MBA português com intercâmbio nos EUA escapa (para já) a ‘aperto’ de Trump
Cerca de 100 estudantes do The Lisbon MBA passam, todos os anos, até um mês no MIT Sloan, nos Estados Unidos. Imersão vai manter-se, apesar de 'aperto' anunciado nos vistos para estudantes.
Primeiro foram os estudantes estrangeiros em Harvard. A administração de Donald Trump decidiu retirar a essa universidade a capacidade de matricular alunos vindos de fora dos Estados Unidos e forçar os que já lá estavam a irem para outras escolas. Agora, o aperto promete alargar-se, tendo o Governo norte-americano ordenado às embaixadas que interrompam (temporariamente) o agendamento de novas entrevistas para a atribuição de vistos a alunos.
Ainda assim, a imersão dos estudantes do The Lisbon MBA na escola norte-americana MIT Sloan vai manter-se, garante a diretora executiva desse programa, em declarações ao ECO. Maria José Amich diz estar, no entanto, atenta “às possíveis alterações nos procedimentos e requisitos que possam vir a afetar os alunos no futuro”.
Considerado um dos 25 melhores na Europa, o The Lisbon MBA junta a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) à escola de negócios da Universidade Católica, em colaboração com a MIT Sloan School of Managment, nos Estados Unidos.
É composto por dois programas: o International MBA, de 12 meses, a tempo inteiro; e o Executive MBA, de 20 meses, a tempo parcial. Ambos incluem uma imersão no MIT Sloan, em Boston (de um mês e uma semana, respetivamente), “focada em empreendedorismo e inovação”.
Ao ECO, a diretora executiva explica que, no âmbito destes dois programas, 90 a 100 alunos viajam todos os anos até Boston para participarem na imersão, que decorre “habitualmente durante o mês de junho“.
No âmbito dos nossos dois programas, o The Lisbon MBA Internacional e o The Lisbon MBA Executivo, entre 90 a 100 alunos viajam anualmente até Boston para participarem na experiência única que é o MIT Sloan Immersion.
Com junho agora a começar, a imersão deste ano acontece assim num momento de incerteza nos Estados Unidos, também no que aos estudantes estrangeiros diz respeito.
Ainda na semana passada, o Politico avançou que a Administração Trump está a ponderar exigir que todos os estudantes estrangeiros tenham a sua presença nas redes sociais avaliada. E, em preparação, o Governo norte-americano ordenou às embaixadas e postos consulares que interrompam o agendamento de novas entrevistas para a atribuição de vistos a estudantes.
Essa ordem chegou, contudo, já depois de os vistos terem sido atribuídos aos estudantes do The Lisbon MBA, pelo que — pelo menos, nesta edição — o programa “escapou” ao aperto do Presidente.
“Este ano, dado que a participação dos nossos alunos no MIT Sloan Immersion tem início já na primeira semana de junho, não registámos, até ao momento, qualquer impacto no processo de atribuição de vistos. No entanto, estamos atentos às possíveis alterações nos procedimentos e requisitos que possam vir a afetar os nossos alunos no futuro”, assinala Maria José Amich.
“Importa também referir que, até à data, não recebemos quaisquer preocupações adicionais por parte dos candidatos que estão atualmente a preparar as suas candidaturas para o The Lisbon MBA Executivo (com início em outubro de 2025) ou para o The Lisbon MBA Internacional (com início em janeiro de 2026)”, acrescenta a mesma.
Este ano, dado que a participação dos nossos alunos no MIT Sloan Immersion tem início já na primeira semana de junho, não registámos, até ao momento, qualquer impacto no processo de atribuição de vistos.
Já questionada sobre se o “travão” decidido pelos EUA pode pôr em risco a parceria com o MIT Sloan, a diretora executiva frisa que essa é uma “colaboração estratégica e de longa data, com mais de 15 anos”.
“Esta parceria é essencial para o posicionamento e a proposta de valor do The Lisbon MBA Católica|Nova, não só pelo prestígio da instituição, mas também pela complementaridade dos conteúdos oferecidos, que enriquecem o currículo dos nossos programas de MBA”, afirma a responsável.
“Esta colaboração proporciona ainda um benefício adicional muito valorizado: os nossos graduados adquirem o estatuto de MIT Sloan Affiliate Alumni, o que lhes permite integrar a rede global de alumni desta prestigiada escola. Este estatuto vem complementar a sua pertença à comunidade de alumni do The Lisbon MBA, da CATÓLICA-LISBON e da Nova SBE, ampliando significativamente as suas oportunidades de networking e desenvolvimento profissional a nível internacional”, nota Maria José Amich.
Temos uma colaboração [com a Universidade de Harvard], no contexto do nosso Centro de Medicina Humanitária e de Catástrofe. Não foi afetada que tenhamos conhecimento.
O The Lisbon MBA não é o único programa português com parceiros norte-americanos. Por exemplo, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa colabora com a Universidade de Harvard no contexto do Centro de Medicina Humanitária e de Catástrofe, confirmou ao ECO João Eurico da Fonseca, diretor desta faculdade.
Também neste caso o bloqueio aos estudantes estrangeiros promovido por Trump “não foi afetado”, garante o responsável.
O ECO questionou também o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Educação sobre estas parcerias, mas não obteve respostas até ao momento.
O ECO também pediu esclarecimentos à embaixada dos Estados Unidos em Lisboa acerca do agendamento das entrevistas para atribuição de vistos e da avaliação das redes sociais dos estudantes, mas foi remetido para o Departamento de Segurança Interna norte-americano.
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