Economia acelera (ligeiramente) a duas velocidades na Zona Euro
A recuperação da Zona Euro revela sinais positivos, com o índice PMI a bater recordes de 11 meses, mas não sem reservas, com a indústria a ensaiar passos tímidos travando o ritmo económico.
Os mais recentes dados do Purchasing Managers’ Index (PMI) da Zona Euro revelam sinais encorajadores de recuperação económica na área do euro, com o indicador compósito a subir para 51 pontos em julho, superando as expectativas dos analistas que apontavam para 50,7 pontos e dos 50,6 pontos contabilizados em junho, alcançando assim o valor mais elevados dos últimos 11 meses.
Este resultado marca uma aceleração face ao mês anterior e confirma que a atividade económica da Zona Euro continua em território de expansão, ainda que de forma moderada, revelam os dados do Hamburg Commercial Bank (HCOB), divulgados esta quinta-feira. “A economia da Zona Euro continuou a expandir-se em julho, embora a um ritmo ainda modesto”, destaca Cyrus de la Rubia, economista-chefe do HCOB, em comunicado.
O setor dos serviços liderou esta melhoria, com o respetivo PMI a alcançar 51,2 pontos, batendo em 1,2% as previsões de 50,6 pontos, enquanto a indústria transformadora manteve-se em terreno de contração, apesar do PMI do setor ter-se mantido estável nos 49,8 pontos, em linha com as expectativas dos analistas.
O comportamento do setor industrial ganha particular relevância quando analisada no contexto das principais economias da Zona Euro, nomeadamente Alemanha e França, que representam cerca de metade do PIB da região.
Os dados o PMI de ambos os países mostram realidades económicas diferenciadas que ajudam a explicar o desempenho global da Zona Euro em julho. Enquanto a economia francesa continua a apresentar PMI em níveis de retração, mas em crescendo, os dados do PMI da Alemanha mantém-se à tona, mas em decréscimo.
A situação económica no setor industrial da Alemanha continua frágil, como evidenciado pelo índice PMI geral, que permanece abaixo da marca de 50. No entanto, o facto de a produção neste setor ter crescido por cinco meses consecutivos é encorajador.
Os dados também divulgados esta quinta-feira sobre França revelam que o índice geral do PMI do país subiu ligeiramente 0,8% no último mês, alcançando os 49,6 pontos em julho, o valor mais elevado dos últimos 11 meses, ao mesmo tempo que o PMI dos serviços bateu também um máximo dos últimos 11 meses e o PMI da indústria transformadora a subir para os 48,4 pontos, o valor mais elevado dos últimos dois meses.
Porém, Jonas Feldhusen, economista junior do HCOB, refere que “França continua sob pressão considerável, tanto económica como politicamente”, destacando ser “improvável que o crescimento do PIB ultrapasse a marca de 1% este ano”, ao mesmo tempo que “aumentam as dúvidas sobre se o primeiro-ministro Bayrou conseguirá manter a sua política de austeridade.”
Já a Alemanha, voltou a registar uma queda do PMI geral para 50,3 pontos, o valor mais baixo dos últimos dois meses, mas com o setor dos serviços a subir para um máximo de quatro meses para 50,1 pontos, e o setor industrial transformador também a subir para o valor mais elevado dos últimos 36 meses, apesar de manter-se num nível de recessão (49,2 pontos).
Os resultados de julho dos PMI sugerem que a Zona Euro está a consolidar uma trajetória de crescimento moderado, sustentada principalmente pelo dinamismo do setor dos serviços.
“A situação económica no setor industrial da Alemanha continua frágil, como evidenciado pelo índice PMI geral, que permanece abaixo da marca de 50. No entanto, o facto de a produção neste setor ter crescido por cinco meses consecutivos é encorajador”, refere Cyrus de la Rubia.
Esta divergência entre as duas principais economias europeias ilustra a heterogeneidade que caracteriza atualmente a recuperação económica na Zona Euro. Enquanto alguns países beneficiam de uma retoma mais robusta no setor dos serviços, outros enfrentam ainda constrangimentos significativos na atividade industrial, criando um cenário de recuperação a duas velocidades que requer atenção cuidada dos decisores políticos europeus.
Os resultados de julho sugerem que a Zona Euro está a consolidar uma trajetória de crescimento moderado, sustentada principalmente pelo dinamismo do setor dos serviços. Contudo, a persistente fraqueza da atividade transformadora mantém-se como um fator de preocupação que poderá condicionar o ritmo da recuperação económica nos próximos trimestres.
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