Portugal deve quadruplicar frota elétrica até 2030. Capacidade de carregamento está longe das necessidades
A capacidade de carregamento de veículos elétricos em Portugal cobre, de momento, menos de metade das necessidades previstas para 2030, aponta a ChargePlanner.
O mercado de carros elétricos em Portugal está a acelerar e, até 2030, deverá contar com o quádruplo dos veículos, olhando tanto a modelos híbridos plug-in como totalmente elétricos. Este crescimento levanta um problema: a capacidade de carregamento atual é apenas 40% da que será necessária daqui a cinco anos, segundo uma análise da ChargePlanner. Existem, além disso, limitações na rede elétrica que podem pôr travão ao mercado.
“O mercado de elétricos em Portugal está a ganhar tração”, sendo que o número destes veículos deverá quadruplicar até 2030, escreve a ChargePlanner, uma plataforma para a otimização de redes de carregamento de veículos elétricos, num estudo lançado esta segunda-feira, que faz esta estimativa com base nas exigências regulatórias a nível europeu.
“Contudo, a rede elétrica ainda não está preparada para esta multiplicação“, alerta, sublinhando que só 40% da capacidade que seria o objetivo está instalada, ao mesmo tempo que limitações de rede põem algum travão ao carregamento ultrarrápido.

A quota de elétricos no mercado automóvel português é atualmente de 2,3%, “notoriamente acima de Espanha e da maior parte da Europa do Sul”, lê-se no estudo. Contudo, em termos de pontos de carregamento, no caso do carregamento lento, existe apenas um para cada 30 veículos elétricos, “um rácio elevado que assinala uma necessidade forte para mais infraestrutura”.
Já a rede ultrarrápida está sob ainda maior pressão: conta um posto de carregamento ultrarrápido por cada 383 veículos elétricos, apresentando o maior desequilíbrio entre os 10 países europeus analisados no estudo. Só no que diz respeito a pontos de carregamento rápido é que Portugal se encontra em níveis mais confortáveis, acima da média.
Nas contas da Charge Planner, a frota de carros elétricos em Portugal deverá multiplicar-se por quatro até 2030, dos atuais 269 mil para os 797 mil, contabilizando tanto híbridos como modelos exclusivamente elétricos, sendo que estes segundos deverão dominar o mercado.

De forma a responder à nova procura, Portugal necessita de 521 megawatts (MW) adicionais de capacidade para carregamentos públicos, atingindo os 863 MW. Atualmente, os 344 MW disponíveis cobrem apenas 40% das necessidades que se estimam para 2030. Estão disponíveis um total de 13.814 pontos de carregamento: a maioria são de carregamento lento (9.074), seguidos dos pontos rápidos (4.037) e, finalmente, dos ultrarrápidos (703). “O que é notável é que [em Portugal] existem mais pontos de carregamento rápido” em comparação com outros países, sublinha o estudo.
A Powerdot aparece como o operador líder nos carregamentos elétricos em Portugal, com 48 megawatts, que equivalem a 1.088 pontos de carregamento, seguida da Galp Power e da EDP Comercial, que somam, cada uma, uma capacidade de 38 MW.
Lisboa e Porto entre os quatro distritos com mais necessidades
Treze em 20 regiões em Portugal já ultrapassaram mais de 50% da capacidade de carregamento que necessitam. Contudo, Lisboa, Porto, Setúbal e Braga somam 80% das necessidades por suprir: em Lisboa só está disponível 25% da capacidade de carregamento que se pretende alcançar até ao final da década, Porto fica-se pelos 32%, e Braga e Setúbal contam 34% 3 35%, respetivamente.
Fazer decisões inteligentes e baseadas em dados é, para a Charge Planner, “mais crítico que nunca”, apelando a que seja instalado o número certo de postos de carregamento, do tipo certo e nos sítios certos.
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