Finlandesa Alinor prepara abertura de filial em Portugal

Startup que ajuda as equipas de procurement a fazer pedidos de cotação, com recurso a IA, está a preparar nova ronda de investimento ainda para este ano.

Da esquerda para a direita, Tarek Samy e Dennis von Kraemer, cofundadores da Alinor.

A finlandesa Alinor, plataforma que permite às equipas de procurement nas empresas fazer pedidos de cotação com recurso a Inteligência Artificial, está a preparar a abertura de uma filial em Portugal. Hoje, a startup integra o espaço da Startup Lisboa, mas “no futuro [planeia] expandir para outra localização em Lisboa”. Startup planeia este ano uma nova ronda de investimento.

“Acreditamos que o ecossistema de startups português está todos os anos cada vez mais robusto, a população portuguesa é também proficiente ao nível do domínio do inglês, por isso é fácil comunicar com potenciais parceiros ou clientes no país e construir relações sustentáveis”, Dennis von Kraemer, cofundador da startup finlandesa com Tarek Samy.

“Portugal tem uma série de empresas inovadoras com as quais pretendemos trabalhar, em particular na energia renovável, utilities e outros projetos orientados para outros setores”, comenta o cofundador da startup. “Por agora estamos a utilizar o espaço de incubação da Startup Lisboa, mas no futuro estamos a planear expandir para outra localização em Lisboa“, aponta, sem avançar datas.

Somos uma equipa pequena com uma mão cheia de pessoas mas iremos recrutar mais pessoas até ao final do ano, início do próximo ano depois da nossa próxima ronda de financiamento. Há muitas pessoas talentosas em Portugal e iremos contratar localmente se se enquadrarem com o nosso perfil.

Dennis von Kraemer

Cofundador da Alinor

A startup, que está a desenvolver uma plataforma de procurement com base em IA para “ajudar as empresas a automatizar a forma como criam os requisitos para os fornecedores e fazem pedidos de cotação (RFQ), olha para o mercado nacional como “um hub tech e um mercado de vendas e pretendemos expandir a nossa presença aqui em todos os sentidos”.

Dennis von Kraemer não adianta números sobre o que poderá ser a equipa local da Alinor. “Somos uma equipa pequena com uma mão cheia de pessoas mas iremos recrutar mais pessoas até ao final do ano, início do próximo ano depois da nossa próxima ronda de financiamento”, diz. “Há muitas pessoas talentosas em Portugal e iremos contratar localmente se se enquadrarem com o nosso perfil”, diz.

A última ronda de financiamento, cujo valor não é conhecido, foi em outubro de 2022, segundo a TechCrunch. Dennis von Kraemer admite uma nova ida ao mercado está nos planos, mas também não revela objetivo de angariação de capital. “Levantamos previamente capital e estamos a preparar uma nova ronda no final de outubro ou início de novembro. Não queremos revelar publicamente o valor da ronda.”

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Governo quer reforçar benefício no IRC para empresas que aumentem salários

Benefício em IRC para empresas que aumentem salários não é novidade, mas deve sofrer alterações. Máximo de encargos majoráveis passa de quatro, para cinco vezes o salário mínimo.

O Governo quer reforçar o benefício previsto em sede de IRC para as empresas que aumentem os salários dos seus trabalhadores em linha com os referenciais acordados na Concertação Social. Esta é uma das medidas do acordo sobre a valorização salarial e crescimento económico que o Executivo propôs esta semana aos parceiros sociais.

De acordo com a proposta entregue às confederações empresariais e às centrais sindicais, a que o ECO teve acesso, o Governo quer que os empregadores que assegurem um aumento mínimo de 4,7% do seu salário médio e das remunerações mais baixas beneficiem de uma majoração de 50% dos encargos correspondentes ao aumento salarial, em sede de IRC, sendo o montante máximo dos encargos majoráveis o equivalente a cinco vezes o salário mínimo nacional (4.350 euros, considerando a retribuição mínima já anunciada para 2025).

Importa explicar que já do acordo de rendimentos assinado em 2022 pelo Governo de António Costa com os parceiros sociais constava um benefício semelhante, como forma de apoiar as empresas nos reforços remuneratórios que ficaram previstos. Mas, nesse caso, o montante máximo dos encargos majoráveis era de quatro vezes o salário mínimo nacional (3.280 euros, tendo em conta a retribuição mínima em vigor neste momento).

Ou seja, o Executivo de Luís Montenegro quer agora reforçar esse benefício, numa altura em que as confederações empresariais têm frisado que, para que os salários subam, é preciso que se criem condições para que tal seja sustentável, aliviando, nomeadamente, a carga fiscal.

Outra mudança pretendida pelo atual Governo é que este benefício não fique dependente de uma redução do leque salarial dos trabalhadores.

Atualmente, o Estatuto dos Benefícios Fiscais dita que esta majoração só pode ser aplicada a empresas que não registem aumentos do leque salarial dos trabalhadores face ao ano anterior. No entanto, nas condições de acesso identificadas na proposta apresentada esta semana aos parceiros sociais não há qualquer referência a esse requisito.

