Despedimento coletivo na Menzies vai abranger dez trabalhadores. Sindicatos pedem saídas por acordo
Já saíram da empresa 160 trabalhadores ao abrigo do programa de rescisões por mútuo acordo, que foi entretanto suspenso. Objetivo era chegar a 300.
O despedimento coletivo na Menzies Aviation Portugal, antiga Groundforce, vai abranger dez trabalhadores, avançam os sindicatos, que pedem uma saída negociada. A empresa parou o programa de rescisões por mútuo acordo, apesar de ainda estar longe do objetivo de dispensar 300 colaboradores no âmbito do plano de reestruturação.
A informação que a empresa de serviços de assistência em escala fez chegar aos sindicatos indica que são dez os trabalhadores alvo do despedimento coletivo, todos funcionários da sede da empresa. Cinco trabalham na direção comercial, incluindo o diretor, dois na direção de processos e inovação, um no secretariado da direção e dois nas direções de pessoas e inovação e segurança e qualidade.
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) questiona, em comunicado, porque não foram “esgotadas as tentativas de recolocação dos trabalhadores noutras áreas” ou o “recurso a rescisões por mútuo acordo”, que espera ainda venham a acontecer.
O mesmo pretende o Sindicato dos Trabalhadores de Handling, da Aviação e Aeroportos (STHAA). O presidente, Rui Souto Lopes, diz que os dez trabalhadores “ainda podem sair ao abrigo das condições de rescisão voluntária, que são mais favoráveis”.
A britânica Menzies Aviation é desde julho a maior acionista da SPdH, conhecida pela antiga marca Groundfource, com 50,1% do capital. Os restantes 49,9% pertencem à TAP.
A Menzies solicitou ao Governo a possibilidade de negociar a saída voluntária de até 300 trabalhadores no âmbito do plano de reestruturação, que foi concedida. De acordo com os dois sindicatos, o programa de rescisões voluntárias foi entretanto parado, apesar de apenas 160 trabalhadores terem aceite até ao primeiro trimestre deste ano. Saídas que diz, diz a empresa, “não se mostrarem suficientes para equilibrar os resultados”. A companhia de handling tem 2.733 trabalhadores com contrato direto e cerca de 1.400 em outsourcing.
Em comunicado divulgado ao final da tarde, a Menzies afirma que no âmbito do plano de recuperação da empresa “e após uma avaliação detalhada de todos os ativos, equipamentos e colaboradores da empresa, foram identificadas algumas funções redundantes”. Ao todo 160 colaboradores aceitaram a proposta de rescisão por mútuo acordo oferecida pela empresa e “10 funções de apoio ao negócio foram consideradas redundantes”.
“Compreendemos a importância de abordar o impacto desta decisão nos colaboradores e temos vindo a dialogar com os funcionários afetados ao longo deste processo. Trata-se de uma decisão difícil, mas necessária para assegurar um futuro sustentável para a empresa“, acrescenta.
A empresa avançou com os procedimentos para um despedimento coletivo, na sexta-feira passada, como avançou o ECO, fundamentado em “motivos de mercado” e de “redução da atividade”.
Argumenta também que “através da participação da Menzies no capital social da SPdH [a denominação societária], a SPdH vê-se agora obrigada a cumprir com as orientações e diretrizes relativas à organização departamental e ao aproveitamento de sinergias globais do Grupo Menzies, de forma a diminuir os seus custos totais e maximizar a sua eficiência e resultados a nível global”. O que justifica, por exemplo, os despedimentos no departamento comercial, já que estas funções passaram a estar centralizadas a nível internacional.
O despedimento tem ainda de ser aprovado pela Direção-Geral do Emprego e Relações do Trabalho. O presidente do STHAA considera que o pedido da Menzies “tem tudo para ser aprovado”, tendo em conta que a empresa de handling está sob o plano de recuperação (até 2026), aprovado pelos credores no âmbito do processo de insolvência pedido pela TAP em 2021.
A Menzies está neste momento a concorrer à atribuição das licenças de assistência em escala nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. Na corrida estão também as espanholas Acciona e Clece, e a suíça Swissport, segundo avançou o Jornal Económico.
Fernando Henriques, dirigente do SITAVA, considera que “a imagem da empresa fica afetada pela negativa” com o despedimento coletivo. Já Rui Souto Lopes, do STHAA, desvaloriza: “não nos parece que tenha influência nas licenças”, assinalando que as saídas são na área corporate. “Na parte operacional até há falta de recursos”, aponta.
A antiga Groundforce foi severamente atingida pela pandemia da Covid-19, devido à paralisação do tráfego aéreo. A forte recuperação nos últimos anos tem permitido à empresa aumentar a receita e as contratações.
(Notícia atualizada às 20h05 com informação do comunicado da Menzies)
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