Luís Montenegro quer inverter problema geracional do setor agrícola nacional

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

"A Agricultura e as Pescas, todo o nosso setor primário, são estratégicas para o futuro de Portugal", diz Luís Montenegro.

O primeiro-ministro afirmou hoje que é fundamental o país inverter o problema geracional do setor agrícola, considerando que tal é uma ameaça para a soberania alimentar nacional.

“É um problema transversal a todo o setor primário. Precisamos de inverter esta trajetória que, do ponto de vista geracional, coloca em causa a sustentabilidade e a rentabilidade do setor agrícola”, disse Luís Montenegro, nas comemorações dos 75 anos da Agros, União de Cooperativas de Produtores de Leite, sediada na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.

O governante lembrou que o setor do leite representa 9% de todo o valor agrícola, envolve 1999 milhões de euros de volume de negócios e gera mais de 648 mil empregos diretos e indiretos, mas que 60% dos produtores têm mais de 55 anos e só 11% têm menos de 34.

A Agricultura e as Pescas, todo o nosso setor primário, são estratégicas para o futuro de Portugal. Gera-nos capacidade de autonomia alimentar, capacidade de independência do exterior e cria postos de trabalho. Sem uma agricultura forte, não temos capacidade de garantir a coesão territorial”, apontou o primeiro-ministro.

Luís Montenegro mostrou-se “chocado” com o relato feito pelo presidente da Agros, Idalino Leão, de que “há filhos de agricultores que sofrem bullying na escola” pela atividade profissional dos pais.

“Como primeiro-ministro, tenho colaborado para enaltecer e enobrecer a agricultura portuguesa e os agricultores. Não devemos olhar com desdém para os agricultores e seus descendentes, devemos olhar para eles com gratidão e sentido patriótico. Fico chocado por saber que há hostilidade do ponto de vista social sobre os que desenvolvem a sua atividade na agricultura”, completou.

Luís Montenegro notou que “nos últimos anos houve um afastamento entre a administração central e os agricultores”, mas que, ainda assim, “e apesar dos impactos negativos das regras europeias, o país conseguiu aumentar as exportações [agroalimentares]”.

“As orientações que têm sido dadas e que têm sido cumpridas é que o Ministério da Agricultura e Pescas e o Ministério do Ambiente e Energia estejam de mãos dadas. Se conseguirmos tirar esses obstáculos de burocracia, regulamentação e exigências, temos a capacidade de aumentar o valor deste setor”, vincou.

Luís Montenegro mostrou “satisfação por ver que a Europa percebeu que não pode ser ‘mais papistas que o papa’ no conjunto de regras a aplicar aos agricultores”.

“Não podemos ter um conjunto de regras e obrigações tão restritivas, e que encarecem tanto o produto, que gera o absurdo de tirarmos rentabilidade aos nossos agricultores e, ao mesmo tempo, enchermos as prateleiras dos supermercados de produtos de outras geografias que não aplicam as mesmas exigências que cá temos na Europa”, referiu.

O primeiro-ministro, que inaugurou um momento alusivo aos 75 anos da Agros, na sede do organismo, prometeu, por isso, “uma conjugação de esforços para simplificar procedimentos e tirar obstáculos de burocracia” para incentivar “o aumento de valor do setor”.

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Ibersol regista redução de capital para 41,5 milhões

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

A operação tem como objetivo a "libertação de excesso de capital", registando-se ainda uma alteração nos estatutos do grupo.

A Ibersol registou esta sexta-feira uma redução do capital social, para 41,5 milhões de euros, por extinção de 844.759 ações próprias, segundo um comunicado publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta noite.

“Em cumprimento da deliberação aprovada na Assembleia Geral de Acionistas de 26 de maio de 2023” foi realizada “a inscrição, junto da Conservatória do Registo Comercial, mostrando-se concluído o respetivo registo, da redução do capital social da sociedade de 42.359.577 euros para o montante de 41.514.818 euros, por extinção de 844.759 ações próprias”, referiu.

A operação tem como objetivo a “libertação de excesso de capital”, registando-se ainda uma alteração nos estatutos do grupo.

Na nota, a empresa indicou ainda que, em consequência da redução, “o capital social da Ibersol, SGPS S.A. é de 41.514.818 euros, sendo representado por 41.514.818 ações ordinárias, cada uma com o valor nominal de um euro”.

A Ibersol, dona de marcas como a KFC e Pizza Hut, totalizou 15,4 milhões de euros de lucro em 2023, uma descida de mais de 90% em comparação com o ano anterior.

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Rui Rocha diz que partido vai sair mais reforçado após a reunião magna

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

Rui Rocha diz não temer um cenário de divisão interna, tendo em conta a existência de duas propostas de alteração dos estatutos

O líder da IL disse hoje não temer divisões internas na convenção nacional do partido que irá aprovar os estatutos e programa político, alegando que, seja qual for o resultado da reunião magna, o partido sairá reforçado.

“O que acontecer, seja lá o que for, vai ser sempre bom para o partido e vai dar mais energia àqueles que o dirigem, neste momento, para combaterem politicamente e para afirmarem as ideias liberais”, declarou o líder da IL, Rui Rocha, à entrada para a convenção que se iniciou às 11h52 e vai decorrer até domingo no Europarque, em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

O presidente dos liberais considerou que a convenção nacional é um “momento de afirmação” do partido que servirá para discutir instrumentos importantes para que essa afirmação se faça.

O objetivo é “um partido mais ágil, com um programa político mais adequado aos tempos que vivemos e à própria natureza e crescimento que o partido teve nos últimos anos”, acrescentou.

“O partido teve uma trajetória de crescimento e os instrumentos que existem hoje em dia já não são adequados a potenciar o partido no país e a capacitar o partido para fazer mais combate politico e a continuar a trajetória de crescimento”, disse Rui Rocha.

O presidente da IL referiu, contudo, que caso não haja uma alteração aos estatutos, isso não inviabilizará o crescimento do partido.