A proposta de acordo sobre a valorização salarial foi entregue esta quarta-feira aos parceiros sociais, seguindo-se agora uma série de reuniões entre o Governo e os sindicatos e empresários. A intenção, explicou a ministra do Trabalho, é chegar a um entendimento antes da proposta de Orçamento do Estado para 2025 entrar no Parlamento, o que acontecerá a 10 de outubro.

Além desta medida, está em cima da mesa a isenção fiscal dos prémios de produtividade, mas também apenas para as empresas que aumentem os salários, conforme escreveu o ECO.

Quanto à trajetória dos ordenados, o Governo anunciou, neste âmbito, um aumento de 50 euros do salário mínimo nacional, para 870 euros em 2025, com o objetivo de chegar aos 1.020 euros até 2028.

Quer também que o referencial para os aumentos dos demais salários seja de 4,7% no próximo ano, em linha com o que tinha ficado acordado no acordo de rendimento celebrado em 2022 pelo anterior Governo na Concertação Social.

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Em outubro há preços da energia a mexer. Saiba o que muda

O preço do gás vai subir quase 7% no mercado regulado, e também há subidas no mercado livre. Na fatura da luz, só foram ainda anunciadas subidas por parte da Galp.

Esta terça-feira, 1 de outubro, marca o início do novo “ano gás” – o que normalmente significa uma revisão dos preços. Este ano, a ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos decretou que os preços do gás natural no mercado regulado vão agravar em 6,9% nesta data. No mercado livre, algumas das ofertas de gás também deverão encarecer, como é o caso da Goldenergy e da Endesa. No que toca à eletricidade, a maioria dos comercializadores contactados pelo Capital Verde afirma que vão manter os preços, mas há pelo menos uma exceção anunciada: a Galp.

O mercado regulado do gás, que atualmente tem a tarifa mais acessível para esta energia, vai agravar os preços em média em 6,9% a partir de outubro, o que significa que um casal sem filhos irá pagar mais 88 cêntimos face à fatura anterior, agravando para os 15,66 euros, enquanto um casal com dois filhos receberá uma conta 1,68 euros mais cara, à volta dos 29,75 euros, indica o regulador.

Na altura em que propôs esta revisão, o regulador indicou que este aumento está relacionado com a subida numa das componentes do preço, as tarifas de Acesso às Redes, já que regista uma “ diminuição da procura de gás no mercado nacional, o que resulta num aumento unitário dos custos das infraestruturas”. Estas tarifas aumentaram 49 cêntimos para os consumidores domésticos.

Ora, embora o regulador controle apenas os preços finais do mercado regulado, a subida desta componente relativa às redes também pode ser refletida nas ofertas do mercado livre. Depende da decisão da empresa comercializadora.

Ao Eco/Capital Verde, a EDP Comercial, Goldenergy e a Endesa afirmam que irão refletir nas faturas do gás natural, a partir de 1 de outubro, o custo adicional das tarifas de acesso às redes. Já a Galp vai aumentar o preço do gás natural que fornece, em média, em 16%. A Repsol preferiu não tecer comentários.

Numa simulação de preços, através do site do regulador, para um casal sem filhos a oferta mais acessível é a do mercado regulado, que cobra 15,60 por mês. Segue-se a oferta da Dourogás, nos 18,52 euros, e finalmente da Galp, de 18,63 euros. Olhando ainda a outras das ofertas que aqui foram mencionadas, a EDP Comercial aparece em sexto lugar e a Endesa apenas em oitavo, com ofertas de 19,47 e 21,41 euros, respetivamente. A Goldenergy segue-se à energética espanhola, com uma oferta nos 22,70 euros.

Para um casal com dois filhos, o cenário é semelhante. As primeiras três ofertas, mais atrativas, pertencem ao mercado regulado, Dourogás e Galp, a EDP sobe para a quinta posição e a Endesa e Goldenergy mantêm-se nos oitavo e nono lugares.

Eletricidade estável até final do ano. Galp é exceção

No caso da fatura da luz, o calendário é diferente. É em meados de outubro que é publicada a proposta do regulador para os preços que entrarão em vigor no ano seguinte, e cuja discussão se prolonga até meados de dezembro, quando é conhecida a decisão final.

No entanto, na mesma nota que dirigiu aos clientes em agosto sobre o gás natural, a Galp informou que irá subir já a 1 de outubro os preços da luz que pratica, numa média de 9%. A petrolífera justifica com o “aumento continuado” do custo de compra de energia nos mercados internacionais, tal como avançou a Lusa em agosto.

A EDP Comercial, novamente, indica que não tenciona agravar os preços da eletricidade das suas ofertas. Em paralelo, a Endesa garante igualmente a estabilidade de preços aos seus clientes, pelo menos até ao final do ano. Para os novos clientes, depende da evolução dos mercados grossistas da eletricidade (onde os comercializadores compram a eletricidade aos produtores).

