Comissão Europeia “preocupada” com restrições dos EUA à compra de chips de IA
Comissão Europeia partilhou com Administração Biden as suas "preocupações" com os novos limites impostos às exportações de chips para inteligência artificial (IA), que também afetam Portugal.
A Comissão Europeia manifestou segunda-feira preocupação com as novas restrições impostas pelos EUA à exportação de chips de inteligência artificial para alguns Estados-membros da União Europeia, sublinhando que a comunidade “não é um risco para a segurança” dos norte-americanos.
Conforme noticiou o ECO, Portugal é um dos países que arriscam ficar sujeitos a limites na aquisição destes componentes, não sendo considerado pela Casa Branca um dos aliados mais próximos de Washington.
Numa declaração conjunta, a vice-presidente para a Soberania Tecnológica, Henna Virkkunen (na foto), e o comissário do Comércio, Maros Sefcovic, sublinharam ainda que “é do interesse económico e de segurança dos EUA que a UE compre chips avançados de IA dos EUA sem limitações”. “Cooperamos estreitamente, particularmente na área da segurança, e representamos uma oportunidade económica para os EUA, não um risco para a segurança”, sublinharam.
Virkkunen e Sefcovic garantiram que já partilharam as suas preocupações com a atual administração norte-americana do democrata Joe Biden e que esperam “colaborar construtivamente” com a nova administração republicana de Donald Trump, que tomará posse em 20 de janeiro.
“Estamos confiantes de que podemos encontrar uma forma de manter uma cadeia de abastecimento transatlântica segura para a tecnologia de IA e supercomputadores, para benefício das nossas empresas e cidadãos de ambos os lados do Atlântico”, concluíram.
O Governo norte-americano apresentou na segunda-feira um quadro com novas regras para a exportação de tecnologias de inteligência artificial para facilitar as vendas a aliados e impedir adversários como a China de terem acesso às inovações.
Em outubro de 2023, já tinham sido anunciadas novas restrições à exportação dos chips mais potentes para a China, incluindo componentes utilizados para IA, para impedir a sua utilização por Pequim para fins militares.
As novas regras agora introduzidas “tornam mais difícil para os nossos concorrentes escaparem aos nossos controlos de exportação através de contrabando e ligações remotas”, disse o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.
Neste quadro, Washington quer impor novas autorizações para exportações e transferências de chips informáticos sofisticados para uma lista alargada de países, com uma série de exceções para países aliados, principalmente quando se trata de volumes limitados, em resposta a necessidades das universidades, por exemplo.
A segunda regra reforça os controlos sobre a difusão de parâmetros dos modelos de IA generativa mais avançados.
As medidas vão entrar em vigor dentro de 120 dias para “dar tempo à nova administração” de fazer as alterações que pretender, indicou a secretária do Comércio dos EUA, Gina Raimondo.
A Casa Branca disse que as restrições não se aplicarão a 18 aliados e parceiros importantes, principalmente Canadá, Alemanha, Reino Unido e Taiwan, mas deixa a maioria dos países numa lista negra, incluindo Brasil, Israel, México, Portugal, Singapura e Arábia Saudita.
Estes países poderão comprar o equivalente a 50.000 processadores GPU avançados cada, um limite definido para “garantir que a tecnologia americana está disponível para servir governos estrangeiros, prestadores de cuidados de saúde e outros negócios locais”, de acordo com uma nota da Casa Branca.
Donald Trump vai regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial a partir de 20 de janeiro. Durante o primeiro mandato, Trump pressionou a China com tarifas elevadas, mas agora tem o apoio de muitas empresas de Silicon Valley, interessadas em poder exportar as suas tecnologias.
A China já criticou estas novas normas de exportação norte-americanas sobre IA considerando-as “uma violação flagrante” das regras do comércio internacional.
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