“Entendo que seria desejável evoluirmos para uma versão dos estatutos mais ágil. Se os membros por acaso assim não entenderem, estes estatutos não são impeditivos do crescimento da Iniciativa Liberal e os factos provam-no”, afirmou.

Rui Rocha disse ainda não temer um cenário de divisão interna, tendo em conta a existência de duas propostas de alteração dos estatutos, uma apresentada pelo Conselho Nacional da IL e uma outra dos opositores internos, afirmando gostar de “concorrência, de discussão”.

“Os unanimismos num partido liberal são algo que por natureza não faz sentido. Portanto, todos os contributos que sejam determinados pelo interesse em promover a discussão no partido, em criar visões alternativas que sejam fundamentadas são bem-vindas, porque trazem diversidade de opinião ao partido”, afirmou.

Independentemente do resultado que possa sair do congresso e da intensidade da discussão que haja, o presidente da IL disse que na segunda-feira estará à frente do partido com “a mesma intensidade e com energia redobrada”, porque o partido sairá reforçado.

Sob o lema “Sempre a Crescer”, o partido reúne até domingo a sua VIII Convenção Nacional no Europarque, em Santa Maria da Feira, para a qual estão cerca de 1.000 membros inscritos, divididos em formato presencial e remoto.

Nesta reunião magna não eletiva serão aprovados estatutos e programa político.

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Reunião magna arranca hoje para mudar estatutos e programa político da IL

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

Sob o lema "Sempre a Crescer", a IL reúne até domingo a sua VIII Convenção Nacional no Europarque, em Santa Maria da Feira, para a qual estão cerca de 1.000 membros inscritos.

A Convenção Nacional da IL, que vai aprovar estatutos e programa político sem eleger os órgãos nacionais, decorre a partir de hoje e até domingo em Santa Maria da Feira com a participação de cerca de mil membros.

Esta reunião magna do partido liderado por Rui Rocha começa esta manhã, pelas 10h00, após a anulação do primeiro dia que estava inicialmente previsto, a sexta-feira, devido à coincidência com o jogo da seleção nacional de futebol para os quartos-de-final do Euro2024.

Sob o lema “Sempre a Crescer”, o partido reúne até domingo a sua VIII Convenção Nacional no Europarque, em Santa Maria da Feira, para a qual estão cerca de 1.000 membros inscritos, divididos em formato presencial e remoto.

Nesta reunião magna não eletiva serão aprovados estatutos e programa político.

Apesar de não haver alterações na presidência do partido resta saber se a oposição interna a Rui Rocha, que tem sido encabeçada pelo antigo candidato presidencial apoiado pela IL Tiago Mayan Gonçalves, vai aproveitar esta convenção para criticar a atual liderança.

Um dos temas que divide já a atual direção e a oposição é precisamente a alteração dos estatutos, em relação à qual haverá duas propostas em discussão e em votação pelos liberais: uma apresentada pelo Conselho Nacional da IL e uma outra dos opositores internos.

No caso da proposta de alteração de estatutos apresentada pelo Conselho Nacional da IL está prevista a criação da Mesa do Conselho Nacional, um novo órgão, e que a Comissão Executiva passe a ter o poder de aprovar as candidaturas a eleições.

Já a da oposição interna, apresentada pela iniciativa “Estatutos + Liberais”, e assinada por 211 membros entre os quais Tiago Mayan Gonçalves, propõe uma alteração dos estatutos que prevê uma maior descentralização do partido, com mais poderes deliberativos para os núcleos territoriais, e menos poderes para a Comissão Executiva.

No caso do programa político, é a primeira vez que este documento vai ser alterado já que este se mantinha sem qualquer mudança desde a fundação da IL, adiantou o partido.

Segundo a informação disponibilizada, os trabalhos começam hoje pelas 10h00, com aquilo que a IL designou como “Breakout Rooms”, “um conjunto de sessões de formação e apresentações dedicadas à atividade política da Iniciativa Liberal, como o portal liberal e temas autárquicos”.

Em termos de sessão plenária, esta arranca pelas 11:00 e, para as 13:00, está marcado o discurso de Rui Rocha. Na tarde e noite de hoje volta a haver sessão plenária de membros e novos “Breakout Rooms”.

Já no domingo, continuam as sessões de formação dedicadas à comunicação, ao círculo de compensação e aos programas eleitorais e para as 11:00 está marcada a sessão plenária de membros, estando o encerramento previsto para as 16:00 com um discurso do presidente do partido.

Cerca de um mês depois das legislativas antecipadas de março – quando a IL manteve os mesmos oito deputados e teve mais cerca de 46 mil votos, mas falhou o objetivo eleitoral que tinha sido fixado por Rui Rocha – Tiago Mayan Gonçalves apresentou, sob o lema “Unidos pelo liberalismo”, um manifesto “de coragem, inovação e liberdade”, cuja primeira promessa é “refundar o partido em valores e princípios liberais”.

Nessa altura, o antigo candidato às eleições presidenciais Tiago Mayan Gonçalves disse que, quando houver eleições na IL, estaria pronto para encabeçar uma candidatura à liderança, apresentando juntamente com duas centenas de liberais este manifesto para refundar o partido.

Nas recentes eleições europeias, o antigo líder da IL e cabeça de lista, João Cotrim de Figueiredo, foi o primeiro deputado do partido na Assembleia da República, em 2019, e repetiu agora o feito para o Parlamento Europeu.

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Integração leva emigrantes portugueses em França a votar na extrema-direita

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

"França é dos principais países europeus que recebeu menos imigrantes nos últimos 20 anos" e "não há outro país que expulse tantos imigrantes ilegais", aponta investigador italiano.

O investigador italiano Ettore Recchi, da Sciences Po (França), considera que o voto de muitos emigrantes portugueses na extrema-direita nas eleições francesas no domingo resulta do “nível de assimilação” da comunidade.

“Os portugueses de segunda geração são das comunidades mais assimiladas ao contrário de outras comunidades, como os argelinos ou marroquinos. Não conheço imigrantes argelinos ou marroquinos que votem na União Nacional”, afirmou à Lusa Ettore Recchi, salientando que existem fortes diferenças nas opções políticas entre as comunidades de países europeus e de fora da Europa.