A mesma política de estabilidade vai ser seguida pela Goldenergy em outubro e até dezembro, embora a empresa se declare “atenta” às novas tarifas dos acessos à rede e à evolução natural do mercado. A Repsol também preferiu não adiantar a sua posição neste caso.

Em relação ao próximo ano, a Secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, expressou “preocupação” quanto à hipótese de as tarifas de eletricidade voltarem a subir em janeiro. “Estou preocupada, naturalmente. Há muitas incertezas relativamente aos custos e é preocupante que possa haver um agravamento das tarifas”, disse, à margem de uma conferência sobre energia promovida pelo jornal Eco, em Lisboa.

A governante assinalou ainda que o Governo está “a trabalhar” em medidas que possam servir de almofada no caso de futuras subidas na fatura da luz.

De momento, no mercado elétrico, os preços regulados são a terceira opção mais barata, cobrando 37,76 euros mensais a um casal sem filhos, e a Goldenergy aparece em sexto lugar, com uma oferta de 38,69 euros. A Galp está em oitavo, cobrando 39,47 euros, a Endesa em 10.º, nos 40,64 euros, a Repsol em 14.º e a EDP em 17.º, com uma fatura a ascender aos 44,88 euros. Isto, excluindo ofertas condicionadas ou com fidelização e escolhendo uma tarifa simples (por oposição a bi-horária).

Para um casal com dois filhos, o mercado regulado já conta apenas como a quinta melhor opção, nos 96,40 euros, a Galp está em sétimo, Goldenergy em oitavo, Repsol em nono, Endesa em 13.º e EDP novamente em 17.º, já nos 112,58 euros mensais.

(Notícia atualizada com a informação de que a EDP Comercial irá refletir a subida do valor da tarifa de acesso às redes no preço do gás, em vez de o manter inalterado)

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Bancos contestam Banco de Fomento sobre utilização das linhas InvestEU

Bancos têm dezenas de milhões de euros que não conseguem financiar com a linha InvestEU por estarem em causa empresas com projetos aprovados com fundos do PRR ou PT2030.

Eurico Cid tem um projeto para construir um Entreposto Frigorifico Aduaneiro em Vila Franca de Xira. A câmara municipal já deu luz verde à infraestrutura que vai contar com um milhão de euros de financiamento do Portugal 2030. “É um investimento de sete milhões de euros”, contou ao ECO o gerente da NCLogística.

“O BCP, o Novobanco e a CGD vieram ter connosco para nos propor uma linha que ia sair e que tinha condições muito vantajosas, tendo em conta o prazo de pagamento longo, o período de carência alargado e juros suaves”, recorda. Em causa estão as linhas InvestEU lançadas pelo Banco de Fomento a 5 de julho e que lhe permitiria assegurar as fontes de financiamento adicionais essenciais para a aprovação de uma qualquer candidatura a fundos europeus

No entanto, a 20 de setembro, esta linha ainda não tinha quaisquer operações aprovadas. Porquê? Porque as “operações já financiadas uma vez, ou que se destinem a ser usadas para pré-financiar outras operações com fundos europeus” não são elegíveis para estas linhas, tal como vem descrito nas regras.

“No nosso caso, se não tivermos este apoio, não vamos poder construir o já programado Entreposto Frigorifico Aduaneiro, aprovado pela Câmara de Vila France de Xira”, diz Eurico Cid. “Vamos ter de fechar a empresa, despedir 40 trabalhadores, deixar de apoiar cerca de 70 empresas na exportação dos seus produtos e, perder um milhão de euros já aprovados no Inovação Produtiva 2030”, vaticina o gerente.

Os bancos têm dezenas de milhões de euros não passíveis de financiar com a linha InvestEU do Banco de Fomento, com particular destaque para as sub-linhas de investimento e inovação, por estarem em causa empresas com projetos aprovados com fundos do PRR ou PT2030. Não concordam com a posição do Banco de Fomento e, por isso, solicitaram esclarecimentos sobre esta matéria.

O Banco de Fomento explicou ao ECO que “tem esclarecido as instituições de crédito (bancos) aderentes e as Sociedades de Garantia Mútua (SGM) – de acordo com o estabelecido no Acordo para a Concessão de Garantias Mútuas – InvestEU que não são elegíveis, ao abrigo da presente linha, operações já financiadas uma vez ou que se destinem a ser usadas para pré-financiar outras operações com fundos europeus”.

Não são elegíveis, ao abrigo da presente linha, operações já financiadas uma vez ou que se destinem a ser usadas para pré-financiar outras operações com fundos europeus.

Fonte oficial do BPF

“As empresas que já foram alvo de financiamento comunitário podem beneficiar das Linhas de Garantia BPF InvestEU, desde que os fundos não sejam utilizados para financiar as mesmas despesas de um projeto já apoiado por fundos europeus, ou para pré-financiar despesas que venham a ser posteriormente financiadas por esses mesmos fundos”, acrescentou fonte oficial do Banco de Fomento, precisando que até pediu “à Comissão Europeia clarificações adicionais” tendo em conta “as necessidades do mercado”.

