Mota-Engil dispara 8,4% em bolsa com forte ‘apetite’ dos investidores

O entusiasmo com a construção e gestão do túnel no Brasil, num investimento de 1,1 mil milhões de euros, atirou as ações da Mota-Engil para um volume de negociação duas vezes acima do registo diário.

As ações da Mota-Engil valorizam 8,4% para 5,53 euros esta segunda-feira na Euronext Lisboa, numa sessão em que chegaram a tocar os 5,58 euros (+9,5%). A sustentar este movimento dos títulos da empresa liderada por Carlos Mota está a vitória no concurso para a construção e gestão do primeiro túnel imerso do Brasil, que ligará Santos e Guarujá no Estado de São Paulo, naquela que é considerada a maior obra de infraestrutura do Governo de Lula da Silva.

O entusiasmo dos investidores com o túnel brasileiro traduziu-se também num volume de negociação acima da média das últimas sessões. Até às 13 horas desta segunda-feira, mudaram de mãos mais de 3,1 milhões de ações da Mota-Engil, movimentando quase 17 milhões de euros — o dobro do volume médio diário registado ao longo do último ano.

Esta reação contrasta com a evolução mais modesta das congéneres europeias, com o índice Stoxx Europe 600 Construction a subir apenas 0,6%, e também com o desempenho das empresas do PSI, com o índice de ações nacional a contabilizar atualmente uma valorização de 0,63%.

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A valorização desta segunda-feira consolida um ano excecional para as ações da Mota-Engil, que acumulam ganhos de 97% (incluindo dividendos) desde 31 de dezembro, posicionando a construtora como a empresa com o melhor desempenho do PSI este ano, cerca de 3,6 vezes mais que a performance do índice no mesmo período.

As ações da construtora negoceiam atualmente com um preço equivalente a 12,75 vezes os lucros por ação (PER) e oferecem uma taxa de dividendos de 2,94%. Esta valorização múltipla compara com um PER médio de 11 vezes e com uma taxa de dividendos de 2,81%, com que transacionam atualmente as maiores construtoras europeias.

Conquista do mercado brasileiro

A Mota-Engil venceu na sexta-feira o leilão para construir e operar por 30 anos o túnel imerso entre Santos e Guarujá, no estado de São Paulo. A construtora portuguesa ofereceu um desconto de 0,5% sobre a contraprestação pública máxima anual de cerca de 60 milhões de euros, batendo a espanhola Acciona, que não ofereceu qualquer desconto.

O projeto representa um investimento total de aproximadamente 1,1 mil milhões de euros, com a maior fatia (83%) a ser financiada por fundos públicos, tanto pelo governo central do Brasil como pelo governo de São Paulo, cabendo o remanescente à empresa nacional.

O túnel terá 1,5 quilómetros de extensão, dos quais 870 metros estarão submersos no canal portuário de Santos. A estrutura utilizará a tecnologia de túnel imerso — inédita no Brasil, mas já consolidada na Europa e Ásia —, com módulos de concreto pré-moldados construídos em docas secas e depois transportados por flutuação até ao local de instalação.

A infraestrutura contará com seis faixas de trânsito (três por sentido), sendo uma reservada ao futuro Veículo Leve sobre Trilhos (um sistema de transporte público ferroviário de média capacidade), além de passagem para pedestres e ciclistas. A obra promete reduzir drasticamente o tempo de travessia entre as duas cidades: dos atuais 18 minutos de ferry ou uma hora por estrada para apenas um ou dois minutos.

O grupo liderado por Carlos Mota, que registou um resultado líquido recorde de 59 milhões de euros no primeiro semestre (mais 20% face ao mesmo período de 2024), mantém uma carteira de encomendas de 14,7 mil milhões de euros. A vitória no Brasil reforça a estratégia de internacionalização da empresa, particularmente nos mercados africano e latino-americano, que representam atualmente a maior fonte de receitas do grupo.

A construção do túnel deverá arrancar em 2026, com conclusão prevista para 2030. Além da contraprestação pública, a Mota-Engil terá direito a cobrar uma portagem de cerca de 6,15 reais (aproximadamente 1 euro) por veículo durante os 30 anos de concessão.

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