“Tudo depende do nível de assimilação”, precisou. O “maior exemplo é o candidato a primeiro-ministro da União Nacional, que é um italiano de segunda geração”, disse, referindo-se a Jordan Bardella.

O tema da imigração permanece muito relevante em França, considerou o sociólogo, que esteve em Lisboa por ocasião da XXI Conferência Anual da Imiscoe (International Migration Research Network, na sigla inglesa), a maior rede mundial de investigadores sobre migrações.

No entanto, afirmou, que a “França é dos principais países europeus que recebeu menos imigrantes nos últimos 20 anos” e “não há outro país que expulse tantos imigrantes ilegais”, considerando que não há um agravamento da situação relacionada com o tema.

“Esse discurso anti-imigração faria mais sentido noutros países”, afirmou, mas a União Nacional, de Marine Le Pen, continua a insistir no tema, que é uma das marcas identitárias do partido de extrema-direita.

“Há uma ideia que permanece desde a fundação [da antiga Frente Nacional] que é dar uma prioridade aos franceses nos apoios sociais”, mas agora a “novidade é penalizar a dupla nacionalidade na contratação pública, o que viola as normas europeias” e pode afastar muitos imigrantes de segunda geração de cargos públicos.

O crescimento da extrema-direita em França revela, no seu entender, uma “grande fratura entre Paris e o resto de França, entre o cosmopolitismo das grandes cidades e os meios locais”, mostrando um país que “não se revê nas elites que estão no poder, numa dialética que opõe os dois lados e cria ressentimento, também associado aos processos de globalização”.

“Paris tornou-se numa cidade global e o resto do país é provinciano”, salientou Ettore Recchi.

Hoje, em França como no resto do mundo, a extrema-direita usa uma linguagem inspirada no discurso da esquerda, mas sem referir classes sociais, preferindo conceitos como “etnicidade” ou “patriotismo”.

“Querem atingir as classes média-baixa ou os mais pobres, mas não querem utilizar expressões como classe ou questões sociais porque isso é uma linguagem mais da esquerda. E tentam defender esses grupos usando a etnicidade como forma de interpretar o mundo”, explicou Ettore Recchi.

O investigador considerou ainda que “eles dizem defender os mais pobres e excluídos, assumindo uma justificação cultural contra ameaças do exterior”, para “não colocar em causa o sistema social vigente”.

As legislativas francesas, que deveriam acontecer apenas em 2027 foram convocadas de forma surpreendente por Emmanuel Macron, após a derrota do seu partido (Renascimento) e a acentuada subida da União Nacional (extrema-direita), nas eleições para o Parlamento Europeu de 09 de junho.

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Inspeção do Ambiente identifica 3.790 captações de águas para consumo humano fora da lei

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

A ministra do Ambiente, Maria Graça Carvalho, determinou a reposição da legalidade no prazo de seis meses.

A inspeção do Ambiente identificou 3.790 captações de águas para abastecimento público, no continente, em desconformidade com diplomas de proteção dos recursos hídricos e a ministra do Ambiente determinou a reposição da legalidade no prazo de seis meses.

Foram identificadas 3.790 captações de águas subterrâneas destinadas ao abastecimento público para consumo humano no território continental português, executadas à revelia do disposto” no decreto-lei n.º 382/99 e do Regime de Utilização dos Recursos Hídricos (RURH), concluiu um relatório da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT).

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, homologou, em 27 de junho, o relatório de avaliação do cumprimento do diploma que estabelece perímetros de proteção para captações destinadas ao abastecimento público, e determinou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que, “no prazo de seis meses, promova todas as diligências necessárias” para reposição da legalidade.

A governante ordenou ainda que a APA apresente “à tutela um plano de ação sancionatório, cautelar e reintegrador da legalidade no prazo de um mês e reporte bimensal das ações tomadas”.

No relatório, a que a Lusa teve acesso, datado de janeiro, a IGAMAOT acrescentou que os dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), relativos a 2021, revelam um número ainda mais expressivo de captações desprovidas de título de utilização de recursos hídricos (TURH) – 4.649 –, “o que terá reflexos na extração de cerca de 173 milhões de metros cúbicos [m3] de água, com origem em captações subterrâneas, destinada a consumo humano ‘não licenciadas’, o que equivale a cerca de 27% do volume total captado nesse ano”.

Nesse sentido, recomendou que a APA demonstrasse ter encetado “à reintegração da legalidade de todas as captações que delas carecem no prazo” determinado pelo titular do Ambiente, e “sancionamento contraordenacional das entidades gestoras que mantêm, à revelia da lei, captações de água subterrânea” para abastecimento público, “no prazo de 60 dias após a homologação do relatório”.

A inspeção concluiu ainda que os dados da APA e da ERSAR apresentam “lapsos e lacunas diversas, não são relacionáveis entre si, nem sequer comparáveis, dada a falta de uniformidade até mesmo na denominação de uma mesma captação”.

Além da demora na análise, a IGAMAOT salientou que “a sua falta de qualidade condicionou a definição da amostra” para avaliação de interdições e condicionamentos decorrentes da aprovação dos perímetros de proteção.

Assim, recomendou às duas entidades para verificarem as suas bases de dados, procederem às retificações adequadas, e pugnando por “mecanismos de interoperabilidade”, tendo em vista a conformação das origens de água subterrânea às exigências jurídico-administrativas impostas pela lei.

O decreto-lei e o RURH regulamentam a delimitação dos perímetros, estabelecendo condicionalismos ao uso, ocupação e transformação do solo, que podem ser de interdição ou condicionamento de atividades, em função das características dos aquíferos.

Os perímetros, de identificação obrigatória nos planos territoriais, podem ter uma zona de proteção imediata, contígua à captação, vedada, limpa e identificada, onde são interditadas todas as atividades, acrescida nas captações para mais de 500 habitantes ou caudal superior a 100 m3/dia de proteção intermédia, alargada ou especial, nesta com interdição de atividades ou instalações.

