou “o mais baixo dos dois salários que poderia ser ponderado”, como técnica superior e não como administradora, cargo que exercia quando deixou a empresa.

Leitão Amaro referiu também que se trata de uma indemnização “igual a perto de 400 trabalhadores e dentro de um programa aberto durante quatro anos com regras aplicáveis a todos”.

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