“Em resposta formal, a Comissão Europeia esclareceu que as empresas podem beneficiar de uma garantia ao abrigo das Linhas de Garantia BPF InvestEU, desde que os fundos não sejam utilizados para financiar as mesmas despesas de um projeto já coberto por fundos europeus, ou para pré-financiar despesas que venham a ser posteriormente financiadas por esses mesmos fundos”, disse a mesma fonte, reiterando a informação que já tinha dado ao Jornal Económico.

Assim, “as despesas que já tenham sido, ou venham a ser, financiadas por fundos europeus ou pelo Estado português, não são elegíveis”, concluiu o BPF explicando que o objetivo é “garantir que não ocorra duplo financiamento para as mesmas despesas no âmbito de um único projeto, assegurando a correta aplicação dos apoios”.

Os bancos não se dão por vencidos e contra-argumentam que o duplo financiamento sempre foi proibido em matéria de fundos europeus. Mas no passado isso não impediu que linhas com garantia mútua tenham sido usadas para financiar projetos com apoios europeus. É o caso da Linha Capitalizar 2018 ou de linhas do Banco Europeu de Investimento e do Fundo Europeu de Investimento (BEI MidCaps, FEI Inovação, FEI EGF).

Neste financiamento está em causa a fatia de capitais alheios que todos os projetos de empresas com apoios europeus têm de assegurar. Ao contrário de uma escola ou de um centro de saúde que podem ser apoiados até 100% do investimento, no caso das empresas o incentivo comunitário corresponde apenas a uma fatia do valor global do projeto. Por isso, o presidente a Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR dizia ao ECO que os incentivos da bazuca atribuídos às empresas têm um efeito multiplicador muito superior.

Nas empresas, o apoio europeu incide sobre as despesas elegíveis e raramente ultrapassa os 40% do investimento total. Cerca de um quarto tem de ser assegurado por capitais próprios da empresa e o restante por capitais alheios. É para financiar esta fatia que os bancos queriam utilizar as novas linhas InvestEU.

Embora a restrição que visa evitar o duplo financiamento seja essencial para garantir uma utilização responsável e eficiente dos fundos comunitários, o BPF está a analisar formas de melhorar a operacionalização deste critério.

Fonte oficial do BPF

O Banco de Fomento avançou ao ECO que “está a analisar formas de melhorar a operacionalização deste critério” que visa evitar o duplo financiamento, para assegurar que “as empresas elegíveis possam continuar a beneficiar dos apoios, garantindo ao mesmo tempo a correta elegibilidade dos investimentos e uma cobertura sólida dos financiamentos concedidos”.

O ECO contactou os bancos com maior quota de mercado, mas nenhum quis comentar a questão com exceção da Caixa Geral de Depósitos que confirmou que “já solicitou esclarecimentos ao BPF sobre esta matéria, por ter várias operações que precisam de esclarecimentos”.

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Marcelo admite que tem exercido pressão e influência nas negociações do OE2025

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

O Presidente da República admitiu que tem feito pressão e exercido influência na negociação do Orçamento, argumentando ainda que, por vezes, tem de se abdicar das próprias convicções políticas.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa admitiu hoje que tem feito pressão e exercido influência na negociação do Orçamento do Estado para 2025, argumentando ainda que, por vezes, tem de se abdicar das próprias convicções políticas. “O que tenho feito é, de facto, influência, não nego. Quando dizem ‘mas ele está a fazer influência? Estou a fazer influência. Está a fazer pressão? Estou a fazer pressão‘”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa, frisando que o próximo Orçamento do Estado para 2025 é uma questão de interesse nacional devido à situação da Europa e do mundo.

Em declarações em Cantanhede, distrito de Coimbra, à margem da inauguração do Museu da Arte e do Colecionismo, o chefe de Estado contrariou o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que hoje afirmou, a propósito da negociação do Orçamento, preferir perder eleições a abdicar das suas convicções.

A questão, como imaginam, é do interesse nacional. Ou se considera que há um interesse nacional que explica que o Orçamento passe ou se acha o contrário. Abdicando de convicções, claro, eu abdiquei de convicções, como líder da oposição [quando era presidente do PSD] em muitos pontos, para acertar com o engenheiro Guterres um acordo“, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.

O mesmo se aplica, acrescentou, do lado do Governo: “O Governo tem de perceber que o facto de ter um programa que passou mo Parlamento, não quer dizer que o aplique todo, agora, de imediato. E se tiver que fazer cedências no programa, para tornar possível um acordo, deve fazer cedências no programa“, defendeu o PR.

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Ventura anuncia “dia histórico” na manifestação do Chega contra “imigração descontrolada”

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

O presidente do Chega assinalou "um dia histórico", dizendo que se juntaram "quase três mil pessoas" em Lisboa para se manifestarem contra a imigração que Ventura considera estar descontrolada.