O relatório indicou que apenas 103 de 278 municípios no continente delimitaram captações identificadas pela APA no Plano Diretor Municipal (PDM) e que 82 municípios devem alterar esse instrumento de ordenamento do território.

Os inspetores apontaram que só 21 dos 103 municípios com perímetros de proteção aprovados fizeram constar nas plantas de condicionantes dos PDM as servidões administrativas, “não estando, por conseguinte, assegurado o cumprimento dos condicionamentos ao uso, ocupação e transformação do solo” nos restantes.

A IGAMAOT recomendou à APA, em articulação com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), para transmitir aos municípios a obrigatoriedade de procederem à alteração dos PDM, com identificação dos “perímetros de proteção delimitados, com a conformação” nos atos de criação, informando das diligências desenvolvidas.

Na fase de contraditório, a APA disse estar a tentar ultrapassar “questões legais complexas” relacionadas com a emissão de TURH para algumas captações, de águas subterrâneas particulares, mas para os inspetores isso não explica a inexistência de perímetros de proteção definidos para esses títulos, quando a agência é a Autoridade Nacional da Água e a lei admite a expropriação e indemnização para servidões por interesse público.

A ERSAR, por seu lado, relevou a publicação do decreto-lei 69/2023, que exige a georreferenciação das captações e envio à APA, juntamente com dados de monitorização, impondo à agência a cartografia dos perímetros de proteção e articulação com a entidade reguladora na partilha dos dados de geolocalização.

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Associação Zero contesta central solar em Ferreira do Alentejo e avaliação ambiental

  • Lusa
  • 6 Julho 2024

A central, promovida pela empresa Qsun Portugal 4, "vai afetar uma área global de cerca de 500 hectares, na qual mais de 200 hectares serão ocupados por painéis e outras estruturas".

A associação ambientalista Zero contestou hoje a construção de uma central solar fotovoltaica em Ferreira do Alentejo (Beja), por afetar uma zona rica em termos geológicos e botânicos, e criticou o processo de avaliação ambiental do projeto.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a Zero explicou que a central, promovida pela empresa Qsun Portugal 4, “vai afetar uma área global de cerca de 500 hectares, na qual mais de 200 hectares serão ocupados por painéis e outras estruturas”.

O projeto, que já tinha sido alvo de uma primeira avaliação de impacte ambiental (AIA), no ano passado, foi entretanto reformulado e objeto de novo procedimento de AIA, cuja consulta pública decorreu entre os dias 15 e 26 de janeiro.

O processo culminou com a obtenção pela empresa promotora da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada, datada de 23 de fevereiro, o que dá ‘luz verde’ ao projeto.

Para a Zero, que disse ter participado nas duas consultas públicas ambientais sobre o projeto, mas “só agora” ter tomado conhecimento da decisão final, esta “representa mais uma triste notícia para a conservação da natureza”.

A associação manifestou “sérias dúvidas sobre a data de disponibilização ao público [desta mesma decisão] na página do Sistema de Informação sobre Avaliação de Impacte Ambiental”.

Em declarações à agência Lusa, José Paulo Martins, da Zero, disse que “o documento que consubstancia esta decisão [apesar de emitido em 23 de fevereiro] tem menção a uma data do mês de junho”, enquanto “o Relatório da Consulta Pública só foi disponibilizado esta sexta-feira” e não está “sequer ainda disponível o Parecer Final da Comissão de Avaliação”.

“E o portal do Participa [www.participa.pt] indica o processo como tendo sido encerrado esta quinta-feira, dia em que os participantes da fase de consulta pública começaram a ser notificados, o que também é estranho”, acrescentou.

Para José Paulo Martins, “tudo isto consubstancia uma situação de falta de transparência no processo” e “põe em causa a capacidade de entidades e cidadãos interessados poderem impugnar o processo, por falta de informação atempada e por ultrapassagem de prazos legais”.

No comunicado, os ambientalistas referiram que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) reconhece na DIA que, na zona de implantação da central, apesar do projeto reformulado, verificam-se “ainda impactes negativos, de magnitude similar, sobre espécies ameaçadas e sobre o seu habitat potencial”.

Na mesma declaração, a APA disse que “considerando a unicidade deste habitat e da localização da espécie Onosma tricerosperma subsp. tricerosperma considera-se que a modificação do projeto […] não é compatível com o objetivo da conservação destas áreas, podendo contribuir para o desaparecimento da espécie em território nacional”.

Seria, pois, “expectável uma decisão negativa”, de acordo com a Zero, que acusou a APA de surpreender “com uma decisão favorável, condicionada a modificações substanciais ao projeto já, supostamente, em fase final”.

José Paulo Martins frisou à Lusa que a central está prevista para uma zona de afloramentos rochosos dos Gabros de Beja, conhecida como a Serra do Paço, no limite com o concelho vizinho de Beja.

“Com tanto sítio, querem fazer a central nesta zona dos ‘Gabros’, que são rochas plutónicas básicas e que constituem uma formação geológica rara no contexto ibérico”, afirmou.

E, além disso, devido a esta especificidade geológica, existe na zona “uma grande riqueza botânica”, porque “este tipo de solos tem características que permitem acolher espécies que só conseguem viver ali. É uma zona única e das mais ricas do ponto de vista botânico no Baixo Alentejo “, alertou.

Segundo a Zero, “apesar das áreas menos sensíveis para a instalação de projetos de energia renovável estarem mapeadas em vários cenários”, volta-se a aprovar “mais uma central solar localizada totalmente em área sensível do ponto de vista ambiental”.

“A solução encontrada para conciliar o inconciliável foi a fragmentação da área com valor conservacionista, numa espécie de ‘conservação em canteiros’, que começa a ser uma prática em muitos projetos sujeitos a AIA”, criticou a associação.

Aludindo a casos semelhantes, a Zero alegou que, “mais uma vez, fica demonstrado que “autoridades ambientais parecem mais interessadas em garantir a viabilização [do projeto] a todo custo, mesmo que isso signifique a destruição de uma das mais importantes áreas para a conservação da geodiversidade e da biodiversidade em Portugal”.

