PS unido em torno de Carneiro. Mariana desiste e Medina avalia

Máquina partidária não quer um confronto interno a prejudicar as autárquicas. Por isso, prefere uma lista única, encabeçada pelo candidato repetente que fará a travessia do deserto.

O pavor de que uma guerra interna no PS prejudique as autárquicas, já em finais de setembro ou inícios de outubro, está a levar a máquina partidária numa corrida a apoiar José Luís Carneiro a uma candidatura única à liderança socialista. Por isso, Mariana Vieira da Silva, que não excluía concorrer, já desistiu e Fernando Medina deverá seguir pelo mesmo caminho, mas ainda está em reflexão interna, apurou o ECO junto de várias fontes socialistas.

A solução ideal para o aparelho seria o presidente do PS assumir a direção interina até às eleições locais e só depois haver diretas e Congresso. Mas Carlos César já recusou ficar tanto tempo no cargo, ainda que de forma provisória. Por isso, a alternativa é eleger o novo secretário-geral em junho/julho e marcar o Congresso para depois das autárquicas, hipótese que já tinha sido aventada tanto por José Luís Carneiro como por Mariana Vieira da Silva.

A comissão nacional do PS, liderada pelo presidente do partido, Carlos César, reúne-se este sábado para marcar o calendário da sucessão. Pedro Nuno Santos abandona os comandos socialistas no mesmo dia, a 24 de maio, e Carlos César vai assumir temporariamente a liderança até às diretas. Entre os potenciais candidatos que se perfilam está desde logo José Luís Carneiro, que já anunciou que vai disputar novamente o trono do Rato. Alexandra Leitão, que está na corrida à Câmara de Lisboa, já afastou uma eventual candidatura, preferindo dedicar-se às eleições locais. Também Duarte Cordeiro, da ala pedronunista se colocou de fora.

No espaço de 24 horas, Mariana Vieira da Silva já deixou cair uma eventual candidatura, depois de ter admitido, em entrevista à SIC Notícias, que poderia avançar. “Nunca excluí. Estou disponível para, das mais diversas formas, ajudar o PS a encontrar um caminho que possa ser de união”, afirmou esta terça-feira à noite. E até atirou umas larachas a José Luís Carneiro: “Só porque alguém já se candidatou no último congresso do PS não tem um direito reforçado ou prioritário para ser líder do PS”.

Mas a ex-ministra da Presidência, que já foi número dois do Governo de maioria absoluta socialista de António Costa e que, nestas legislativas, foi reeleita deputada, encabeçando a lista por Lisboa, percebeu que não tinha condições para reunir o apoio do partido e acabou por recuar, sabe o ECO. Nas últimas diretas, não apoiou nem Pedro Nuno Santos, nem José Luís Carneiro.

Fernando Medina, outro dos delfins de Costa, ainda está a avaliar se arrisca ou não, mas o mais provável é que também deixe Carneiro seguir o seu caminho, comenta-se entre as estruturas partidárias. O ex-ministro das Finanças, autor do maior excedente orçamental, de 1,2% do PIB, até colhe alguma simpatia aqui e acolá, mas “não tem tração no partido”, argumentam várias tropas socialistas. De lembrar que Medina se colocou de fora das listas para as legislativas de 18 de maio e foi contra o chumbo da moção de confiança que derrubou o Governo de Luís Montenegro. Divergências à parte, apareceu na campanha do PS a dar apoio a Pedro Nuno Santos, no grande comício da Aula Magna, em Lisboa.

“Temos de ter tempo de reflexão e respeito pelo secretário-geral em funções pela campanha dura e resultado muito doloroso. Não me irei pronunciar nos próximos dias, creio que ainda não é o tempo. No dia a seguir às eleições, ainda há muita coisa a digerir, disse Fernando Medina à Rádio Renascença.

Nesta fase, as federações e concelhias já se unem em torno de José Luís Carneiro, que conta com o apoio de Augusto Santos Silva, João Soares e Eurico Brilhante Dias. É um repetente. Há um ano perdeu as diretas para Pedro Nuno Santos. Não é visto como carismático, mas alguém que dará “tranquilidade” ao partido depois do massacre eleitoral de domingo, capaz de enfrentar um deserto de eventualmente quatro anos de legislatura, papel que António José Seguro desempenhou durante a governação do social-democrata Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015.

“O PS deve ser aquilo que sempre foi, um fator de estabilidade e de confiança no futuro. Temos de ter a capacidade de, em sede parlamentar, sermos capazes de assentar compromissos, PS e AD. E o PS deve ser claro na garantia de viabilização do Governo, porque é isso que os cidadãos nos pedem”, defendeu José Luís Carneiro, em entrevista à CNN Portugal. Mas rejeitou por completo uma solução de bloco central, porque “seria prejudicial aos dois partidos subsumirem-se”.

Pode ser que depois surja um novo ‘António Costa’. É a esperança do partido. Mas, agora, a grande preocupação é vencer as autárquicas e é nisso que todo o partido está focado e unido, relegando para segundo plano qualquer disputa interna.

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