Gestor Carlos Tavares propõe “Partido do Bom Senso” e diz que “problemas da saúde não são ideológicos”

Carlos Tavares propõe a criação de um "Partido do Bom Senso" para evitar perder votos para os extremos e manter a coesão social. E defende menos burocracia na Administração Pública e nas empresas.

Com o país a viver o frenesim de mais uma campanha eleitoral, Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, diz que é preciso “criar o Partido do Bom Senso” com foco no pragmatismo e com menos burocracia, sob pena de os portugueses votarem nos extremos. Nesse sentido, o gestor deixa um conselho: “Os partidos do centro-esquerda e centro-direita, que representam 60% dos que votam, têm a obrigação de se entenderem sobre a resolução dos problemas” que afetam os portugueses.

“Só posso aconselhar os líderes políticos do país e nomeadamente os do centro [político] – que eu respeito muito, porque é um trabalho muito difícil e muito ingrato –, que se entendam na aproximação pragmática da resolução dos problemas concretos dos portugueses“, recomenda o gestor à margem do jantar anual da Associação Comercial do Porto (ACP), que aconteceu na noite desta segunda-feira, no Palácio da Bolsa.

Afastando qualquer intenção de fundar o Partido do Bom Senso, Carlos Tavares assiste à campanha eleitoral que saiu à rua “com os olhos daquele que está à procura de pragmatismo, não de ideologia”, de modo a resolver com eficiência os problemas dos portugueses nas áreas da educação, economia, saúde a segurança. Mas, acima de tudo, num país onde acredita que ainda existe coesão social.

Se não libertarmos o centro dos constrangimentos jurídicos e burocráticos em que estão armadilhados, não vão atingir o nível de eficiência que os nossos compatriotas necessitam para evitar que eles votem nos extremos.

Carlos Tavares

Gestor e ex-presidente da Stellantis

Na realidade, defende o gestor, “os problemas da saúde não são ideológicos, nem os da educação, ou os da segurança. São de funcionamento”, chamando a atenção para o excesso de burocracia: “Se eu quiser uma consulta médica e só a tiver dentro de seis meses, o meu problema não é ideológico. Eventualmente será ideológica a forma de o resolver, mas os problemas da saúde não são ideológicos, nem os da educação, ou os da segurança. São de funcionamento”.

Carlos Tavares é perentório nas suas propostas, a duas semanas da eleição de um novo Governo: “Se não libertarmos o centro dos constrangimentos jurídicos e burocráticos em que estão armadilhados, não vão atingir o nível de eficiência que os nossos compatriotas necessitam para evitar que eles votem nos extremos”.

Carlos Tavares no jantar anual da Associação Comercial do Porto – Câmara de Comércio e Indústria (ACP-CCIP)6 maio, 2025

Para o ex-presidente Stellantis, “não há necessidade neste país de se ir buscar posições extremas que vão criar tensões inúteis e a fragmentação da sociedade, porque o centro [partidos políticos] tem capacidade para fazer isso desde que não se deixe armadilhar pelo excesso de burocracia”. Até porque, alerta, “os portugueses não gostam destas eleições porque eles sabem que se perdem seis meses”.

Carlos Tavares acrescenta ainda a necessidade de haver menos burocracia na Administração Pública e nas empresas, com recurso ao talento para criar valor e mais riqueza para a sociedade. Parte do princípio de que a burocracia pode gerar “uma carga de trabalho que não produz riqueza, mas que permite dar ao dirigente, se económico ou político, a sensação de que está a controlar a situação“.

A este propósito, o gestor avisa que “numa sociedade com um problema grave de demografia não nos podemos dar ao luxo de consumir uma tal quantidade de recursos básicos para a burocracia”, nota, sustentando que “a sua redução tem de acompanhar a redução da população ativa”.

Dando ainda conta dos 50 anos que viveu no estrangeiro, Carlos Tavares deixa um recado: “Vê-se uma quantidade de coisas boas que os portugueses ignoram. Está óbvio que os portugueses não sabem a qualidade do país que têm e é uma pena porque certas situações deveríamos criticar mais e trabalhar mais”.

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