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#22 O adeus de Portugal, Pepe e Ronaldo debaixo dos holofotes e a “morte” da Fénix

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

Portugal não fez um bom Euro, mas também não terminou propriamente mal. Há várias interpretações. No que toca ao futebol apresentado, o nível foi muito pobre quando comparado ao potencial e qualidade existente (evidente perante a Geórgia e Eslovénia). No que toca ao resultado final, perder desta forma com a França nos quartos-de-final em grandes penalidades não é uma nódoa feia, embora houvesse mais que jogadores para vencer o torneio. Destacar que foi porventura a melhor exibição de Portugal neste Euro 2024 e lutou até ao fim. Diogo Costa, Pepe, Nuno Mendes e Vitinha saem como heróis de Portugal nesta competição. E o coração dos milhões de adeptos portugueses também, porque não foi fácil. António Variações tinha razão.

Os 3 Cantos do Portugal x França

Portugal entrou na Arena para… lutar

Se Portugal quisesse eliminar a França sabia que tinha de roçar a perfeição no plano defensivo. E por aí andou. A Seleção de Roberto Martínez esteve mesmo à altura e lutou com o que tinha, mostrando solidez e concentração. Rúben Dias e Pepe (sobretudo) lideraram a linha defensiva, com João Cancelo e Nuno Mendes (uma das melhores exibições da sua carreira) em grande forma. O lateral do PSG foi monstruoso. No geral, Portugal conseguiu anular muitas oportunidades da França e levou a decisão para as grandes penalidades. O que Pepe fez contra Marcus Thuram não tem explicação. O problema é que, do outro lado, também não é fácil superar.

O Adeus de Pepe e Cristiano Ronaldo aos Europeus

Pepe e Cristiano Ronaldo são porventura os dois nomes mais mediáticos da Seleção de Portugal e os holofotes ainda estiveram mais intensos, visto que foi o último Campeonato da Europa de ambos. A imagem que deixam, contudo, é distinta. Pepe sai como um guerreiro. Um líder que deu tudo em campo e, aos 41 anos, contou com exibições irrepreensíveis, terminando sendo possivelmente o melhor defesa-central português da história. Já Cristiano Ronaldo acaba com críticas e com uma mancha no seu currículo. O futebol e a vida são por vezes injustos e o declínio do maior jogador português da história é real. Ainda havia muitos que acreditavam na redenção, mas infelizmente não é um filme. É a vida e o que está a acontecer ao Cristiano é nada mais, nada menos do que as consequências naturais do tempo. Ainda assim, por tudo o que nos deu e há que agradecer, custa reconhecer/aceitar que a sua presença pode afetar mais do que contribuir. É hora.

João Félix e o “remorrer” nas cinzas

João Félix pode ser criticado, mas não merece ser crucificado em praça pública. É verdade que falhou penálti e Portugal foi eliminado do Euro 2024, mas será Félix o principal culpado ou o último fio de uma teia repleta de erros? Um jogador – que provavelmente não está nas melhores capacidades psicológicas e mal teve minutos durante este torneio que de um modo geral foi condenado por uma gestão danosa de Roberto Martínez – é colocado sob gigante pressão. Quem tomou essa decisão? Falhar faz parte (vê-se o penálti falhado de Cristiano Ronaldo) e podemos criticar, mas não podemos colocar todas as responsabilidades e o fracasso de um coletivo em cima de um jogador.

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Depois do “pacotão”, startups e fundos pedem mais medidas ao Governo

Medidas de incentivo ao investimento nacional privado em private equity e em VC e reformular programa de stock options são algumas das recomendações após ser conhecido o pacote para acelerar economia.

Na hora de dar uma nota ao pacote de medidas do Governo para acelerar a economia, o ecossistema de empreendedorismo divide-se entre o “muito positivo” e o “mediano”, mas são unânimes num pedido: há que acelerar o passo da implementação das medidas e carregar a fundo no processo de desburocratização para que o impacto pretendido chegue ao mercado.

“Após um anúncio da envergadura deste Programa, o mais importante é assegurar a implementação eficaz e célere das medidas, de forma clara e desburocratizada, para que sejam realmente transformadoras para o ecossistema early stage e permitam aos empreendedores baseados em Portugal um ambiente facilitador dos seus projetos e da sua ambição”, aponta Lurdes Gramaxo, presidente da Investors Portugal e partner da Bynd VC.

“Um passo na direção certa” é como António Dias Martins avalia o “Programa Acelerar a Economia”. “Estas medidas endereçam algumas das preocupações e desafios colocados ao Governo por representantes dos principais atores do ecossistema, incluindo a Startup Portugal, no sentido de fomentar um ambiente favorável ao empreendedorismo e à inovação, e são um sinal positivo para o ecossistema empreendedor em Portugal, mostrando um compromisso e aposta sólida no mesmos”, considera o diretor executivo da Startup Portugal, organização sem fins lucrativos que esteve envolvida, por exemplo, no desenho da chamada Lei das Startups.

Após um anúncio da envergadura deste Programa, o mais importante é assegurar a implementação eficaz e célere das medidas, de forma clara e desburocratizada, para que sejam realmente transformadoras para o ecossistema early stage e permitam aos empreendedores baseados em Portugal um ambiente facilitador dos seus projetos e da sua ambição.

Lurdes Gramaxo

Presidente da Investors Portugal e partner da Bynd VC

Miguel Santo Amaro deixa um alerta à navegação no pós-anúncio do ‘pacotão’. “Sublinho a necessidade urgente de estabelecer uma estratégia a longo prazo para startups e scaleups portuguesas, adaptando-as ao ambiente competitivo global”, diz o fundador da Coverflex, scaleup que já está a operar em Espanha e Itália, depois de ter fechado uma ronda de 15 milhões.

“É essencial melhorar a literacia financeira da população e reformular o programa de stock options (garantindo a elegibilidade de todos os fundadores e rever o período de detenção exigido aos trabalhadores), transformando-o num verdadeiro elevador social que contribua significativamente para a economia e a sociedade portuguesa”, atira o fundador.