O presidente do Chega afirmou que é “um dia histórico”, dizendo que se juntaram “quase três mil pessoas” em Lisboa para se manifestarem contra a imigração que o partido considera estar descontrolada, apesar das mudanças de regras e do fim das chamadas “manifestações de interesse” e da exigência de autorização no consulado português no país de origem.

“É uma manifestação histórica, no sentido em que é a primeira vez na história de Portugal em que um grande movimento sai à rua para dizer que quer não acabar com a imigração, mas controlo na imigração”, disse, poucos minutos antes do arranque da manifestação, perto das 16h00 em Lisboa.

Ventura não quis responder sobre a presença de elementos de movimentos de extrema-direita, como Mário Machado, dizendo que quis que “toda a gente que venha a esta manifestação venha por bem”, dizendo que houve um grande esforço do Chega para que o protesto seja seguro. “Espero que o Governo, espero que a Assembleia da República, espero que o país perceba, se não pararem a tempo, nós também não pararemos. Este movimento não parará de crescer“, disse. A manifestação arrancou em direção ao Rossio com gritos de “nem mais um, nem mais um”.

À hora prevista para o início da manifestação, juntavam se no jardim da Alameda, em Lisboa, mais de um milhar de pessoas com bandeiras do Chega e de Portugal, que iam gritando o nome do partido e do país e entoando o hino nacional. Em faixas no jardim, lê-se: ‘Nem mais um imigrante ilegal‘ ou ‘chega de bandalheira‘.

Os manifestantes foram chegando, a pé ou em autocarros, entre anónimos, dirigentes, deputados e até um grupo de bombos. No local, há um forte dispositivo policial, com várias carrinhas da policia de intervenção.

Cerca de 20 minutos antes do arranque, chegou ao local o líder do movimento de extrema-direita 1143, Mário Machado, acompanhado de algumas dezenas de pessoas, na maioria vestidos de preto, que se concentraram a alguns metros dos manifestantes e entoaram cânticos como ‘Portugal é nosso e há de ser’.

A Amnistia internacional deslocou também para o local três elementos para observar o protesto, designado pelo Chega “Salvar Portugal”.

Contactada pela Lusa, a Polícia de Segurança Pública (PSP) disse que conta com um reforço policial, “necessário e ajustado”, para acompanhar a manifestação “Salvar Portugal”, marcada pelo Chega contra a imigração, e uma concentração designada “Não Passarão”, promovida por coletivos antifascistas, considerando a possibilidade de se cruzarem, apesar de o parecer que deu à Câmara Municipal de Lisboa, e que foi aceite, foi para que ambas não acontecessem em simultâneo.

A população estrangeira em Portugal aumentou cerca de 33% no ano passado, totalizando mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, segundo um documento apresentado em junho pelo Governo. De acordo com o Governo, a maior parte das autorizações de residência atribuídas em Portugal são para o exercício da atividade profissional. O documento indica ainda que as migrações contribuem para “a revitalização demográfica e o aumento da população ativa”, tendo a maior parte dos estrangeiros residentes em Portugal entre os 25 e os 44 anos. E como já revelou o secretário de Estado-Adjunto da Presidência de Conselho de Ministros, Rui Armindo Freitas, o número de pedidos de imigrantes abrandou de forma significativa depois das mudanças na lei.

Estes dados foram apresentados após o Conselho de Ministros em que foi aprovado o Plano de Ação para as Migrações, tendo, na altura, o primeiro-ministro rejeitado “qualquer ligação direta” entre a “capacidade de acolher imigrantes e aumentos de índices de criminalidade”.

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Aon Portugal reforça equipa com Tiago Boura

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2024

Com uma carreira marcada pela consultoria financeira, Tiago Boura acumula mais de 13 anos de experiência em empresas como KPMG, BPI e Fidelidade.

A Aon, multinacional especializada em gestão de riscos, anuncia a contratação de Tiago Boura para a equipa de Grandes Clientes em Portugal. Com uma vasta experiência no setor financeiro, Boura assume o cargo de Client Partner e terá como missão identificar novas oportunidades e necessidades de negócio e vai colaborar com a equipa de vendas para fortalecer a presença da Aon no mercado nacional.

Tiago Boura, Cliente Partner da Aon Portugal, leva para a empresa experiência profissional de 13 anos no setor financeiro, tendo começado na Eurovida e passado pela KPMG, BPI e Fidelidade.

Carlos Freire, CEO da Aon Portugal, destaca a importância desta contratação, afirmando que a experiência de Tiago Boura “aportará valor à equipa da Aon Portugal e aos nossos clientes, permitindo a criação de maior oferta no mercado. A sua integração permitirá dar resposta às exigências e aos desafios colocados à Aon Portugal e reforçar a nossa aposta na implementação de estratégias competitivas na gestão de risco.

