Comissão Europeia propõe aos EUA tarifas zero para bens industriais
Presidente da Comissão Europeia reitera disponibilidade para negociar com os EUA, mas garante que não deixará de retaliar com contramedidas caso não chegue a acordo.
A Comissão Europeia propôs aos EUA tarifas zero para os bens industriais. A informação foi avançada esta segunda-feira pela presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, ao salientar a disponibilidade para negociar com Donald Trump, mas garantindo estar preparada para retaliar contra as novas tarifas recíprocas norte-americanas se não for possível alcançar-se um acordo.
“Este é um grande ponto de viragem para os EUA. No entanto, estamos prontos para negociar com os EUA. De fato, oferecemos tarifas zero para os bens industriais, como fizemos com sucesso com muitos outros parceiros comerciais. Porque a Europa está sempre pronta para um bom acordo”, disse Ursula von de Leyen numa conferência de imprensa após um encontro com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre.
Embora reitere que mantém a vontade de chegar a acordo em cima da mesa, a presidente da Comissão Europeia avisa que a instituição está preparada para responder com “contramedidas” e defender os seus “interesses”.
Oferecemos tarifas zero para os bens industriais, como fizemos com sucesso com muitos outros parceiros comerciais. A Europa está sempre pronta para um bom acordo.
Ursula von der Leyen adianta ainda que a Comissão irá criar uma “task-force de vigilância da importação” e garante que irá trabalhar com a indústria no desenho das medidas a aplicar. “Manteremos contacto próximo para trabalhar juntos e minimizar os efeitos um sobre os outros”, realçou.
A responsável do executivo comunitário reuniu-se esta manhã com representantes da indústria de aço e metais para discutir as implicações das tarifas dos EUA sobre aço, alumínio e produtos derivados relacionados. Segundo a Comissão, os representantes da indústria acolheram com satisfação o Plano de Ação para Aço e Metais da Comissão Europeia e o Acordo Industrial Limpo, e pediram sua rápida implementação.
No entanto, os participantes levantaram “fortes preocupações” sobre o impacto das tarifas dos EUA, como o risco de desvio de comércio, e apelaram à “urgente necessidade de a UE [União Europeia] propor novas medidas de defesa comercial para o aço — além das salvaguardas existentes, que devem expirar em junho de 2026″, incluindo que respondam ao potencial desvio de exportações de outros grandes países produtores de aço para o mercado europeu.
A Comissão Europeia, a quem cabe a competência da política comercial da União Europeia, procura uma resposta para o impacto das tarifas de Donald Trump, embora alguns países defendam uma resposta mais agressiva, enquanto outros uma mais moderada.
Há “grande coesão” para “não escalar mais” a guerra comercial, diz Portugal
Os responsáveis da UE com as pastas do Comércio reuniram-se no Luxemburgo com o tema na agenda. Em declarações aos jornalistas, o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, considerou que a reunião foi “muito produtiva”, tendo existido “grande coesão” e “união dos Estados-membros”.
“Houve um grande sentido de não escalar mais esta situação, que na verdade não foi criada pela UE e, portanto, temos de ter aqui uma paciência estratégica na negociação para não escalar mais o conflito”, disse. Para o governante, o foco europeu deve estar na redução de barreiras no mercado único da UE, para o tornar mais competitivo, e em “continuar a olhar para aquilo que são as suas parcerias comerciais” com outros blocos regionais, como o Mercosul e a Índia.
Houve um grande sentido de não escalar mais esta situação, que na verdade não foi criada pela UE e, portanto, temos de ter aqui uma paciência estratégica na negociação para não escalar mais o conflito.
A Comissão Europeia irá votar na quarta-feira a lista, enviada esta quarta-feira aos Estados-Membros, de 27 produtos americanos aos quais prevê aplicar uma taxa adicional, como retaliação às tarifas de 25% dos EUA sobre o aço e o alumínio importados à UE, uma medida em vigor desde março.
No sábado, as taxas aduaneiras mínimas adicionais de 10% sobre todas as importações norte-americanas entraram em vigor, estando previsto que as sobretaxas para países que o presidente norte-americano considera particularmente hostis ao comércio, como por exemplo a União Europeia (20%) e a China (34%), se apliquem a partir de quarta-feira.
(Notícia atualizada às 14h54)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Comissão Europeia propõe aos EUA tarifas zero para bens industriais
{{ noCommentsLabel }}