O que diz o ecossistema do ‘pacotão’

Do conjunto de 60 medidas anunciado pelo Executivoalgumas delas visando especificamente o ecossistema de empreendedorismo –, Lurdes Gramaxo destaca as “relacionadas com a dedução fiscal das mais-valias obtidas por pessoas singulares na capitalização de empresas, o alargamento da participation exemption ou a dedutibilidade do goodwill”, que classifica como “fundamentais para atrair mais capital para o empreendedorismo e dinamizar o setor empresarial, especialmente porque fomentam a concentração de empresas, possibilitando maior escala e mais competitividade.”

“As promessas de um novo regime de atração de talento são especialmente importantes para não só atrair talento internacional, como também para promover a retenção do talento nacional”, realça ainda a presidente da associação de fundos de investimento em early stage.

Miguel Alves Ribeiro não se mostra tão entusiasmado com a bondade do regime de atração de talento anunciado. O IFICI+ – medida inspirada no regime dos residentes não habituais, eliminado no ano passado pelo Executivo liderado pelo PS – prevê taxar apenas 20% rendimentos de trabalho obtidos, em Portugal, por cientistas e investigadores não residentes, estrangeiros ou emigrantes portugueses, que não moram no país há pelo menos cinco anos.

Mais do que implementar iniciativas para atrair talento estrangeiro — algo que é importante para trazer diversidade e mais know-how —, acredito que devemos focar em reter o talento nacional”, atira o fundador da sheerMe. “Portugal possui profissionais incríveis, mas os incentivos atuais dão prioridade à atração de estrangeiros, em vez de oferecer melhores condições aos nossos brilhantes profissionais, mantendo-os no país para contribuir com o crescimento nacional”, continua.

“Os incentivos do Estado parecem desalinhados com as necessidades dos portugueses, que buscam pagar menos impostos, receber salários que permitam cobrir o custo de vida, como aluguer e compra de imóveis, e, em última análise, ter uma vida melhor”, reforça. “Parece que estamos a incentivar as pessoas a deixar Portugal por alguns anos para depois voltar com benefícios”, critica o cofundador da scaleup já com operação no Brasil e Espanha.

Os incentivos do Estado parecem desalinhados com as necessidades dos portugueses, que buscam pagar menos impostos, receber salários que permitam cobrir o custo de vida, como aluguer e compra de imóveis, e, em última análise, ter uma vida melhor. (…) Parece que estamos a incentivar as pessoas a deixar Portugal por alguns anos para depois voltar com benefícios.

Miguel Alves Ribeiro

Cofundador da sheerMe

O SIFIDE podia ser uma forma de incentivar a vinda de talento no país, mas também a fixação de portugueses, combatendo a fuga de cérebros. “Todas as empresas que têm SIFIDE e têm esse certificado deveriam ter benefícios de contratação quer seja nacional ou internacional. Isso faz sentido e ajudaria a trazer e manter talento”, defende Miguel Alves Ribeiro.

O reforço dos fundos SIFIDE está entre as mexidas feitas pelo Governo visando dar maior liquidez ao ecossistema. Embora, considere que há “alterações que poderão ser positivas” — como é o caso do “alargamento dos prazos de investimento de três para cinco anos, um timing mais apropriado ao ritmo de investimento das empresas e aos períodos de investimento dos fundos” –, Stephan de Moraes, recém-eleito presidente da Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI), considera que há ainda trabalho por fazer para dar nova força a este mecanismo.

Deveriam ser introduzidas outras medidas para impedir distorções de mercado, convocar mais capital privado que não seja mera poupança fiscal e alinhar interesses para tornar as empresas portuguesas mais inovadoras e competitivas”, diz.

“O SIFIDE tem de ser um instrumento mais equilibrado, com os incentivos corretos e mais úteis ao país. Já transmitimos ao Governo a nossa disponibilidade para colaborar na definição das melhorias adicionais que são necessárias”, reforça o responsável da associação que reúne ramos da indústria dedicados ao private equity, ao venture capital e aos Fundos de Reestruturação.

O SIFIDE tem de ser um instrumento mais equilibrado, com os incentivos corretos e mais úteis ao país. Já transmitimos ao Governo a nossa disponibilidade para colaborar na definição das melhorias adicionais que são necessárias.

Stephan de Moraes

Presidente da APCRI

O anúncio de um novo fundo de investimento de deep tech, com foco na sustentabilidade, é também olhado como “positivo” pelo presidente da APCRI. “A questão é que a maior ou menor possibilidade de sucesso desse fundo dependerá do tipo de entidade a que for entregue esse fundo, bem como do seu tipo de gestão. Acreditamos que o êxito pode ser maximizado se esse fundo para deep tech for gerido por operadores privados com experiência relevante na área”, ressalva. Sobre o fundo pouco ainda se sabe e, até ao fecho deste artigo não foi possível obter junto do Ministério da Economia, informação sobre qual o montante previsto, a entidade gestora e para quando está previsto o seu arranque.

Mesmo sem serem ainda conhecidos grandes detalhes sobre este fundo, essa é uma das medidas do ‘pacotão’ destacadas por Rodrigo Bourbon, fundador da startup Condoroo. Esta medida juntamente com os benefícios fiscais anunciados para atrair talento estrangeiro qualificado, as mudanças no SIFIDE, o reforço do “Call Innov-ID da Portugal Ventures” e a reformulação do sistema de classificação das atividades económicas, são “medidas que terão grande impacto na maneira como, nós, empreendedores, olhamos para o mercado português como uma oportunidade para a criação e desenvolvimento dos nossos negócios”.