Com uma carreira marcada pela consultoria financeira, Tiago Boura acumula mais de 13 anos de experiência em empresas como KPMG, BPI e Fidelidade. Iniciou a sua carreira na direção financeira da Eurovida, companhia de seguros que pertencia ao Banco Popular.

Recentemente, desempenhava funções de senior manager na PwC, “colaborando maioritariamente com seguradoras do mercado Português em projetos de consultoria, com principal foco em temas de risco, reporting e sustentabilidade.”.

Tiago Boura é licenciado em matemática aplicada à estatística e investigação operacional, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, mestre em matemática financeira pelo ISCTE, possui certificação de analista ESG pela EFFAS, e formação de executivos em modelação de riscos financeiros, da UCP.

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APS divulga anuncia cursos para o mês de outubro

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2024

Associação anunciou formações sobre a digitalização e os impactos da IA no setor, a regularização de sinistros automóvel e de perdas de exploração, distribuição de seguros financeiros, entre outros.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) anunciou os cursos para outubro sobre distribuição de seguros e gestão de sinistros, os impactos da inteligência artificial no setor e a digitalização dos seguros:

  • Seguros Financeiros – Oferta e comercialização está agendado para a manhã de 1 de outubro em formato digital. Destina-se a profissionais do setor segurador e bancário que queiram atualizar os seus conhecimentos no âmbito da distribuição de seguros financeiros. Dar-se-á destaque às principais características e vantagens fiscais destes produtos, “bem como a importância da avaliação das necessidades do cliente” para oferecer soluções personalizadas.
  • Seguro Multirriscos Habitação será em formato híbrido (presencial na sede da APS em Lisboa e online) nas manhãs dos dias 3, 4, 10 e 11 de outubro. Sob lupa vão estar “todos os aspetos do contrato de multirrisco habitação, desde a subscrição até ao sinistro, com base em casos práticos e situações reais”.
  • Inteligência Artificial – Regulamentação e data compliance no setor segurador decorre presencialmente em Lisboa nas manhãs de 4 e 11 de outubro. Esta formação apresenta os principais desafios e oportunidades da IA para o setor segurador, explorando os conceitos jurídicos sobre a IA, e conta com a participação de especialistas da área e “explorar as tendências que estão a moldar o futuro da indústria seguradora”.
  • Bancassurance será lecionado de forma online nas manhãs de 7 a 10 de outubro. Lá serão abordadas as “características fundamentais da distribuição bancassurance e os seus diferentes modelos de gestão”. Os formandos vão ainda ficar a conhecer, ou relembrar, da identificação do público-alvo até à criação de ofertas e desenho de distribuição eficazes. Ao longo do curso, serão analisados “casos reais” e discutir “em grupo um case study”. Também se vai abordar “os principais riscos e os fatores críticos de sucesso” na distribuição bancassurance.
  • Transformação digital em seguros decorre em Lisboa de 9 a 24 de outubro. O curso preparou análises às forças que estão a impulsionar a digitalização de setor e os melhores métodos para adaptar o negócio aos novos desafios tecnológicos. “Ao longo do curso, terá uma abordagem prática, com acesso a formadores experientes e casos reais de aplicação no setor”, refere a associação.
  • MasterClass | Seguro Perdas de Exploração será lecionado presencialmente das 9h00 às 18h00 no dia 16 de outubro. O curso quer que os formandos fiquem a conhecer os principais conceitos das apólices de perdas de exploração, “incluindo as interpretações aceites e em debates, bem como a sua adequação à gestão de riscos”. Também se vai abordar as “particularidades da aplicação da apólice em diferentes setores de atividade”. A academia promete uma “abordagem prática e atualizada”.
  • O seguro automóvel e a regularização de sinistros decorre entre os dias 23 e 24 em Lisboa. Vai abordar os aspetos teóricos e práticos da gestão de sinistros automóveis, desde do seu enquadramento jurídico até a gestão propriamente dita. Os formandos vão analisar “os diferentes protocolos que compõem a Convenção de Regularização de Sinistros”, assim como as fraudes nos sinistros, entre outros temas.

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Extrema-direita vence eleições legislativas na Áustria

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

A extrema-direita venceu as eleições legislativas na Áustria e, a confirmar-se este resultado, está a caminho de uma vitória histórica, segundo as projeções publicadas pela estação pública ORF.

A extrema-direita venceu as eleições legislativas na Áustria e, a confirmar-se este resultado, está a caminho de uma vitória histórica, segundo as projeções publicadas no final do escrutínio pela estação pública ORF.

O Partido da Liberdade (FPÖ) de Herbert Kickl obteve 29,1% dos votos, contra 26,2% dos conservadores (ÖVP) liderados pelo chanceler Karl Nehammer, segundo estas primeiras estimativas baseadas na contagem de uma parte dos votos por correspondência e dos boletins de voto contados nas assembleias de voto encerradas anteriormente.

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Fundação Mapfre tem a concurso 265 mil euros em bolsas para investigação

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2024

A avaliação das candidaturas terá em conta a experiência do investigador ou equipa, qualidade científica, a inovação e a viabilidade do projeto e potencial impacto social das soluções propostas.

