Hermès destrona dona da Louis Vuitton e torna-se a mais valiosa no luxo

A marca de luxo francesa ultrapassou a capitalização bolsista da dona da Louis Vuitton, depois de a empresa ter revelado um conjunto de resultados desapontantes, levando as ações a desvalorizar.

Há um novo campeão no luxo europeu. A francesa Hermès ultrapassou esta terça-feira o valor de mercado da LVMH, a dona da Louis Vuitton e da Dior, tornando-se a mais valiosa em bolsa no segmento de luxo, 15 anos depois de a rival ter entrado em segredo no capital da Hermès e ter tentado a sua aquisição.

Este feito da dona das malas Birkin e Kelly surge depois de a concorrente detida por Bernard Arnault ter reportado um conjunto de resultados que ficou abaixo das expectativas, levando as ações a afundar mais de 8% em bolsa.

Esta desvalorização conduziu a capitalização bolsista da companhia para 243,9 mil milhões de euros, um valor inferior à capitalização de 244,4 mil milhões de euros da Hermès. Ainda assim, o domínio da Hermès foi de curta duração, uma vez que os títulos da LVMH recuperaram, avaliando a empresa em 247 mil milhões de euros.

As famílias que detêm as duas empresas mais valiosas do setor do luxo europeu não se enfrentam apenas nos mercados. A rivalidade entre os dois grupos escalou há cerca de 15 anos, quando a LVMH, de Bernard Arnault, comunicou, em 2010, que comprou uma participação superior a 17% no capital da Hermès. Esta posição aumentaria até aos 23%, à revelia da família fundadora, que se uniu para forçar Arnault a sair do capital da empresa.

Nos anos seguintes, o valor de mercado da Hermès escalou, com a estratégia de exclusividade da companhia a mostrar-se vencedora. Contudo, a política comercial de Trump está a afetar o setor como um todo, com os títulos das empresas de luxo sob pressão nos mercados financeiros, pressionados pelos receios que as tarifas impostas pelos EUA — e entretanto suspensas — levem a uma contração do consumo.

As ações do setor seguem a negociar em queda, com a Kering, que detém a Gucci, a recuar 2,6%, enquanto a Hermès desce 1,5%. Já a suíça Richemont desvaloriza 2,5% e a italiana Brunello Cucinelli recua 2,6%.

Os resultados reportados pela LVMH, que detém marcas como a Louis Vuitton, Dior, Tiffany & Co. e a Sephora, já mostram uma contração da procura, com os clientes a retraírem-se perante a expectativa que o aumento das taxas aduaneiras se reflita em preços mais elevados. As vendas da empresa caíram 3% nos primeiros três meses do ano, contrariando as estimativas dos analistas, que apontavam para um crescimento de 2%.

Os receios de uma guerra comercial têm mantido as empresas do setor sob pressão. Desde o final de março, a LVMH, Kering e Burberry descem cerca de 14%, a Richemont baixa 13% e a Hermès recua 5%.

Os analistas têm emitido perspetivas mais cautelosas para o setor. A Bernstein reduziu recentemente a sua previsão de vendas para o setor para este ano, antecipando agora uma queda de 2%, contra uma previsão anterior de crescimento de 5%. A confirmar-se esta contração, será a maior desaceleração do setor em mais de duas décadas.

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