Contudo, embora considere o programa apresentado pelo Governo “um sinal positivo”, para o CEO da Condoroopodemos ser ainda mais ambiciosos, posicionando Portugal como um polo atrativo para talento e investimento global.” E elenca um conjunto de outras medidas que, do seu ponto de vista, ainda falta dar resposta: “Incentivos para investimentos em startups, nomeadamente a implementação de algo semelhante ao Qualified Small Business Stock dos EUA, que permite a investidores isenção parcial ou total de ganhos de capital em investimentos de longo prazo em startups qualificadas” ou “um esquema como o Enterprise Investment Scheme (EIS) do Reino Unido, que oferece isenções fiscais a investidores que compram ações de startups, poderia atrair mais investimento, assim como acompanhamento e know-how.” Ou, contribuindo para a atração e retenção de talento, uma revisão do IRS. “Numa fase inicial, as startups oferecem salários mais baixos mas, à medida que crescem, a necessidade de contratar e aumentar salários é fundamental. A estrutura atual do IRS reduz significativamente a margem líquida desses aumentos, o que constitui um obstáculo à escalabilidade”. Mas sobretudo, “a redução da burocracia”.

Prioridade máxima? Reduzir burocracia

Essa é, de resto, a principal aposta a ser feita, aponta Humberto Ayres Pereira para quem o impacto do pacote é “mediano”. “Tem algumas coisas giras, mas muito pouco que possa criar uma explosão de inovação”, considera o cofundador da Rows que dá, no entanto, nota “muito” positiva ao incentivo a mais doutorados nas empresas – “muito interessante para startups” –, bem como a mais investigadores e docentes como acionistas de startups. “Precisamos muito de levar a inovação ao nível seguinte. Nem todos os investigadores (PhD) têm perfil para startups, mas os que têm vão ser super valiosos”, argumenta. “Interessante” é como classifica a dedução fiscal de custos com capitalização às mais-valias e dividendos. “Faz com que quem vende ações de startups etc. possa reinvestir mais desse dinheiro em novas empresas. No fundo equipara para pessoas individuais uma parte do benefício de se ter uma empresa de investimento onde se acumulam os ganhos para reinvestir”, diz.

Mas há que fazer uma “desburocratização agressiva da gestão de uma empresa”, defende. “Estamos mal no ranking ‘Ease of Doing Business”. Há que perseguir agressivamente a meta de ficar melhor, seguindo o exemplo de países Europeus líderes em desburocratização.” Por exemplo, no que toca aos pagamentos ao Estado, há “demasiadas referências Multibanco, referências de pagamento de impostos especiais, etc. Nada disso funciona em bancos internacionais. Há que implementar pagamento via IBAN para tudo”, sugere o cofundador da scaleup que, em maio, fechou uma ronda de 8 milhões e que tem nos EUA 35% das vendas e em mercados como Alemanha e Reino Unido outro terço das receitas.

Miguel Alves Ribeiro alinha pela mesma ideia de agilidade e simplificação. “Para que esses incentivos sejam realmente eficazes, é crucial reduzir a burocracia envolvida e acelerar a entrega dos recursos financeiros às startups. Atualmente, os processos de candidatura são excessivamente complexos e demorados, e os fundos demoram muito para chegar a quem precisa. Resolver essas questões deve ser uma prioridade máxima. Não basta anunciar iniciativas; elas precisam funcionar e gerar um impacto real”, argumenta o cofundador da SheerMe.

O compromisso do Estado em pagar em 30 dias foi “um dos anúncios que mais me impressionou”. Para empresas como a MyCareforce, que trabalham com o setor público, é uma medida de extrema importância e que dará uma confiança acrescida para trabalhar com empresas públicas.

Pedro Cruz Morais

CoCEO da MyCareforce

E, por falar a que a liquidez chegue a tempo e horas, Pedro Cruz Morais, coCEO da MyCareforce, plataforma que liga enfermeiros a turnos em estabelecimentos de saúde, destaca o compromisso do Estado em pagar em 30 dias como “um dos anúncios que mais me impressionou”. E explica porquê. “Para empresas como a MyCareforce, que trabalham com o setor público, é uma medida de extrema importância e que dará uma confiança acrescida para trabalhar com empresas públicas.”

“Seria muito interessante o Governo ouvir o mercado e os principais players em vários setores para conseguir analisar quais as reais dificuldades existentes e assim chegar a melhores propostas e soluções”, aponta Vasco Pereira Coutinho. “A redução drástica do IRC para novas empresas e novos projetos, a redução fiscal para apoio a determinados setores e indústrias ao invés da atribuição dos créditos fiscais, são algumas ideias que deveriam ser estudadas”, aponta o CEO da Lince Capital que, no início do ano, anunciou um fundo de 146 milhões dedicado a startups nacionais inovadoras com projetos de I&D.

Há outras medidas para o ecossistema empreendedor, no domínio fiscal, financiamento, desburocratização e internacionalização que foram propostas pela Startup Portugal e estão a ser avaliadas e preparadas. Estamos empenhados em manter e fortalecer a cooperação com o Governo para enfrentar os desafios persistentes deste ecossistema.

António Dias Martins

Diretor executivo da Startup Portugal

António Dias Martins aponta igualmente outras medidas quando instado sobre o que mais poderia ser endereçado no futuro para dinamizar o empreendedorismo. “Há outras medidas para o ecossistema empreendedor, no domínio fiscal, financiamento, desburocratização e internacionalização que foram propostas pela Startup Portugal e estão a ser avaliadas e preparadas. Estamos empenhados em manter e fortalecer a cooperação com o Governo para enfrentar os desafios persistentes deste ecossistema”, adianta o diretor executivo da Startup Portugal.

Stephan de Moraes elenca também alguns aspetos de melhoria. “O Governo terá de preparar um pacote de medidas específicas para incentivar o investimento nacional privado em private equity e em venture capital, adequando os instrumentos públicos às melhores práticas internacionais. Deverão ser criados mecanismos que atraiam os investidores institucionais portugueses e estrangeiros para aplicarem ativos na indústria nacional de venture capital, tal como sucede com muito sucesso nos ecossistemas empreendedores mais desenvolvidos do mundo”, aponta o presidente da APCRI.

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Visita de Orbán a Moscovo é “contraproducente”, critica Casa Branca

  • Lusa
  • 5 Julho 2024

A visita "não vai promover a causa da paz e é contraproducente para o apoio à soberania, integridade territorial e independência da Ucrânia", disse a porta-voz da Casa Branca.