Os investigadores em Portugal têm até 7 de outubro para submeter as suas candidaturas às bolsas de investigação Ignacio H. de Larramendi, promovidas pela Fundação Mapfre, instituição sem fins lucrativos criada pela Mapfre. Um total de 265.000 euros estão em jogo para projetos inovadores nas áreas da saúde, dos seguros e da proteção social.

A iniciativa, dirigida a investigadores individuais ou a equipas, visa impulsionar a pesquisa em áreas como a prevenção de doenças, o envelhecimento ativo e a gestão de riscos. As candidaturas podem ser submetidas por investigadores ou equipas de investigação vinculados a universidades, hospitais, empresas ou centros de investigação.

Os projetos na área da saúde podem abordar temas como a prevenção da obesidade, o fomento da atividade física, a educação em primeiros socorros e a gestão da saúde. A Fundação MAPFRE disponibiliza até 30.000 euros por projeto para este tipo de investigação.

Na área dos seguros e da proteção social, as bolsas podem financiar estudos sobre temas como a gestão de riscos, as novas tecnologias no setor segurador e a proteção social na terceira idade. O valor máximo para estes projetos é de 15.000 euros.

A Fundação MAPFRE procura projetos que apresentem soluções inovadoras e que possam gerar um impacto positivo na sociedade. A avaliação das candidaturas terá em conta a experiência do investigador ou equipa, qualidade científica, a inovação e a viabilidade do projeto e potencial impacto social das soluções propostas.

Nota que as candidaturas terminam a 7 de outubro de 2024 às 23h59 (hora espanhola), 22h59 na hora portuguesa. Para mais informações e candidaturas aqui.

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Fitch sobe ‘rating’ de longo prazo da seguradora Fidelidade para A

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

Perfil muito sólido da empresa, a robustez da sua capitalização, o forte desempenho financeiro, a rentabilidade, bem como o menor risco do portfólio de investimentos melhoraram a nota de solidez.

A agência Fitch subiu o ‘rating’ de longo prazo da Fidelidade para A, disse a seguradora em comunicado.

De acordo com a Fitch, a melhoria da classificação de risco (que serve de referência aos investidores quando investem numa empresa) confirma a sua “forte capacidade” em “honrar os compromissos financeiros”.

“Na atribuição deste ‘rating’, a Fitch realçou de forma positiva o perfil muito sólido da empresa, a robustez da sua capitalização, o forte desempenho financeiro, a rentabilidade, bem como o menor risco do portfólio de investimentos da Fidelidade”, refere a seguradora detida pelo grupo chinês Fosun.

A Fitch subiu dois ‘ratings’ da Fidelidade, o IFS — Insurer Financial Strength de A para A+ e o IDR — Issuer Default Rating de A- para A, mantendo a perspetiva positiva (o que dá a indicação de que poderá voltar a rever em alta).

O grupo Fidelidade teve lucros de 180,3 milhões de euros em 2024, mais 2,6% face a 2022.

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Salário mínimo e médio mais próximos. Quais são os riscos?

  • ECO
  • 29 Setembro 2024

O aumento do salário mínimo está a ser superior ao do salário médio. Os economista avaliam os impactos desta evolução das remunerações no mercado de trabalho.

A aproximação do salário mínimo nacional ao salário médio tem riscos, podendo levar a um aumento dos trabalhadores a receber a retribuição mínima e “as progressões ficam muito mais limitadas“, alertam economistas ouvidos pela Lusa.

O Governo entregou na quarta-feira aos parceiros sociais uma proposta para um novo acordo de rendimentos até ao final da legislatura, revendo em alta a trajetória do salário mínimo nacional. De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, o Governo propõe aumentar o salário mínimo para 870 euros brutos no próximo ano, um aumento de 6,1% face aos atuais 820 euros. Propõe ainda chegar aos 920 euros em 2026 (um aumento de 5,7%), aos 970 euros em 2027 (uma subida de 5,4%) e atingir 1.020 euros em 2028 (+5,2%).

Já no que toca ao referencial para o aumento global dos salários (discutidos em negociação coletiva), o executivo mantém os valores previstos no atual acordo de rendimentos (4,7% em 2025 e 4,6% em 2026). Já para 2027 e para 2028, uma vez que a ideia é que o novo acordo contemple toda a legislatura (o atual só vai até 2026), é de 4,5% em cada um desses anos. Com esta trajetória, o objetivo é que o salário médio alcance os 1.886,29 euros em 2028.

Na prática, isto significa que, em termos percentuais, o salário mínimo vai subir sempre acima do referencial do salário médio, o que contribuirá para achatar a curva entre os dois, alertam os economistas ouvidos pela Lusa. “Se o [salário] mínimo sobe a uma taxa superior ao [salário] médio necessariamente vai-se estreitar a diferença do [salário] mínimo e do [salário] médio”, afirma Pedro Braz Teixeira.

