Exclusivo Seguradoras do Montepio na mira do regulador. Pagam 7,5 milhões em dividendos
ASF confirma que Lusitania Vida e Lusitania “foram objeto de ações de supervisão específicas” no ano passado. Lucros das duas companhias baixaram, mas vão dar dividendo de 7,5 milhões ao Montepio.
As duas seguradoras do grupo Montepio estiveram na mira do regulador no ano passado. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) confirma ao ECO que Lusitania Vida e Lusitania “foram objeto de ações de supervisão específicas”, mas assegura que ambas estão “plenamente autorizadas ao exercício da atividade seguradora e a operar em condições normais de mercado”. De resto, ambas as companhias fecharam 2024 com lucros e vão pagar 7,5 milhões de euros em dividendos.
Em relação à Lusitania Vida, desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, que a ASF estava a monitorizar de perto a evolução do negócio da seguradora, nomeadamente no que toca ao requisito de capital de solvência – indicador que havia incumprido por conta da forte instabilidade que afetou as bolsas na sequência da agressão russa.
Seguiu-se uma intervenção de fundo da parte do acionista ao nível da estrutura de capital, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com vista a recuperar os níveis de solvência e criar almofadas para a seguradora resistir aos altos e baixos dos mercados – uma intervenção que também abrangeu a outra seguradora, como o ECO revelou na altura.
Entretanto, em agosto do ano passado, e depois de um “desempenho muito positivo da Lusitania Vida” – palavras da AMMG ao ECO –, a entidade reguladora liderada por Margarida Corrêa de Aguiar decidiu “descontinuar o reporte extraordinário” que mensalmente exigia à companhia, segundo conta o conselho fiscal da seguradora no seu parecer às contas de 2024.
Já na Lusitania, a outra seguradora do grupo mutualista, o conselho fiscal revela que foi contactado pela ASF em fevereiro do ano passado “no sentido de solicitar o acompanhamento da situação financeira e de solvência (…), considerando o desequilíbrio técnico no ramo automóvel e a preocupação em garantir o reequilíbrio da exploração técnica em todas as linhas”.
Para fazer face às preocupações do regulador, “estão a ser implementadas diversas ações, em particular a revisão da oferta”, adianta fonte oficial da AMMG ao ECO. “Em fevereiro de 2025, a companhia lançou uma nova oferta automóvel para resposta às necessidades dos seus clientes e reequilíbrio técnico, o que se enquadra no plano estratégico da Lusitania”, explica a mutualista. No final de 2023 já tinha avançado com uma reorganização da sua rede comercial, com fecho de agências e teletrabalho para os trabalhadores.
Dividendos de 7,5 milhões
Certo é que ambas seguradoras — lideradas por Virgílio Lima, presidente da AMMG — fecharam 2024 com lucros, embora em forte quebra em comparação com o ano anterior, mas com rácios de solvência acima do que a ASF exige, e preparam-se para distribuir 7,5 milhões de euros em dividendos ao seu acionista.
A Lusitania Vida lucrou 10,1 milhões de euros no ano passado, menos 26,8% em comparação com o ano anterior. Vai distribuir 60% do resultado, ou seja, seis milhões de euros.
Já os lucros da Lusitania ascenderam a 7,6 milhões de euros, quebrando 55,3%, o que se deveu “maioritariamente” ao facto de, em 2023, ter contabilizado uma reversão de uma provisão de 10 milhões para uma coima da Autoridade da Concorrência. O dividendo vai ser de 1,5 milhões.
Os dividendos das seguradoras — que fecham o ano com rácios de solvência de 164,6% e 148,8%, respetivamente — juntam-se ao cheque de 30 milhões de euros que o banco da mutualista também assegurou ao acionista.
Mudam de casa no início do quarto trimestre
Para o início do quarto trimestre está prevista a mudança da sede das companhias para o edifício Niña, em Entrecampos, Lisboa – depois de três décadas no Palácio Porto Côvo, na Lapa.
A mudança “assinala a transformação em curso” da Lusitania e Lusitania Vida, que se posicionam como a 7.ª e 10.ª maiores seguradoras do mercado nacional em termos de produção de Não Vida e Vida, respetivamente.
É na antiga sede do BPN Paribas que “as operações de Lisboa serão centralizadas”, refere-se nos relatórios e contas das duas companhias.
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