Os Estados Unidos mostraram esta sexta-feira preocupação com a visita do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, a Moscovo, onde se avistou com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karin Jean-Pierre, esta viagem do líder húngaro à Rússia, a menos de uma semana do início em Washington da cimeira da NATO de que a Hungria é país-membro, “não vai promover a causa da paz e é contraproducente para o apoio à soberania, integridade territorial e independência da Ucrânia”.

Viktor Orbán reconheceu, após encontrar-se com Putin, que as posições da Rússia e do Ocidente estão “muito distantes” sobre a guerra na Ucrânia. “Queria ouvir e escutei a opinião de Putin (…) As posições estão muito distantes, é preciso dar muitos passos para chegar mais perto do fim da guerra, mas o passo mais importante foi o estabelecimento de contactos e vou continuar a trabalhar”, afirmou Orbán em declarações à imprensa no âmbito da sua visita de surpresa à capital russa, que motivou críticas dos seus pares europeus.

Orbán reivindicou que a Hungria é o único país da União Europeia (UE) capaz de dialogar com Moscovo e com o Ocidente e justificou que, “para a Europa, a paz é o mais importante” e que “a Europa precisa de paz”. “Há dois anos e meio que vivemos na Europa à sombra da guerra. Isto cria grandes dificuldades para a Europa. Vemos muita destruição e sofrimento. Esta guerra está a começar a afetar o crescimento económico e a nossa competitividade”, afirmou.

Além disso, defendeu que, nos últimos dois anos e meio, desde a invasão russa em grande escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, ficou patente que “a paz não será alcançada sem diplomacia” nem “acontecerá sozinha” se ninguém trabalhar nesse sentido. Após a reunião à porta fechada de mais de duas horas e meia, Vladimir Putin voltou a descartar um cessar-fogo com a Ucrânia, alegando que ajudaria o regime de Kiev a recuperar e preparar-se para contra-atacar: “A Rússia é a favor do fim completo e definitivo do conflito”.

O líder do Kremlin defendeu “a retirada completa de todas as tropas ucranianas” das autoproclamadas repúblicas populares pró-russas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e das regiões parcialmente anexadas de Zaporijia e Kherson, no sul, bem como de “outras condições” que devem ser analisadas “com suficiente detalhe” em possíveis reuniões futuras.

Putin disse ter encarado a visita a Moscovo do primeiro-ministro da Hungria, que detém a presidência rotativa da União Europeia, como uma forma de tentar restabelecer o diálogo com Bruxelas, numa altura em que as relações “estão no seu ponto mais baixo”. O Presidente russo considerou que Orbán apresentou a posição ocidental sobre o conflito, “também do ponto de vista dos interesses da Ucrânia”, mas elogiou os esforços do líder húngaro, como “uma tentativa de restabelecer o diálogo e dar-lhe um impulso adicional”.

Antes da chegada de Orbán a Moscovo, o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, afirmou que o líder húngaro “não representa de forma alguma” os 27, juntando-se a críticas no mesmo sentido do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, observou igualmente que Orbán não representa a Aliança Atlântica perante Putin, embora tenha admitido que Budapeste o informou antecipadamente da visita.

Kiev também se distanciou ao salientar que o primeiro-ministro húngaro não está combinado nem coordenado com as autoridades ucranianas e rejeitou “qualquer acordo sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”. Em reação, o chefe da diplomacia de Budapeste, Péter Szijjártó, afirmou que a Hungria, enquanto país soberano, vai ignorar as críticas durante a visita de Orbán a Moscovo.

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Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot sobe para 38 milhões de euros

  • ECO
  • 5 Julho 2024

O jackpot desta sexta-feira ronda os 38 milhões de euros, depois de não terem sido registados vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Com um primeiro prémio no valor de 38 milhões de euros, decorreu esta sexta-feira mais um sorteio do Euromilhões. O valor do jackpot voltou a subir depois de não ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Veja a chave vencedora do sorteio desta sexta-feira, 5 de julho:

Números: 11, 13, 29, 31 e 47

Estrelas: 1 e 11

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Trabalhadores da CP voltam à greve em 22 e 24 de julho

  • Lusa
  • 5 Julho 2024

Para os sindicatos, "é inaceitável" que a administração da CP queira condicionar o acordo fechado com sindicatos com a aceitação da proposta de regulamento de carreiras.

Os trabalhadores da CP – Comboios de Portugal vão voltar a estar em greve nos dias 22 e 24 de julho, acusando a administração da empresa de apresentar uma proposta inaceitável. “Para além do plenário marcado para 11 de julho, um conjunto de sindicatos entregou à CP um pré-aviso de greve para os dias 22 e 24 deste mês”, lê-se numa nota da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

Estes trabalhadores estiveram em greve no dia 28 de junho. Para os sindicatos, “é inaceitável” que a administração da CP, depois de ter garantido que iria estender a todos os trabalhadores um acordo que foi celebrado com uma organização sindical, queira condicionar isso à aceitação da proposta de regulamento de carreiras.

O Governo, a CP e o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), que tinha convocado uma greve entre 27 de junho e 14 de julho, entretanto suspensa, chegaram, recentemente, a acordo. A Fectrans defendeu que a proposta “aumenta a polivalência de funções e não valoriza a grela salarial”, o que disse ser uma “medida estratégica” para recrutar novos trabalhadores e manter os atuais.

Segundo a mesma nota, estava marcada para esta sexta uma reunião com a empresa, que foi desmarcada, uma vez que a CP tem que discutir o processo com a tutela. “[…] Esperamos que após isso venham com ideias mais claras para desenvolver o conflito e não com a mesma linha de confronto e provocação”, vincou. O plenário de dia 11 terá lugar na estação de Entrecampos, em Lisboa.

Para além das CT da CP e da IP e da Fectrans, subscrevem esta posição as associações sindicais das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF) e Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), assim como os sindicatos nacionais dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), Democrático da Ferrovia (Sindefer) e de Quadros Técnicos (SNAQ).

Soma-se o apoio dos sindicatos independentes dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), Nacional dos Ferroviários (SINFB), dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA) e dos sindicatos dos Transportes Ferroviários (STF) e dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários (STMEFE).

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