Ainda assim, o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade sublinha que esse “diferencial” é inferior “ao que já foi no passado”. “O ritmo de convergência entre o mínimo e o médio existe“, mas é um valor que “vai diminuindo” e “em 2028 fica em 0,7%, já não é muito expressivo“, nota. Em termos comparativos, em 2025 é de 1,4 pontos percentuais.

João Duque considera que “tudo depende de como a iniciativa privada acabar por agarrar este desafio“, dado que vê a subida do salário mínimo como um “estímulo” para as empresas aumentarem “a produtividade, a inovação e a capacidade de valor acrescentado”. Mas admite que essa poderá ser a consequência.

No último ano, a remuneração média até cresceu mais do que aquilo que tinha sido acordado, Foi um ano bastante favorável, quer do ponto de vista do aumento dos salários, quer do ponto de vista do aumento do emprego.

João Cerejeira, Universidade do Minho

A posição é partilhada pelo economista João Cerejeira, que lembra, que, enquanto o salário mínimo é “definido por decreto”, o valor que consta no acordo de rendimentos para o salário médio “é um valor indicativo para as empresas”. “No último ano, a remuneração média até cresceu mais do que aquilo que tinha sido acordado“, acrescenta o professor da Universidade do Minho, notando, que “foi um ano bastante favorável, quer do ponto de vista do aumento dos salários, quer do ponto de vista do aumento do emprego“.

Em 2023, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador aumentou para 1.505 euros, uma subida de 6,6% face ao período homólogo (mais 93 euros).

Por outro lado, o economista Pedro Braz Teixeira alerta que estes aumentos “pressupõem um aumento da produtividade que a economia não tem tido nos últimos anos“, pelo que antevê alguns riscos. Esta tem sido, aliás, uma das críticas das confederações patronais, que avisam que os aumentos salariais têm que ser sustentados em indicadores económicos. Também João Cerejeira “preferia” que a subida do salário mínimo estivesse em parte “condicionada ao crescimento do PIB”.

Numa resposta indireta a estas críticas, no final da última de Concertação Social e depois de ter apresentado esta proposta, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, garantiu que a proposta de acordo é ” também” virada “para o crescimento económico e para a competitividade”.

Neste contexto, Pedro Braz Teixeira avisa que, com a aproximação entre o salário mínimo e o salário médio, “as progressões ficam muito mais limitadas“, dado que a “hipótese de haver aumentos dos salários estreita”.

Por outro lado, para que consigam fazer face ao valor do salário mínimo, as empresas “acabam por aumentar menos os outros trabalhadores” que estão “na proximidade com o salário mínimo porque não há aumentos de produtividade para pagar estes aumentos”, acrescenta.

Se as empresas gastam mais com os trabalhadores que recebem o salário mínimo têm que gastar menos com os outros que ganham pouco mais“, sinaliza. Para o economista, é esse fator que explica que “uma subida tão grande do salário mínimo nos últimos anos” não se tenha traduzido num aumento do desemprego. O impacto, “a ter existido“, é “essencialmente nos preços”, acrescenta João Cerejeira.

“Quando olhamos para os preços dos setores que têm maior percentagem de trabalhadores a receber o salário mínimo, os preços desses setores tendem a aumentar mais do que os preços para a média da economia”. Ou seja, “uma parte muito significativa deste aumento do salário mínimo está a transferir-se para os consumidores“, resume.

Por isso, o que pode “condicionar o sucesso” da revisão em alta do salário mínimo está na trajetória de crescimento da economia portuguesa. Se o país continuar a crescer acima da média europeia, “não haverá consequências no emprego“, antecipa. No entanto, o economista alerta para o abrandamento que se está a verificar em alguns países europeus, nomeadamente na Alemanha, “que acaba por ter reflexos em Portugal”.

“Se as nossas empresas não forem capazes de direcionar as exportações para outros mercados fora da zona euro, com crescimento mais forte, aí sim ficamos mais dependentes da economia europeia e, portanto, o atingir desse objetivo sem haver uma deterioração no mercado de trabalho é mais difícil”, precisa o professor da Universidade do Minho.

Já o professor catedrático e presidente do ISEG realça que a aproximação entre salário mínimo e salário médio “não teria grande mal”, num contexto em que a inflação fosse nula, dado que se conseguiria “manter um poder aquisitivo”. No entanto, “o grande problema é que, muitas vezes o que acontece é que o número de trabalhadores abrangidos pelo salário mínimo nacional aumenta” e, por outro lado, “às vezes é corroído pela inflação”.

“Os prejudicados acabam por ser aqueles que estão a ganhar ligeiramente mais do que o salário mínimo, que ficam a ganhar o salário mínimo e não são aumentados”, refere João Duque, dando como exemplo os setores do turismo e a restauração. Ainda assim, acredita, que “em alguns setores”, como é o caso da saúde ou tecnologia, o salário médio pode subir, em função da “dificuldade” em reter “talento especializado”.

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